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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

16 de fevereiro

16 de fevereiro

1877 - Escravos matam senhor e capataz de fazenda em Corumbá




Revoltados com o dono e seu capataz, escravos matam os dois, saqueiam a fazenda e fogem. A notícia teve repercussão nacional:

"A 16 do corrente foram assassinados no porto do Chané, a algums léguas desta vila, o fazendeiro Firmiano Firmino Ferreira Cândido e um seu empregado (supomos que administrado) por nome João Pedro.

Segundo vemos de uma carta particular, escrita desse ponto por um genro do primeiro a um dos habitantes desta vila, os homicídios foram perpetrados por escravos do próprio Firmiano, os quais, depois de o assassinarem  e ao referido João Pedro, saquearam da fazenda o que puderam, tendo antes exigido as chaves das canastras existentes em casa, e retiraram-se, montados e bem armados, em número de vinte, inclusive alguns crioulinhos e dois ou três camaradas.

O assassinos, para dificultarem a ação da justiça, levaram consigo todo o armamento e animais que havia na fazenda e inutilizaram a machado três canoas, em que só os podia perseguir.

Logo que se teve aqui notícia de tão tristes acontecimentos, o Sr. Dr. juiz municipal, com alguma força seguiu para o teatro deles, a fim de tomar as devidas providências"¹.

Presos, dois escravos foram condenados à morte, e tiveram a pena capital comutada em galés perpétuas, por decreto do imperador D. Pedro II, de 15 de abril de 1881, nos termos da seguinte comunicação, do governo da província:

"Ao dr. juiz de direito da comarca de Santa Cruz de Corumbá. - Transmito a v. s. para a devida execução, cópia do decreto de 15 de abril último, pelo qual sua majestade o imperador houve por bem comutar em galés perpétuas a pena de morte a que foram condenados por esse juízo, em 29 de março de 1879, os réus escravos José e Benedito por crime de homicídio, mencionados na relação também junta por cópia".² 

FONTE: ¹Gazeta de Notícias (RJ), 1º de março 1878, ²A Província de Matto-Grosso (Cuiabá), 17-07-1881.

FOTO: Fac-simile do jornal Gazeta de Notícias.
 


16 de fevereiro

1888 - Nasce no Rio, José Jaime Ferreira de Vasconcelos





Nasce no Rio de Janeiro, José Jaime Ferreira de Vasconcelos. Advogado pela antiga Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro; farmacêutico pela Faculdade de Odontologia e Farmácia de Campo Grande, jornalista, fundador e diretor do Jornal do Comércio de Campo Grande.

Foi promotor de justiça, inspetor federal do ensino, auditor de guerra, deputado estadual por diversos mandatos, procurador geral do Estado, chefe de polícia, consultor geral do Estado, presidente do Conselho Administrativo do Estado, representante de Mato Grosso na Comissão de Planejamento da Valorização Econômica da Amazônia. Ocupou a cadeira 35 da Academia Mato-grossense de Letras. 



FONTE: Rubens de Mendonça, Dicionário Biográfico de Mato Grosso, edição do autor, Cuiabá, 1971, página 157.


FOTO: Jornal do Comercio, Campo Grande



16 de fevereiro

1943 - Criado o Serviço Nacional da Bacia do Prata



Pela lei nº 5252, 16 de fevereiro de 1943 é criado o Serviço Nacional da Bacia do Prata (SNBP), entidade autárquica, em seguida transformada em sociedade anônima, com sede em Corumbá. Subordinado ao Ministério de Viação e Obras Públicas e à Comissão de Marinha Mercante, o SNBP incorporou o acervo do Lloyd Brasileiro.

"Apesar de ter enfrentado muitas dificuldades financeiras - constata Augusto César Proença - e de ter tido a necessidade de receber do governo subvenções, para poder se manter e continuar atuando na hidrovia, a empresa estatal trouxe inúmeros benefícios para Corumbá e para a região pantaneira," a saber:

Para Corumbá, quando transportava o minério de ferro e o manganês, e ainda cimento da Companhia de Cimento Portland Itaú. Para a pecuária pantaneira, quando utilizava os seus "boieiros" transportando gado em época de grandes enchentes, ou no desembarque ferroviário para os frigoríficos de Campo Grande e São Paulo, em conjugação com o terminal de Ladário. Cada "boieiro" transportava 300 reses em pé e possuía, a bordo, chuveiros para banhos de carrapaticidas ou de outra natureza.

O SNBP prestou também relevantes serviços à região agrícola de Cáceres, ao transportar cereais com fretes bem mais em conta que o cobrado por caminhões através de estradas de rodagem.

Durante o tempo em que atuou na hidrovia Paraguai-Paraná, aproximadamente 50 anos, adquiriu várias embarcações modernas, como a Guarapuava e a Guairicá,construídas na Holanda, além de rebocadores, barcaças tipo C, chatas M1 e N2, como também chatas N  e chatas petroleiras.

