terça-feira, 8 de março de 2011

29 de agosto

29 de agosto


1886 - Nasce Laucídio Coelho, na fazenda Divisa em Coxim




Filho de José Justiniano de Souza Coelho e Maria de Souza Coelho. Da fazenda Divisa, seus pais mudaram-se para a fazenda Bela Vista, Município de Rio Brilhante. Desde cedo - conta Lélia Rita de Figueiredo Ribeiro - se acostumou com a vida do campo e a criar o seu próprio gado. Em 1911 casou-se com Lúcia Martins, mulher prestimosa e companheira de luta. Laucídio já contava então com 700 reses para começar sua vida de casado, acrescidas que foram com as 540 reses de dona Lúcia. Em 1919, Laucídio já era o décimo maior proprietário de terras do município de Campo Graande, sendo dono de 36.000 hectares.
Laucídio foi um empresário moderno, dotando suas propriedades com técnicas sofisticadas de manejo e fazendo incursões no mundo dos negócios financeiros, com a aquisição do controle acionário do Banco Financial de Mato Grosso, a última instituição de crédito do Estado, incorporada ao antigo Bamerindus.


O casal teve os seguintes filhos: Adelaide, Eudeter, Italívio, Wilson, Edwiges, Lúdio, Magno, Hélio, Lourdes, Leonor Maria, Maria Leonor e Lacy. Destacaram-se na política, Italívio e Lúdio. Este foi senador da República e prefeito de Campo Grande em dois mandatos. I foi deputado estadual Constituinte de Mato Grosso (1947) e senador da República.


Laucídio Coelho, ainda em vida recebeu homenagem de Campo Grande e da classe produtora, denominando o parque de exposições onde hoje se realizam as maiores feiras agropecuárias do Oeste brasileiro. Aos 88 anos, faleceu a 3 de dezembro de 1975. 




FONTE: Lélia Rita Figueiredo Ribeiro, Campo Grande, o homem e a terra, edição da autora, Campo Grande, sd., página 336.




29 de agosto


1894Morre em Corumbá Antônio Maria Coelho






Aos 66 anos falece o marechal Antonio Maria Coelho, herói da retomada de Corumbá na guerra do Paraguai. Nascido em Cuiabá, no exército desde 1839, onde assentou praça como voluntário, em 1847 foi promovido a alferes. Tenente em 1855, capitão em 1860, major e tenente-coronel em comissão em 1867, coronel em 1875, brigadeiro em 1888 e general de divisão 1890, foi reformado no posto de marechal. 

Com o barão de Melgaço participou das explorações territoriais ao Sul de Mato Grosso, antes da guerra do Paraguai; herói de guerra, comandou as tropas brasileiras na retomada de Corumbá aos paraguaios; integrou a comissão encarregada pelos limites entre Brasil e Paraguai, depois da guerra; e em 1889, é nomeado pelo governo provisório do marechal Deodoro, primeiro presidente do Estado, na era republicana.




FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, 2a. edição, Governo do Estado, Cuiabá, 1973, página 117.


FOTO: monumento ao marechal Antonio Maria Coelho, em Corumbá.







29 de agosto


1903Nasce em Cuiabá, Fernando Correa da Costa



Filho de Pedro Celestino Correa da Costa e Corina Novis Correa da Costa. Fez o primário e o ginásio no Liceo Cuiabano e formou-se em Medicina, em 1926, na Faculdade da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro. Fez estágio em Buenos Aires e mudou-se para Campo Grande, em 1927, onde “na direção de um fordinho-bigode atendia a qualquer hora do dia ou da noite a clientes das mais diversas camadas sociais, entre os quais não estabelecia distinções. As cinco horas já estava de pé para dirigir-se à Santa Casa onde gostava de operar bem cedo. As quintas-feiras eram reservadas para as operações de indigentes, das quais se tornou verdadeiro campeão. O consultório na Farmácia Central (...) era um verdaerio ambulatório. Ali estava sempre de avental branco, atento ao que se passava na rua, dando consultas até na calçada.” 

A sua carreira política foi consequência de sua fama como cirurgião. Em 1946, com o restabelecimento da democracia, a convite dos advogados Wilson Barbosa Martins e José Fragelli, ingressa na UDN e vence a eleição para prefeito de Campo Grande em 1947. Em outubro de 1950 elege-se governador do Estado, cargo que voltaria a ocupar em 1960. Como governador sua maior ocupação foi com energia elétrica e transporte. Em seguida foi senador por dois mandatos consecutivos, encerrando sua carreira política em 1970. Faleceu em Campo Grande no dia 2 de dezembro de 1987. 




FONTE: Maria da Glória Sá Rosa, Série Campo Grande (2001), Funcesp, Campo Grande, 2001, página 87.


segunda-feira, 7 de março de 2011

28 de agosto

28 de agosto

1835 - Capital de Mato Grosso muda-se para Cuiabá



Autorizada pela coroa portuguesa a mudar-se de Vila Bela da Santíssima Trindade para Cuiabá, a partir de 1820, somente 15 anos depois é que esta cidade é oficialmente declarada capital da província, por lei sancionada pelo presidente Pedro de Alencastro:

Lei n. 19 1835 - 28 de agosto

Art. 1. Fica declarada Capital da província de Mato Grosso a cidade de Cuiabá.

