1800 - Condenados são enforcados em Cuiabá
Grande juri realizado em Cuiabá, condenou vários presos da sede do distrito e adjacências, sendo quatro condenados à pena de morte, executada nesta data. A história confirma:
Porque os assassínios e roubos eram frequentes nesta vila como nos seus contornos Sua Excelência fazer processar os réus que se achavam presos por semelhantes delitos. Para este fim convocou-se junta de justiça; foram deputados, relator o doutor desembargador ouvidor geral da comarca Francisco Lopes Ribeiro inquiziam Francisco Lopes de Souza Ribeiro de Faria e Lemos: juízes adjuntos o doutor Juiz de Fora desta vila, Joaquim Inácio Ferreira da Mota, o doutor secretário do Governo Joaquim José Cavalcante de Albuquerque Lins; o Doutor João Batista Duarte juiz de fora que tinha sido desta vila. O capitão Joaquim da Costa Siqueira, vereador mais velho atual da câmara; e Manoel Leite Penteado que já havia sido deputado adjunto na junta de Vila Bela, enfim em vinte e dois de maio sentenciados vários réus a açoites, degredo e pena última, a qual se executou em quatro réus, a saber: dois pilotos do caminho de povoado inquam do caminho do rio Domingos Teixeira e José Cardoso que foram assassinos do cirurgião Francisco de Paula de Azevedo João Rodrigues/ por alcunha o Surdo/ que assassinou a José Barbosa de Lima no sítio do Quilombo, e ultimamente um preto escravo de Manoel Nunes Martins por assassínio de uma preta no arraial de São Pedro d'el Rei.
Em 28 do mesmo mês se deu a execução de pena última aos sobreditos quatro réus, que padeceram em uma forca ereta para este fim no largo de entrada desta vila e caminho do porto geral, sendo depois decapitados enviadas as cabeças aos sítios de seus delitos. Foi admirável a caridade do Mt° R.° vigário e mais sacerdotes desta vila na contínua assistência que fizeram a estes miseráveis quando se achavam no oratório, e ainda no ato da execução pois acompanhados da Irmandade das Almas/ que nesta Vª faz as vezes de Misericórdia/ assistiram e confortaram aos réus até o último instante deixando edificado o inumerável povo que acudiu a ver a execução. Esta é a segunda vez que o Cuiabá viu semelhante espetáculo como consta da memória geral deste mesmo livro a folha 13.
FONTE: Annaes da Câmara do Senado de Cuiabá (1800).
FOTO: meramente ilustrativa
1867 – Incêndio, arma do inimigo
Um dos mais cruéis recursos da guerrilha paraguaia durante a retirada da Laguna, foi atear fogo no cerrado:
Poucos minutos depois da chegada lançaram os paraguaios fogo ao capim da colina em que se achavam, fogo que, tangido por um violento vento de N, em breve cobriu-nos de espessa fumaça, obrigando-nos a formar um aceiro para impedir a entrada das chamas na área que ocupávamos. – Imediatamente rompeu violenta fuzilaria a que os nossos soldados responderam, apesar de sufocados e quase asfixiados. Com as abertas que as rajadas de vento de quando em quando abriam na fumaça, reconheceu o Batalhão haverem-se aproximado do banhado cento e tantos infantes, os quais, deitados no chão, faziam continuado fogo. – Aproveitando as ocasiões, procuramos ofender ao inimigo, o que conseguimos, pois que, antes da terminação da fumaça, cessaram os tiros da fuzilaria.
FONTE: Taunay, A retirada da Laguna, 14a. edição, Melhoramentos, S.Paulo, 1942, página 172.
FOTO: meramente ilustrativa.
28 de maio
1914 – Chega a Campo Grande o primeiro trem
O povoado de Campo Grande liga-se por ferrovia a Aquidauana, Miranda e Porto Esparança. O jornal O Estado de Mato Grosso, do ex-juiz Arlindo de Andrade Gomes, dá a alvissareira notícia:
O povo parecia haver cansado de esperá-lo todo mês, toda semana, todo dia.
Mas, afinal, chegou. Uma locomotiva já desceu a encosta e acordou os habitantes a silvar.
Outras tem vindo, alegremente, na faina cyclopica da grande obra nacional. Todo mundo alegrou-se neste bendito rincão brasileiro.
Aos operários cobertos de poeira, misturam-se os habitantes da cidade. São gregos, italianos, japoneses, portugueses e brasileiros de toda casta.
No local da futura estação, grupos de famílias, rapazes, velhos e crianças, irmanam-se como os homens que fazem o caminho do progresso.
Para Paulo Coelho Machado, aquele 28 de maio é “só comparável a outro dia de maio, sessenta e três anos depois, quando chegou pelo telefone a notícia de que fora decidida a criação do Estado de Mato Grosso do Sul, com a indicação de Campo Grande para a capital da nova unidade da federação".¹
O jornalista Valério d'Almeida, testemunha do evento, descreve-o, 44 anos depois:
"A 28 de maio de 1914, resfolegando, espalhando vapor à direita e à esquerda, embadeirada e apitando estrepitosamente, entrava, puxando algumas gôndolas, numa plataforma improvisada, feita de dormentes, erguida à frente de um carro de cargas, à guisa de estação, a primeira locomotiva da estrada de ferro em carater oficial na povoação de Campo Grande.