Prestou serviços à Flota Del Estado Argentino no transporte de minérios e à Comissão Mista Brasil-Bolívia, transportando trilhos e material ferroviário de Montevidéu a Corumbá.

Em 1992 o SNBP foi privatizado passando ao controle da Companhia Interamericana de Navegação e Comércio (CINCO).

FONTE: Augusto César Proença, Corumbá de todas as graças, Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Campo Grande,sd., página 51.


16 de fevereiro

1949 - Morre Nicolau Fragelli


Anúncio publicado em 1914

Com 64 anos, faleceu em Campo Grande, o médico Nicolau Fragelli. Filho de Corumbá, formou-se em Medicina em Porto Alegre e fez curso de especialização em Paris. Entrou na política em 1918, elegendo-se deputado estadual. Em pleno mandato é nomeado pelo presidente dom Aquino Correa para intendente geral de Corumbá, diante de uma crise política local. “No exercício desse cargo teve Fragelli oportunidade de por à prova o seu espírito de serenidade e de conciliação, fazendo voltar a paz e tranquilidade àquela próspera comuna”, conforme Nilo Póvoas.

Em 1930, com a revolução, perde seu mandato de deputado estadual e volta à medicina, ao magistério e ao jornalismo. Em 1934, elege-se deputado estadual constituinte pelo Partido Evolucionista. Com o golpe getulista de 10 de novembro de 1937, voltou ao ostracismo, para retornar à atividade em 1945, ingressando na UDN e elegendo-se suplente de senador. Foi por longo tempo diretor do jornal O Progressista de Campo Grande e membro da Academia Mato-grossense de Letras.


Seu herdeiro político foi o filho José Fragelli, que chegou ao governo do Estado, nomeado pela ditadura militar de 1964 e ao Senado, do qual foi presidente de 1985 a 1987.



FONTE: Nilo Póvoas, Galeria dos varões ilustres de Mato Grosso, vol 2, Fundação de Cultura, Cuiabá,  página 131.



16 de fevereiro


1950 - Criada a paróquia de São Francisco, em Campo Grande







Dom Orlando Chaves, bispo de Corumbá, decide criar a paróquia de São Francisco e nessa data “reuniu todos os párocos de Campo Grande para tratar do assunto e realizar com os mesmos uma visita ao Cascudo para determinar os limites da nova paróquia. Ela devia abranger uma parte da cidade num raio de 2 km ao redor da igreja matriz. Além disso, todo o sertão, incluindo o distrito de Terenos e toda a região do município de Campo Grande para o sul, até os limites com as paróquias de Rio Brilhante e Maracaju. A paróquia teria uma superfície de uns 11.150 km2 com 14.000 habitantes, dos quais uns 2.000 no bairro e 12.000 no resto do território.” 

"Na época - lembra frei Pedro Knob - instalou-se uma igreja provisória, num salão alugado e já existiam as capelas de Terenos e Sidrolândia. Também a paróquia de Coxim foi anexada à nova paróquia e ficou sob os cuidados dos franciscanos. Já no dia 21 de maio, o bispo de Corumbá entregou oralmente ao frei Eucário Schmith, qur tomou posse no dia 8 de dezembro de 1950. A igreja matriz provisória,após um trabalho de reforma no salão e construção dos altares foi inaugurada no dia 25 de janeiro de 1951".


FONTE: Frei Pedro Knob, A missão franciscana de Mato Grosso, Edições Loyola, S. Paulo, 1988, página 347




16 de fevereiro

1963 - Inaugurado o serviço de telefonia interurbana Mato Grosso - São Paulo

Jornalistas Adelino Praeiro, Valmor Aguiar e Juber Felix entrevistam
Humbeto Neder, presidente da Teleoste

É oficialmente entregue a telefonia interurbana entre Campo Grande e São Paulo. Humberto Neder, presidente da Teleoeste, empresa campograndense responsável pelo serviço lembra a data:

Na inauguração do sistema interurbano veio o Governador do estado de Mato Grosso e também o ministro da Saúde, Wilson Fadul, representando o presidente João Goulart, e veio o prefeito de São Paulo, Prestes Maia, acompanhado de uma grande comitiva de pessoas interessadas e amigos em voo fretado por nós para assistir a inauguração desse serviço tão importante, que recebi uma mensagem até do Assis Chateaubriand, me felicitando por isso.

A revista Cruzeiro, a mais importante publicação mensal do Brasil à época, deu destaque ao evento:

Os 600 mil habitantes da região de Campo Grande, no Sul de Mato Grosso, que até o mês passado, viviam praticamente isolados do resto do país, já podem falar com qualquer parte do mundo, por telefone. A inauguração do sistema interurbano da Companhia Telefônica Oeste do Brasil (Teleoeste) através do empreendimento do Senador mato-grossense Humberto Neder vai permitir, daqui para a frente, maior desenvolvimento da região, que era rica mas incomunicável.

