segunda-feira, 7 de março de 2011

25 de agosto

25 de agosto

1866 - Invasores paraguaios dão boas notícias de Corumbá

Correspondência de Corumbá, publicada pelo jornal oficial do governo paraguaio em Assunçao, mostra aparente tranquilidade de Corumbá, sob o jugo inimigo desde 3 de janeiro de 1865:

"Tivemos este ano grande abundância de mantimentos, graças ao zelo e dedicação do incansável tenente-coronel Cabral. Este lugar que desde sua criação (cuja origem se remonta há muitos anos) nunca se havia prestado à agricultura, segundo dizem seus aborígenes, este ano produziu tudo o que foi semeado em seu solo. Os fatos falam bem alto a este respeito. Grande abundância de arroz, mandioca, outros mantimentos e boas ervas e verduras de diversas espécies, mostrando que a esterilidade deste terreno era somente pela inação de seus habitantes. Por outro lado, tem diminuído, extraordinariamente,  até nos arrabaldes desta vila, a imensa quantidade de mosquitos, que antes era um de seus maiores flagelos. São palpáveis os melhoramentos de Corumbá, durante a administração do tenente-coronel Cabral, razão pela qual não podemos deixar de deixar patente nossa gratidão a este digno servidor da Pátria, que tanto tem cooperado para a felicidade de Corumbá, por tantos e tão importantes serviços".

FONTE: El Semanario, 25 de agosto de 1866, Assunção (PY).




25 de agosto

1929 - Criada em Campo Grande a Aliança Liberal





Por iniciativa dos irmãos cuiabanos o engenheiro Ytrio e o médico Fernando Correa da Costa, filhos do ex-governador Pedro Celestino, é criado em Campo Grande o diretório da Aliança Liberal, partido de oposição que dá apoio à candidatura de Getúlio Vargas para presidente da República, que concorre com Júlio Prestes, cuja vitória na eleição de 3 de maio de 1930, desencadearia a Revolução de 30 e o início da chamada era Vargas. Foram eleitos para a direção, Ytrio Correa da Costa, José Passarelli, José Valeriano Maia, Fernando Correa da Costa, Alfredo C. Pacheco, Alcides Alves da Silva e Piolino de Aragão Soares.

Dos integrantes da executiva, Fernando Correa da Costa viria a ser prefeito de Campo Grande (1947), governador do Estado de Mato Grosso (1950/55 e 1960/65) e senador da República por dois mandatos. Seu irmão Ytrio foi prefeito nomeado de Campo Grande e deputado federal por vários mandatos.

FONTE: Jornal A Campanha, Campo Grande, 1º de setembro de 1929.




25 de agosto

1932 - Rebeldes se retiram de Quitéria

Henrique Martins, comandante rebelde
Na revolução constitucionalista, após se refazer da refrega do dia 12 de agosto, quando teve que recuar depois de renhida resistência dos rebeldes sul-matogrossenses, a força legalista volta a atacar, até a retirada dos revolucionários para o Sucuriu, o que se deu após três dias de combates:

Após a reunião conduzimos o contigente à margem do rio onde havia vau e acomodamos a tropa debaixo do arvoredo. À hora exata iniciamos a travessia do rio com água na cintura, operação que levou algum tempo porque os soldados despidos conduziam suas roupas e armamentos na cabeça. Às 5 horas, três pelotões já estavam em posição, escalonados numa frente de 300 metros, aproximados, os patriotas do batalhão Atanagildo França foram agrupados e intercalados nos espaços vazios da formação de nosso contingente. [Esse batalhão reunido não dava o efetivo de 50 homens].


Às 6 horas da manhã do dia 22, nossa artilharia iniciou o ataque com o bombardeio de tiros contínuos de granadas. O inimigo revidou à altura e a luta se travou bateria contra bateria, num duelo de granadas incendiárias que atearam fogo no campo ressequido, impedindo que as manobras previstas fossem realizadas, ante às imensas labaredas que atingiram proporções impressionantes, reduzindo a carvão e cinza toda a vegetação agreste da região, ofuscada pela fumaça. Diante do sinistro, nossa tropa que se estendia em linha sinuosa para o ataque, retroagiu ao ponto de partida, protegendo-se na orla do mato, à margem direita do rio. O 21° B.C. e o Btl. Carvalhinho também tiveram frustradas as suas missões. À tarde o campo em que se travaria o combate estava cinério, enfumaçado, a noite caiu nesse ambiente desolador.


Na manhã seguinte o inimigo nos molestou com inquietantes disparos de artilharia. Enquanto bombardeava as posições do 21° B.C. e do capitão Corroberto, também nos atacava com petardos de obuses que explodiam no ar, espargiam balins de chumbo nas árvores que nos cobriam. Por três dias ficamos estacionários, garantindo apenas as nossas posições e fechando por circunstância imperiosa uma brecha (abertura) ao longo da nossa defesa, pela deserção de alguns patriotas do batalhão Atanagildo.