Art. 2. Ficam revogadas as Cartas Régias e mais disposições em contrário.¹

A defesa da mudança apresentou como argumentos, que Cuiabá possuía uma população superior a de Vila Bela, tinha uma melhor localização geográfica, pois era banhada pela bacia platina e através da navegação fluvial podia ter contato com as demais províncias brasileiras e até mesmo com os países platinos. Alegou ainda que a cidade era saudável e que a sua população podia contar com hospitais ao ficar doente.²

FONTE: Coleção das Leis Provinciais de Mato Grosso (1835-1912), ²Livro de Mato Grosso, aneste.org, capítulo 6.

FOTO: Cuiabá em desenho de Hercules Florence, (1826). 




28 de agosto


1886Bispo chega a Nioaque


Pedro José Rufino, herói da retirada da Laguna, na recepção ao bispo

Na primeira viagem de um prelado cuiabano ao Sul de Mato Grosso, Dom Luis, bispo de Cuiabá, após passar por Corumbá e Miranda, chega a Nioaque. Na cidade histórica o bispo é recebido por uma comissão de moradores, à frente o coronel Pedro Rufino, herói da retirada da Laguna e comandante militar da vila, segundo relatório do escriba da caravana católica: 

Ao anoitecer passamos o rio Urumbeva e logo depois entramos em Nioac.
À pouca distância das primeiras casas estava postada uma guarda de honra e reunida grande parte da população, destacando-se as pessoas mais gradas, entre as quais vi os srs. tenente-coronel Pedro José Rufino, rvmo. vigário, D. Vicente Anastácio, João Anastácio Monteiro de Mendonça, João Augusto da Fonseca, D. José Alvares Sanches Surga e o capitão honorário do exército Manoel de Castro Pinheiro. Ali o bondoso prelado dignou-se de apear fazendo assim um grande sacrifício, pois que viajara de sol a sol, inclementíssimo sol e tinha as pernas pesadas e o corpo consumido de fadigas. Foi então um porfiar de todos para beijar cada qual primeiramente as mãos de S. Exa. Rvma. Muito fogo do ar e repiques de sinos se fizeram ouvir nesse momento de concerto com a música militar que rompeu com entusiasmo o hino da independência. Finda esta parte do recebimento, que esteve aparatosa e animadíssima, S. Exa. encaminhou-se para a casa que lhe havia sido preparada, onde nada faltou para brilhante remate da recepção.



De Nioaque, o bispo segue para as fazendas Esperança e Santa Rosa, encerrando sua viagem em Campo Grande.




FONTE: Luis Philippe Pereira Leite, Bispo do Império, edição do autor, Cuiabá, sd., página 162. (foto reproduzida do livro Retirada da Laguna, de Taunay).


28 de agosto

1936 - Zoológico no jardim público de Corumbá

Artigo assinado por dr. Mello, publicado em jornal de São Paulo, sob o título Veados e Onças, dá conta da existência de um zoológico no passeio público de Corumbá:

"Parece que no Paraíso terrestre, antes de Eva ter ouvidos os conselhos da serpente, e dado a Adão um pedaço da maçã fatídica, os animais viviam na mais completa camaradagem, no mais doce contubernio.

A espada flamejante do anjo Gabriel, cumprindo a ordem de expulsão e para sempre, fechando as portas do Éden, apontou a guerra como norma de vida, tanto aos racionais como aos irracionais.

Nunca mais, desde então, uma onça encontrou um veado sem que desejasse beber-lhe o sangue e comer-lhe a carne.

Mas, numa linda cidade de Mato Grosso houve alguém que opôs embargos ao velho decreto e resolveu tentar a pacificação pelo menos das onças e veados.

No aprazível Passeio Público de Corumbá, o rende-vous predileto de sua melhor sociedade, às quintas e domingos, onde se realizavam saudosas retretas, foi construída sólida jaula para onde transportaram algumas onças de avantajado tamanho e lindas cores.

Ao redor da jaula foi feito um cercado onde ficaram presos esbeltos veados.

No começo era de ver os pinotes dos veados no delírio do pânico e o desespero das onças tentando forçar as grades da jaula na ânsia de um bom repasto.

Acabaram, porém, acomodando-se e os veados pastavam tranquilamente, passando rente à jaula, não demonstrando pavor de espécie alguma, ante os arreganhos e miados das onças.

Aliás, estas nada disso faziam agressivamente mas demonstrando tédio ou saudade da liberdade.

Não sei se até hoje, continua de pé essa fosquinha do anjo Gabriel.

O Brasil tem mudado tanto"...


FONTE: Correio Paulistano, 28/08/1936.