O trabalho do Senador Humberto Neder, que é, também, diretor da Teleoeste, consistiu em chegar à fórmula mais barata de levar fios telefônicos aos mato-grossenses e, em seguida, conseguir os meios e o apoio oficial para a iniciativa. A colaboração da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, do Governo Federal e da Ericson do Brasil (Fabricantes de materiais telefônicos) permitiu a inauguração do sistema Campo Grande - Bauru - São Paulo. - Revista o Cruzeiro, n° 26, página 102, 1963.


O serviço chegaria em Cuiabá somente em 30 de abril de 1967.
FONTE: Cláudio Vilas Boas Soares, Humberto Neder, o pioneiro das telecomunicações, FCMS, Campo Grande, 2010, página 92.




16 de fevereiro


1992 - Morre o ex-presidente Jânio Quadros


Nascido em Campo Grande em 25 de janeiro de 1917, morre em São Paulo, no dia 16 de fevereiro de 1992, o ex-presidente Jânio Quadros.





Na edição que anunciou a morte do ex-presidente, em editorial, o jornal Folha de S. Paulo sintetiza sua trajetória:

Estilo carismático marcou sua carreira

Cabelo desalinhados e caspa nos ombros foram alguns símbolos cultivados por Jânio em sua vida pública
Da Redação

Jânio costumava aparecer em público com os sapatos trocados. Nos palanques das campanhas eleitorais levava uma vassoura, com a qual iria "varrer" a corrupção do país. Esse símbolo o acompanhou durante toda sua carreira política.
Entre os discursos de campanha, comia sanduíches de mortadela e pão com banana, numa tentativa de identificar sua imagem com o eleitorado mais pobre.
Jânio procurou sempre se diferenciar dos outros políticos. Vestia roupas surradas, usava cabelos compridos, deixava a barba por fazer, os ombros cheios de caspa e exibia caretas ao fotógrafos.
Sua sintaxe era um caso à parte. Em seus discursos, procurou sempre utilizar um vocabulário apurado, recheado por frases de efeito. É um enigma saber como conseguia se comunicar de forma eficiente com seus eleitores, a maioria sem instrução escolar.
Chefe do Executivo, fosse municipal, estadual ou federal, o autoritarismo e o carisma foram seus traços característicos. Seus bilhetinhos, com ordens a subordinados, se tornaram célebres.
Segundo seus adversários, Jânio sempre demonstrou desprezo pelos partidos e pelo Poder Legislativo. Ao longo de sua carreira trocou de legenda sucessivamente.
Essas demonstrações de força aumentaram sua popularidade junto a diversos segmentos do eleitorado. Jânio parecia diferente dos outros políticos.
Eleito pela segunda vez prefeito de São Paulo, em 1985, seu primeiro ato ao tomar posse, em 1° de janeiro de 86, foi desinfetar a cadeira de seu gabinete. Alguns dias antes da eleição, seu adversário de campanha, Fernando Henrique Cardoso, candidato do PMDB, ocupou a cadeira para ser fotografado pela imprensa.
Em mais um de seus vaivéns políticos, no seu último mandato como prefeito literalmente "pendurou as chuteiras" na porta do gabinete, afirmado que nunca mais seria candidato a um cargo público - o que provavelmente não correspondia a suas intenções eleitorais, mas que acabou, com sua doença, revelando-se como uma espécie de premonição política.
Na campanha para a eleição presidencial de 1989, passou várias semanas transmitindo informações desencontradas sobre sua intenção de se candidatar novamente à Presidência.
Em 27 de maio, com baixos índices de popularidade e abalado por problemas de saúde, anunciou sua desistência com um discurso dramático feito da sacada de sua casa no Morumbi, em São Paulo: "Peço-lhes paciência para quem se retira por deficiência física irreparável da vida pública sem retirar-se da condições de brasileiro", disse ele aos jornalistas.
Jânio fazia discurso contundentes e contraditórios. Para fazendeiros do Nordeste era capaz de defender o latifúndio com a mesma tranquilidade com que, para uma platéia estudantil, defendia a reforma agrária.
Dias antes de sua renúncia, em agosto de 1961, condecorou o ex-guerrilheiro Ernesto "Che" Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul, no grau de Grã-Cruz. Paralelamente, tomava medidas evitando que a Guiana se tornasse um país comunista.
