1910 – Criada comarca de Campo Grande
Arlindo de Andrade com o presidente Pedro Celestino |
O artigo 2° da lei dispunha: "Formarão a Comarca de Campo Grande o município deste nome e o distrito de Vacaria, para esse fim desanexado da Comarca de Nioaque, conservando um e outro atuais".
O primeiro juiz, Arlindo de Andrade Gomes, foi nomeado em 16 de março de 1911 e a instalação oficial da nova comarca ocorreu em 12 de maio seguinte.
FONTE: J. Barbosa Rodrigues, História de Campo Grande, edição do autor, Campo Grande, 1980. Página 99.
20 de julho
1911 - Bento Xavier reconhece a
derrota na batalha final contra o major Gomes
De Vila Conceição, no Paraguai, onde se refugiou depois da luta decisiva com o major Gomes, Bento Xavier, em publicação no jornal O Tempo, de Assunção,
transcrita pelo Correio do Estado (de Corumbá), explica a incursão, detalha os
confrontos e reconhece a derrota:
No dia 1° de junho,
a 1 hora da madrugada, passei a fronteira com 19 companheiros. A 1 hora da
tarde desse mesmo dia, encontramo-nos com um piquete da polícia do Estado,
comandado pelo capitão Reginaldo de Mattos. Travou-se a luta, ficando morto o
capitão Mattos e ferido um de seus soldados, com a perna quebrada. Ficaram dois
prisioneiros em meu poder, aos quais pus em liberdade para que conduzissem seu
companheiro ferido até a casa mais próxima.
Daí seguimos em
direção a Aquidauana, onde chegamos a 11 do mesmo mês de junho. A 16,
encontrando-nos no lugar denominado Areias, dando pasto aos nossos cavalos
encilhados, fomos surpreendidos pelos governistas. Toda nossa cavalhada fugiu,
ficando a pé os meus soldados, em número de 120 homens mal armados. Apesar
disto, consegui organizar 50 de meus antigos companheiros com armas e empreendi
a retirada, perdendo apenas um homem e fazendo várias baixas no inimigo.
Consegui também recolher 33 dos meus cavalos encilhados.
Depois, acompanhado
de um de meus amigos, dirigi-me ao encontro de uma força de 80 homens,
comandada pelo capitão Ozório de Baires, que era meu partidário, para ir em
busca do inimigo. Como não encontrei Baires, segui até Ponta Porã, onde também
contava com alguns elementos. Estando já de regresso, a 21 fui informado por
meu filho mais velho Antonio Xavier da Silva, que se tinha encontrado nas
imediações de Bela Vista, na estância de minha propriedade, com uma força de 78
homens comandados pelo delegado de polícia Álvaro Brandão.
Assim que avistei-me
com essa força travamos luta. O delegado viu-se obrigado a retirar-se
precipitadamente, alcançando os currais da estância onde entrincheirou-se.
Entretanto teve de abandonar também a posição, deixando cinco mortos e onze
armas de fogo com algumas munições. Não foi mais perseguida essa força porque
as minhas tinham ordem terminante de não perseguir o inimigo já derrotado.
Nesse mesmo dia
segui para incorporar-me à minha gente acampada na Estrela, defronte da
estância dos srs. Quevedo. Desse ponto fui para adiante comandando 50 homens. A
23 encontrei-me com uma força adversária de 200 soldados, mais ou menos, e como
o encontro deu-se em uma lombada limpa e as tropas estavam muito perto uma da
outra, não pude evitar o combate. Mandei, então, carregar sobre o inimigo para
ver se conseguia envolver a cabeça da coluna.
Meu plano foi
burlado pelo inimigo que já nos tinha descoberto e era muito superior a nós em
número e armamento. Assim é que os governistas, não podendo retroceder,
carregaram também sobre nós, dando-se uma pequena refrega da qual resultaram
várias baixas de ambas as partes.
Vi-me, assim,
obrigado a retirar-me, deixando a vitória aos adversários.
Esta é a expressão
da verdade.²
FONTE: Correio do Estado (Corumbá) 20 de julho de 1911.