O incêndio interrompeu todo o plano de luta. Mais de um quilômetro quadrado da região, partido da estrada de rodagem, ao longo da linha de crista do terreno até a orla do rio, transformou-se em mar de cinza, deixando em destaque os relevos do solo antes ocultos por capim e vegetações ressequidas.


"O dia 23 de agosto amanheceu chuvoso e calmo na linha de frente, mas na manhã de 24, sob um chuvisqueiro inoportuno, o inimigo nos molestou com disparos de obuses sem partir para o ataque. (...)


A 25 o QG planejou novo ataque para ser desencadeado à noite do dia 26, sem o auxílio de nossa artilharia, objetivando surpreender o inimigo. A manobra seria a mesma que foi frustrada pelo incêndio do dia 22, apenas com detalhes diferentes, empregados em operações noturnas. À noite de 25 o inimigo rompeu o silêncio, metralhando o nosso setor de vigilância, ataque que revidamos e o tiroteio cessou. O dia 26 amanheceu tranquilo sem que o inimigo desse sinal de vida, sintoma bastante estranho, contrário aos dos dias anteriores. Por volta das 14 horas, como a trégua continuasse, organizamos uma patrulha sob o comando do sargento Aderbal Antunes, com missão de investigar o que estava acontecendo. Palmilhando no leito do córrego do Pinto, trecho coberto de vegetação e camuflagem, os patrulheiros penetraram rastejantes no terreno adversário e após acurada observação, constataram que o inimigo se retirara.¹


A propósito deste combate, Emílio Barbosa, que participou da revolução constitucionalista como voluntário, depõe:


Em novo setor fui prestar serviço e lá na Quitéria o major [Dutra] pediu reforço para fazer a retirada. Seguiu o Ênio com 120 voluntários e todos queriam ir, gente brava. Vinte e quatro horas combatendo, deram tempo para o major retirar os seus homens e até um caminhão das nossas forças foi utilizado, tendo o Ênio que voltar a pé, brigando e conseguiu salvar toda a companhia, com um extraviado apenas um voluntário, que ergo preces para que não tenha a morte o acometido.


Feito o recuo de Quitéria e do Desbarrancado conduziu Henrique [Martins] (foto) os 400 homens para a margem direita do Sucuriu, no lugar chamado Porto do Galiano e se entrincheirou. Vigiando 40 k marginais do rio, localizados nos pontos fracos as metralhadoras, aguardou o inimigo que não se fez esperar.²

FONTE: ¹Lindolpho Emiliano dos Passos, Goiás de ontem, memórias militares e políticas, edição do autor, Goiânia, 1987, página 105. ²Emilio G. Barbosa, Panoramas do Sul de Mato Grosso, Editora Correio do Estado, Campo Grande, 1961, página 174. (foto de Henrique Martins, reproduzida do livro Memórias Janela da História de seu filho Wilson Barbosa Martins)






25 de agosto


1961Jânio Quadros renuncia





Frustrando toda a nação, que o elegera com consagradora votação, renuncia, denunciando pressão de forças ocultas, o presidente Jânio Quadros, que assumira o governo nove meses antes. Foi o filho de Campo Grande que ascendeu mais alto na política brasileira pelo voto direto.

Sua renúncia foi oficializada na seguinte carta ao Congresso Nacional:

"Fui vencido pela reação e assim deixo o governo. Nestes sete meses cumpri o meu dever. Tenho-o cumprido dia e noite, trabalhando infatigavelmente, sem prevenções, nem rancores. Mas baldaram-se os meus esforços para conduzir esta nação, que pelo caminho de sua verdadeira libertação política e econômica, a única que possibilitaria o progresso efetivo e a justiça social, a que tem direito o seu generoso povo.

Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando, nesse sonho, a corrupção, a mentira e a covardia que subordinam os interesses gerais aos apetites e às ambições de grupos ou de indivíduos, inclusive do exterior. Sinto-me, porém, esmagado. Forças terríveis levantam-se contra mim e me intrigam ou infamam, até com a desculpa de colaboração.

Se permanecesse, não manteria a confiança e a tranquilidade, ora quebradas, indispensáveis ao exercício da minha autoridade. Creio mesmo que não manteria a própria paz pública.

Encerro, assim, com o pensamento voltado para a nossa gente, para os estudantes, para os operários, para a grande família do Brasil, esta página da minha vida e da vida nacional. A mim não falta a coragem da renúncia.

Saio com um agradecimento e um apelo. O agradecimento é aos companheiros que comigo lutaram e me sustentaram dentro e fora do governo e, de forma especial, às Forças Armadas, cuja conduta exemplar, em todos os instantes, proclamo nesta oportunidade. O apelo é no sentido da ordem, do congraçamento, do respeito e da estima de cada um dos meus patrícios, para todos e de todos para cada um.

Somente assim seremos dignos deste país e do mundo. Somente assim seremos dignos de nossa herança e da nossa predestinação cristã. Retorno agora ao meu trabalho de advogado e professor. Trabalharemos todos. Há muitas formas de servir nossa pátria."

Brasília, 25 de agosto de 1961.

Jânio Quadros"









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