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quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

GUERRA DO PARAGUAI

 

12 de janeiro

1865 - Exército paraguaio ocupa Miranda abandonada

 

 

 

As colunas de Martin Urbieta e de Francisco Resquin (foto), responsáveis pela invasão do Brasil, por terra, agora juntas, sob o comando de Resquin, ocupam a vila abandonada de Miranda.

A tática da ocupação e as condições do povoado são detalhadas pelo comandante em parte aos seus superiores em Assunção:


Viva a República do Paraguai!


Sr. Ministro. Como tive a honra de comunicar à V. Exª em minha última parte, empreendi minha marcha a curtas jornadas  chegando a esta vila em 7 dias e meio de Nioaque.

No dia 12 fiz alto no riacho Vilasboas, uma légua da vila de Miranda, de onde despachei um esquadrão ao mando do capitão cidadão Romualdo Canteros, com o fim de explorar a disposição  da vila, e com ordem de dar-me parte se a encontrasse com tropas em atitude de defesa, ou de ocupa-la em caso contrário segundo anunciavam pombeiros.


O resultado da exploração foi encontrar-se a vila abandonada.

Em vista disso mandei ocupar a dita vila, com a vanguarda composta de dois esquadrões e uma companhia de infantaria ao mando do 2° comandante capitão cidadão Bras Rojas, com ordem de apoderar-se do parque e de todo armamento que encontrasse, assim como dos barcos que houvessem no porto, lavrando-se o inventário correspondente com o capitão cidadão Martin Urbieta.


Na vila abandonada se acharam dois italianos chamados Juan Balvita e Fernando Tabaldi e um negro brasileiro chamado José Ribeiro.


Pelo primeiro sabe que o chefe brasileiro tenente-coronel Dias da Silva depois de haver pretendido descer em canoa o rio Mondego com destino a Cuiabá, havia regressado  com a notícia de que nossas forças se haviam apoderado dos pontos do litoral do Paraguai até Corumbá, por cujo motivo seguiu sua fuga por terra com dez ou dez oficiais para o Taboco lugar de estância que se acha à costa do rio Aquidauana, mas que segundo outros dados se propunha a descer pelo rio Vacaria ou Brilhante, Ivinhema ou Igareí e dali pelo Paraná a província de S. Paulo, subindo pelo rio Tietê.


O próprio chefe brasileiro Dias da Silva em sua fuga vergonhosa tinha vindo aterrando as famílias desde Nioaque com a mentira de que a coluna paraguaia vinha degolando a quantas pessoas achava sobre sua marcha.


Isto explica o fato de achar-se todas as casas desertas, fugindo seus donos para os montes.


Em contraposição de tanta falsidade me é grato dizer a V.Exª  que alcançada em sua fuga a família do brasileiro Antonio Cândido de Oliveira com três carros de equipagem e dez vaqueiros, longe de ter sido danificada em coisa alguma, tem sido atendida e volta para sua casa.


Segundo informação do mencionado Barbosa, todas as famílias da vila logo que receberam aquela falsa notícia, depois da chegada do tenente-coronel Dias da Silva que deixou acreditada sua covardia na jornada do Arroio Feio abandonaram suas casas dirigindo-se umas à Salobras outras ao outro lado do rio Aquidauana, e que os índios, aproveitando a ocasião haviam-se lançado sobre as casas abandonadas saqueando-as até a hora da nossa chegada a esse ponto, causando infinitos prejuízos, inclusive o mesmo parque ou depósito de armamento e munições do quartel, d’onde segundo dizem uniformemente os três indivíduos acima ditos, que ficaram na povoação, haviam levado cada índio até duas armas de fogo com pólvora e completas, deixando unicamente o que não podiam levar.

A tudo isto deu lugar o abandono que desta povoação fez o sargento-mór Caetano de Albuquerque que comandava o batalhão de infantaria que guarnecia a vila, havendo-se dispersado todos sem se saber o destino que este chefe havia tomado.


Ficam em nosso poder quatro canhões com seus carros de munições, quinhentos fuzis, 67 clavinas, 131 pistolas, 468 espadas de tropa, 1000 lanças, 9817 projetis de artilharia de diferentes calibres a saber: 1278  obuses, 5524 balas rasas, 1956 pirâmides, 1070 botes de metralhas que com os outros artigos que consta da relação junta compõem o resto do parque despojado.


Levo também às mãos de V. Exª o inventário dos haveres da igreja, que segundo me informa o capelão cidadão Francisco S. Espinosa também foi saqueada como os demais, como bem se notava pelos ornamentos acessórios.


A povoação da vila, fora a igreja, casa do comandante e o quadro do quartel contíguo, consta de 84 casas, 41 de telhas e 43 de palha em uma situação como a 3 cordas do rio Mondego é terreno fragoso de macegas e montes, sem vista alguma pelos lados, com águas meio salobras,  qualidade de que participa o mesmo rio.


No porto encontrou duas chalanas, uma servível debaixo d’água e outra deteriorada que pode compor-se, além de um lanchão novo pronto a receber estopa, como desde logo o fiz concluir por haver posto à minha disposição seu dono o mesmo italiano Balbita, e poderá servir para transporte dos armamentos e munições encontrados, sem nenhuma pólvora.