20 de julho
1932 - Instalada comissão revolucionária de Ponta Porã
Lício Borralho, de gravata, prefeito de Ponta Porã em 1932 |
Políticos e autoridades militares de Ponta Porã instalam a comissão revolucionária do município em apoio à guerra civil paulista, deflagrada no dia 9 e que tinha como comandante formal o general Klinger, até então comandante da 9a. Circunscrição Militar de Mato Grosso, com sede em Campo Grande. O acontecimento foi registrado na seguinte
Ata de instalação da Comissão Revolucionária do Município de Ponta Porã. Aos vinte dias do mês de julho de mil novecentos e trinta e dois, em a sala de audiência da Prefeitura Municipal desta localidade, reuniu-se pela primeira vez, com o objetivo de dar início aos seus trabalhos, a comissão especialmente aclamada pelos representantes das diversas correntes políticas do município, para formar a frente única revolucionária. Sob a presidência do senhor Doutor Raphael Bandeira e com a presença dos senhores comissários Doutor Lício Borralho, Prefeito Municipal, senhor José Pinto Costa e senhor Waldemiro Correa, foi declarada aberta a sessão. Em seguida foi pelo Doutor Raphael Bandeira, Delegado Militar do Município, numa oração cheia de patriotismo, explicado o fim da criação da referida Comissão, salientando que os seus trabalhos se destinavam a coordenar os esforços de todos os elementos revolucionários locais para a obtenção da vitória da Revolução Pró-Constituição Nacional, merecendo essas suas afirmações a mais completa afirmação, não só dos senhores comissários, como também dos demais presentes. Pelo secretário da Comissão foi lida, depois, a ata da reunião levada a efeito no Hotel Brasil, ontem nesta cidade, sob a presidência do senhor Tenente Coronel Francisco Jaguaribe Gomes de Mattos, em a qual foi designada, com aprovação do Comando 11 RCI, a aludida Junta Revolucionária.
E, após ser lida, também, a portaria baixada pelo mesmo Comando Militar, nomeando o senhor Doutor Raphael Bandeira, para desempenhar as funções de Delegado Militar do Município, foi encerrada a sessão. Nada mais havendo para constar, foi por mim, Adolph Calandrini Alves de Souza, servido de secretário, lavrada esta ata que vai assinada por todos os presentes e por mim subscrita.
(ass) Raphael Bandeira Teixeira, José Pinto Costa, Wlademiro Correa, Lício Borralho, Waldomiro Silveira, Eurindo Neves, Arthur Mendes Rocha, Roberto C. Teixeira, Alcindo de Figueiredo, H. Coutinho, Lourenço Gomes Monteiro, Nicoláo Baes Alliende, Glicério Póvoas, Salustio Otávio de Araújo, Antonio Moreira, Arnaldo Moreira, Arthur Gomes Maia, Carlos Souza, Ataliba Fagundes, Heitor Ferreira, Antonio de Souza Góis, Angelo Moreno, Lídio Lima, Antenor Neves, Bertholino Belarmino da Silva, Alberto Linhares Bentenmüller, Cristobal Lechuga, Jacinto Coelho de Souza, José Maria do Nascimento, Marcelino Lima, Achiles Verlangieri, José Manvailer, Hermenegildo da Costa Lima, Laurindo S. Marques, João Baptista de Souza e Adolph Calandrini Alves de Souza.
FONTE: Arquivo Público Estadual, Boletim nº 2 da Comissão Revolucionária de Ponta Porã, in Mato Grosso do Sul - trajetória 30 anos, Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2007, página 50.
FOTO: do acervo de Yhuld Giovani Bueno.
20 de julho
1933 - Dom Vicente Priante nomeado 5° bispo de Corumbá
Realizou-se na capital paulista a sagração solene de dom Vicente Priante, elevado a bispo da diocese de Corumbá, por bula do papa Pio XI. Dom Priante assume a diocese, após mais de um ano de vacância, com a promoção de Dom Antonio de Almeida Lustosa para o arcebispado de Belém do Pará.
Salesiano, natural de Barra Mansa, onde nasceu a 17 de maio de 1883, cursou humanidades no Colégio Santa Rosa, de Niteroi. Em 1903 na Congregação salesiana recebeu o hábito do padre Carlos Peretto, inspetor das Casas Salesianas do Sul do Brasil.
De 1906 a 19012 exerceu o magistério, como professor e assistente nos colégios de Niteroi e Lorena. Em 1919 recebeu a consagração sacerdotal das mãos de dom Epaminondas d'Ávila, bispo de Taubaté e foi para a Casa de Jaboatão, em Pernambuco, como diretor, sendo transferido em seguida para o Colégio de São João, em Campinas, entidade que dirigiu até 1922. Ainda em Campinas foi diretor do Liceu N.S. Auxiliadora, até 1926, data em que a pedido do bispo de Uberada, dom Antonio de Almeida Lustosa, transferiu-se para a paróquia de São Domingos do Araxá.
