1847 - Deputados congratulam ao rei pelo nascimento da princesa Isabel
A Assembléia Legislativa provincial encaminha ao imperador d. Pedro II, por ocasião do nascimento da princesa Isabel, a seguinte mensagem:
Senhor. - A Assembléia Legislativa da Província de Mato Grosso, reconhecendo que o nascimento dos príncipes marca sempre uma época de feliz recordação para as nações e tendo a Divina Providência, que lhe sempre incansável em proteger o Império de Santa Cruz, mimoseando-o com o fausto nascimento da augusta princesa a sra. Da. Isabel, mimoso fruto de uma prole, que jamais deixará de ser a cara do povo brasileiro, vem fiel e pressurosamente depositar ante os degraus do Trono Augusto de Vossa Majestade Imperial e Constitucional a efusão do júbilo e excessivo prazer que sente em ver cada vez mais perpetuada a Dinastia do Imortal Fundador do Império do Brasil, com a existência de mais uma Princesa que cheia de virtudes, servirá de garantia à grande família brasileira.
A Assembléia Legislativa Provincial de Mato Grosso, Senhor, saudando por esta maneira o berço da jovem e magnânima Princesa, rende à Vossa Majestade Imperial os sinceros votos e protestos de adesão, e sincera fidelidade, e roga ao céu queira ser-lhe tão propício quanto Vossa Majestade Imperial o é a toda a nação brasileira.
Deus guarde e dilate por muitos anos a preciosa existência de Vossa Majestade Imperial, como lhe mister. - Paço d’Assembléia Legislativa Provincial, em Cuiabá, 18 de maio de 1847. - Manoel Alves Ribeiro, presidente .- Ayres Augusto d’Araujo, 1° secretário. - Manoel Pereira Mendes, 2° secretário.
FONTE: Estevão de Mendonça, Datas matogrossenses, 2a. edição, Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 242.
18 de maio
1866 - Guerra do Paraguai: Taunay com os refugiados de Miranda
Dos Morros, onde está há dois meses, o tenente Taunay, da comissão de engenharia da expedição brasileira, enquanto esperava as tropas vindas de Coxim, escreve à sua irmã Adelaide no Rio de Janeiro:
Estamos numa furna da serra de Maracaju junto ao rio Aquidauana com os refugiados de Miranda e esperamos as forças que só poderão cá estar no fim do mês. Com os fugitivos acompanharão os aldeamentos índios Quiniquináus, Terenas, Guanás e Laianas que são a distração daqui. Já vou falando menos mal a língua e todos se admiram , inclusive a cabocolagem que se ri a valer da minha facilidade em sustentar longa conversa com esses amáveis filhos da Natureza. A raça em geral é toda bonita: muita moça que dá muchochos e arrebita a venta no Rio, quereria ter os belos olhos e o talhe de cara de uma dessas pobres criaturas que com a invasão paraguaia perderam os poucos trapos que tinham e quase andam às nuas como diz o Arnesto.
FONTE: Taunay, Mensário do Jornal do Comércio, Rio, 1943, página 163.
18 de maio
1883 - Nasce em Cuiabá, Eurico Gaspar Dutra
Filho de José Florêncio, combatente da guerra do Paraguai, e Maria Justina Dutra, nasce em Cuiabá, Eurico Gaspar Dutra. Militar e político, foi ministro da Guerra na ditadura de Getúlio Vargas e primeiro presidente da República, eleito depois do Estado Novo.
Batizado em 15 de agosto de 1883, foram seus padrinhos Joaquim Pinto de Souza e Maria Cecília de Souza Menezes, em cerimônia religiosa celebrada pelo cônego Joaquim dos Santos Ferreira, na capela N.S. do Rosário do Coxipó do Ouro.
Iniciou seus estudos em Cuiabá, tendo como primeira professora Bernardina Richie, na Escola Municipal. Ainda na capital de Mato Grosso estudou o Externato São Sebastião e no Liceu Cuiabano, então dirigido pelos padres salesianos. Foi colega do jovem Aquino Correa, mais tarde arcebispo e governador do Estado.