Os canhões se achavam carregados com metralha que mandei descarregar.


O capitão Urbieta que sobre sua marcha para esta vila a 9 do corrente (janeiro) se incorporou com a coluna do meu comando, acha-se ao comando desta vila.


No arquivo não encontrei mais que pedaços de papeis inúteis.

Os índios se acham também dispersos pelos montes e me consta que as 5 aldeias que se encontram sobre o caminho do Nioaque se acham desertas.


Na Estância imperial que se acha a outro lado do Mondego coloquei uma guarda ao mando do alferes cidadão Inácio Cabrera, afim de impedir aos índios o despojo da dita estância, como já começam a fazer, pegando os animais mais mansos pelas picadas que haviam praticado pelos montes.


O piquete que guardava a porta desta vila ao porto ao mando do sargento Ramon Torres, sofreu o desgraçado incidente de que as 9 da noite do dia 12, caindo em terra uma vela acesa ardeu completamente a peça que havia estado semeada de pólvora e pedaços de papel, ofendendo ao sargento e quatro soldados. Isto sucedia quando por uma forte chuva se refugiava na dita casa o piquete mencionado. Os feridos d’este acidente ficam em cura.


Deus guarde a V.Exª muitos anos.


Vila de Miranda, 14 de janeiro de 1865


Francisco y Resquin.¹



Somente no dia 31 de janeiro, o comandante brasileiro, tenente-coronel Dias da Silva, a caminho de  Santana do Paranaíba, libera relatório onde explica as razões de sua fuga:

...e constando-me que o inimigo se achava já a poucas léguas de marcha para a vila. De modo a não dar lugar a delonga alguma, retirei-me com a pequena força do Batalhão de Caçadores, mandando antes ordem para a Salobra (...) para de lá seguir o corpo e algumas praças com direção à estrada da fazenda do Daboco (aliás Taboco) a encontrar-se comigo. Sendo forçado a abandonar os arquivos e bagagens dos corpos por falta absoluta de condução para tudo; o que tem ocasionado a maior penúria e toda sorte de privações por se haver retirado toda a força com a roupa do corpo e a maior parte dos oficiais a pé com suas famílias.

 
Mais adiante, o oficial brasileiro lastima a ação impetuosa do inimigo e o estado geral da tropa sob seu comando:

A força que tomou a colônia de Miranda vem arrasando essa parte da fronteira até a vila do mesmo nome, e a que tomou a dos Dourados seguiu pela Serra de Maracaju, vindo pelo Brilhante até ao Taquaruçu com o mesmo sistema de delapidação. No estado de nudez e miséria em que se acha a pequena força que comigo se retira, sigo até a vila da Santana do Paranaíba a fim de esperar ali as determinações de V.Exa. a quem com toda insistência solicito alguns recursos pecuniários e de fardamento que me habilitem a mover-me com presteza para onde V. Exa. entender conveniente.²


FONTE: ¹
Boletim A Imprensa de Cuiabá, 18 de maio de 1865. ²Jorge Maia, A invasão de Mato Grosso, Biblioteca do Exército Editora, Rio, 1964, página 204.




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segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Fundada a Igreja Batista em Campo Grande

29 de dezembro

1917 - Fundada a Igreja Batista em Campo Grande




Tendo como moderador da assembleia de criação o pastor Pedro Sebastião Barbosa, da Igreja Batista de Corumbá, é fundada a Igreja Batista de Campo Grande, que funcionou inicialmente em prédio alugado à rua Barão de Rio Branco esquina com a rua 13 de Maio. Silidônio Urbieta foi o seu primeiro pastor. "Na tarde festiva de 9 de maio de 1919 - segundo Carlos Trapp - na presença de, aproximadamente, 150 pessoas, entre as quais o lendário missionário batista, Dr. Wilian B. Bagby, foi assentada a pedra fundamental do 'nosso templo batista, em construção na cidade' ", em área doada pelo coronel Bernardo Franco Baís, à rua Treze de Maio, entre a Barão do Rio Branco e a Dom Aquino, onde funciona até os dias atuais.

FONTE: Carlos Osmar Trapp, Evangélicos em Campo Grande, origens e desenvolvimento, Associação Evangélica Brasileira, Campo Grande, 1999, página 21.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

9 de dezembro

9 de dezembro 

1882 – Thomaz Larangeira passa a explorar a erva-mate no Sul de Mato Grosso


Território da Mate Larangeira chegou a atingir  todo o extremo Sul do Estado de Mato Grosso

Através do decreto imperial n. 8799, ao gaúcho Tomaz Larangeira é concedida a permissão para “colher erva-mate nos terrenos devolutos que demoram nos limites da província de Mato Grosso com a República do Paraguai, entre os marcos do Rincão de Julho e cabeceiras do Iguatemi, partindo de Leste para o interior, ...”

Entre as cláusulas do contrato de concessão, uma preocupação ecológica outra social, jamais respeitadas:

Cláusula II - Nesta permissão não se compreendem as madeiras de lei, das quais o concessionário não se poderá utilizar sem licença especial, salvo para construção de casas para si e seus trabalhadores, de pontes e pontilhões, nunca, porém, para comércio; e


Cláusula VI - O concessionário não poderá direta ou indiretamente impedir a colheita da erva-mate aos moradores do território, de que trata a presente concessão, que viverem de semelhante indústria e dela tirarem os indispensáveis meios de subsistência.