28 de agosto


1963 Congresso de municípios discute divisão


Reúne-se em Campo Grande o I Congresso dos Municípios de Mato Grosso. Prefeitos e vereadores da maioria dos municípios do Estado, elegem a primeira diretoria da Associação Estadual dos Municípios de Mato Grosso, que tem como presidente o prefeito de Rondonópolis, Sátiro Phol Moreira de Castilho (foto). No simpósio, segundo Paulo Jorge Simões Correa foi apresentada a tese divisionista pelo vereador de Campo Grande Oclécio Barbosa Martins:

A ideia da divisão de Mato Grosso, velha aspiração da gente sul-mato-grossense, ressurge novamente, ou melhor toma novo e vigoroso impulso, hoje aceita e defendida por outras regiões do Estado.
Ao ensejo da realização do 1° Congresso de Municípios Mato-Grossenses, em Campo Grande, primeira oportunidade de um encontro de representantes de todos os municípios do Estado, sem distinção de partidos, foi o problema submetido a plenário. Embora não tenha chegado a ser debatido satisfatoriamente, serviu, no entanto, para que os matogrossenses sentissem que o problema existe é palpitante e deve ser examinado com toda a atenção, estudado em todos os seus aspectos e, afinal, decidido com o pensamento voltado para o bem-estar da gente matogrossense e para os altos interesses da pátria.


A moção do vereador Oclécio Barbosa Martins seria foi aprovada no II Congresso realizado em 26 e 27 de outubro em Corumbá. 



FONTE: Revista BRASIL OESTE, São Paulo, n° 85. (imagem: mtaqui.com.br http://bit.ly/ihMkSn)


28 de agosto

1964 - Nasce Marquinhos Trad, vereador, deputado estadual e prefeito de Campo Grande

Filho de Nelson Trad e Terezinha Mandetta Trad, nasce em Campo Grande, Marcos Marcelo Trad. Estudou o fundamental e médio em Campo Grande e bacharelou-se em Direito pela Universidade do Rio de Janeiro. Como advogado, integrou a seccional em Mato Grosso do Sul da Ordem dos Advogados do Brasil como conselheiro, presidindo em seguida a Comissão de Ética e Disciplina. Integrou e presidiu o Tribunal de Justiça Desportiva do estado (TJD-MS).

Começou na vida pública como secretário municipal de Assuntos Fundiários, na primeira gestão do prefeito André Puccinelli (1997-2001) Eleito vereador em 2000 e deputado estadual em 2002, exerceu o mandato até 2016, quando venceu a primeira eleição para prefeito de Campo Grande, em substituição a Alcides Bernal (PP). Reelegeu-se em 2020, no primeiro turno.


Seu primeiro mandato foi marcado pelo enfrentamento à pandemia de coronavírus. 


FONTE: Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2021.


27 de agosto

27 de agosto

1826 - Expedição russa chega à barra do rio Anhanduí



Nove dias após deixar o Paraná e iniciar navegação rio Pardo acima, a expedição científica russa, sob o comando do conde de Langsdorff, alcança às 9 horas, a foz do Anhanduí, rio que serviu de rota às bandeiras de Pascoal Moreira Cabral e de outros pioneiros rumo a Cuiabá, no início do século 18. O registro é do diário de Langsdorff:

Chegamos à foz do rio Anhanduri-açu, que é tão forte como o rio Pardo, que, a partir daqui, acima da confluência dos dois rios, tem seu volume reduzido à metade. O Anhanduri ou Anhanduri-açu desemboca na margem direita do rio Pardo. Hoje, quando chegamos, vimos, a montante do do rio Pardo, a fumaça dos campos. Depois de tomarmos nossa refeição campestre, prosseguimos viagem e, uma boa hora depois, notamos, a montante do rio, na margem direita, uma grande faixa de terra com a aparência de capoeiras, toda coberta de um tipo de cana (taquara), aqui chamada de tambaiúva, com o qual os índios fazem suas flechas. Não há dúvida de que esta região era habitada por tribos indígenas; isso consta inclusive de relatos históricos. Quem sabe essa nova espécie de cana seja originária das florestas virgens antigas que havia aqui antes; ela cresceu aqui como em outros lugares, cresceram os Solana, Micania, Compositae e outros.

O rio Pardo tem aqui, com certeza, metade do volume de água que tinha depois da junção com o Anhanduri-açu, que parece ser maior, embora o rio Pardo não tenha perdido muito em largura. Neste ponto, ele é mais navegável, não é tão impetuoso e é menos raso do que mais abaixo. A região vai ficando cada vez mais aberta e livre. A água é mais clara do que abaixo do Anhanduri, que achamos muito turvo.


FONTE: Langsdorrf, Os Diários de Langsdorff, (volume II) Editora Fiocruz, Rio de Janeiro, 1997, página 208.




1882 Frei Mariano em Campo Grande


Em relatório encaminhado ao presidente da província, coronel José Maria de Alencastro, o frei Mariano de Bagnaia, visitador episcopal, dá notícia de sua passagem pelo povoado recém-criado por José Antônio Pereira e intercedia junto ao governo em favor da regularização fundiária das terras ocupadas pelos pioneiros:


Depois de alguns dias de viagem comecei a encontrar várias famílias de laboriosos mineiros estabelecidos com gado e com lavoura. São todos pais de numerosas famílias, circunstância favorável para povoar o sertão. A 70 léguas na cabeceira do Anhandui achei um núcleo de população com algumas 20 casas, lhes provisionei a capela a Santo Antônio, lhes administrei os sacramentos, os animei e lhes fiz ver que devem pedir ao governo sesmaria das terras devolutas a fim de que possam ter seus títulos e pediram-me muito a minha intervenção para com V.E. a favor daqueles pobres pois que muitos de Santo Antônio de Minas querem se rendar para esse sertão. Eu asseguro a V. E. que facilitando sesmarias aos laboriosos mineiros, em tempo essas belas vastas, férteis campanhas serão um empório da riqueza pública e particular. Não se precisa nem de colônias, nem  imigração estrangeira. O governo facilita sesmarias aos mineiros serão em pouco tempo povoado essa parte mais rica da Província. Boas e abundantes águas, clima o mais saudável, partes frescas, em fim toda terra é aproveitável. É uma pena ver esta vastidão desabitada.

