1833 – Aprovados estatutos de sociedade nativista
Fundada em 12 de agosto, em Cuiabá, são sancionadas as bases da Sociedade dos Zelosos da Independência, cujas diretrizes políticas defendiam também idéias republicanas. A iniciativa dessa entidade foi de Pascoal Domingos de Miranda, seguido por Silva Manso, Braz Mendes, José Alves Ribeiro, Joaquim de Almeida Falcão e Miguel Dias de Oliveira, todos nativistas radicais. Para cambatê-la os portugueses, também conhecidos como adotivos, criaram a Sociedade Filantrópica.
A luta entre as duas organizações serviu como combustível para a Rusga, cujo desenlace foi o morticínio de 30 de maio de 1834, em Cuiabá e várias cidades da província, inclusive Miranda e Coimbra, no sul.
FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, 2a. edição, Governo do Estado, Cuiabá, 1973, página 110.
24 de agosto
1954 – Suicídio de Getúlio Vargas
Com um tiro no peito, matou-se no Rio, o presidente Getúlio Vargas, eleito em 1950. Pressionado a renunciar por militares e oposição civil, liderada por Carlos Lacerda, prefere a medida extrema contra a própria vida. A repercussão de sua morte no Estado de Mato Grosso é maior na região da grande Dourados, onde implantara o Colônia Agrícola Nacional de Dourados, então, tido como o maior projeto de reforma agrária do Brasil. Como presidente, na ditadura, extinguiu o monopólio da Mate Larangeira no Sul de Mato Grosso e criou o Território Federal de Ponta Porã, ainda abrangendo a região meridional do Estado, mais precisamente os municípios de Porto Murtinho, Bela Vista, Dourados, Miranda, Nioaque e Maracaju, com capital em Ponta Porã.
Junto ao corpo de Vargas foi encontrada a seguinte
Carta-testamento:
“Mais uma vez as forças e os interesses contra o povo
coordenaram-se e se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me
combatem, caluniam; e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha
voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre
defendi, o povo e principalmente os humildes. Sigo o destino que me é imposto.
Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros
internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de
libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei
ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais
aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do
trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a
Justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar a
liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobras,
mal começa esta a funcionar a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi
obstaculada até o desespero. Não querem que o povo seja independente. Assumi o
governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os
lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de
valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões
de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se nosso principal produto.
Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa
economia a ponto de sermos obrigados a ceder. Tenho lutado mês a mês, dia a
dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo
suportando em silêncio, tudo esquecendo e renunciando a mim mesmo, para
defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar a não
ser o meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem
continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.
Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis
minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis
em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos
vilipendiarem, sentireis no meu pensamento a força para a reação. Meu
sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada
gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a
vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com perdão. E aos que
pensam que me derrotam respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje
me liberto para a vida eterna. Mas esse povo, de quem fui escravo, não mais
será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu
sangue terá o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei
contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias,
a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a
minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da
eternidade e saio da vida para entrar na história“.
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