1777
– Assinado Tratado de Santo Ildefonso
A rainha de Portugal e o
rei da Espanha, seu irmão Carlos III, firmam o Tratado de Santo
Ildefonso, que a exemplo do Tratado de Madri de 1750, reconhecia os
rios Paraguai e Guaporé como limites de suas possessões
na América do Sul. “Portanto – informa Lécio
G. de Souza – os territórios da margem direita do primeiro
dos rios voltavam a ser espanhóis e, assim, tanto Coimbra com
Albuquerque estavam fora dos domínios lusitanos.” O governador
da província de Mato Grosso, Luis de Albuquerque e Cáceres,
desrespeitou o tratado:
Não era norma albuquerquiana retroceder e o seu arbítrio de se manter ao ocidente do grande rio, calcado em atos de posse anteriores, não iria sofrer qualquer recuo.
No ano seguinte ao tratado, mandou erguer o forte Coimbra e a fundar a vila de Albuquerque, no Sul da província à margem direita do Paraguai, em território formalmente de propriedade do império espanhol.
Não era norma albuquerquiana retroceder e o seu arbítrio de se manter ao ocidente do grande rio, calcado em atos de posse anteriores, não iria sofrer qualquer recuo.
No ano seguinte ao tratado, mandou erguer o forte Coimbra e a fundar a vila de Albuquerque, no Sul da província à margem direita do Paraguai, em território formalmente de propriedade do império espanhol.
FONTE: Lécio G. de Souza, História de Corumbá, edição
do autor, Corumbá, sd, página 26
1° de outubro
1912 - Aquidauana recebe primeira visita de um governador de Estado
O vilarejo de Aquidauana, em foto do início do século passado |
Costa Marques, segundo sentado da esquerda para a direita, e sua comitiva |
A vila de Aquidauana, recém
alcançada pelos trilhos da Noroeste, procedentes de Porto Esperança,
recebe a primeira visita do governador do Estado.
Trata-se de Joaquim Augusto da Costa Marques, que em sua mensagem à Assembleia inclui o seguinte depoimento sobre a povoação:
Trata-se de Joaquim Augusto da Costa Marques, que em sua mensagem à Assembleia inclui o seguinte depoimento sobre a povoação:
No dia 1 de outubro partimos de Miranda e chegamos a Aquidauana. Esta vila, de recente fundação, é entretanto, atualmente, a maior e mais populosa do Sul do Estado. É dividida em duas partes pelo formoso rio Aquidauana e a comunicação entre uma e outra é feita por meio de uma pequena barca-pêndula. Reclamam os seus habitantes e a municipalidade a construção de uma ponte que realmente é muito necessária para facilitar essa comunicação entre o importante bairro da margem esquerda com a povoação da margem direita, e que muito desenvolverá também o seu comércio, feito por via terrestre e já bastante animado com os municípios de Nioaque, Campo Grande e Bela Vista. O 5º Regimento de Artilharia que ali tem sua sede, está aquartelado sobre a margem esquerda em uma casa velha de telha e outras de capim que despertam a idéia de um acampamento provisório, e que está em desarmonia com a beleza e propriedade do local. A vila está bem situada, o seu clima é bom e o seu futuro prometedor. Já se notam muitos prédios novos e muitos outros em construção, sendo bem delineadas e cuidadas as suas ruas e praças. A Estrada de Ferro Noroeste que ali tem uma estação, pretende estabelecer nessa vila as suas oficinas, tendo a edilidade lhe oferecido terreno apropriado para esse fim.
As escolas públicas dessa localidade, sendo uma de sexo feminino e outra de masculino, estão instaladas em casas particulares, alugadas. Por falta de uma casa, ainda não se pode instalar outra à margem esquerda do rio, cuja população escolar já comporta uma boa escola, e o Governo, de acordo com a municipalidade está tratando de adquirir uma casa nesse bairro para esse fim, pois atualmente as crianças são obrigadas a fazer, com risco e perigo, a passagem do rio para freqüentarem as escolas existentes na povoação da margem direita. É muito necessária a construção de um bom prédio destinado ao funcionamento das escolas reunidas, dado o aumento crescente da população dessa vila. A cadeia pública de Aquidauana, conquanto uma das melhores que encontrei no sul, não satisfaz e não tem compartimento para prisão de mulheres.
Mandei melhorá-la e construir ao lado cômodos para alojamento da força policial e murar o quintal. A municipalidade de Aquidauana ainda não tem casa própria. A estação telegráfica tem um aspecto agradável, porém é muito pequena em relação ao movimento do serviço. A vida é cara e o aluguel das casas bastante elevado, devido ao rápido aumento da população e morosidade das construções por falta de material e operários. Há várias casas de negócio regularmente sortidas, tanto na margem direita como na esquerda do rio. Visitei entre outros estabelecimentos particulares uma boa instalação a vapor para o fabrico do pão e da massa e torrefação de café. É a melhor que conheço no Estado e está na povoação na margem esquerda. A principal indústria deste município como de todos os outros do sul do Estado é a pecuária e a sua população bovina foi ultimamente calculada pelos principais criadores e pelo intendente em cerca de 126.000 cabeças; eqüinos 2.800; muares 450; caprinos 250; lanígeros 600; suínos 2.500.
Na mensagem presidencial uma preocupação com o meio ambiente local:
Notei e por toda parte reprovei, o mau costume que ali se tem, de se estabelecerem as habitações à montante das cabeceiras, prejudicando imensamente as vertentes, algumas das quais já estão quase extintas. É que essa gente confia demasiado naquela ubérrima e opulenta natureza, e por isso não pensa nem acredita que ela possa esgotar-se, nem sabe avaliar o mal futuro que a si próprio está fazendo.
FONTE:Simon E.S. e Cardosos Ayala, Album Graphico do Estado de Matto Grosso, Corumbá/
Hamburgo, 1914, página 395
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