FONTE:  Gilmar Arruda, in Ciclo da Erva-Mate em Mato Grosso do Sul (1883-1947), Instituto Euvaldo Lodi, Campo Grande, 1986, página 276



9 de dezembro

1889 – Chega a Mato Grosso a notícia da proclamação da República

General Antonio Maria Coelho
Ainda sem o telégrafo e tendo como meio de comunicação mais rápida com o Rio de Janeiro, a navegação através do rio Paraguai, Cuiabá somente 24 dias depois, recebe a notícia da queda do império. Junto com a notícia chegou também o anúncio oficial da nomeação do general Antonio Maria Coelho, que recebeu o governo na mesma data, do coronel Cunha Matos, dirigindo ao povo a seguinte proclamação:

Viva a República
dos Estados Unidos do Brasil!


Viva o Estado de Mato Grosso!


Mato-grossenses, enfim é livre a terra de Colombo. A planta exótica que ainda existia feneceu no glorioso 15 de novembro de 1889.

Está proclamada a República na nossa estremecida pátria e Mato Grosso já não é a província de uma monarquia. E, sim, um Estado de uma República ligada às suas irmãs pelos laços da Federação.


"O fato grandioso realizou-se com aplauso geral, sem sangue, sem protesto, porque significa liberdade, fraternidade e justiça. 


Aclamado hoje, pelo povo desta capital e pela Assembleia, em nome do mesmo povo, governador do Estado de Mato Grosso, que assim confirmou a nomeação do governo provisório dos Estados Unidos do Brasil, assumi as rédeas do governo.


A capital e Corumbá já aderiram ao movimento proclamando a República; o mesmo espero, farão todas as demais cidades e localidades do Estado.
Liberdade, fraternidade, paz e justiça é a missão da República. Tranqüilizem-se pois todos os cidadãos, que todos os seus direitos serão garantidos em sua plenitude.


Cidadãos! Viva a República dos Estados Unidos do Brasil! Viva o presidente provisório general Manoel Deodoro da Fonseca! Viva o primeiro ministério republicano! Viva o Estado de Mato Grosso!

Cuiabá, 9 de dezembro de 1889.


Antonio Maria Coelho.


FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2ª edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 304.


9 de dezembro

1916 – Dualidade de poder em Mato Grosso
Prédio da Câmara de Corumbá onde funcionou a Assembleia de Mato Grosso

A Assembleia Legislativa, reunida em Corumbá, amparada por habeas-corpus do Supremo Tribunal Federal, dá posse ao 2º vice-presidente do Estado, coronel Manoel Escolástico Virgínio, em virtude da pronúncia pelo poder legislativo do titular, Caetano de Albuquerque. Do ato lavrou-se a seguinte ata:

Aos nove dias do mês de dezembro de mil novecentos e dezesseis, nesta cidade de Corumbá e no Paço da Câmara Municipal, presente a uma hora da tarde, o excelentíssimo sr. coronel Manoel Escolástico Virgínio, segundo vice-presidente do Estado, os presidentes da Assembléia Legislativa e da Câmara Municipal, o intendente geral do município, vários deputados e vereadores e muitas outras pessoas gradas, no salão nobre destinado às sessões da Câmara e onde atualmente funciona a Assembléia Legislativa, aí pelo coronel Escolástico Virgínio foi dito que, havendo o Supremo Tribunal Federal confirmado os ‘habeas-corpus’ que o juiz desta seção lhe concedera, garantindo-o no cargo de segundo vice-presidente por achar-se pronunciado pela Assembléia o general Caetano de Faria e Albuquerque, e cabendo-lhe legalmente a substituição deste por ter falecido o primeiro vice-presidente coronel Coraciolo de Azevedo; vinha assumir, como efetivamente assumia neste ato, o exercício das funções de presidente do Estado, cujo compromisso já prestara perante Assembléia Legislativa a 15 de maio do corrente ano.


E para todo o tempo constar determinou a mim, Alceste de Castro, amanuense da intendência municipal, que do ocorrido lavrasse a presente ata, que vai assinada por todos os presentes e ficará arquivada na Câmara Municipal desta cidade de Corumbá.


Em Cuiabá, o presidente Caetano Albuquerque, com base em habeas-corpus, também concedido pelo Supremo, desconheceu a decisão da Assembléia. A solução viria apenas com a renúncia do presidente e dos deputados e a intervenção federal, decretada pelo presidente Wenceslau Braz a 10 de janeiro de 1917.
 


