sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

11 de Setembro

11 de setembro 

1821 - Vila Bela instala governo paralelo em Mato Grosso

Menos de um mês depois da instalação da junta governativa em Cuiabá, com a consequente destituição do governador general Francisco de Paula Magesse Tavares de Carvalho, os líderes políticos de Vila Bela da Santíssima Trindade, capital formal da capitania, inconformados com o sucateamento do governo em transferência, decide desafiar a realidade, e decretar a criação de uma outra junta governativa, estabelecendo um governo paralelo. 

À frente o quartel mestre José Francisco dos Guimarães, a junta governativa de Mato Grosso, como ficou conhecida, teve como componentes, eleitos pela população, o padre Joaquim Teixeira Coelho, o ajudante Mateus Vaz Pacheco e o capitão Teodoro Tavares da Silva. 


FONTE: Documentação Histórica, revista do Instituto Histórico de Mato Grosso, Cuiabá, 1931-1932, página 142.



11 de setembro

1884Nasce em São Paulo, Rosário Congro


Passou a infância em Sorocaba. Depois de casado, em 1910, mudou-se para Corumbá, onde estabeleceu-se como comerciante. Autodidata, provisionou-se advogado e entrou na política, elegendo-se deputado estadual por Corumbá. Em 1918 , por nomeação do presidente Dom Aquino, assume a intendência de Campo Grande, onde permanece até agosto de 1919. Em sua rápida passagem pela administração municipal, enfrentou a gripe espanhola com mais de dois mil casos registrados e 36 mortes no perímetro urbano, doou terreno para construção da Santa Casa, criou o serviço de remoção do lixo, instituiu o 26 de agosto como data oficial da cidade, e oficializou o hino de Campo Grande, com letra e música do professor Trajano Balduíno de Souza.

Em 1920 reelege-se deputado estadual, sendo eleito sucessivamente por diversos mandatos. Em 1941 foi nomeado prefeito de Três Lagoas, sendo confirmado no cargo em 1946. Em 1948 foi nomeado diretor da Delegacia Especial de Terras e Colonização em Campo Grande. No governo de Arnaldo Estevão de Figueiredo ocupou o cargo de secretário de Agricultura, Indústria e Comércio, Viação e Obras Públicas.


Em 1950 elege-se deputado estadual pela última vez. Antes de completar o mandato é nomeado para o Tribunal de Contas, onde aposentou-se em 1954. Escritor e poeta, foi membro da Academia Mato-grossense de Letras. Faleceu em 11 de outubro de 1963, em Três Lagoas.

FONTE: E. Barsanulfo Pereira, Série Campo Grande Personalidades, Arca, Campo Grande, 2001, página 49.


11 de setembro

1886Bispo de Cuiabá na fazenda Esperança


Antonio Francisco Rodrigues Coelho,
proprietário da fazenda Boa Esperança


Na primeira visita de um bispo à região Sul, d. Luis chega à fazenda Esperança, de Antonio Francisco Rodrigues Coelho, no município de Nioaque, a caminho de Campo Grande:

Meia hora antes de chegarmos à Boa Esperança encontramos um grupo de cavaleiros que vinham receber o prelado.
Rua de arvoredos, plantados de véspera, arcos de palmas e flores campestres, fogos do ar, toque de sino, tudo isso teve S. Exa. à sua chegada. Estava ali reunida muita gente por causa da vinda do sr. Bispo, cuja notícia tinha-se propalado ao longe, de boca em boca, pelo que houve muito aperto e muito o que fazer nos três dias de nossa estada.
"Celebrei e preguei duas vezes, fiz 14 casamentos e 22 batizados, sendo 8 de índios terenas, inclusive 3 adultos. S. Exa. Rvma. pregou três vezes, além do trabalho do confessionário que coube-lhe quase tudo. Crismou 123 pessoas e dignou-se de batizar a inocente Rita, filha do sr. Coelho, servindo de padrinho o sr. Joaquim Augusto de Oliveira Cezar e sua mulher a exma. sra. D. Rosalida Souza de Cezar. (...).
"É assaz aprazível e bonita a fazenda Boa Esperança. A casa está colocada em uma pequena elevação, mas que oferece uma boa vista para a parte do sul e poente. Para os lados da casa de morada há outras destinadas a fins diversos e quatro currais de pau-a-pique de grandes proporções. Embaixo nos fundos da fazenda passa o ribeirão do mesmo nome, que nasce no alto da Boa Vista e vai despejar suas águas no Taquarussu, afluente do Aquidauana.
Em linha reta Campo Grande está a 25 léguas desta fazenda; mas pelo caminho por onde viajamos, corresponde a 40 léguas. No primeiro caso a viagem faz-se pela seguinte forma: dali à Estância Nova, propriedade do sr. Atanásio de Almeida Mello, uma e meia légua; dali passando o rio Brilhante à fazenda deste nome, do sr. Diogo José de Souza, duas e meia légua; desta à fazenda de S. Bento propriedade do sr. Vicente Antônio de Brito, 4; dali ao sítio do sr. Hermenegildo Alves Pereira, nas cabeceiras do rio Vacaria, 4; deste sítio aos lugar denominado Olho d’água, 5; e dali a Campo Grande, 9.
"Logo após a subida da serra de Maracaju desenrolam-se a perder de vista os campos de Vacaria e a natureza ostenta-se assombrosamente linda. Além de aura puríssima, céu puríssimo, águas puríssimas...que de vistas a disputar a atenção, ocupar o espírito, cativar a alma de quem vai por aquela vasta planície de campos limpos batidos diária e constantemente pelo sol! De todos os lados do horizonte o observador vê estenderem-se campos de pastagens representando imensos tabuleiros que ele não se cansa de admirar e que não têm outros limites mais do que o mesmo horizonte, que não raras vezes lá fica em distância máxima, lá onde a abóboda celeste parece fechar tocando com a terra. Descendo a serra que é por um declive quase imperceptível, tudo se muda; o clima é muito mais cálido, os campos cobertos, chão arenoso e pouca água ordinária e sempre mistura da de argila branca. Só a pastagem é excelente por toda a parte.


