sábado, 19 de fevereiro de 2011

6 de junho

6 de junho


1886Impressões de Campo Grande




Vila de Campo Grande, rua 13 de Maio no início do século passado

Relato escrito pelo fazendeiro João Vieira Honório de Almeida, mostra o povoado de Campo Grande na penúltima década do século XIX:

Campo Grande, 6 de Junho de 1886. Hoje desenganei-me de que não podemos ser moradores no Campo Grande; não achei fazenda que me satisfizesse; as melhores já estão tomadas; as que nos informaram lá não nos servem. O que achei bom é para se ter um negocinho cá, por essa razão é que me esforcei por achar campanhas. A população deste distrito que é o 3º de Miranda é de 7 mil almas; é com efeito um campo grande; é uma povoação rica, muitos carros a trançam; muitos cavaleiros para baixo e para cima, mulheres em cilhão nos domingos e dias de serviço, todos em trajes próprios; duas grandes olarias bem montadas, grande influência em geral nos povos para construírem casas boas; há negociozinhos que resumindo o que eles têm não dá para um sortimento pequeno e é por essa razão que vem mascates em carroças paraguaias, como aqui encontrei um que trazia uma carroça carregada de faturas vendeu a gado no prazo de 3 meses e foi até o Jataí... um negociante aqui com um sortimento de tudo, faz grande interesse recebendo em gado e depois tocando para o Paraguai... O Lázaro Borges, um velho bom e homem honrado tem um engenho de serra que acabou de aprontar depois que aqui cheguei, obra esta magnífica, cousa muito boa; há 2 ferreiros bons, em serviço; mas está uma povoação florescente e animada; já há algumas pequenas intriguinhas mas isto é tão natural de Humanidade que parece mesmo ser preciso para distinguir os bons dos ruins; os fazendeiros aqui não podem criar bois, desde um ano de idade muitos compradores para os mesmos e vendem desta idade de 4$ a 16$; os negociantes só aceitam a 10$ com o que ganham muito dinheiro com esta especulação; terrenos os mais aprazíveis que os meus olhos têm visto, as crianças, os moços, as moças, as mulheres, os homens são todos corados e animados, em uma palavra, não esperava encontrar esta animação do (no?) pessoal; porém, o que me aconteceu de não achar fazenda está acontecendo a muitos que estão seguindo para adiante e são tantos que é difícil enumerar, e estão povoando da mesma forma que aqui, os Dourados, já tem gentes fazendo morada em Santa Maria, Passa Cinco e outros lugares que dizem todos em geral que tão bons não pode haver em mundo nem um. Eu, informado pelo tenente José Ribeiro de Oliveira vou em direitura para a lagoa rica ou de São Domingos que é especial (superior) a todos os lugares, esta lagoa parece beira mar de grande e bonita, propriedades como nem uma vi nem pode haver tanto assim que vou destinado a tal lugar sem menor receio de arrepender... 


O acontecimento mais importante de Campo Grande em 1886 foi a primeira visita do bispo de Cuiabá ao vilarejo, cuja chegada deu-se a 28 de setembro.

FONTE: Revista Folha da Serra (Campo Grande), 26/08/1936.


6 de junho

1889 - Cogitada mudança da capital de Cuiabá para Corumbá




Notícia publicada em jornal oposicionista de Cuiabá, dá conta de cogitação do governo em mudar a capital de Cuiabá para Corumbá. A pretensão, não desmentida, teria sido do penúltimo presidente da província, Souza Bandeira:



Os rumores não prosperaram, até porque o governante foi, em seguida substituído, mas a ideia de mudança, que, mais tarde se juntaria ao separatismo, ganhou força. A princípio a cidade indicada para sediar a capital da província foi Corumbá, já no regime republicano, Aquidauana e Campo Grande dominaram a preferência, sendo, finalmente, a partir de 1930, Campo Grande, com a consolidação do transporte ferroviário, a cidade sulista a disputar o direito de tornar-se a capital do Estado.


FONTE: Jornal A Gazeta (Cuiabá), 6 de junho de 1889.






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