Jânio pode ser considerado um precursor do marketing político. Sabia criar eventos que seriam notícia. O polêmico decreto que proibiu o uso de biquínis quando era presidente teria sido uma inspiração sua para dar aos jornais uma manchete no dia seguinte. Em sua volta à Prefeitura, saía pelas ruas com sua assessoria militar multando motoristas infratores.
Não foram poucos seus atritos com a imprensa. Por exemplo, chegou a proibir o acesso de jornalistas ao seu gabinete e a selecionar os jornais e revistas para os quais daria entrevistas.
Da Reportagem LocalJânio da Silva Quadros fez sua primeira campanha por votos, ainda aos 19 anos, sentado num barril. Era candidato a secretário do Centro Acadêmico 11 de Agosto, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.
Ele prendeu a inscrição "vote em Jânio" no chapéu e sentou-se em um barril na porta de entrada da faculdade. Para surpresa de seus adversários, venceu. Na época, 1936, cursava o segundo ano de Direito.
Jânio nasceu em Campo Grande, no antigo Estado do Mato Grosso (atualmente Mato Grosso do Sul), em 25 de janeiro de 1917.
No quarto ano de faculdade, conheceu Eloá, então com 15 anos, no Guarujá, litoral de São Paulo. Eloá afirmaria depois: "Eu jamais conhecera um homem tão feio quanto Jânio". Casaram-se em 1939, quando ele se formou.
Jânio montou um escritório de advocacia e deu aula em escolas. Apoiado por pais de alunos do colégio paulistano Dante Alighieri - onde era professor de português -, decidiu se candidatar a vereador em 1947 pelo Partido Democrata Cristão (PDC).
Com 1.707 votos, obteve uma suplência. Jânio tomou posse em 1948, após a cassação dos vereadores comunistas, no governo do então presidente Eurico Gaspar Dutra. O Congresso Nacional votou pela cassação de todos os parlamentares comunistas, fazendo o Partido Comunista do Brasil entrar para a clandestinidade.
Sua atuação, em quatro anos, foi polêmica. Apresentou 162 projetos de lei, fez discursos violentos, envolveu-se em tumultos.
A fama aumentou tanto que Jânio foi eleito deputado estadual, em 1950, com a maior votação. Ganhou o posto de líder do PDC. Em 1953, já estava em campanha para prefeito de São Paulo.
Surgiram aí o slogan "o tostão contra o milhão" e a vassoura, referências à corrupção que ele criticava no esquema político de Adhemar de Barros. Foi eleito e tomou posse em 1953, aos 36 anos. Em 1954 se candidatou ao governo paulista.
Lançado pelo PDC, Jânio acabou expulso do partido. Voltou à campanha apoiado por partidos menores.
Enfrentou seu grande inimigo, Adhemar de Barros - enfraquecido pelas disputas com o governador e ex-aliado político Lucas Nogueiro Garcez, que lançou como candidato Prestes Maia. Jânio teve 660 mil votos, Adhemar 641 mil e Maia 492 mil.
Como governador de São Paulo, ele se beneficiou do Plano de Metas do então presidente Juscelino Kubitschek, que pretendia atrair o capital internacional para impulsionar a industrialização do país.
Jânio se aproveitou da situação e São Paulo foi o Estado mais beneficiado com a implantação de parques industriais - como o parque automobilístico.
Nesse período, a receita tributária do Estado aumentou e o déficit financeiro deixado pelos governos anteriores caiu.
Jânio investiu no Estado de São Paulo em estradas, saneamento básico, usinas hidrelétricas e abastecimentos de água.
Em seu governo, Jânio adotou a política de rígido controle para abertura de novos créditos. O sistema de arrecadação e de fiscalização tributária do Estado foi reformulado para diminuir o impacto das sonegações nas contas públicas.
No final de seu governo, conseguiu eleger seu secretário de Finanças, Carvalho Pinto, com mais de 200 mil votos de diferença sobre Adhemar de Barros.
Candidatou-se a deputado federal no Paraná, pelo PTB, e teve a maior votação do Estado.
Jânio jamais foi ao Congresso Nacional. Aproveitou para viajar pelo mundo com a mulher Eloá e a filha Dirce Tutu Quadros.