FONTE: Rubens de Mendonça, Dicionário Biográfico Mato-Grossense, edição do autor, Cuiabá, 1971, página 109

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

21 de novembro

21 de novembro

1788 - Cientista faz relato sobre Camapuã




O matemático,engenheiro e astrônomo português, Francisco José de Lacerda e Almeida, que a serviço de seu governo, mapeava o percurso das monções, procedente de Cuiabá, chega a Camapuã, após 36 dias de viagem pelos rios Cuiabá, Paraguai, Taquari e Coxim. O cientista registrou sua passagem pela primeira povoação brasileira no Sul da capitania de Mato Grosso:

Esta povoação fundada no centro deste sertão somente com o fim de ter carros prontos para a varação das canoas e cargas de um para outro rio, o que teve princípio em 1720 e onde todos se provêm de mantimentos, de açúcar, de aguardentes, de tabaco de rolo, dois gêneros que são para os trabalhadores o mesmo que o maná para os israelitas, é administrada por um de seus sócios, e está situado em os princípios de um chapadão coberto de relva mimosa para a criação de todo o animal que dela se sustenta. Antes de Cuiabá ter as boas e muitas fazendas de gado, que presentemente tem, levaram por terra uma grande boiada para aquela vila, cortando sertões, por onde nunca se tinha passado e dirigindo o rumo por estimativa. Os seus matos produzem muito bem os legumes, a cana de açúcar, o arroz, o pão e as frutas do país. Neste chapadão, por onde se veem dispersas algumas colinas, estão as vertentes de alguns rios de desaguam no Paraguai, rio Grande, ou Paraná, os quais tem um declive tão grande que me admirou, pois nunca pensei subir ou descer por uma ladeira de águas.

O ar é temperado e puro, tão alegre, e ameno aquele terreno todo, que depois que saí de Portugal não vi, nem nas capitanias do Pará, o Rio Negro, nem na de Mato Grosso coisa que se lhe possa comparar. Renasceu em mim toda alegria que um país aprazível pode causar, e que tinha perdido vivendo por oito anos em um sertão (assim o posso dizer) cheio de matos altíssimos, ásperos, e de algum campo pela maior parte inundado e pestífero. Os sócios desta fazenda devem fazer bom negócio, pois além de carnes e mais gêneros que vendem pelo preço que corre em Cuiabá, levam pelo transporte de cada uma canoa 20$000 rs., e por cada uma carrada 9$000 rs
.



FONTE: Francisco José de Lacerda e Almeida, Viagem do dr. Francisco José Lacerda de Almeida pelas capitanias do Pará, Rio Negro, Mato Grosso, Cuiabá e São Paulo nos anos de 1780 - 1790, impresso por ordem da Assembleia Provincial do Estado de São Paulo, 1841, página 75.


21 de novembro

1826 - Langsdorff deixa Camapuã e chega do rio Coxim





A expedição científica, liderada pelo conde de Langsdorff, patrocinada pelo governo russo, prossegue a sua viagem rumo a Corumbá, Cuiabá e Amazônia. A despedida de Camapuã é registrada por Hércules Florence:

No dia 21 de novembro, depois de uma estada de 43 dias em Camapuã, montamos a cavalo e partimos com direção ao Furado, onde chegamos depois de atravessar sete léguas de terreno montanhoso e em geral desnudado. O aspecto do porto é pitoresco: o Coxim aí não tem mais de 25 braças de largura e, entre copada mataria, corre por sob arcos formados de uma taquara chamada guaitivoca que se ergue à altura das árvores mais elevadas. De cada nó do colmo irradia-se basta ramificação de folhas compridas e finas, que, a modo de ramalhetes, vão progressivamente se tornando menores, à medida que se chegam à ponta. O peso obriga esses enormes caniços a se arquearem até que a extremidade livre, que finda numa bola de folhas, penda perpendicularmente ao terreno. As duas margens estão cheias dessas elegantes monocotiledôneas que cruzam os colmos de lado a lado, formando majestosas e verdejantes arcarias.

FONTE: Hércules Florence, Viagem fluvial do Tietê ao Amazonas, de 1825 a 1829, Edições Melhoramentos, São Paulo, 1941, página 52.

FOTO: rio Coxim em desenho de Hercules Florence.



21 de novembro

1891 - Governador de Mato Grosso apóia golpe do marechal Deodoro

O presidente (governador) do Estado de Mato Grosso, Manoel Murtinho, apóia o golpe cometido pelo presidente Marechal Deodoro, que em 3 de novembro dissolveu o Congresso Nacional. O ato de adesão foi formalizado no seguinte telegrama:

Palácio do Governo de Mato Grosso - Telegrama - Cuiabá 21 de novembro de 1891 - Ao Sr. Ministro do Interior - Rio - Recebi hoje vosso telegrama de 4 do corrente comunicando que o governo federal teve necessidade de dissolver Congresso Nacional, e, oportunamente convocaria novo Congresso; que no interesse da segurança pública foram declarados em estado de sítio o Distrito Federal e a cidade de Niterói. Certo de que este Estado saberá bem aquilatar os intuitos patrióticos que inspiraram o decreto de dissolução e por isso há de acatá-lo devidamente e concorrer para que a Nação possa livre e pacificamente manifestar-se na consulta que vai-lhe ser feita, creio poder assegurar-vos que neste Estado conservar-se-á inalterável a ordem pública, se entretanto, for perturbada, recorrerei à medidas que me recomendastes.

Fico também ciente do mais que me comunicastes, observância fielmente vossas instruções. Aguardo o manifesto do Presidente da República do país.