A área para o rocio da vila de Campo Grande seria doada somente em 1886.




FONTE: Frei Alfredo Sganzerla, A história do Frei Mariano de Bagnaia, Edição FUCMT-MCC, Campo Grande, 1992, página 416.








27 de agosto


1895 - Encontrado "enterro" milionário entre Campo Grande e Nioaque




Sob o título Achado Valioso, o jornal O Mato Grosso, de Cuiabá, reproduzindo publicação da Gazeta de Notícias (RJ, 1 de junho de 1893) dá notícia da descoberta de duas arcas contendo uma grande fortuna em ouro, inclusive ouro em pó:

" De viagem pela estrada que conduz de Campo Grande a Nioaque, distante sete léguas do primeiro povoado, o cidadão José Carvalho de Azevedo encontrou uma pedra lavrada por três faces e fincada, notando que aquela pedra só podia ter ali ido parar conduzida por alguém e que devia assinalar alguma coisa, resolveu aí ficar e cavar o lugar, e de fato, depois de uma cova de mais de oito palmos, encontrou um e depois outro caixão contendo valores em ouro, bem como ouro em pó. Por esta estrada passou a força para o Paraguai, havendo aí um grande fogo.

Se alguém se julgar com direito ao achado e dando os sinais certos se lhe indicará, dirigindo-se ao capitão José Carvalho de Azevedo - cidade de Rio Verde, Estado de Goiás".

FONTE: Jornal O Matto-Grosso (Cuiabá), 27 de agosto de 1895.

FOTO: Imagem meramente ilustrativa


27 de agosto


1905 Rondon demarca reserva terena





Após passar por Campo Grande, em sua viagem de exploração ao Sul do Estado, o sertanista se dirige a uma aldeia terena em Aquidauana:

“Entramos na bocaina, por onde desce o Aquidauana. Paramos para apreciar a paisagem e saciar a sede, sorvendo a água fresca e cristalina que borbotava em cataratas, de degrau em degrau da rocha que se rompeu para dar passagem ao belíssimo rio que Taunay cantou ao atravessá-lo, em demanda da fronteira.
"Era essa garganta – a única – no talhadão do Amambaí, que certamente dará passagem à estrada de ferro que buscar a fronteira.
Fomos afinal ter à aldeia terena do Ipegue. Em casa do terena capitão José Caetano Tavares, vieram me procurar diversos índios. Combinamos tudo o que se deveria fazer para dar início aos nossos trabalhos. É que desejava eu demarcar a aldeia terena para resguardar as terras dos índios, bem como sua vida doméstica e suas atividades.
"Dei começo à medição a 27, a partir do marco do Pirizal. Intimei os donos das terras limítrofes e verificamos que havia muita fraude, muitos marcos divisórios fora do alinhamento. Um dos confinantes confessou que seu marco da estrada velha do Agazi devia estar colocado na barra da vazante da cachoeira, mas supôs, disse ele, que, modificando-lhe a colocação, não prejudicaria os índios – quando o rumo consignado no título de posse dos terenas abrangia toda a cachoeira. Depois de intimações, audiências, entendimentos, resolvemos tudo amigavelmente. Cuidei pois de abrir a picada larga, porque já se tratava da linha definitiva da aldeia do Ipegue. Colocamos os marcos de quilômetros de pedra canga, com ‘testemunhas’, da mesma pedra, de cada lado. Colocamos também marcos de madeira, para indicar o alinhamento de 40 em 40 metros.” 



FONTE: Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, página 196.

FOTO: Mundo Digital (telequest.com.br)


27 de agosto 


1954 - Inaugurado novo prédio do Colégio Estadual Campograndense

Com projeto do arquiteto Oscar Niemayer, é entregue pelo governador Fernando Correa da Costa, o novo prédio do Colégio Estadual Campograndense, dentro dos modernos princípios da arquitetura , com amplo auditório para reuniões, salas ventiladas, laboratórios, etc.
A professora Maria Constança de Barros Machado, primeira diretora do CEC, resume o ato inaugural:


A inauguração do Estadual foi um acontecimento memorável na vida da cidade, com hasteamento da bandeira pelo governador, Hino Nacional cantado pelos alunos, acompanhados da banda do Exército, bênção do bispo de Corumbá Dom Orlando Chaves e discursos vários. Falei eu, falou o aluno Elcio Russel em nome do corpo discente e ainda usaram da palavra dr. Oclécio Barbosa Martins, dr. Wilson Barbosa Martins, Demósthenes Martins e o governador. Quando a professora Glorinha Sá Rosa foi fazer o discurso de inauguração do retrato do governador, dr. Fernando, que não gostava de protocolo falou - mais um discurso? Depois ele pediu o texto para guardar. Foram inaugurados dois retratos a óleo, pintados pelo artista Fausto Furlan. Até hoje eles figuram em lugar de destaque no colégio: o do dr. Fernando ficava no auditório, o meu na sala da diretoria. Foram os professores que mandaram fazer meu retrato, como homenagem surpresa à minha pessoa, no dia da inauguração do colégio.