No governo, defendeu o 'saneamento moral'

Da Redação


Nos sete meses em que ocupou a Presidência, Jânio tomou medidas para promover o "saneamento moral da nação". Introduziu a censura "moralizadora" na TV e proibiu as brigas de galo, a propaganda comercial em cinemas, os desfiles de misses com maiôs "cavados", o uso de lança-perfume no Carnaval e as corridas de cavalos em dias úteis.
Sua cruzada começou no dia da posse, em 31 de janeiro de 61, com a criação de cinco comissões de sindicância para apurar irregularidades no governo de Juscelino Kubitschek. Até 31 de março, Jânio criaria mais 28 comissões de sindicância e inquérito, todas presididas por militares.
A intensa utilização de oficiais das Forças Armadas em sua administração e o temor do envolvimento de nomes do governo anterior em processo acirrou a hostilidade dos congressistas.
Jânio não fez questão de aprofundar relações com o Congresso. Ele recebia deputados federais duas vezes por mês e senadores uma - em audiências coletivas.
No plano externo, Jânio anunciou em 6 de fevereiro que adotaria uma política de neutralidade. Jânio negou-se a apoiar a invasão de Cuba pelos Estados Unidos no dia 16 de abril. Também enviou missões comerciais aos países então comunistas URSS, Bulgária, Hungria). Pretendendo ampliar a presença brasileira na África, o governo abriu embaixadas no Senegal, Gana, Nigéria e Zaire.
Em 19 de agosto, condecorou Ernesto "Che" Guevara, então ministro da Economia de Cuba, com a Ordem Nacional do Cruzeiro do sul, provocando protestos dos militares e da UDN.
A política econômica de Jânio teve como principal objetivo o combate à inflação, que havia atingido 30,6% ao ano em 1960, a redução da dívida externa e a diminuição do déficit orçamentário. Apesar economia em 61 ainda experimentar uma taxa de crescimento em torno de 7% ao não, o déficit orçamentário atingia nesse ano a marca de Cr$ 113 bilhões (valores da época).
O ministro da Fazenda, Clemente Mariani, adotou uma política recessiva. No dia 13 de março, anunciou uma reforma cambial. O cruzeiro foi desvalorizado em 100% em relação ao dólar.
Foram eliminados os subsídios na importação do trigo (o que provocou um aumento no preço do pão), petróleo (aumento da gasolina) e dos bens de produção sem silimar nacional.
Jânio enviou ao Congresso dois projetos polêmicos - a lei antitruste, que visava "embarcar a criação ou funcionamento de monopólios", e a lei de remessa de lucros, que só foi aprovada no governo de João Goulart.
Seu relacionamento com o Congresso foi se deteriorando. Ele estava praticamente isolado no Palácio do Planalto quando renunciou na manhã de 25 de agosto. Sua saída foi precipitada por um discurso do então governador do antigo Estado da Guanabara, Carlos Lacerda (UDN).
Na noite anterior, Lacerda usou uma cadeia estadual de rádio e TV para acusar Jânio de tramar um golpe contra o Congresso. Ele soube do discurso na manhã do dia seguinte. Reuniu auxiliares e disse que iria renunciar. 

FONTE: Folha de S. Paulo, 17 de fevereiro de 1992.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

25 de maio

25 de maio

1730 - Paiaguás atacam comitiva com 60 arrobas de ouro




Tendo à frente o ouvidor da comarca, Antonio Alves Lanhas Peixoto, deixa Cuiabá com destino a São Paulo uma expedição com numeroso grupo de canoas, conduzindo centenas de pessoas e sessenta arrobas de ouro, resultante do quinto cobrado dos mineradores locais, cobrado pela coroa portuguesa. Tão logo tomaram o rio Paraguai, lhe saiu de um sangradouro turba de paiaguás dando "um urro tão estrondoso que atemorizou os ânimos de alguns e excitou o valor a outros".

A batalha, da qual saíram vitoriosos os índios, é detalhadamente descrita por sobreviventes e eternizada nos Annaes do Senado da Câmara de Cuiabá:

Peleijarão fortissima mente de parte a parte, foi tanto o sangue derramado, que rubricava as agoas do Paragoay tornando as de cristalinas a anacoradas. Acabou a vida Lanhas em marcial contenda, dando tantas mostras do seu valor, que por si só deo muito que fazer aos barbaros, pois tanto obrava Lanhas com toda a mais companhia defendia-se não só a si como a todos os mais que a elle se encontravão, de tal sorte que sobre elle cahia toda a barbara furia, pasmos de ver, o que obrava hum só homem. Não menos se reconheceo alli o vallor do cabo daquela Esquadra Ignacio Pinto Monteiro natural de Sam Paulo que a troco de muitas vidas vendeo a sua. Miguel Pedrozo da Silva, que perdendo no conflito Piloto, e Reimeiros, lhe rodou a canoa thé o barranco do rio, onde estavam alguns dos nossos vendo a tragedia de palanque e refazendosse de Piloto, e novos alentos tornou a cometer aos inimigos com tanta ouzadia, que fés por entre elles entrada franca, matando huns, tomando lanças ao outro, e a outros finalmente embarcando canoas thé que perdeo a vida e passou ao Eterno descansso. Continha a frota do Gentio | oitenta canoas com melhor de quinhentos bugres, peleijarão das nove horas da manham thé as duas da tarde, em que acabarão quatro centos catholicoz, e dos infieis cincoenta, escapando dos nossos oito pessoas que por terra se havião a costado a hum reduto. Logo depois que do Porto desta Villa sahio esta monção, partio outro trosso de canoas, em que hia por Cabo João de Araujo Cabral em tres canoas com bastante gente que levava ouro dos Quintos de El Rey. E mais atras Felipe de Campos Bicudo, e sua comitiva em outras tantas canoas. Chegados huns e outros ao lugar da tragedia virão gente no barranco do rio e examinando quem erão, acharão, os que tinhão escapado de quem souberão o sucesso como se passou. Em corporados todos ellegerão cabo João de Araujo Cabral, para continuarem a viagem, mas temerozos de que o gentio adiante os esperasse, falharão, e dalli escreverão a este Senado, e Pessoas Principaes, para lhes mandarem socorro, com que pudessem proseguir a jornada com segurança dos Reais Quintosm12, respondeu se lhes, que não havia socorro, e que voltassem com os quintos, para em outra ocazião se remeterem. Emquanto os portadores vierão, e voltarão, ouvião os que estavão falhadoz para dentro do Sangradouro, de onde havia sahido o Gentio, que hera por de traz de huma Ilha, humas vozes e brados como de gente humana, e seguindo esta vós a ver de quem era, e revistar o lugar não acharão gente viva, que pudesse bradar mas sim muitos corpos mortoz huns em terra, outroz no pantanal, e outros pendurados em forcas, que erão os que escapavão da morte no conflito, e tomadoz prizioneiros alli lhes deo o gentio a todos morte em forcas, a porretadas, ou travessados com lanças; Ahi acharão caixas quebradas, roupas espalhadas, papeis rasgados, e entre tudo isto huma Imagem de Santo Antonio com a cabeça dividida do corpo a quem atribuião os brados, para que servisse aquele lastimozo espectaculo. Derão sepultura aos cadaveres, e vendo que não tinhão socorro voltarão huns para tras, e outros seguirão viagem por terra em que morrerão quaze todos a fome, e chegarão alguns a Camapoam com vida levando as costas o ouro de | El Rey aonde o pozerão em salvo.


