1911 – Estrada
de ferro chega a Aquidauana
Primeira estação ferroviária de Aquidauana
A frente de Porto Esperança dos trilhos da
Noroeste do Brasil chega à vila de Aquidauana, que “festeja ruidosamente a
chegada da primeira locomotiva da estrada de ferro Itapura-Corumbá”:
Em nome da população saudou ao diretor da estrada o professor João Nunes da Cunha, sendo àquele oferecido pela menina Paulina Alves de Castro um ramalhete de flores naturais. Em nome de seus companheiros de trabalho, o dr. Kessehring agradeceu a saudação que lhe fora feita.
À festa da inauguração compareceu a elite da sociedade de Aquidauana, podendo-se mencionar entre outras pessoas o coronel João de Almeida Castro, que foi um dos fundadores da vila, dr. Manoel Pereira da Silva Coelho, juiz de direito da Comarca, cel. Teodoro Paes da Silva Rondon, também fundador da vila, dr. Francisco Xavier Júnior, dr. Júlio Mário de C. Pinto, Isauro Cabral, tenente Manoel de Oliveira Braga, coronel Estevão Alves Corrrea, advogado Alfredo César Velasco, coronel Antonio Inácio de Trindade, Francisco Fanaia Filho, Antonio Ries Coelho, além de crescido número de senhoras e senhoritas.
A ligação das duas frentes aconteceria apenas em 1914, em Campo Grande, com o encontro dos trilhos e a conclusão da obra.
Em nome da população saudou ao diretor da estrada o professor João Nunes da Cunha, sendo àquele oferecido pela menina Paulina Alves de Castro um ramalhete de flores naturais. Em nome de seus companheiros de trabalho, o dr. Kessehring agradeceu a saudação que lhe fora feita.
À festa da inauguração compareceu a elite da sociedade de Aquidauana, podendo-se mencionar entre outras pessoas o coronel João de Almeida Castro, que foi um dos fundadores da vila, dr. Manoel Pereira da Silva Coelho, juiz de direito da Comarca, cel. Teodoro Paes da Silva Rondon, também fundador da vila, dr. Francisco Xavier Júnior, dr. Júlio Mário de C. Pinto, Isauro Cabral, tenente Manoel de Oliveira Braga, coronel Estevão Alves Corrrea, advogado Alfredo César Velasco, coronel Antonio Inácio de Trindade, Francisco Fanaia Filho, Antonio Ries Coelho, além de crescido número de senhoras e senhoritas.
A ligação das duas frentes aconteceria apenas em 1914, em Campo Grande, com o encontro dos trilhos e a conclusão da obra.
FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2a. edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 137.
FOTO: ALBUM GRAPHICO DE MATO GROSSO, Corumbá/Hamburgo, 1914.
Dá-se a batalha de Porto Murtinho, confronto bélico decisivo para
os destinos da guerra civil de São Paulo em território do sul de Mato Grosso, conforme comunicação do governo de Mato Grosso, em Cuiabá, ao comando federal, no Rio de Janeiro:
Levo ao conhecimento de v.exa. que nossas forças acantonadas em Porto Murtinho foram no dia 10, às doze horas, atacadas por uma grande coluna rebelde, travando-se violenta batalha que durou vinte e cinco horas consecutivas, sob intensa fuzilaria e ação de artilharia, havendo o inimigo no dia seguinte, às 14 horas, abandonado em debandada o campo de luta, onde deixou numerosos mortos e grande cópia de material bélico. Nossa cavalaria, sob o comando do coronel Mário Garcia, prossegue em perseguição dos adversários. Tiveram ação decisiva no combate as tropas do 17° B.C. e a valente maruja do monitor Pernambuco. Congratulo-me com v. ex. por esta brilhante vitória de nossas armas. - Leonidas de Mattos, interventor federal.¹
A derrota dos rebeldes é detalhada em carta de um combatente:
E era, de fato, de todos os lados que o governo federal apertava o cerco. A oeste, no sul de Mato Grosso e especialmente ao longo do rio Paraguai, travava-se em setembro violentos combates. A fronteira paraguaia era porta vital ao exterior para os constitucionalistas, e, já em julho, o governo procurava fechá-la, criando um destacamento sob o comando do major Leopoldo Néri da Fonseca e subordinado a Rabelo, cuja missão, em combinação com a flotilha de Mato Grosso, era barrar o rio. Quando, em agosto, Néri começou a mobilizar forças locais, os rebeldes controlavam Bela Vista e Ponta Porã, enquanto a base de suas operações era Porto Murtinho.