FONTE: Maria da Glória Sá Rosa, Memória da Educação e da Cultura de Mato Grosso do Sul, UFMS, Campo Grande, 1990. Página 67. (foto reproduzida do mesmo livro).


26 de agosto

26 de agosto


1899Campo Grande elevada a município



Página da Gazeta Official com a lei que emancipou o distrito de Campo Grande



Fundada em 21 de junho de 1872, quando aqui chegou o pioneiro José Antonio Pereira, procedente de Monte Alegre, Minas Gerais, por Lei estadual do governo de Mato Grosso, é criado o município de Campo Grande:

Resolução n. 225, de 26 de agosto de 1899


Eleva à categoria de Vila a paróquia de Campo Grande.


O coronel Antônio Pedro de Barros, presidente do Estado de Mato Grosso.
Faço saber a todos os seus habitantes que a Assembléia Legislativa decretou e eu sancionei a seguinte resolução:


Art. 1º - É elevada à categoria de Vila a paróquia de Campo Grande, constituindo um município na comarca de Nioac.


Art. 2º - Revogam-se as disposições em contrário.


Mando, portanto, a todas as autoridades, a quem o conhecimento e execução da referida resolução pertencer que a cumpram e façam cumprir fielmente.
O secretário do Governo a faça imprimir, publicar e correr.


Palácio do Governo em Cuiabá, 26 de agosto de 1899. Undécimo da República.
Antônio Pedro Alves de Barros


Foi selada e publicada a presente resolução nesta secretaria do Governo em Cuiabá, aos 26 de agosto de 1899.


Secretário interino
José Magno da Silva Pereira.



Esta data passou a ser oficialmente o dia do aniversário da cidade, por iniciativa do intendente Rosário Congro, em 1919.




FONTE: J. Barbosa Rodrigues, História de Campo Grande, edição do autor, Campo Grande, 1980, página 79.




26 de agosto

1933 - Aberta a primeira exposição agropecuária de Campo Grande




Como principal atração dos festejos de 34° aniversário de emancipação política de Campo Grande é oficialmente aberta as 10 horas da manhã, a Feira de Amostras e Exposição Agro-Pecuária e Industrial. Nos lugares de honra, Leônidas de Matos, interventor do Estado de Mato Grosso, o coronel Newton Cavalcanti, comandante da Circunscrição Militar, o prefeito de Campo Grande Ytrio Correa da Costa e seus colegas de Cuiabá João Ponce de Arruda e Corumbá, coronel José Silvino da Costa. 

O evento ocorreu na área destinada à feira livre da cidade, onde seria construído 20 anos depois, o Mercadão Municipal e o espaço interno do Colégio Osvaldo Cruz. O discurso inaugural foi proferido pelo coronel Newton Cavalcanti, comandante militar do Estado e presidente da comissão de festejos do aniversário da cidade.

A comissão central da exposição foi presidida pelo coronel Newton Cavalcanti, tendo como integrantes o prefeito Ytrio Correa da Costa, coronel Teófilo Ribeiro da Fonseca, Pacífico de Siqueira, Eugênio Pinheiro e Argemiro Fialho. A comissão de pecuária, à frente o dr. Vespasiano Barbosa Martins, compôs-se dos seguintes integrantes: Dolor Ferreira de Andrade, Agripino Aires Coelho, Miguel de Oliveira Melo, capitão Valério Lacerda Guimarães, Francisco Torresão Fernandes, Moacir Rolim e tenente Adriano Metelo Júnior. A comissão de Indústria, Avicultura e Agricutura teve como presidente o ex-prefeito Arlindo de Andrade Gomes e Eduardo Machado, Joaquim Cantalice, Deusdedith de Carvalho, Augusto Wulfes e o tenente José Maria de Vasconcelos como seus integrantes.

Uma das grandes atrações da feira foi a participação da companhia Mate Larangeira, com um completo mostruário de seus produtos, comercializados no Brasil e no mercado internacional.



FONTE: Jornal do Commercio, em 26 de agosto de 1933.

FOTO: acervo do Arquivo Municipal de Campo Grande (Arca).

26 de agosto

1957 - Inaugurada a companhia telefônica de Campo Grande


Prefeito Marcilio, Governador Fernando, dona Nair Neder, Humberto e o advogadoPaulo Simões


Sucedendo ao velho e inoperante sistema telefônico a magneto, em funcionamento desde o final da década de 20, é inaugurada a Companhia Telefônica de Campo Grande. A concessionária do serviço, com capacidade para 10.000 terminais, era presidida pelo advogado Humberto Neder, tendo como sócios Michel Nasser, Gualter Mascarenhas Barbosa, Aikel Mansur e Etalívio Pereira Martins. 

O processo de implantação da rede começa com a construção da sede, na esquina das ruas Rui Barbosa e Maracaju. O prédio atualmente (2014) encontra-se em bom estado de conservação.A obra, imponente para a época, representava a solidez da companhia, que, com a venda de ações e dos postes na cidade viria a demorar cerca de quatro anos para funcionar. O equipamento foi comprado à Ericson na Suiça, pesava setenta toneladas e veio de navio até Corumbá.