FONTE: Annaes do Senado da Câmara do Cuiabá (1719-1830) folha 17.



25 de maio


1870 - Assentada a pedra fundamental da matriz de Corumbá




Realizam-se as bênçãos e o assentamento da pedra fundamental da igreja matriz de Corumbá,no lugar da antiga paróquia, totalmente destruída pelos invasores paraguaios. Em seu diário, frei Mariano de Bagnaia, o vigário da vila, escreve sobre o ato e as dificuldades para começar a obra:

Logo depois tratei de edificar uma boa igreja mas encontrei uma parede de oposição por parte daqueles que me deviam auxiliar e depois de tanta espera, finalmente só no dia 25 de maio de 1870 que tive o prazer de colocar com toda a solenidade do ritual Romano, a primeira pedra da Igreja Matriz que existe hoje em Corumbá.

A igreja seria festivamente inaugurada a 14 de outubro de 1877.
 

FONTE: Frei Alfredo Sganzerla, A história de frei Mariano de Bagnaia, Edição Fucmt - MCC, Campo Grande, 1992, página 209.


25 de maio


1879 - Atentado contra a imprensa


Máquina impressora de jornais no final do século XIX

É assaltada a tipografia do periódico O Iniciador, jornal que se publica em Corumbá. O atentado é atribuído, segundo Rubens de Mendonça, “a oficiais e praças do terceiro regimento estacionado naquela localidade, por desavenças entre comerciantes portugueses, cuja causa supunha-se patrocinada pelo dito periódico e alguns militares pouco ordeiros que, com o apoio de outra gazeta, haviam exacerbado essas desavenças.

O fato revestia-se de muita gravidade, pois que além da audácia com que fora praticado, invadindo um grupo armado de espada e revólveres, um estabelecimento dessa ordem, o primeiro da província, e onde residem os familiares dos proprietários, acresce que semelhante fato mais que tudo, exprimia o iminente perigo que corria a segurança pública, quando a exacerbação dos ânimos, que já se notava, poderia trazer como consequência um conflito sério entre militares e os comerciantes portugueses e seus aderentes. O próprio agente consular português, o mais ameaçado, já havia recebido aviso que pretendiam quebrar o escudo da Agência".¹


O atentado ao jornal corumbaense teve repercussão no Rio de Janeiro:

Em Corumbá houve um assalto à tipografia do Iniciador. Muitos vultos, entre eles oficiais do exército, segundo asseguram, atacaram munidos de revóveres e espadas, os fundos e frente da casa, arrombando portas e disparando tiros.

Houve muitos ferimentos ao que por enquanto nos consta. Oportunamente darei mais circunstanciadas notícias sobre tão grave atentado.

O sr. general Carvalho, comandante interino das armas, lá estava a passeio e parece que limitou-se a trazer consigo alguns dos oficiais turbulentos. Não se compreendendo como tal fato se desse justamente quando a estada daquele chefe militar, pelo seu prestígio (que deve ter), devia evitá-lo.

Consta também que o presidente da província já mandou que o chefe de polícia seguisse por este mesmo paquete a sindicar dessa ocorrência. Vamos ver o que fará o Sr. Dr. Pedra.²




FONTE: ¹Rubens de Mendonça, Historia do Jornalismo em Mato Grosso, edição do autor, Cuiabá, 1963. Página 114. ²Jornal do Comercio (RJ), 3 de julho de 1879.

sábado, 22 de janeiro de 2011

20 de janeiro

20 de janeiro

1802 – Nasce Augusto João Manoel Leverger

Em S. Maiô, na Bretanha francesa, filho de Marthurin Miguel Leverger e Reine Corbes, nasce Augusto Leverger. Comandante de navio francês, adere com seu barco, o General Lecor, à bandeira imperial brasileira nas lutas platinas. Em 25 de outubro de 1825 é admitido na Armada Brasileira. Em Mato Grosso desde 1830, chegou a presidente da província, com o título de Barão de Melgaço. 