Margeando a estrada carreteira, que rumava para o "Cascudo" e "Lagoa da Cruz", a esplanada da estação era a mesma de hoje, que se encontra tomada pelas construções gerais da Noroeste, naquele tempo completamente limpa, tomando a distância que vai da Avenida Mato Grosso e Serraria Tomé.
Para o lado norte, aquém da serraria, junto à estrada que vai ao campo de aviação, existia a morada do saudoso Joaquim Bertolino de Proença, que ali possuía uma pequena padaria e armazém e para o lado deste, a chácara dos Medeiros, pretos vindos da missão de Camapuã.
Vasta, portanto, a esplanada que serviu de berço às belas e atraentes construções que hoje se ostentam ao redor, graciosamente.
Corria mundos a fama de assassinatos e chacinas praticados friamente neste pedaço de Mato Grosso, completamente abandonado pelos poderes públicos, ficando tudo na mais absurda impunidade.
Dizia-se de nós tanta barbaridade, que até se nos confrange o coração ao fazer-lhe referência, sob qualquer aspecto.
Crenças as mais inverossímeis se tinham a nosso respeito. Entre muitas a de que o indivíduo que comprava um revólver, para experimentá-lo chamava o primeiro transeunte que passasse, e este, ao voltar-se, recebia em cheio a descarga.
Se a vítima tombasse em seguida, o comprador fechava o negócio, caso contrário, esta só cambaleasse e apavorada procurasse esconder-se, estava dito por não dito, isto é, o revólver voltava às mãos do dono sem mais conversa...
Assim sendo, pode-se imaginar o ambiente encontrado por incalculável número de trabalhadores, entre os quais verdadeiros párias sociais que não tinham mais cabida em parte alguma.
Escavando, aplainando, descarregando dormentes e trilhos, assentando-os no solo revolvido, viam-se japoneses, chineses, russos, romenos, húngaros, austríacos, alemães, italianos, franceses, belgas, ingleses, americanos, negros do Congo e da Angola, portugueses, espanhóis e por fim nordestinos de gaforinha ao vento, nariz achatado e que nos buchinchos formados, ànoite, em antros de mulheres, por dá cá aquela palha, punham os intestinos dos outros à mostra.
E foi assim que, pelas nove horas da manhã de 28 de maio de 1914, penetrou dentro da vila a primeira locomotiva da Itapura-Corumbá.
Como homenagem ao direito da força e da bala, os trabalhadores escolheram para esta estreia a locomotiva numero 44, cuja caldeira bojuda chamada, desde logo, a atenção do expectador.
Entrou pela plataforma improvisada, cheia de gente, aos gritos e aos vivas entusiásticos sob a divisa tristemente desabonadora contra nós e que era repetida de boca em boca:
"A máquina leva o número 44 prestando honras à justiça de Mato Grosso".
Foi assim que os trabalhadores da Itapura-Corumbá festejaram um dos dias mais importantes da existência de Campo Grande, naquela linda e fria manhã de maio...
Embora sob a égide simbólica de uma arma de fogo, trouxeram no bojo da máquina a imagem do progresso para entregá-la ao povo que nascia predestinado a grandes conquistas".²
A ligação das duas frentes de trabalho (de São Paulo e Porto Esperança),com o término da obra, dar-se-ia a 31 de agosto.
FONTE: Paulo Coelho Machado, Arlindo de Andrade, o primeiro juiz de direito de Campo Grande, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1988, página 28. Valério d'Almeida, A primeira locomotiva que penetrou na antiga vila de Campo Grande, revista Brasil Oeste, São Paulo, março de 1958, página 39.
28
de maio
1940 - Policia censura discussões sobre a guerra mundial
Iniciada em 1939, o Brasil mantinha neutralidade na segunda guerra mundial, apesar do governo Vargas mostrar sensível simpatia pela Alemanha e potências do Eixo. O país só entraria no conflito em 1942, ao lado dos aliados, depois que submarinos alemães atacaram navios brasileiros. Em Campo Grande, temendo desordem entre moradores nas discussões sobre o conflito, as autoridades policiais publicaram a seguinte portaria:
FONTE: Jornal do Comércio, Campo Grande, 3 de junho de 1940.
28 de maio
1950 - Presidente Dutra em Ponta Porã
Durante sua visita oficial ao Estado, o presidente Eurico Gaspar Dutra, incluiu em sua agenda, a cidade de Ponta Porã, cidade em que serviu como oficial do exército:
"Procedente de Campo Grande, o presidente Dutra chegou a esta cidade fronteiriça, precisamente às 15,30 horas de ontem, recebendo ao desembarcar as continências militares de praxe, que lhes foram prestadas pela tropa do Exército aqui sediada.
A seguir, em companhia do governador do Estado de Mato Grosso, sr. Arnaldo Estevão de Figueiredo; do ministro do Trabalho e interino da Justiça; sr. Honório Monteiro. senador Novaes Filho, titular da Agricultura; ministro Henrique Coutinho, presidente do Tribunal de Contas; coronel Carlos Rodrigues Coelho, sub-chefe do gabinete militar da Presidência da República e membros da comitiva, o chefe do governo recebeu os cumprimentos das autoridades do município.
O presidente Dutra assistiu, depois, a um desfile militar em sua honra, findo o qual efetuou demorada visita às instalações do quartel local, percorrendo também a cidade, que é importante centro da indústria ervateira do país".
FONTE: A Manhã (RJ), 30/05/1950
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