sábado, 19 de fevereiro de 2011

4 de junho

4 de junho


1866 – Taunay dá notícias dos morros do Aquidauana






À frente da coluna brasileira que combateria os paraguaios na fronteira, a comissão de engenheiros abre caminho e espera ordens nos Morros, nas proximidades do rio Aquidauana, onde estão os refugiados de Miranda. De lá, o tenente Taunay, integrante da citada comissão, dá notícias ao seu pai no Rio de Janeiro:

As contínuas chuvas durante este mês que findou impediram as forças de caminhar para este lado de modo que acabamos de passar ainda mais um mês a esperá-las, depois de ter preparado os meios de transposição do Aquidauana. Três excelentes barcas, que faremos descer até a barranca do rio, ao atravessar formarão uma grande balsa capaz de levar 200 a 300 soldados de cada vez, permitindo a pronta ocupação da margem esquerda onde os paraguaios construíram uma palissada bastante forte, numa posição chamada o porto do Souza.


Decidimos, Lago e eu, realizar a passagem num lugar de tal forma favorável que pequeno corpo de tropa poderá cortar as comunicações entre este ponto e outro onde os inimigos têm 200 homens.
O reconhecimento bastante completo, efetuado com felicidade e sem nenhuma novidade, permitiu-nos avaliar todas as circunstâncias necessárias para que se não tenha o impecilho de algum obstáculo de vulto, como um curso d’água de 40 a 50 braças de largo (operação sempre difícil) quando perturbada pelo fogo inimigo. (...)


Os paraguaios continuam a ocupar diversos pontos do distrito de Miranda e ali fizeram grandes plantações de milho e arroz. Mais de 30.000 cabeças de gado foram transportadas para lá do Apa, somente de uma parte do território invadido, onde se acham alguns infelizes prisioneiros que estão em comunicação conosco. (...)


Acabo de receber notícias as mais agradáveis do rio Negro, distante vinte léguas daqui, onde as forças acamparam.



FONTE: Taunay, Mensário do Jornal do Comércio, Rio de Janeiro, 1943. Página 164





4 de junho


1925Coluna Prestes às portas de Campo Grande

Juarez Távora




Após atrair as forças legais que guarneciam a estrada de ferro Noroeste para Rio Pardo, cuja estação Siqueira Campos tomara e destruíra no último 31 de maio, a Coluna Prestes, vindo da fronteira, sem maiores problemas, alcança a vila de Jaraguari, a apenas oito léguas de Campo Grande.

Juarez Távora, em seu livro de memórias, lembra o episódio:

"A 4 de junho, a Divisão ocupou a vila de Jaraguari, situada a 8 léguas a nordeste da cidade de Campo Grande, e onde estacionou durante vinte e quatro horas. Durante o pernoite nessa vila, cerca de 100 praças - inclusive elementos da própria guarda - embriagaram-se, praticando tropelias e depredações deploráveis, que não puderam ser evitadas em tempo, pelos chefes responsáveis. O principal responsável por essa indisciplina furtou-se ao merecido castigo, desertando, em companhia de outros, durante a madrugada do dia 5. O saldo pior das desordens praticadas foi o agravamento das relações entre elementos paulistas e gaúchos das duas Brigadas revolucionárias".¹

De Jaraguari os rebeldes deslocaram-se às cabeceiras do Camapuã, onde “estruturou-se de vez a organização revolucionária. Daí por diante, Siqueira sustentou vários combates parciais, na ponte de Capela, sobre o rio Sucuriu e nas cercanias da fazenda Dois Córregos, com tropas legalistas sob comando do major Klinger. Este, no primeiro momento, repeliu o ataque à Ponte de Capela, mas não conseguindo contato com a sua retaguarda, interceptada que fora pelo 4º Destacamento, de Djalma Dutra, tentou, com duas ou três investidas, romper, pelo norte, o cerco que o constrangia. Foi, porém, repelido pelas forças de Siqueira Campos, que então contra-atacaram, tomando-lhe parte do acampamento – situado na margem direita do arroio Dois Córregos – um fuzil metralhadora e certa quantidade de munição”.²


FONTE:  ¹Juarez Távora, Memórias , Biblioteca do Exército Editora, Rio, 1974, página 181.
²Glauco Carneiro, O revolucionário Siqueira Campos, Recor Editora, Rio de Janeiro, 1966. Página 374. 

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