1853 – Habilitado o porto de Corumbá
Porto de Corumbá, no início do século passado. Um dos maiores do Brasil |
A notícia, de Ferreira Moutinho em sua “Notícia sobre a Província de Mato Grosso”, é citada por Lécio G. de Souza:
O decreto de 11 de abril de 1853 habilitou seu porto para o comércio e criou na povoação uma mesa de rendas. No ano seguinte, a Resolução de 5 de julho autorizou a presidência a transferir a sede de Albuquerque Novo para ela, o que não se verificou senão em 1862, por força da lei 1º de julho, demarcando a provisão de 5 de fevereiro do ano seguinte os limites da nova freguesia.
FONTE: Lécio Gomes de Souza, História de Corumbá, edição do autor, Corumbá, sd., página 33.
11 de abril
1867 - Fugitivo, filho do Guia Lopes alcança coluna brasileira
Tendo conseguido escapar do cativeiro no Paraguai a 25 de março, consegue alcançar a coluna em marcha para a fronteira, um grupo de brasileiros que haviam sido aprisionados pelo exército de Lopes no início da guerra, entre eles um filho de José Francisco Lopes, o guia da coluna. Ao comandante, coronel Camisão, foi dito que "conseguiram apossar-se de bons cavalos paraguaios, e, como não se iludissem acerca do destino que os aguardava caso fossem novamente capturados, tinham se arriscado a caminhar à noite, e de mata em mata, fazendo contínuos rodeios, em direção à fronteira. Atingindo-a felizmente, atravessaram o Apa e depois, deixando à direita a estrada da colônia, subiram ao norte, em direção à estância do Jardim, de onde desceram ao nosso encontro".
O reencontro de pai e filho é registrado por Taunay:
Anunciou-se neste momento a volta do 17º batalhão que acompanhara o velho Lopes. Era geral o desejo de assistir ao primeiro encontro do pai e do primogênito que lhe voltava aos braços.
Passando pelos postos avançados soubera o nosso guia da grande notícia.
Vinha pálido, lacrimejante, em direção ao filho que, respeitosamente, o esperava, descoberto. Não descavalgou; estendeu a dextra trêmula ao filho, que a beijou; depois o velho guia deu-lhe a bênção e passou sem palavra.
Foi uma cena patriarcal, e como seja o coração humano sempre sensível aos grandes lances, atônitos, olhávamos uns para os outros, como a indagar se não seria fraqueza entre soldados nem sempre poder conter as lágrimas.
Que emoção devia sentir o velho vendo o filho escapo ao inimigo! E quanta dor, ao pensar que os outros membros da família, ainda cativos, haviam perdido o mais valente defensor!
FONTE: Taunay, A Retirada da Laguna (16a. edição brasileira) Edições Melhoramentos, São Paulo, 1963, página 46.
FOTO: Tela de Ruy Martins Ferreira.
11 de abril
1881 - Morre em Miranda, o homem mais "velho do mundo".
Faleceu em Miranda, Francisco José Cardoso Guaporé¹, agente dos correios da vila, último cargo público que exerceu, tendo falecido com idade muito avançada, cujo tempo de vida foi calculado entre 120 e 150 anos, conforme comentário irônico e discriminatório do correspondente de um jornal de Corumbá e obituário publicado no mesmo jornal:
"Tenho sido mais que irregular na remessa de minhas missivas ao público, não por carência de matérias, como talvez possa acontecer n'outros pontos da província, mas sim pela falta de confiança nos portadores que de aqui seguem para essa cidade, bem como na agência do correio, contra a qual em vão tantas queixas e clamores levantam os prejudicados na remessa de suas correspondências. Longe estou de acusar o atual agente de corrupto, venal ou desidioso no cumprimento de seus deveres, mas sim pela sua decrepitude e imprestabilidade para qualquer função pública, pois que no século presente, de pronunciada degeneração da espécie humana, o homem de cento e cinquenta anos, como ele que há pouco festejou o seu natalício, de há muito não deverá pertencer ao rol dos vivos. Prescindindo porém de adiantar-me mais sobre o anti-diluviano Francisco José Cardoso Guaporé, permitir-me-á tratar de outros assuntos".²
O mesmo jornal, por ocasião de se falecimento, dá a seguinte nota:
"Faleceu em Miranda o ancião Cardoso Guaporé, que exercia ali os cargos de coletor e agente do correio. Dizem-nos que contava mais de 120 anos de idade. Paz à sua alma".³
FONTE: ¹A Província de Mato Grosso (Cuiabá), 15/07/1881, ²O Iniciador (Corumbá), 26/12/1880, ³Idem, 21/04/1881.
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