Pode o Governo Federal contar com toda minha dedicação em prol da manutenção da ordem pública e sustentação das instituições constitucionais. (Assinado) O Presidente do Estado Manoel Murtinho.


FONTE: Jornal do Commercio (RJ), 15 de março de 1892.


21 de novembro

1917 - Seis mortos na apuração dos votos




Seis mortos e 21 feridos, entre estes o prefeito Eugênio Cunha, foi o saldo de um conflito entre adversários na apuração das urnas da eleição municipal em Corumbá, realizada logo após o final da Caetanada, disputa armada entre partidários do presidente Caetano Albuquerque e de seu aliado Pedro Celestino e os conservadores ligados ao senador Antonio Azeredo. O episódio foi retratado pelo jornal dos conservadores em Cuiabá:

Corumbá, 22. - Conforme estava marcado,reuniu-se a Câmara ontem para fazer apuração eleições municipais. Na hora marcada, presidente abriu a sessão com a presença de quatro vereadores conservadores Francisco Vieira, Antonio Aguiar, Marechal Horácio, João Wenceslau e um celestinista, Rosário Congro, faltando Amilcar Vadoni e Pacífico Siqueira. Feita a leitura autênticas todas as sessões eleitorais e contagem de votos, presidente declarou maioria de votos candidatos conservadores. Em seguida, Rosário Congro, obtendo palavra, pediu fossem apurados votos em separado dados candidatos celestinistas. Câmara rejeitou essa proposta de acordo lei rege caso, aceitando, entretanto, protesto apresentado pelo mesmo. Passou-se então a redação das atas. Ao terminar leitura mesmas, alguns próceres celestinistas, chefiados Cristião Cartens, começaram em altos gritos, a protestar, exigindo contagem votos em separado. Com essa gritaria estabeleceu-se grande tumulto, em meio do qual surgiu conflito pessoal, iniciado por José Antonio Jesus, conhecido capanga de Cristião, que avançou para José Signorelli, cunhado intendente e detonou contra ele, a queima roupa, o seu revólver. Projétil feriu Signorelli e ao intendente Eugênio Cunha Signorelli, ferido mesmo, sacou revólver e derrubou seus pés agressor, mas imediatamente caiu também morto por um filho de Jesus, de nome Laurindo, que, por sua vez, tombou varado por uma bala que o atingiu na cabeça. Conflito então generalizou-se rapidamente, havendo na salinha forte tiroteio que durou alguns minutos, resultando seis mortos e inúmeros feridos. Além dos três mortos já referidos pereceram também Maximiliano Brandão, Salomão Roque Pereira e Joaquim Gomes.
 

FONTE: O Republicano, (Cuiabá), 24 de novembro de 1917.

FOTO: Câmara Municipal de Corumbá, início do século XX.





1952 – Assassinado o prefeito Ari Coelho de Oliveira



Aos 41 anos é morto a bala, o prefeito de Campo Grande, Ari Coelho de Oliveira (PTB). O assassino foi  Acir Pereira Lima que o acometeu em uma emboscada no prédio da CER-3 em Cuiabá, onde o prefeito fora tratar de assuntos de interesses do município. Nascido em Bauzinho, município de Paranaíba, fez seus estudos ginasiais no colégio Grambery, em Juiz de Fora, Minas Gerais. Formou-se em Medicina em 1933, em Belo Horizonte, pela Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais. Chegou a Campo Grande em 1934, onde iniciou sua carreira de médico, fundador e proprietário da Casa de Saúde Santa Maria, denominação dada em homenagem à sua esposa dona Maria Arantes. 

“Eleito prefeito de Campo Grande no pleito eleitoral de 3 de outubro de 1950, assumiu o executivo municipal em 31 de janeiro de 1951, tendo dentro de seu programa de Honestidade, Responsabilidade e Trabalho, imprimido ao município, no curto período de sua administração, um desenvolvimento magnífico, elevando a cidade de Campo Grande ao nível de primeira grandeza".¹


O crime foi o desenlace de uma divergência política havida entre o prefeito Ari Coelho de Oliveira e Arquimedes Pereira Lima, presidente da Fundação Brasil Central, ambos do PTB, este dissidente e líder da ala do partido que apoiava o governo udenista de Fernando Correa da Costa. O prefeito, através de seu jornal "O Matogrossense", de Campo Grande, passou a denunciar ao desafeto, engrossando a corrente de acusações de negociatas, patrocinadas pela fundação, acumpliciada ao governo do Estado para favorecer grilagem de terras devolutas, por uma organização criminosa, da qual fazia parte um irmão de Arquimedes, Alci Pereira Lima, alto funcionário do governo do Estado, autor do atentado contra o prefeito.

ORIGEM - O jornal Ultima Hora (RJ), que antes do atentado ao prefeito, denunciou a negociata de Pereira Lima, com a sua morte, convenceu-se:

O brutal assassinato do prefeito de Campo Grande está ligado a grandes negociatas de terras conforme documentadas reportagens publicadas recentemente por ULTIMA HORA. Quadrilhas de grileiros vêm agindo a solta nas regiões do Alto Xingu e Fundação Brasil Central, vendendo terras de propriedade de dezenas de tribos indígenas que habitam aquela região. Os criminosos lançam mãos de todos os recursos para levar avante seus negócios ilícitos, empregando até mesmo bandos armados para espalhar o terror entre os habitantes das selvas.