Em 1892, com apenas 16 anos de idade, sem o conhecimento dos pais, alistou-se na tropa do coronel Totó Paes, que disputava o poder com Generoso Ponce, chegando ao posto de sargento.
Reprovado por junta médica em Cuiabá, ingressou na carreira militar, após segunda tentativa, em Corumbá, de onde foi destinado à Escola Preparatória Tática de Rio Pardo, no Rio Grande do Sul.
FONTE: Mauro Renault Leite e Novelli Júnior, Marechal Eurico Gaspar Dutra: o dever da verdade, Editora Nova Fronteira, RJ, 1983, página 12.
FOTO: general Dutra na II Guerra Mundial.
18 de maio
1933 - Morre o marechal Annibal da Motta, combatente na retomada da Corumbá
Faleceu em Cáceres, aos 88 anos, o marechal Annibal da Motta, um dos últimos sobreviventes da guerra do Paraguai. Participou ativamente da retomada de Corumbá, sob o comando do coronel Maria Coelho e a sua fé de ofício "foi uma das mais brilhantes do exército brasileiro"¹
Na República, em 1892, o então major Annibal da Motta, ainda sob a orientação política de seu tio, Antonio Maria Coelho, com o coronel João Barbosa, participou em Corumbá e Cuiabá do fracassado golpe militar contra o presidente Manoel Murtinho.²
FONTE:¹Diário da Noite (RJ), 19/05/1933; ²O Matto-Grosso (Cuiabá), 09/02/1892.
18 de maio
1937 - Diamante gigante roubado no garimpo de Rochedo
Notícia publicada na edição de 18 de maio de 1937, no jornal "Gazeta de de Notícias" (RJ) dá conta do furto milionário de uma pedra de diamante num garimpo de Rochedo, próximo a Campo Grande. A tentativa de elucidação do crime chegou a mobilizar o comando da 9a. Região Militar de Campo Grande, segundo informações dadas pelo comandante militar, coronel Alberto Duarte Mendonça, ao jornalista Archimedes Pereira Lima:
"Sobre o vultoso roubo ocorrido nos garimpo de Rochefo, neste município, de um descomunal diamante de valor - ao que tudo se calcuka acima de mil contos de réis e o desaparecimento do seu possuidor, o garimpeiro Antonio Rompedor, que se supõe ter sido assassinado. fez-nos o comandante da 9a. Região, com as seguintes
declarações:
- Este diamante, que foi a pricípio avaliado em 380 contos, deve valer pelas informações do garimpeiro Paulino de tal, que se acha preso na cadeia pública e foi a única pessoa que viu o valioso carbono, mil e muitos contos, segundo o cálculo das pessoas entendidas. Estou empenhado no esclarecimento do mistério que envolve o caso e espero tudo descobrir. Várias pessoas suspeitas de cumplicidade no caso se encontram presas algumas na cadeia pública e outras por complicações com a Lei de Segurança nos quartéis federais".
FONTE: Gazeta de Notícias (RJ) 18 de maio de 1937.
18 de maio
1939 - Selvino Jacques é mortalmente ferido
Surpreendido por uma captura chefiada por Orcírio dos Santos, na beira do rio da Prata, o célebre bandoleiro gaúcho é atingido. Brígido Ibanhes descreve o cenário e os detalhes de sua última luta, contra patrulha comandada por Orcírio dos Santos, pai do ex-governador Zeca do PT:
Sempre patrulhando seguiram o rio da Prata e quando estavam para chegar no Passo da Aroeira, algo chamou a atenção do Horácio, o mais novo dos Santos ali na captura.
Fazia uma manhã fria e nevoenta perto do rio, e a cerração serpenteava seguindo o curso do Prata pelo meio do cerrado. O Orcírio, o Alcides e mais três companheiros iam na frente e o Dinarte, com o resto do grupo, ia a uns cem metros atrás. Orcírio ia discutindo com o Lito Ferreira.
- Sabe, Orcírio, nesta mesma hora passamos por aqui da outra vez.