Suas últimas atividades, antes de tornar-se bispo de Corumbá, desenvolveram-se na direção do Instituto Dom Bosco, em São Paulo, tendo aos seus cuidados a paróquia de Maria Auxiliadora, do Bom Retiro, bairro paulistano.
FONTE: Jornal do Commercio (Campo Grande), 30 de julho de 1933.
FOTO: acervo da Diocese de Corumbá.
1933 - Dom Vicente Priante nomeado 5° bispo de Corumbá
Realizou-se na capital paulista a sagração solene de dom Vicente Priante, elevado a bispo da diocese de Corumbá, por bula do papa Pio XI. Dom Priante assume a diocese, após mais de um ano de vacância, com a promoção de Dom Antonio de Almeida Lustosa para o arcebispado de Belém do Pará.
Salesiano, natural de Barra Mansa, onde nasceu a 17 de maio de 1883, cursou humanidades no Colégio Santa Rosa, de Niteroi. Em 1903 na Congregação salesiana recebeu o hábito do padre Carlos Peretto, inspetor das Casas Salesianas do Sul do Brasil.
De 1906 a 19012 exerceu o magistério, como professor e assistente nos colégios de Niteroi e Lorena. Em 1919 recebeu a consagração sacerdotal das mãos de dom Epaminondas d'Ávila, bispo de Taubaté e foi para a Casa de Jaboatão, em Pernambuco, como diretor, sendo transferido em seguida para o Colégio de São João, em Campinas, entidade que dirigiu até 1922. Ainda em Campinas foi diretor do Liceu N.S. Auxiliadora, até 1926, data em que a pedido do bispo de Uberada, dom Antonio de Almeida Lustosa, transferiu-se para a paróquia de São Domingos do Araxá.
Suas últimas atividades, antes de tornar-se bispo de Corumbá, desenvolveram-se na direção do Instituto Dom Bosco, em São Paulo, tendo aos seus cuidados a paróquia de Maria Auxiliadora, do Bom Retiro, bairro paulistano.
FONTE: Jornal do Commercio (Campo Grande), 30 de julho de 1933.
FOTO: acervo da Diocese de Corumbá.
20 de julho
1959 - Executado vereador que denunciou contrabando
É assassinado em Corumbá na noite de 20 de julho de 1959,o vereador Edu Rocha (PSD). O principal suspeito como mandante do crime foi o chefe da alfândega da cidade, Carivaldo Salles, denunciado pelo edil como chefe de uma quadrilha de contrabandistas de automóveis. As denúncias veiculadas pela revista "O Cruzeiro", então o principal orgão da imprensa brasileira, ganharam repercussão nacional. O homicídio, segundo a revista carioca, ocorreu por volta das 21,30 h e foi descrito em detalhes:
Nessa noite havia sessão na Câmara de vereadores local. Edu Rocha era o líder da bancada pessedista e também o vereador mais votado do município. Já exercera as funções de presidente da câmara e era apontado como o mais forte candidato a prefeito da cidade. Nessa noite, Carivaldo Salles, que nunca antes comparecera à câmara, assistiu à sessão, desde o começo e quase até o fim. Estava extremamente nervoso. Fumava um cigarro após outro. Durante todo o tempo em que permaneceu no recinto pelas janelas da câmara podia-se ver, furtivamente, a cabeça de elementos notoriamente apontados como pertencentes à "gang" de contabandistas. Esses capangas olhavam para dentro do recinto, de soslaio, pelos cantos das janelas, um de cada vez, como se revezando na tarefa de dar cobertura ao "chefe" em caso de algum imprevisto. Quando Edu Rocha terminou seu discurso sobre assunto rotineiro da vida da cidade (nome a ser dado a uma praça pública), Carivaldo saiu e foi sentar-se em seu automóvel vermelho e capota cinza. Tal qual uma fera traiçoeira, ali fora esperar sua vítima. As declarações de numerosas testemunhas permitem compor fielmente o cenário do crime: o "jeep" de Edu Rocha estava estacionado diante da residência da sra. Laura Provenzano, ao lado da Câmara de Vereadores. A uns 5 metros adiante do "jeep", de frente para este e inclusive na contramão), estava parado, sob uma árvore, o carro de Carivaldo. No volante do automóvel, vigiava o capanga do inspetor, de nome César Aral, vulgo "Papito", pistoleiro de má fama e temido pela sua periculosidade. Viera do Paraguai, e em Corumbá prestava serviços a Carivaldo como guarda-costas e como motorista. No assento traseiro do veículo, meio oculto na penumbra, Carivaldo, que abandonara o recinto da Câmara antes do término da sessão, esperava a hora do drama. Quando os vereadores sairam, no final dos trabalhos, muitos deles permaneceram na calçada, conversando em grupos. Edu Rocha e seu colega Arquibaldo Andrade foram os últimos a deixar a porta da Câmara. Palestraram sozinhos durante alguns instantes, e, por fim, a convite de Edu, resolveram tomar um cafezinho. Edu passou por trás do seu "jeep" para alcançar o lado esquerdo do veículo. Quando abriu a porta para sentar-se ao volante, ouviu-se a rajada fatal, entrecortada por um gemido fraco. Arquibaldo Andrade, que se aprestava para entrar no "jeep" pela porta direita, mal teve tempo de voltar a cabeça e ainda assim sentiu grãos de pólvora bateram em seu rosto como chuvisco. Nesse momento, o porteiro da Câmara, Feliciano Rodrigues, que fechava a porta do edifício, caia ao chão, contorcendo-se em dores e pedindo socorro. Arquibaldo Andrade pode ver o carro vermelho de Carivaldo arrancar em debalada carreira, desaparecendo no fim da praça. Ao correr para pedir socorro, Arquibaldo viu, saindo de "um ponto qualquer do jardim", o lugar-tenente de Carivaldo, o valentão Artigas Vilalva, de quem tanto falamos em nossas reportagens sobre o contrabando. (...)