A obra, grandiosa para meados do século XX, era apenas o começo de um projeto muito mais ambicioso, segundo Neder:

"A companhia inaugurou e demos início a uma fase de ampliação, e também de já tentar a instalação do serviço interurbano que era a nossa meta final. Como era previsível, nós nos dedicamos a ampliar os serviços locais e em outras cidades como Dourados, Ponta Porã, Três Lagoas, Maracaju. Onde nós não podíamos instalar um serviço local, nós instalávamos um posto de telefonia público para dali sair ou receber ligações telefônicas."

Ao ato de inauguração compareceram entre outros o prefeito Marcílio de Oliveira Lima, o governador João Ponce de Arruda e o ex-governador Fernando Correa da Costa.


FONTE: Cláudio Vilas Boas Soares, Humberto Neder o pioneiro das telecomunicações, FCMS, Campo Grande, 2010, página 86.

25 de agosto

25 de agosto

1866 - Invasores paraguaios dão boas notícias de Corumbá

Correspondência de Corumbá, publicada pelo jornal oficial do governo paraguaio em Assunçao, mostra aparente tranquilidade de Corumbá, sob o jugo inimigo desde 3 de janeiro de 1865:

"Tivemos este ano grande abundância de mantimentos, graças ao zelo e dedicação do incansável tenente-coronel Cabral. Este lugar que desde sua criação (cuja origem se remonta há muitos anos) nunca se havia prestado à agricultura, segundo dizem seus aborígenes, este ano produziu tudo o que foi semeado em seu solo. Os fatos falam bem alto a este respeito. Grande abundância de arroz, mandioca, outros mantimentos e boas ervas e verduras de diversas espécies, mostrando que a esterilidade deste terreno era somente pela inação de seus habitantes. Por outro lado, tem diminuído, extraordinariamente,  até nos arrabaldes desta vila, a imensa quantidade de mosquitos, que antes era um de seus maiores flagelos. São palpáveis os melhoramentos de Corumbá, durante a administração do tenente-coronel Cabral, razão pela qual não podemos deixar de deixar patente nossa gratidão a este digno servidor da Pátria, que tanto tem cooperado para a felicidade de Corumbá, por tantos e tão importantes serviços".

FONTE: El Semanario, 25 de agosto de 1866, Assunção (PY).




25 de agosto

1929 - Criada em Campo Grande a Aliança Liberal





Por iniciativa dos irmãos cuiabanos o engenheiro Ytrio e o médico Fernando Correa da Costa, filhos do ex-governador Pedro Celestino, é criado em Campo Grande o diretório da Aliança Liberal, partido de oposição que dá apoio à candidatura de Getúlio Vargas para presidente da República, que concorre com Júlio Prestes, cuja vitória na eleição de 3 de maio de 1930, desencadearia a Revolução de 30 e o início da chamada era Vargas. Foram eleitos para a direção, Ytrio Correa da Costa, José Passarelli, José Valeriano Maia, Fernando Correa da Costa, Alfredo C. Pacheco, Alcides Alves da Silva e Piolino de Aragão Soares.

Dos integrantes da executiva, Fernando Correa da Costa viria a ser prefeito de Campo Grande (1947), governador do Estado de Mato Grosso (1950/55 e 1960/65) e senador da República por dois mandatos. Seu irmão Ytrio foi prefeito nomeado de Campo Grande e deputado federal por vários mandatos.

FONTE: Jornal A Campanha, Campo Grande, 1º de setembro de 1929.




25 de agosto

1932 - Rebeldes se retiram de Quitéria

Henrique Martins, comandante rebelde
Na revolução constitucionalista, após se refazer da refrega do dia 12 de agosto, quando teve que recuar depois de renhida resistência dos rebeldes sul-matogrossenses, a força legalista volta a atacar, até a retirada dos revolucionários para o Sucuriu, o que se deu após três dias de combates:

Após a reunião conduzimos o contigente à margem do rio onde havia vau e acomodamos a tropa debaixo do arvoredo. À hora exata iniciamos a travessia do rio com água na cintura, operação que levou algum tempo porque os soldados despidos conduziam suas roupas e armamentos na cabeça. Às 5 horas, três pelotões já estavam em posição, escalonados numa frente de 300 metros, aproximados, os patriotas do batalhão Atanagildo França foram agrupados e intercalados nos espaços vazios da formação de nosso contingente. [Esse batalhão reunido não dava o efetivo de 50 homens].


Às 6 horas da manhã do dia 22, nossa artilharia iniciou o ataque com o bombardeio de tiros contínuos de granadas. O inimigo revidou à altura e a luta se travou bateria contra bateria, num duelo de granadas incendiárias que atearam fogo no campo ressequido, impedindo que as manobras previstas fossem realizadas, ante às imensas labaredas que atingiram proporções impressionantes, reduzindo a carvão e cinza toda a vegetação agreste da região, ofuscada pela fumaça. Diante do sinistro, nossa tropa que se estendia em linha sinuosa para o ataque, retroagiu ao ponto de partida, protegendo-se na orla do mato, à margem direita do rio. O 21° B.C. e o Btl. Carvalhinho também tiveram frustradas as suas missões. À tarde o campo em que se travaria o combate estava cinério, enfumaçado, a noite caiu nesse ambiente desolador.