No início de setembro uma coluna rebelde de mais de mil homens marchou sobre Porto Murtinho, onde Néri esperava com oitocentas tropas de regulares e voluntários. O alto comando no Rio de Janeiro apressadamente ordenou a flotilha em Ladário que seguisse com "toda urgência" para Porto Murtinho, o que resultou no envio do monitor Pernambuco àquele local. Na tarde do dia 10, o ataque começou, continuando até o dia seguinte. As deserções do lado federal foram freqüentes, e Néri ameaçou fuzilar soldados que fugiam da linha de fogo, reparando a certa altura que várias chatas e uma lancha estavam lotadas de tropas suas que pretendiam fugir para o outro lado do rio porque a munição escasseava. "Há duas maneiras de quebrar-se: ou como a borracha, esticando pouco a pouco, ou como o aço temperado, que se rompe sem demonstrar o que vai fazer”, gritou Néri a um oficial retirante. "Se tivermos de quebrar, quebraremos como o aço"! Com isso, de metralhadora na mão, obrigou os soldados a evacuarem as embarcações e voltarem para a frente. A intervenção do Pernambuco, bombardeando as posições rebeldes, decidiu a batalha depois de vinte e duas horas de luta.¹
Combatente constitucionalista dá a sua versão desta batalha:
Eram precisamente 13 horas quando se deram os primeiros choques
das nossas vanguardas com as vanguardas do inimigo, dentro da mata densa, que
circunda aquela cidade, nas proximidades dos primeiros postos entrincheirados.
Estabelecido, logo, o aviso para as nossas diversas linhas, iniciou-se a ofensiva contra as posições defendidas pelos governistas.
Avançava na vanguarda a cavalaria e, por traz desta, vinha a infantaria e a artilharia. No centro, sobre a estrada que corta a mata em direção ao porto, os primeiros a tomar contato com o inimigo, flanco direito da coluna atacante, são os pelotões comandados pelo capitão Hermenegildo Costa Lima, onde serviam o dr. Adolph Calandrini, tenente Albertinho Fróes, irmãos Escobar, capitão Sizenando Garcia. Os pelotões, por dilatado espaço de tempo, enquanto a infantaria operava em marcha de progressão, sustentam renhido fogo, para depois tomarem posição no mesmo flanco, onde se achavam o coronel Waldomiro Correa e sua gente, o dr. Aral Moreira, tenente Ventura, capitão Bezerra, além do coronel Theóphilo Azambuja e seus comandados. E, juntos todos passaram a formar essa ala direita. (...)
O fogo da artilharia, de parte a parte, era intenso, sendo a do inimigo protegida pelos canhões 120 de bordo do monitor Pernambuco, da flotilha de guerra do Ladário, estacionada no porto. Nos rápidos silêncios do canhoneio ouvia-se o estralejar de dezenas de metralhadoras. Só da nossa parte estavam em ação 14 pesadas e 33 leves.
Ao cair da tarde, conseguiram os nossos artilheiros localizar o monitor Pernambuco que nos estava hostilizando tenazmente, com as granadas que despejavam as suas peças 120, obrigando-o a se deslocar rio acima, de onde com mais violência e melhor efeito, passou a bombardear a nossa posição. Antes, porém, por sua vez, a aviação ditatorial havia logrado determinar a nossa posição exata, o que nos obrigou a avançar mais 600 metros, mais ou menos.
Durante a noite progrediram continuamente as nossas tropas, sob o fogo do inimigo que recuava, até que pela manhã já nos encontrávamos a dois quilômetros apenas, da cidade.
Crepitava a fuzilaria incessantemente, sob os estouros das granadas e o ribombo da artilharia.
O canhão revólver ditatorial, situado bem sobre a linha férrea, em frente à posição onde estava o tenente Duprat, não se cansava de expectorar secamente. Ouvia-se distintamente a pesada ‘Maxim’, de 500 tiros por minuto, cantar roucamente enquanto que as metralhadoras leves não deixavam um segundo de costurar nossas posições.
À noite a mata se iluminava repetidas vezes, com o relampaguear dos canhões. E ali, bem ao lado do dr. Calandrini, tombava morto um inditoso moço, municiador de uma das metralhadoras.
O 18 B. C., a alma do combate, lutava nobremente. Seus oficiais tenente Sampaio Simão, Larocque, Tourinho e Ferreira, zombando da morte, destacavam-se de pé na linha de fogo, dando as vozes de comando. (...)
Chocavam-se neste combate cerca de 2500 homens, dominando sempre os constitucionalistas, numa pressão constante e no desalojar os governistas de alguma trincheira.
Murtinho não caiu pela falta absoluta de munição. Apesar disso os
constitucionalistas fizeram uma retirada em perfeita ordem, sem serem
hostilizados até se concentrarem em São Roque.²
FONTE: ¹Correio da Manhã (RJ) 17 de setembro de 1932. ²Umberto Puigari, Nas
fronteiras de Mato Grosso, terra abandonada...Casa Mayença, São Paulo,
1933, página 190.
FOTO: monitor Pernambuco, da flotilha de Ladário..
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