Ao tombar ao solo, Edu Rocha já não tinha mais vida. Não era para menos. A rajada de metralhadora foi disparada quase à queima roupa, a mais ou menos dois metros de distância, de vez que o carro do assassino passou rente ao jipe do vereador. A metralhadora empregada foi do tipo "piripipi", muito usada na Bolívia e Paraguai. O laudo do exame cadavérico, assinado pelos cirurgiões que autopsiaram o corpo de Edu, atesta a brutalidade do crime. O vereador foi atravessado por 5 balas que penetraram: a) na boca, destruindo os incisivos superiores;b) na região frontal esquerda; c) na região frontal direita;d) na região external (peito) no seu terço médio; e) na região paraexternal esquerda, para dentro da linha mediana.
Levado a juri em 24 de outubro de 1963, Carinaldo foi absolvido por 5 a 2.
FONTE: Revista O Cruzeiro (RJ), 27 de agosto de 1959.
1959 - Executado vereador que denunciou contrabando
É assassinado em Corumbá na noite de 20 de julho de 1959,o vereador Edu Rocha (PSD). O principal suspeito como mandante do crime foi o chefe da alfândega da cidade, Carivaldo Salles, denunciado pelo edil como chefe de uma quadrilha de contrabandistas de automóveis. As denúncias veiculadas pela revista "O Cruzeiro", então o principal orgão da imprensa brasileira, ganharam repercussão nacional. O homicídio, segundo a revista carioca, ocorreu por volta das 21,30 h e foi descrito em detalhes:
Nessa noite havia sessão na Câmara de vereadores local. Edu Rocha era o líder da bancada pessedista e também o vereador mais votado do município. Já exercera as funções de presidente da câmara e era apontado como o mais forte candidato a prefeito da cidade. Nessa noite, Carivaldo Salles, que nunca antes comparecera à câmara, assistiu à sessão, desde o começo e quase até o fim. Estava extremamente nervoso. Fumava um cigarro após outro. Durante todo o tempo em que permaneceu no recinto pelas janelas da câmara podia-se ver, furtivamente, a cabeça de elementos notoriamente apontados como pertencentes à "gang" de contabandistas. Esses capangas olhavam para dentro do recinto, de soslaio, pelos cantos das janelas, um de cada vez, como se revezando na tarefa de dar cobertura ao "chefe" em caso de algum imprevisto. Quando Edu Rocha terminou seu discurso sobre assunto rotineiro da vida da cidade (nome a ser dado a uma praça pública), Carivaldo saiu e foi sentar-se em seu automóvel vermelho e capota cinza. Tal qual uma fera traiçoeira, ali fora esperar sua vítima. As declarações de numerosas testemunhas permitem compor fielmente o cenário do crime: o "jeep" de Edu Rocha estava estacionado diante da residência da sra. Laura Provenzano, ao lado da Câmara de Vereadores. A uns 5 metros adiante do "jeep", de frente para este e inclusive na contramão), estava parado, sob uma árvore, o carro de Carivaldo. No volante do automóvel, vigiava o capanga do inspetor, de nome César Aral, vulgo "Papito", pistoleiro de má fama e temido pela sua periculosidade. Viera do Paraguai, e em Corumbá prestava serviços a Carivaldo como guarda-costas e como motorista. No assento traseiro do veículo, meio oculto na penumbra, Carivaldo, que abandonara o recinto da Câmara antes do término da sessão, esperava a hora do drama. Quando os vereadores sairam, no final dos trabalhos, muitos deles permaneceram na calçada, conversando em grupos. Edu Rocha e seu colega Arquibaldo Andrade foram os últimos a deixar a porta da Câmara. Palestraram sozinhos durante alguns instantes, e, por fim, a convite de Edu, resolveram tomar um cafezinho. Edu passou por trás do