Na manhã seguinte o inimigo nos molestou com inquietantes disparos de artilharia. Enquanto bombardeava as posições do 21° B.C. e do capitão Corroberto, também nos atacava com petardos de obuses que explodiam no ar, espargiam balins de chumbo nas árvores que nos cobriam. Por três dias ficamos estacionários, garantindo apenas as nossas posições e fechando por circunstância imperiosa uma brecha (abertura) ao longo da nossa defesa, pela deserção de alguns patriotas do batalhão Atanagildo.


O incêndio interrompeu todo o plano de luta. Mais de um quilômetro quadrado da região, partido da estrada de rodagem, ao longo da linha de crista do terreno até a orla do rio, transformou-se em mar de cinza, deixando em destaque os relevos do solo antes ocultos por capim e vegetações ressequidas.


"O dia 23 de agosto amanheceu chuvoso e calmo na linha de frente, mas na manhã de 24, sob um chuvisqueiro inoportuno, o inimigo nos molestou com disparos de obuses sem partir para o ataque. (...)


A 25 o QG planejou novo ataque para ser desencadeado à noite do dia 26, sem o auxílio de nossa artilharia, objetivando surpreender o inimigo. A manobra seria a mesma que foi frustrada pelo incêndio do dia 22, apenas com detalhes diferentes, empregados em operações noturnas. À noite de 25 o inimigo rompeu o silêncio, metralhando o nosso setor de vigilância, ataque que revidamos e o tiroteio cessou. O dia 26 amanheceu tranquilo sem que o inimigo desse sinal de vida, sintoma bastante estranho, contrário aos dos dias anteriores. Por volta das 14 horas, como a trégua continuasse, organizamos uma patrulha sob o comando do sargento Aderbal Antunes, com missão de investigar o que estava acontecendo. Palmilhando no leito do córrego do Pinto, trecho coberto de vegetação e camuflagem, os patrulheiros penetraram rastejantes no terreno adversário e após acurada observação, constataram que o inimigo se retirara.¹


A propósito deste combate, Emílio Barbosa, que participou da revolução constitucionalista como voluntário, depõe:


Em novo setor fui prestar serviço e lá na Quitéria o major [Dutra] pediu reforço para fazer a retirada. Seguiu o Ênio com 120 voluntários e todos queriam ir, gente brava. Vinte e quatro horas combatendo, deram tempo para o major retirar os seus homens e até um caminhão das nossas forças foi utilizado, tendo o Ênio que voltar a pé, brigando e conseguiu salvar toda a companhia, com um extraviado apenas um voluntário, que ergo preces para que não tenha a morte o acometido.


Feito o recuo de Quitéria e do Desbarrancado conduziu Henrique [Martins] (foto) os 400 homens para a margem direita do Sucuriu, no lugar chamado Porto do Galiano e se entrincheirou. Vigiando 40 k marginais do rio, localizados nos pontos fracos as metralhadoras, aguardou o inimigo que não se fez esperar.²

FONTE: ¹Lindolpho Emiliano dos Passos, Goiás de ontem, memórias militares e políticas, edição do autor, Goiânia, 1987, página 105. ²Emilio G. Barbosa, Panoramas do Sul de Mato Grosso, Editora Correio do Estado, Campo Grande, 1961, página 174. (foto de Henrique Martins, reproduzida do livro Memórias Janela da História de seu filho Wilson Barbosa Martins)






25 de agosto


1961Jânio Quadros renuncia





Frustrando toda a nação, que o elegera com consagradora votação, renuncia, denunciando pressão de forças ocultas, o presidente Jânio Quadros, que assumira o governo nove meses antes. Foi o filho de Campo Grande que ascendeu mais alto na política brasileira pelo voto direto.

Sua renúncia foi oficializada na seguinte carta ao Congresso Nacional:

"Fui vencido pela reação e assim deixo o governo. Nestes sete meses cumpri o meu dever. Tenho-o cumprido dia e noite, trabalhando infatigavelmente, sem prevenções, nem rancores. Mas baldaram-se os meus esforços para conduzir esta nação, que pelo caminho de sua verdadeira libertação política e econômica, a única que possibilitaria o progresso efetivo e a justiça social, a que tem direito o seu generoso povo.

Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando, nesse sonho, a corrupção, a mentira e a covardia que subordinam os interesses gerais aos apetites e às ambições de grupos ou de indivíduos, inclusive do exterior. Sinto-me, porém, esmagado. Forças terríveis levantam-se contra mim e me intrigam ou infamam, até com a desculpa de colaboração.

Se permanecesse, não manteria a confiança e a tranquilidade, ora quebradas, indispensáveis ao exercício da minha autoridade. Creio mesmo que não manteria a própria paz pública.

Encerro, assim, com o pensamento voltado para a nossa gente, para os estudantes, para os operários, para a grande família do Brasil, esta página da minha vida e da vida nacional. A mim não falta a coragem da renúncia.