O criminoso Alci Pereira Lima, tesoureiro da Comissão de Estradas de Rodagem, irmão do presidente da Fundação Brasil-Central, tornou-se rico da noite para o dia em negócios dessa natureza, de parceria com o grileiro Rodrigo Barjas, condenado pela justiça de São Paulo. Recentemente o sertanista Orlando Vilas Boas foi demitido da Fundação Brasil Central por se recusar, patrioticamente, a prosseguir nos estudos de uma rodovia, impraticável sob o ponto de vista econômico, cuja construção serviria para indenizar e valorizar os terrenos dos grileiros. Essa estrada deveria partir de Cuiabá e penetrar nas terras do grileiro assassino Alci Pereira Lima e seu sócio Barjas.


PREMEDITAÇÃO - O matutino carioca está convencido de que o crime foi premeditado, versão nunca desmentida:

Mal desembarcaram em Cuiabá, onde foram participar da convenção do Partido Trabalhista Brasileiro, o prefeito Ari Coelho de Oliveira e seus amigos foram avisados a tempo de que suas vidas corriam perigo. Não dando grande importância ao fato, embora entre os informantes se encontrasse um desembargador, dirigiu-se o prefeito de Campo Grande na manhã do dia 21 a um barbeiro da cidade. Ao fazer calmamente sua barba acercou-se de si um cidadão para lhe mostrar um violento artigo contra sua pessoa. O Dr. Ari compreendendo a provocação do indivíduo se limitou a sorrir, talvez seu riso derradeiro. Dirigiu-se sem seguida à Assembleia Legislativa onde se demorou examinando a carta de Mato Grosso, levantada pela Comissão Rondon, identificando a cidade de "Bausinho" onde nascera.


Arci Pereira Lima, o assassino

O DESFECHO - O jornal carioca segue os passos do prefeito de Campo Grande até a cena do crime:

Mal sabia o prefeito Ari de Oliveira que momentos mais tarde perderia a vida ao penetrar na Sala dos Municípios, com uma bala na cara, disparada de surpresa. Saindo da Assembleia Legislativa se encaminhava para a morte ao pedir o carro do deputado Leal de Queiroz emprestado e se dirigindo para a sede da Comissão de Estradas de Rodagem, sita à rua 13 de Junho. Chegando ao local, onde foi atendido pelo porteiro, perguntou-lhe o prefeito de Campo Grande se poderia falar com o diretor da Comissão a quem desejava solicitar as cotas de seu município do ano 1951, que ainda não haviam sido entregues. Poucos minutos de vida teria então, pois mal entrara o Dr. Ari de Oliveira na Sala dos Municípios, o grileiro Alci Pereira Lima, irmão do presidente da Fundação Brasil Central, abriu a porta de sopetão e disparou um revólver, atingindo a face direita do prefeito de Campo Grande, que emborcou de frente, mortalmente ferido. Em seguida, o criminoso Alci Pereira Lima, tesoureiro da Comissão de Estradas de Rodagem, fugiu em seu carro, lubrificado e abastecido de véspera. Acudido na própria sede da CER pelo médico Salomão Nahas, o prefeito de Campo Grande foi transferido para a Santa Casa, onde faleceu uma hora depois, sem pronunciar uma só palavra.

EM CAMPO GRANDE - O jornal registra ainda a repercussão do crime e a chegada do corpo do prefeito em sua cidade:

Esta cidade recebeu consternada a notícia do brutal assassinato de seu prefeito, jornalista Ari Coelho de Oliveira, morto a traição no interior de uma repartição pública de Cuiabá. Todo o comércio local cerrou suas portas e o povo em massa se manifestou para receber o corpo e prestar ao querido morto as homenagens póstumas a que fazia jus.

Anunciada a hora da chegada do avião que conduzia o corpo, a multidão foi aos poucos se aglomerando ao longo das vias públicas por onde transitaria o séquito fúnebre. Desde a Base Aérea até a porta do edifício do Fórum, aglomerava-se a massa humana, todos com lágrimas nos olhos dizendo um último adeus àquele que tanto fez por Campo Grande.


À passagem da urna funerária, cenas comoventes se registravam aqui e ali: eram acenos de lenços brancos no derradeiro adeus, lágrimas copiosas derramadas por pessoas de ambos os sexos e de todas as condições sociais.


Duas extensas filas de automóveis, caminhões e ônibus cobriam cerca de maio quilômetro da rota percorrida, até que em chegando à avenida Calógeras parou o carro fúnebre e a multidão tomou nos braços o caixão, que foi conduzido pelo povo até a Câmara Municipal, onde o corpo ficou exposto ao povo em câmara mortuária.²


Em sua homenagem a cidade ergueu um monumento na praça da Liberdade que passou a ter o seu nome, inaugurado a 10 de fevereiro de 1954. 


FONTE: J. B. Mattos, Os Monumentos Nacionais (Mato Grosso), Imprensa do Exército, Rio de Janeiro, 1957, 65. ²Jornal Última Hora (RJ) 22-11 e 28-11-1952.