seu "jeep" para alcançar o lado esquerdo do veículo. Quando abriu a porta para sentar-se ao volante, ouviu-se a rajada fatal, entrecortada por um gemido fraco. Arquibaldo Andrade, que se aprestava para entrar no "jeep" pela porta direita, mal teve tempo de voltar a cabeça e ainda assim sentiu grãos de pólvora bateram em seu rosto como chuvisco. Nesse momento, o porteiro da Câmara, Feliciano Rodrigues, que fechava a porta do edifício, caia ao chão, contorcendo-se em dores e pedindo socorro. Arquibaldo Andrade pode ver o carro vermelho de Carivaldo arrancar em debalada carreira, desaparecendo no fim da praça. Ao correr para pedir socorro, Arquibaldo viu, saindo de "um ponto qualquer do jardim", o lugar-tenente de Carivaldo, o valentão Artigas Vilalva, de quem tanto falamos em nossas reportagens sobre o contrabando. (...)
Ao tombar ao solo, Edu Rocha já não tinha mais vida. Não era para menos. A rajada de metralhadora foi disparada quase à queima roupa, a mais ou menos dois metros de distância, de vez que o carro do assassino passou rente ao jipe do vereador. A metralhadora empregada foi do tipo "piripipi", muito usada na Bolívia e Paraguai. O laudo do exame cadavérico, assinado pelos cirurgiões que autopsiaram o corpo de Edu, atesta a brutalidade do crime. O vereador foi atravessado por 5 balas que penetraram: a) na boca, destruindo os incisivos superiores;b) na região frontal esquerda; c) na região frontal direita;d) na região external (peito) no seu terço médio; e) na região paraexternal esquerda, para dentro da linha mediana.
Levado a juri em 24 de outubro de 1963, Carinaldo foi absolvido por 5 a 2.
FONTE: Revista O Cruzeiro (RJ), 27 de agosto de 1959.
20 de julho
1972 - Vingança tardia: a morte do coronel Couto
Foi morto a tiro em Campo Grande, aos 44 anos, o coronel PM Benedito Campos Couto. Sua morte, teria sido um ato de vingança, segundo confidenciou a amigos o seu autor antes de cometê-la. Réu confesso do assassinato do vereador Hans Peters, de Terenos, no início da década de 60, Antonio Estevão de Marães, o Antonio Verdureiro, entregou-se à polícia em Campo Grande, logo em seguida ao homicídio. Na delegacia, cujo titular era o então major Benedito de Campos Couto, denunciou espancamento, o qual teria tido a participação direta de delegado, ocasionando-lhe, entre outras lesões, um processo irreversível de perda das funções sexuais.
Cumprida a pena, Marães, como havia jurado na cadeia, matou com um tiro de revólver o coronel Couto. O crime mobilizou a PM do Estado inteiro, a partir de Campo Grande com a finalidade de capturar o assassino, encontrado em poucas horas e, ao reagir - segundo a versão da polícia - recebeu uma saraivada de tiros, vindo a falecer horas depois na Santa Casa.¹
QUEM ERA O CORONEL - O coronel Benedito Campos Couto era uma figura legendária da polícia militar de Mato Grosso. Nascido em Cuiabá, cursou a Academia de Polícia do Barro Branco em São Paulo. Como capitão assumiu a Delegacia de Polícia e o comando do destacamento policial do município. No governo de Fernando Correa da Costa (1960-1965) atingiu o cargo de delegado especial da zona Sul de Mato Grosso, com 34 delegacias sob sua jurisdição.²
Considerado herói da corporação, por lei estadual, sancionada pelo governador Reinaldo Azambuja, o coronel Couto dá nome ao 1° Batalhão da PM e a uma rua em Campo Grande.
FONTE: ¹Barbosa, Eronildo, Sindicalismo no Sul de Mato Grosso 1920-1980, Campo Grande, página 110; ²Informações do site Midiamax, Campo Grande, 02/09/2020.
Nenhum comentário:
Postar um comentário