FONTEGENEALOGIA PAULISTA E MATO-GROSSENSE, página 332.


20 de janeiro

1873 - Projeto: estrada de ferro entre Miranda e o Estado do Paraná

Expediente do presidente da Província de Mato Grosso, tenente-coronel José Diogo, comandante do Distrito Militar de Miranda, 

20 de janeiro

1934 –  Polícia reprime manifestação divisionista no sul do Estado


O governo do Estado de Mato Grosso torna clandestino o movimento separatista, liderado por Vespasiano Barbosa Martins. O resquício dessa repressão encontra-se em vários documentos anexados ao manifesto enviado à Assembléia Nacional Constituinte, reivindicando a nova unidade federativa, entre esses o seguinte:

Delegacia de Polícia de Entre-Rios

EDITAL
O delegado de Polícia deste Município, Capitão Laudelino Pinto de Souza, recomenda a seus jurisdicionados que para boa marcha da ordem pública, fica de ora avante terminantemente proibida qualquer manifestação de idéias e propaganda sobre divisões territoriais deste Estado, transcrevendo na íntegra o seguinte telegrama:

"Sr. Delegado de Polícia Entre-Rios
Estadual Campo-Grande
Deveis envidar todos esforços sentido evitar propaganda idéias subversivas, como vem sendo feita pelo grupo separatista, não permitindo circulação boletins contenham tal propaganda ou outra qualquer, mesmo empregando para propagar semelhantes idéias pt Tenho ordens severas Dr. Interventor exigir auxiliares máxima energia sentido manter ordem e reprimir idéias subversivas pt Confio pois, empregueis máxima energia cumprimento esse dever pt Saudações Hugney Filho – Sub-chefe de Polícia do Sul do Estado pt
Diante do exposto e para que ninguém alegue ignorância tomou esta autoridade a deliberação de fazer público o referido telegrama por Edital que será afixado nas portas das casas públicas deste Município e espera que os seus jurisdicionados rendam obediância ao exposto do telegrama acima. Não fazendo lista com assinaturas quaisquer outra propaganda direta ou indiretamente sobre separatismo do Estado.
Delegacia de Polícia de Entre-Rios, 20 de Janeiro de 1934.
Capitão Laudelino Pinto de Souza, Delegado de Polícia.



FONTEOclécio Barbosa Martins, Pela defesa nacional, estudo sobre redivisão territorial do Brasil, edição do autor, Campo Grande, 1944, página 100.

20 de janeiro

1942 - Inaugurada a ponte Cuiabá-Varzea Grande






O governo do interventor Júlio Müller entrega à população da capital mato-grossense em 20 de janeiro de 1942, a primeira ponte de concreto sobre o rio Cuiabá, ligando esta cidade ao futuro município de Várzea Grande. A ponte, estrutura leve de cimento armado tem o comprimento total de 224 metros, sendo um vão central de 40 metros para passagem da navegação, largura de 6,80 metros, dando uma chapa de rolamento para dois veículos e passeio para pedestres. Carga admissível para o trem tipo de 20 toneladas nos dois sentidos.

Era prefeito de Cuiabá Manoel Miraglia, que decretou feriado municipal nesse dia da inauguração da ponte. A comissão promotora dos festejos de inauguração, à frente Waldo Olivarria, era composta por Eugênio Curvo, Aristides Pompeu Campos, Licínio Monteiro da Silva, Manoel Horácio e João Maia.

O ponto culminante da solenidade de inauguração foi o discurso proferido pelo interventor Júlio Müller, onde o governante ressalta a importância de obra e enaltece a figura do ditador Getúlio Vargas e seu Estado Nacional:

Senhores

Não me surpreendeu o movimento espontâneo dos meus conterrâneos e amigos, no sentido de se denominar Júlio Muller a ponte que mandamos construir sobre o lendário rio Cuiabá. Conheço a gente mato-grossense e tenho a veleidade de conhecer os seus sentimentos, as suas aspirações, o seu coração generoso eautruísta.

Aliás, não é necessário que eu vô-lo afirme: governando o Estado por honrosa delegação do grande e benemérito Chefe Nacional, presidente Getúlio Vargas, procuro estar em contato direto com os meus governados, resolvendo sempre em perfeita comunhão de vistas os problemas cujas soluções vêm sendo reclamadas por todos.

Daí a construção do Grupo Escolar “Afonso Penas”, de Três Lagoas; daí a construção do quartel, penitenciária e a criação do Liceu Ginasial de Campo Grande; os estudos do serviço de luz de Cáceres; o encaminhamento do Ministério da Viação e Obras contra a seca, do memorial da população poconeana; os auxílios em dinheiro a quase todos os municípios do Estado; a reconstrução de estradas; a construção de novas e importantes rodovias; o sem número de pontes construídas e em construção em todos os quadrantes do Estado, destacando-se esta que reclamáveis há tantos anos e cuja construção se fazia tão necessária ao desenvolvimento de Cuiabá e de toda região Oeste de Mato Grosso.

