sábado, 5 de março de 2011

6 de agosto

6 de agosto


1905 Rondon em Rio Brilhante


Palacete de Domingos Barbosa Martins (Gato Preto), construção do início do século XX. 

Em viagem de inspeção e reconhecimento ao Sul do Estado, após completar a ligação telegráfica, com a inauguração da estação de Bela Vista, Rondon chega a Rio Brilhante, então, Entre Rios:

Prosseguia a exploração de S. Tomás em direção a Vacaria, através de fazendas e cabeceiras, cujos nomes o guia em geral ignorava como ignorava às vezes, qual a melhor direção a tomar. Na margem esquerda do Brilhante perdi o meu guampo – um belo copo de chifre com lavores de prata – que usava desde 1894.


Depois passamos pela fazenda Boa Vista, de um gaúcho simpático que, a meu ver, um governo clarividente aproveitaria para chefe político desta zona.
Continuamos a explorar rios, varar cabeceiras, passar em fazendas, tirando fotografias em todo o percurso.


Perto da cabeceira do Pulador, viam-se uns blocos de pedras grés – pedras brancas. Fotografei-me em cima desse bloco, pensando no esforço que faz cada um de nós para ser o melhor instrumento possível na obra de elevação da espécie, pensando no grande regenerador e na necessidade de se difundirem seus ensinamentos, para favorecer aquela elevação...


Chegamos a 6 de agosto ao novíssimo povoado de Entre Rios, fundado em 1º de janeiro de 1904 pelo sr. Chico Cardoso. O povoamento começara, realmente, em setembro e fora tão rápido que as observações astronômicas já haviam sido feitas na frente da casa da escola. Ocupado nesse serviço, não me fora possível receber pessoas que me vieram visitar. Tirei depois fotografias da escola e dos habitantes da povoação.




FONTE: Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, página 195.


FOTO: do livro Memória janela da História, de Wilson Barbosa Martins



6 de agosto

1920 - Suspensão de crédito bancário paralisa venda de gado em Corumbá

A suspensão dos financiamentos bancários em Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso, paralisa a comercialização de venda de gado na região pantaneira. A Associação Comercial de Corumbá, recorre à interferência de sua coirmã no Rio de Janeiro:

"Diante da situação cada vez mais aflitiva com que vem lutando esta e outras praças do Estado, por escassez de numerários, agora agravada pela falta de entradas de boiadeiros de Minas e São Paulo, que consta não têm podido conseguir numerários dos bancos daquelas praças para fazerem suas compras de animais, de gado neste Estado, somos obrigados, em tão difíceis emergências, solicitar uma vez mais o seu valioso concurso junto ao Exmo. Sr. ministro da Fazenda, no sentido de ser levado a efeito, com possível urgência, transformação do Banco do Brasil em aparelho emissor e resdesconto, única solução prática no conceito geral, capaz de solucionar tão premente situação, no sentido, aliás, manifestado por outras nossas coirmãs, como nós, empenhadas efetividade daquela bem orientada patriótica medida do governo - Maciel, presidente - Estevão Silva - secretário".





1929 - Criado o Centro da Colônia Boliviana em Campo Grande

Por ocasião das comemorações do dia da independência de seu país, cidadãos bolivianos residentes em Campo Grande decidem criar o Centro Boliviano em Campo Grande. O evento é destaque no Jornal do Commercio:

"A comemoração da data de 6 de agosto, inesquecível para todos os bolivianos, foi feita este ano entusiasticamente pela laboriosa e honrada colônia boliviana domiciliada entre nós.

Deliberaram os bolivianos escolher a data inolvidável da emancipação política de sua grande Pátria para a solene fundação do Centro da Colônia Boliviana, o que foi realizado com tocante simplicidade e grande concorrência.

Assistiu a colônia, inocrporada e conduzindo o estandarte social com as gloriosas cores nacionais da Bolívia, a uma missa na igreja matriz, em que oficiou o rev. Pe Caitano Patané o qual lançou a bênção católica ao pavilhão do Centro da Colônia Boliviana, que era conduzido pelo sr. José Santos Zabella.

Em seguida imigram-se todos os bolivianos, acompanhados pelo respectivo vice consul sr. dr. Jayme F. de Vasconcelos e pelo rev pe. Patané para o edifício do vice-consulado de Bolívia, onde, depois de terem sido tiradas algumas fotografias, lhes foi servido café, biscoitos e vinho do Porto.

Nessa ocasião, o sr. vice-cônsul em rápidas mas expressivas palavras, congratulou-se com a colônia boliviana pela eloquente prova de seu patriotismo que estava dando, naquela comemoração festiva da grande data da independência da gloriosa Bolívia, que disse ter orgulho em representar, pela incompatível nobreza das suas altivas atitudes, como também se sentia desvanecido em dirigir a colônia boliviana de Campo Grande, pela sua operosidade e honradez. Terminou convidando todos os bolivianos a terem sempre bem vivo, dentro d'alma e dos corações o mais nobre de todos os sentimentos humanos e acendrado amor da Pátria, e convidou a todos a acompanharem-no num caloroso via a Bolívia".