FOTOS: reprodução da revista O Cruzeiro (RJ)


21 de novembro

2020 - Morto, chargista tem o corpo esquartejado, incinerado e colocado em malas

Foi morto a facadas pela namorada o chargista Marco Antonio Rosa Borges, de 54 anos. O crime ocorreu em Campo Grande e foi assumido
pela namorada da vítima, a massagista e auxiliar de enfermagem, Clarisse Silvestre. A confissão da autora do homicídio, ocorreu no dia 21 de novembro e foi ratificada no dia 25 pelo filho dela, João Victor Silvestre, que admitiu ter ajudado a mãe a esquartejar o corpo da vítima. 
O chargista havia desaparecido no sábado, quando a família resolveu rastrear o celular da vítima e descobriu que o último sinal do aparelho havia sido enviado nas proximidades da casa da Clarisse, com quem o artista havia iniciado um relacionamento recentemente.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Kelvis Antonio Borges, de 25 anos, único filho de Marco Antonio, disse que suspeitava do envolvimento de terceiros no crime, acrescentando que o pai era discreto e não falava muito do relacionamento com a massagista.

A Delegacia Especializada de Homicídios foi acionada após Clarice indicar o local do crime. Na terça-feira a euipe encontrou malas com os restos mortais em um terreno na região sul de Campo Grande.

De acordo com o depoimento da massagista, o assassinato aconteceu após uma discussão em que Marco Antonio a teria agredido com dois tapas no rosto. Durante a briga, ela o teria empurrado da escada e, em seguida, corrido até a cozinha, pegado uma faca, golpeando-o até a morte.

De acordo com o delegado Carlos Delano, responsável pelo inquérito, João Victor, o filho dela, ajudou a mãe a esquartejar o corpo e a guardar os restos em três malas. Em seguida ela levou as malas para a casa, no bairro Jordim Tarumã. No domingo, João Victor e Clarice acionaram um motorista de aplicativo e transportaram as malas até uma casa abandonada, onde o corpo foi carbonizado.

Com informações do Correio Braziliense, (DF), 26/11/2020.

sábado, 14 de dezembro de 2013

29 de dezembro

29 de dezembro

1864 – Paraguaios atacam a colônia de Dourados

Monumento aos heróis da guerra do Paraguai, na Praia Vermelha, Rio de Janeiro
Iniciando sua invasão ao território brasileiro, via terrestre, tropas comandadas por Martin Urbieta alcançam o forte de Dourados, então sob a chefia do tenente Antonio João Ribeiro, que “com apenas 16 homens enfrenta o inimigo em flagrante desigualdade de condição e com grande heroísmo, não se rende. Antes de tombar em holocausto à pátria, escreve o famoso bilhete que está gravado no monumento erguido em sua homenagem na Praia Vermelha no Rio de Janeiro:

“Sei que morro, mas o meu sangue e o dos meus companheiros servirá de protesto solene contra a invasão do solo de minha pátria”.


O comandante Martin Urbieta resumiu o episódio em relatório enviado no dia seguinte ao seu superior em Assunção:

Senhor Ministro:

Com o devido respeito tenho a honra de dar parte à V. E. de que em 29 do que expira, cheguei nesta colônia de Dourados sem que fosse percebido por nenhum indivíduo e sendo divisado à curta distância ouvi tocar uma chamada breve e, tomando armas, marchou o comandante com alguns homens de resguardo; o tenente de infantaria Manuel Martinez, que levava o ataque, lhe exigiu a rendição e respondeu o comandante brasileiro que em caso de trazer-lhe ordem do governo imperial, se renderia, senão, não o faria de nenhuma maneira.

Com esta resposta, pronto se travou o combate e o comandante de Dourados, tenente Antonio João Ribeiro, caiu com as primeiras balas, o mesmo com dois indivíduos mais, fugindo o restante o monte do riacho de onde foram reconhecidos em número de doze, incluindo um ferido e um cabo, havendo escapado os demais da guarnição com o 2° comandante.

Da tropa sob meu comando só o tenente Benigno Dias recebeu uma contusão e ferido um soldado de infantaria.

Tenho a honra de acompanhar à V.E. a conta de armas tomadas neste ponto.

Pelas declarações e pelos papéis tomados se vê que faz mais de dois meses que este ponto estava avisado de retirar-se quando alguma força paraguaia aparecesse, sendo, segundo parece, esta disposição geral nos outros destacamentos.

Deus guarde a V.E. muitos anos.

Colônia de Dourados, 30 de dezembro de 1864.

MARTIN URBIETA. 



FONTE: ¹Lélia Rita F. Ribeiro, Campo Grande, O Homem e a Terra, edição da autora, Campo Grande, sd, página 120; ²El Semanário, Assunção (PY) 7 de janeiro de 1865.


29 de dezembro

1864 - Paraguaios ocupam a colônia de Miranda

O comandante Francisco Resquin, à frente de coluna de combatentes de cavalaria e infantaria, ocupa a colônia de Miranda, pequena guarnição militar, localizada às margens do rio Miranda, nas proximidades da sede da fazenda Jardim, distante 80 quilômetros de Nioaque.