Da fazenda Boa Esperança a comitiva do bispo seguiu para a fazenda Santa Rosa, de Teixeira Muzi, antes de encerrar a viagem em Campo Grande. 


FONTE: Luis Philippe Pereira Leite, Bispo do Império, edição do autor, Cuiabá, sd., página 168.



11 de setembro

1916Oposição formula denúncia contra governador



O deputado federal Aníbal de Toledo encaminha expediente à Assembleia Legislativa, onde em longo arrazoado, conclui pelo pedido de punição com a perda do mandato, ao presidente do Estado, general Caetano Manoel de Faria e Albuquerque. Este seria o estopim da Caetanada, período conturbado da política de Mato Grosso, envolvendo todas as regiões em sanguinário conflito armado. A Assembleia Legislativa, alegando falta de garantias para funcionar na capital, muda-se para Corumbá. No Sul, o major José Gomes rebela-se contra o governo e é combatido por tropas legalistas sob o comando do coronel Joselito, de Aquidauana. A normalidade é restabelecida com a renúncia do chefe do executivo, dos deputados e a intervenção federal, a 10 de janeiro de 1917. 

FONTE: Rubens de Mendonça, História do Poder Legislativo de Mato Grosso, Assembléia Legislativa, Cuiabá, 1967, página 100.



11 de setembro

1929 - Viagem inaugural de ônibus entre Cuiabá e Campo Grande



Procedente de Cuiabá chega a Campo Grande o auto-ônibus da Empresa Auto Viação Matogrossense, inaugurando a linha entre as duas cidades, cujo transporte de passageiros até então era feito por vias ferroviária (até Corumbá) e fluvial pelo rio Paraguai. 

A empresa, com sede em Campo Grande, firmou contrato com o governo do Estado, visando a exploração regular do transporte coletivo entre as duas principais cidades de Mato Grosso. O "Jornal do Comércio", dá os detalhes do citado contrato que estabelece a principio, uma viagem mensal de ida e volta:

"Não é preciso encarecer - justifica o jornal - o quanto de importante representa para Campo Grande o fato de que hora ocupamos, pois que ligado à capital do Estado por viagens regulares que deverão ser feitas em três dias, pouco mais ou menos, ficará nossa cidade, de preferencial sendo o ponto de intercâmbio dos passageiros que do Rio ou São Paulo se destinam a Cuiabá e vice-versa os quais terão assim uma diminuição de, pelo menos cinco ou seis dias de viagem".¹

Era governador do Estado, Mário Correia e prefeito de Campo Grande, Inácio Franco de Carvalho.

Esse investimento resultou em fracasso em virtude da precariedade da estrada de 950 km de percurso, “feita sem tratores, niveladoras, caminhões basculantes ou outra máquina qualquer, apenas com picaretas, enxadas, pás e machados, suor e músculo, pertinácia e teimosia”, segundo Ulisses Serra, sem revestimento, sem conservação e muito longa, tornou-se “praticamente intransitável e temeridade viajar-se nela. Logo que precariamente concluída, o português Manuel Bento inaugurou um serviço de ônibus entre as duas cidades”, que o levaria à bancarrota:

“Ela já havia absorvido seu capital e seu suor na construção de muitos de seus pontilhões, ia agora sugar-lhe os últimos recursos, suas esperanças de novos dias e de sua própria vida. Ele mesmo, com mil e uma dificuldades, fabricou a carroceria do pesado veículo, na sua oficina da Av. Calógeras. O coletivo, porém, a duras penas suportou somente duas viagens, destroçando-se na terceira”.

O transporte rodoviário de passageiros entre as duas cidades – ainda segundo Ulisses Serra, somente seria regularizado em 1936.²


FONTE: ¹Jornal do Comércio (Campo Grande), 13 de setembro de 1929. ²Ulysses Serra, Camalotes e Guavirais, Editora Clássico-Científica, São Paulo, 1971, página 49.

FOTO: reprodução do livro Raízes de Coxim, de João Ferreira Neto. 




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