FONTE: Jornal do Commercio (Campo Grande), 8 de agosto de 1929.

 

6 de agosto


1932Sob censura, filme de Campo Grande estréia no Rio de Janeiro

 
 
Alexandre Wulfes,apoiado no tripé, a atriz Conceição Ferreira, 
o produtor Líbero Luxardo e o galã Egon Adolfo




















































                   
Depois da sessão especial para a imprensa em 19 de julho, é exibido no cine Eldorado, com grande sucesso de público, Alma do Brasil, totalmente filmado no Sul de Mato Grosso e produzido em Campo Grande. A exibição há menos de um mês do início da guerra civil paulista, resultaria no corte das cenas onde aparecia o general Bertoldo Klinger, comandante das forças rebeldes. Essa censura omitida pela imprensa e minimizada pelos diretores do filme, seria confirmada cinquenta anos depois por seu produtor Alexandre Wulfes, numa entrevista ao pesquisador José Octávio Guizzo:

Como o filme tinha sido gravado em Vitaphone, em disco, nós estávamos em plena revolução de 32, e o Klinger tinha sido preso, né, aquela situação toda, ele não podia aparecer, então o filme foi apreendido em plena exibição, enquanto estava no Eldorado, então recebemos cópia e apelamos,então em todo trecho em que aparecia o Gen. Bertoldo Klinger teve que ser cortado, mas não podia ser cortado simplesmente porque era sincronizado em disco e não gravado na fita, então saia fora do sincronismo, os ruídos, então a ínica coisa que consegui fazer foi convencer a polícia da época, que eu podia, que não queria me dar prejuízo também nessaocasião, o deputado Generoso Ponce, que naturalmente tinha muito prestígio e o Filinto Muller que era matogrossense aquela turma toda que era da polícia, todo mundo intervieram e chegamos à conclusão que nos trechos em que tinham sido cortados do filme, eu coloquei uma viragem, botei um quadros pretos, mas como uma viragem, uma divisão de quadros em que deixei um riscozinho vermelho, para que o público notasse que ali essa cena falava,e porincrível que pareça toda vez que entrava uma cena cortada em que aparecia o risco vermelho, o cinema vinha abaixo em aplausos...

A crítica, favorável desde a primeira exibição, considera o esforço dos empreendedores superior às dificuldades enfrentadas, responsáveis diretas por todos os defeitos da produção. O comentário a seguir foi publicada na edição de 10 de agosto do jornal O Globo:

A mesma pena que traça a apreciação de um filme produzido nos confortáveis e muito bem aparelhados ‘stúdios’ europeus ou americanos não pode desobrigar-se com idêntico rigor, em tendo de falar de uma película nacional, cuja indústria continua em embrião, e muito menos quando essa película tenha sido feita com a escassez de recursos e a deficiência de elementos que os empreendedores de ‘Alma do Brasil’ enfrentaram. Pode rebater-se em contraposição a benevolência que é exigida neste caso com o argumento de ter sido, então, preferível não confeccionar tal filme. Sem recursos de ordem técnica, além dos mais elementares, melhor seria não fazer, a fazer trabalho que deixa de resistir a uma análise mesmo superficial, só vivendo da benevolência e do patriotismo de quem vá assisti-lo. Não deixamos de concordar com os que assim pensam, mas repugna-nos o desencorajamento aos que tem seu ideal e sobrepondo-se a todas as contrariedades conseguem levá-lo de vencida. É o caso de ‘Alma do Brasil’, e aí está porque, feitas as devidas reservas, o consideramos uma iniciativa louvável.


Só ontem pudemos assistir esta obra de tenacidade, valendo por um bom documento da energia, da perseverança e da fé dos que sonham em fazer cinema nesta terra. Todos os defeitos desse trabalho – desde a morosidade do entrecho, passando pela fotografia deficiente e indo até o trabalho bisonho dos intérpretes – ficam sumidos diante do esforço dos homens que realizaram esse filme, que ainda assim nos dão algo de interessante na reconstituição no feito imortal da Retirada da Laguna e a cooperação das tropas do exército à filmagem.


"Alma do Brasil" levanta a hipótese do que serão as películas de propaganda inteligente de nosso país, traçadas com amplos recursos de toda a espécie, inclusive a colaboração do elemento oficial, a exemplo do que é feito nos Estados Unidos, onde anualmente se fabricam uns tantos filmes de sua exclusiva propaganda.


O Eldorado apresenta "Alma do Brasil" com os habituais números de palco, tão ao sabor do seu público e vem obtendo boas casas – C.





FONTE: José Octávio Guizzo, Alma do Brasil, edição do autor, Campo Grande, 1984, páginas 21 e 69.


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