domingo, 6 de março de 2011

20 de agosto



20 de agosto

1821 - População derruba governador





Pressão da oposição, registrada em representação do povo de Cuiabá ao príncipe regente Dom Pedro, resulta na deposição do marechal Francisco de Paula Magessi Tavares de Paula do governo da capitania de Mato Grosso. 

Os requerentes indicavam como núcleo de sua reivindicação radical, a "impunidade do crime, a elevação ou a conservação de um parente, o interesse das famílias são outros tantos objetos a que sacrificam continuamente o bem público e o direito mais legítimo do cidadão benemérito, do homem virtuoso".

O governador deposto deixou Cuiabá no dia 13 de setembro, assumindo em seu lugar uma junta governativa assim composta:

Presidente - Dom Luis de Castro Pereira, bispo de Ptolamaida; secretário - capitão Luis d'Alincourt; e tenente-coronel Jerônimo Joaquim Nunes; capitão-mor João José Guimarães e Silva; vigário geral Agostinho Luis Gularte Pereira; tenente-coronel Felix Merme; sargento-mor André Gaudie Ley; padre José da Silva Guimarães; e tenente-coronel Antonio Navarro de Abreu.

Outra junta governativa seria criada em Vila Bela da Santíssima Trindade que, inconformada com a mudança do presidente para Cuiabá, estabeleceu um governo paralelo. 


FONTE: Rubens de Mendonça, Historias das revoluções em Mato-Grosso, edição do autor, Cuiabá, 1970, página 20.


20 de agosto


1932 - Selvino Jacques surpreende revoltosos





Comandando o único batalhão legalista, que se tem notícia, no Sul de Mato Grosso, Selvino Jacques, com patente de capitão do exército, ataca de surpresa revoltosos, acampados na parte baixa do rio Perdido e que se dirigiam para fortalecer posições em Porto Murtinho. O ataque havia sido armado no dia anterior:

Às três da madrugada a estrela Dalva brilhava solitária na escuridão do céu, puseram-se em marcha. Caminhavam quietos e de olhos bem abertos, como a fera que vai à caça.
Foram se achegando de mansinho no acampamento inimigo, que começava a acordar, muito tranquilo, como o saihovy (o assanhaço) descuidado, prestes a receber o bote da caninana. (...)


Soou o assobio curto, seguido dum trágico sinal de silêncio. O inferno, com seus mil capetas, caiu devastador sobre o acampamento no meio da surriada. Já nas primeiras rajadas cuspidas pelas automáticas o caminhão de munição explodiu, jogando estilhaços a mais de duzentos metros, enquanto uma enorme bola de fogo subia, formando um cogumelo escuro no céu do cerrado. O grupo incumbido de destruir o caminhão de suprimentos atacou sem nenhuma resistência. Tocaram fogo no caminhão e quando as chamas chegaram no tanque de nafta, ele também explodiu jogando pão e bolacha queimada como verdadeiros petardos.
  A confusão que se seguiu era indescritível, uma gritaria, uma correria, um rinchar de cavalos e gritos de dor de gente tombando ferida...

A surpresa fora total.

O inimigo rodopiava enlouquecido como a galinha cujo pescoço foi torcido e, por isso, se debate na agonia. Mas, em menos de cinco minutos a ordem se refez e aí a coisa mudou de figura. As metralhadoras de grosso calibre dos revoltosos começaram a rasgar o mato, arrancando lascas de pau e atorando pequenos arbustos. O poeirão, o fogo e a fumaça se misturavam ao grosso pipoco das metralhas.” 


O capitão Selvino bateu em retirada.




FONTE: Brígido Ibanhes, Selvino Jacques, o último dos bandoleiros - o mito sul-matogrossense, 2a. edição, Scortecci Editora, S. Paulo, 1995, página 86. 

FOTO: selvinojacques.com http://bit.ly/fJRcL1)





20 de agosto


1938Morre em Campo Grande, Bernardo Franco Baís




Vítima de atropelamento de trem, faleceu Bernardo Franco Baís, italiano, em Campo Grande desde o final do século. Grande empreendedor na cidade e na zona rural, foi em 1902, o primeiro prefeito de Campo Grande, cargo ao qual terminou renunciando antes da posse. Assumiu em seu lugar, o 1º vice-intendente geral Francisco Mestre.
Sobre sua morte, Nelly Martins, sua neta, escreveu:


Já um tanto surdo, com 77 anos, absorto no seu mundo interior, na manhã de dezenove de agosto de 1938, ele deixava sua casa e subia em direção à casa dos filhos. Na altura da rua 15 de Novembro, atravessava os trilhos da Noroeste, quando foi colhido pela locomotiva que seguia para São Paulo.
Depôs o maquinista que, vendo-o, procurou frear a máquina que apitava com insistência.


Ele na sua surdez, distração e insegurança, se chegou a ver e sentir o perigo que o ameaçava, não conseguiu mais sair dele. Foi colhido pelo trem e teve o crânio fraturado.


Permaneceu em coma umas trinta horas. Fiquei traumatizada com seu lastimável estado e temia vê-lo acordar e sentir toda a tragédia que vivia.
Contou-me minha avó, após a morte dele que, no hospital, ela ficou uns momentos a sós com ele, inconsciente. Falou-lhe ela sobre suas vidas, feitas de momentos alegres e difíceis, de renúncias e incompreensões e da vontade que alimentava de que pudessem continuar a viver a dois, sem dissabores, num querer bem recíproco. Quase como uma prece disse-lhe, ainda, que se alguma mágoa houvesse de sua parte que a perdoasse. Ela sentia por ele carinho e o desejo de que pudessem continuar juntos. Pareceu-lhe, disse-me então, que ele só aguardava essa conversa íntiima, amiga, de afeição, para deixar nosso mundo. Em seguida faleceu.


Estou segura de que assim foi. Ele tinha que partir, mas não sem ouvir sua companheira e sentir por ela aquele mesmo encanto do primeiro dia em que a viu. 


Assim morreu meu avô, abatido pela Maria Fumaça, que tanto amei, em 20 de agosto de 1938.




FONTE: Nelly Martins, Duas Vidas, 2a. edição, Funcesp, Campo Grande, 2003, página 55. (foto: A Grande Avenida, de Paulo Coelho Machado)




20 de agosto



1975Morre em São Paulo, Arlindo de Andrade



Arlindo de Andrade, octogenário, em sua residência em São Paulo


Aos 90 anos, falece em São Paulo, Arlindo de Andrade Gomes, o primeiro juiz de Direito de Campo Grande. Pernambucano, mudou para essa cidade em 1911, para instalar a comarca local. Renunciou 50 dias depois de assumir e dedicou-se à advocacia, ao jornalismo e à política. Fundou em 1913, o primeiro jornal impresso de Campo Grande, “O Estado de Mato Grosso” e chegou prefeitura municipal, exercendo o mandato entre 1921 e 1923. Na revolução do 32 foi membro do governo de Vespasiano Martins, instalado em Campo Grande, como secretário-geral. 



FONTE: Paulo Coelho Machado, Arlindo de Andrade o primeiro juiz de direito de Campo Grande, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1988, página 54. (foto reproduzida do mesmo livro).

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