Em ofício dirigido ao seu superior em Assunção, o comandante da expedição paraguaia, descreve sua ação na colônia, durante a ocupação do termo, abandonado pela população e a guarnição do exército brasileiro:

Senhor Ministro:

Ontem ao por do sol, apenas atravessei o rio que chamam de Miranda, me apoderei da colônia sem encontrar nenhuma resistência, destinei 150 infantes ao mando do tenente Narcizo Rios e precedente ultimato de rendição, a população e tropa com o comandante fugiram para um monte contíguo, deixando abandonadas as casas, de maneira que até agora não temos ninguém, além de uma negra velha e uma senhora chamada Francisca Correa de Oliveira, que ao amanhecer de hoje foram encontradas no monte pelos monteadores que lhes mandaram dispersar por todas as direções, igualmente que aos cinco guardam que devem conter os fugitivos.

Sinto que escape talvez toda a tropa que guarnecia a população, mas de outro modo não poderia haver procedido,contando que esta gente havia estado apercebida para um caso semelhante de nossa parte, segundo o que relaciona dona Francisca, que há cerca de dois meses o comandante desta população havia recebido ordem do governo da província, como precaução de que a República do Paraguai poderia mover-se sobre estes territórios, encontrando-se em estado de completa quebra de relações com o Império, fazer o despovoamento da colônia e enviar aos departamentos acima as famílias, assim como a Miranda o que pertencer à guarnição, ficando com a gente de seu mando cuidar o ponto que devem abandonar tão logo que se saiba que o Paraguai marchava para estas fronteiras; e que assim algumas famílias e vários haveres haviam sido despachados em carretas, cuja prevenção também demonstra o fosso com três cordas da comprimento, duas varas de largura e vara e meia de profundidade, aberto em frente da povoação, como para defender os caminhos dos dois passos do rio.

Da adjunta relação que é tomada de Francisca Correa de Oliveira, que segundo lhe disse a mulher de um dos militares desta colônia, se informará V.E. das averiguações que tenho tomado sobre pontos que me carcam as instruções. 

Anexo apresento à V.E. o inventário do pouco armamento e munições encontrados em um dos ranchos da colônia e que deixados a cargo do subtenente Albarenga, que logo apresentará à V.E. a matrícula e haveres dos colonos com qualquer outro conhecimento que chegue a saber.

Também incluo à V.E. vários papéis de partes do comandante da colônia de Dourados e as comunicações tomadas de um chasque, pelas quais se vê que há mais de dois meses estão prevenidos para a fuga, oficialmente ordenada no caso que alguma parte de nossas forças apareça por aqui.

A tropa marcha com felicidade e demonstra o melhor ânimo para as próximas operações.

Deus guarde a V.E. muitos anos.

Guarda da colônia de Miranda, 30 de dezembro de 1864.

FRANCISCO RESQUIN.

FONTE: El Semanário (PY) Assunção, 7 de janeiro de 1865.


29 de dezembro


1915 – Vespasiano Martins forma-se em Medicina

Havendo se matriculado com 20 anos na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, Vespasiano cola grau. Em 1925 faz especialização em cirurgia, em Paris e Viena. De volta ao Brasil, fixa-se em São Paulo, onde monta sua clínica e dirige a parte cirúrgica do Hospital Alemão. Em 1930 se estabelece definitivamente em Campo Grande. Sobre o cirurgião Vespasiano Martins fala Fernando Correa da Costa, seu colega de clínica e de política:

“Fui aluno de Brandão Filho, a grande estrela da cirurgia nacional de então, em cujo serviço da Santa Casa do Rio, desfilaram naquele tempo os ases da cirurgia de todo o continente. Fui interno de Fernando Magalhães, o homem que sistematizou para todo o mundo a operação cesária baixa. Fui ver em Buenos Aires os grandes operadores argentinos, com os irmãos Finocchieto à frente, e sinceramente não vi ninguém operar tão pessoalmente como Vespasiano. Em cirurgia ele era ele mesmo. E interessante que eu vindo da maior escola cirúrgica do país, peguei muito da técnica pessoal do nosso cirurgião autóctone.”

FONTE: Academia de Letras e História de Campo GrandeBiografia de Patronos, Campo Grande, 1973, página 19



29 de dezembro

1917 - Fundada a Igreja Batista em Campo Grande




Tendo como moderador da assembleia de criação o pastor Pedro Sebastião Barbosa, da Igreja Batista de Corumbá, é fundada a Igreja Batista de Campo Grande, que funcionou inicialmente em prédio alugado à rua Barão de Rio Branco esquina com a rua 13 de Maio. Silidônio Urbieta foi o seu primeiro pastor. "Na tarde festiva de 9 de maio de 1919 - segundo Carlos Trapp - na presença de, aproximadamente, 150 pessoas, entre as quais o lendário missionário batista, Dr. Wilian B. Bagby, foi assentada a pedra fundamental do 'nosso templo batista, em construção na cidade' ", em área doada pelo coronel Bernardo Franco Baís, à rua Treze de Maio, entre a Barão do Rio Branco e a Dom Aquino, onde funciona até os dias atuais.


FONTE: Carlos Osmar Trapp, Evangélicos em Campo Grande, origens e desenvolvimento, Associação Evangélica Brasileira, Campo Grande, 1999, página 21.

OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

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