sábado, 22 de janeiro de 2011

3 de janeiro

3 de janeiro
1865 – Tropas paraguaias ocupam Corumbá

                                 Francico Solano Lopes, ditador paraguaio

Após a tomada do forte de Coimbra no dia 28 de dezembro, as forças paraguaias, sem resistência, entram triunfalmente em Corumbá. O episódio é acompanhado pelo historiador Other de Mendonça:

A coluna paraguaia ao mando do Coronel Vicente Barrios, cunhado do marechal Solano Lopez, a 3 de janeiro de 1865, efetua desembarque e ocupação de Corumbá, abandonada desde o dia anterior.

Do navio-chefe, fundeado junto à Mesa de Rendas, o comandante da expedição assistiu ao desfilar das tropas, divididas em duas seções, sobressaindo o fardamento novo, de um vermelho vivo, dos batalhões sexto e sétimo, este ocupando a vanguarda. Parte da expedição já havia ocupado a povoação do Ladário.

Pelas ladeiras que punham em comunicação o porto com a parte alta da vila, a força invasora serpeava em marcha acelerada, armas em prontidão, penetrando desembaraçadamente nas poucas ruas então existentes na localidade.

De quando em quando ponteando aqui e ali, raros moradores apareciam, confiantes nas suas imunidades de estrangeiros e abrigados sob as bandeiras das respectivas nacionalidades; os naturais que não puderam fugir por água internaram-se, desamparados, pelos matos vizinhos, sem guia e sem recursos".¹

Sobre o episódio, Barrios encaminha ao ministro da guerra de seu país a seguinte parte:

"Viva a Republica do Paraguay.- Sr. ministro.-
Tenho a honra de participar a V. Ex. que se acham em
nosso poder Albuquerque e Corumbá.

O pavilhão nacional tremula nesta ultima desde 3 do corrente, dia da minha chegada.

A população brasileira e guarnição destes pontos tinham-se retirado antes da nossa chegada por notícias transmitidas oportunamente pelo barão de Villa Maria, segundo declarações tomadas.  Estamos pois de posse destes pontos sem queimar um só cartucho, tendo sido a fuga do inimigo tão precipitada que deixou, como em Coimbra, toda a artilharia, armamento geral, munições e apetrechos de guerra. 

A canhoneira Anhambahy foi perseguida e tomada por abordagem no dia 6 do corrente no rio S. Lourenço pelos vapores desta divisão.

O quartel de Dourados se encontrou também abandonado.

Os vapores Ipota e Apa que fizeram o reconhecimento do Rio de S. Lourenço aprezaram o já citado vapor Anhambahy, cuja tripulação pereceu em parte, escapando-se alguns, e prisioneiros outros, comportando-se bizarramente o 1º tenente de marinha, cidadão André Herreros, a quem havia confiado esta missão e
comandava o Ipora, que deu abordagem.

Os vapores Taquari e Marquez de Olinda estão no quartel dos Dourados, onde também o inimigo abandonou um grande parque.

O povoado de Corumbá caiu em nosso poder com a maior parte de suas casas saqueadas pelos poucos habitantes que se encontraram, porém desde a chegada das nossas tropas pôs-se termo a tal desordem. 

Informado que muitas famílias fugindo deste povoado se acham metidas pelas matas, dispus que dous vapores e força de terra as recolham e devolvam ás suas casas, e neste momento me avisam que chega o Paraguai com muitas famílias, e quando as tiver desembarcado voltará ao mesmo objecto.

Enquanto dou a V. Ex. uma parte detalhada, aproveito
o regresso do 2º tenente Godoy no vapor inglês Ranger, chegado ontem, para dar a V. Ex. esta primeira noticia.

Deus guarde a V. Ex. por muitos anos. Acampamento em Corumbá, 10 de Janeiro de 1865.- Vicente
Barrios.

A S. Ex. o Sr. ministro da guerra e marinha.


Viva a Republica do Paraguay.²


FONTE: ¹Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, 2ª edição, Governo de Mato Grosso, página 19; ² Antonio Correa do Couto, Dissertação sobre o atual governo da República do Paraguai, Tipografia do Imperial Instituto Artístico, Rio de Janeiro, 1865, página 44.

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