Lito se zangava à toa e o Orcírio só para provocá-lo olhou o seu relógio como se estivesse conferindo a informação. O relógio marcava 9:15 horas do dia 18 de maio.
Nisso o Horácio exclamou:
- Lá vem um grupo!
Orcírio virou o rosto e viu o grupo que vinha fora da estrada, a cerca de trezentos metros. Falou como se analisasse consigo mesmo:
Campeiro não pode ser nesta hora. Vamos reconhecer!
Normalmente o campeiro sai na madrugada e nessa hora já estaria devorando o seu arroz carreteiro ou tomando seu tererê.
Virou o corpo sobre o apero e fez a senha para o Dinarte para que ele avançasse, e assobiou para o Alcides que ia mais na frente, mas ele não escutou. Mandou o negrão Fortu galopar e avisar o Alcides.
O grupo que era o bando do Jacques, ainda não tinha visto os dos Santos e vinham a passo lento meio acobertados pela neblina, varando a beira do mato, uma restinga de chirca.
E lantamente iam passando.
A cem metros na retaguarda do grupo ia um cavaleiro puxando um bagual e foi esse que primeiro viu a captura.
Os que iam na frente na captura apuraram o trote e galoparam para se aproximar. O tipo que cabresteava o bagual tentou apurar o trote, mas o bagual não quis acompanhar. Em desespero cortou o cabresto e largou o animal. Deu um curto assobio, sinal do perigo e o grupo se virou. Todos viraram com os cavalos, e os lenços vermelhos apareceram...
- São eles mesmo, rapaziada! - gritou o Orcírio.
E já atropelaram o bando numa louca disparada. Sem dar um tiro começaram uma correria, com intensa gritaria, como se atropelassem gadaria chucra.
Depois de cerca de um quilômetro de disparada um se desgarrou do bando, montado num rosilho escuro e galopou em direção ao alto de um morro. O Dinarte tentou atropelá-lo mas o cavalo não rodou, o mesmo acontecendo com Antônio Garcia.
Orcírio gritou ao Horácio:
- Olhe lá naqueles cerrados é capaz deles querer se entrincheirar, mas vocês não deixem! Do jeito que vão vocês metem em cima e deixem aquele por minha conta. (...)
Selvino balanceava o Povoeiro ao lado da cerca para evitar ser atingido e atirava com o fuzil de canhota, na expectativa de ferir alguém da captura, fato que lhe daria tempo para a fuga.
Desistiu de atirar e puxou o alicate cortador de arame da presilha da guaiaca e se inclinou em cima do Povoeiro para atorar o primeiro fio do alambrado.
Sentiu a forte pancada da bala acima do rim esquerdo, sentiu o chumbo quente em sua trajetória mortal rasgando o interior do estômago e escapulir por baixo da axila direita. Com o golpe da bala do fuzil escorregou da montaria e bateu o rosto no mourão, cambeleou e caiu. O Antônio Paim e o Bica Braga rapidamente arrastaram-no para mais perto do mourão da cerca, para protegê-lo de outro tiro.
- Ajudem-me ... segurem-me... - pediu ao Trovão, que perplexo o fitava incrédulo.
A Raída, entendendo que o seu homem queria brigar e tomada de uma raiva surda, num movimento brusco escorou-se no mourão e abraçou-se por detrás de Selvino e o soergueu, foi quando puxou e levou o quarenta-e-quatro na mira. Sua mão já não empunhava com tanta firmeza a coronha do revólver, mas a determinação era grande.
Do outro lado do brejo um deles mirava com o fuzil. Certamente fora aquele que o acertara. O Selvino mirou na altura do seu rosto e atirou. Viu o tipo sentar junto com o estampido do quarenta-e-quatro, acertou. Do outro lado o Horácio descia lentamente para o chão, baleado na testa.
Selvino morreria no dia seguinte e Horácio dos Santos morreu minutos depois de ser baleado.
FONTE: Brígido Ibanhes, Selvino Jacques o último dos bandoleiros, o mito sul-matogrossense, 2a. edição, João Scortecci Editora, S.Paulo, 1995, página 280.
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