Aqui, entre nós, se encontra o advogado Estevão de Mendonça que, juntamente com o saudoso Ferreira Mendes, na sua juventude, através das colunas dos jornais da época, sugeriu ao governo de então a necessidade de se construir a ponte sobre o Cuiabá. Pois bem, meus amigos, a atitude daqueles jovens mato-grossenses fora explorada pelos políticos alegando-se que eles queriam tirar o ganha-pão do concessionário da barca-pêndulo que era um correligionário político.

Como evoluímos nestes últimos anos!...

Relembrando esse fato eu quero tão somente render nossas homenagens àqueles ilustres mato-grossenses e demonstrar-vos, mais uma vez de modo insofismável, as vantagens do regime atual.

Ontem, sob o império da política, com o predomínio dos partidos, o interesse coletivo, o interesse de um povo inteiro era postergado para não se descontentar um amigo político, um único correligionário. Hoje, sob a égide do Estado Nacional sobrepõe-se o interesse público aos interesses particulares e, esta afirmação é tão oportuna, tão verídica que aqui nos encontramos para a inauguração desta ponte, um sonho que se tornou realidade!

Se quereis mais uma prova do acatamento à vontade popular, do predomínio da vontade do povo no novo regime: aí está esculpido em bronze, a denominação que destes à ponte contra a vontade do próprio governo, que a mandou construir, e, entretanto diante do imperativo dos vossos desejos só restou a esse Governo uma alternativa: acatar a vossa deliberação.

Meus amigos,

Por ocasião do início da construção desta ponte eu tive oportunidade de vos falar que a obra era vossa. Repito essa afirmação, neste momento, para pedir a cada habitante deste rincão maravilhoso da pátria, que cuide, que zele desta ponte, para conservá-la sempre nova, sempre útil a todos. E nesta hora de contentamentos e emoções profundas, volvamos o nosso pensamento ao Chefe, pedindo a Deus que lhe dê vida longa para maior grandeza do Brasil.

FONTE: O Estado de Mato Grosso (Cuiabá) 21 de janeiro de 1942.

FOTO: acervo do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso.


20 de janeiro

1982 -Morre Hugo Pereira do Vale, médico, advogado, poliglota e poeta

Nascido em 11 de janeiro de 1918, morreu em Campo Grande, sua cidade natal, Hugo Pereira do Vale, um dos pioneiros da Academia de Letras de Mato Grosso do Sul. Médico e advogado, sobressaiu-se em várias atividades, dedicando-se com grande intensidade na literatura e poesia.

Oficial da reserva do Exército, participou das campanhas na Itália, durante a II Guerra Mundial, incorporado à Força Expedicionária Brasileira, como oficial de infantaria. Nesta área recebeu várias condecorações, entre elas as medalhas Olavo Bilac, do Exército e Medicina, da Aeronáutica.

Poeta, destacou-se por seu sonetos e como romancista  publicou, entre outras obras, o ensaio de filosofia "Atrás das muralhas da razão" e o livro de poesias, "Areia do Deserto". Sobre sua obra, Gervásio Leite, presidente da Academia Matogrossense de Letras, da qual Hugo fazia parte:

"Caro Hugo Pereira do Vale, ao examinar a vossa obra de poeta e de pensador, impressiona o senso de beleza e a unidade de pensamento orientado por uma filosofia que bem se ajusta à vossa personalidade. Como peta impossível citar qual o mais belo soneto, o poema mais profundo, fruto da vossa sensibilidade, apurada pela cultura, talento, sentimento estético e pela vasta experiência do mundo. Nos versos estais por inteiro, alma desnuda, o homem livre, aberto para as festas da Beleza e do Bem, e  que trilha a estrada aberta aos seus pés à procura do ideal da perefeição. Ocorre-me, porém, destacar um vosso admirável soneto (Prudência) que lembra um dos grandes poetas brasileiros, o quase esquecido Rui de Leone".

PRUDÊNCIA

Guarda comigo a fé que mora n'alma/ Avaramente esconde teus rumores/ E em nada culpes tua sorte...Acalma/ A dor que vive em ti fazendo horrores./ Sofre em silêncio as noites de amargura/ Sem queixar a ninguém esta tristeza/ Infinda, que nenhum remédio cura/ E o peito fere-te com aspereza./ Perdoa a ingratidão que ninguém te faz.../ Calmo, caminha para a frente e luta! E também jamais olhes para trás;/ Porque esta vida inglória é sempre assim/ Desde que Sócrates bebeu cicuta,/ Desde que Abel foi morto por Caim.

(hUGO PEREIRA DO VALE)

FONTE: Rubenio Marcelo, O eclético e saudoso Hugo Pereira do Vale, Correio do Estado, 3/4/2021).

OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

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