Saio com um agradecimento e um apelo. O agradecimento é aos companheiros que comigo lutaram e me sustentaram dentro e fora do governo e, de forma especial, às Forças Armadas, cuja conduta exemplar, em todos os instantes, proclamo nesta oportunidade. O apelo é no sentido da ordem, do congraçamento, do respeito e da estima de cada um dos meus patrícios, para todos e de todos para cada um.

Somente assim seremos dignos deste país e do mundo. Somente assim seremos dignos de nossa herança e da nossa predestinação cristã. Retorno agora ao meu trabalho de advogado e professor. Trabalharemos todos. Há muitas formas de servir nossa pátria."

Brasília, 25 de agosto de 1961.

Jânio Quadros"









24 de agosto

24 de agosto


1833 – Aprovados estatutos de sociedade nativista

Fundada em 12 de agosto, em Cuiabá, são sancionadas as bases da Sociedade dos Zelosos da Independência, cujas diretrizes políticas defendiam também idéias republicanas. A iniciativa dessa entidade foi de Pascoal Domingos de Miranda, seguido por Silva Manso, Braz Mendes, José Alves Ribeiro, Joaquim de Almeida Falcão e Miguel Dias de Oliveira, todos nativistas radicais. Para cambatê-la os portugueses, também conhecidos como adotivos, criaram a Sociedade Filantrópica.

A luta entre as duas organizações serviu como combustível para a Rusga, cujo desenlace foi o morticínio de 30 de maio de 1834, em Cuiabá e várias cidades da província, inclusive Miranda e Coimbra, no sul. 




FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, 2a. edição, Governo do Estado, Cuiabá, 1973, página 110.




24 de agosto


1954Suicídio de Getúlio Vargas








Com um tiro no peito, matou-se no Rio, o presidente Getúlio Vargas, eleito em 1950. Pressionado a renunciar por militares e oposição civil, liderada por Carlos Lacerda, prefere a medida extrema contra a própria vida. A repercussão de sua morte no Estado de Mato Grosso é maior na região da grande Dourados, onde implantara o Colônia Agrícola Nacional de Dourados, então, tido como o maior projeto de reforma agrária do Brasil. Como presidente, na ditadura, extinguiu o monopólio da Mate Larangeira no Sul de Mato Grosso e criou o Território Federal de Ponta Porã, ainda abrangendo a região meridional do Estado, mais precisamente os municípios de Porto Murtinho, Bela Vista, Dourados, Miranda, Nioaque e Maracaju, com capital em Ponta Porã.

Junto ao corpo de Vargas foi encontrada a seguinte

Carta-testamento:
 
Mais uma vez as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam; e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes. Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a Justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar a liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobras, mal começa esta a funcionar a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o povo seja independente. Assumi o governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia a ponto de sermos obrigados a ceder. Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo e renunciando a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar a não ser o meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no meu pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com perdão. E aos que pensam que me derrotam respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo, de quem fui escravo, não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue terá o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história“.




23 de agosto

23 de agosto


1925 Rebeldes descem o rio Paraná



Após o sangrento combate de Três Lagoas entre rebeldes e tropas legalistas, reúnem-se em Epitácio “os chefes revolucionários, inclusive o recém-chegado caudilho, já idoso, João Francisco Pereira de Souza, vindo do Rio Grande do Sul, e decidem descer o rio Paraná. Surgiu um pequeno impasse entre o comandante legalista Izidoro Dias Lopes (foto) e o caudilho gaúcho, porque ambos foram inimigos figadais um do outro, no correr da guerra civil de 1893-95, estado sulino: um ‘pica-pau’, João Francisco; outro ‘maragato’, Izidoro. Naquela revolução muitas cabeças rolaram pela degola de um lado e de outro, fazendo-os lembrarem-se daqueles trágicos e negros momentos de nossa história. Afinal, entenderam-se.

A 23 de agosto, João Francisco desce o rio Paraná comandando cerca de 500 homens, incluídos Juarez e os remanescentes do combate de Três Lagoas. Um vapor rebocava duas chatas levando cavalos e seus ginetes. Por terra, margeando o rio, com muita dificuldade, uma partida de cavalaria marchava para vencer eventuais legalistas encontrados".


Este pequeno grupo seria um dos embriões da coluna Prestes.







FONTE: Acyr Vaz Guimarães, Mato Grosso do Sul, sua evolução histórica, Editora UCDB, Campo Grande, 1999, página 263. (Imagem: marxists.org http://bit.ly/etFgXl)






23 de agosto


1933 Inaugurado relógio da 14 com a Afonso Pena








É inaugurado na travessa da rua 14 de Julho com a avenida Afonso Pena, o relógio central de Campo Grande.

Foi por quase quarenta anos o principal ponto de referência da cidade. Para Paulo Coelho Machado tratava-se de “um belo monumento de uns cinco metros de altura em alvenaria e o relógio tinha quatro faces (ou mostradores). As badaladas eram ouvidas em toda a vizinhança. A construção foi contemporânea a do obelisco, durante a administração Ytrio Correa da Costa. Dois marcos que despertavam o orgulho dos campograndenses.

A iniciativa foi do comandante da Circunscrição Militar, coronel Newton Cavalcante, um militar extremanente interessado na nossa cidade, enérgico, de imaginação e realizador.” 


O relógio foi demolido na segunda gestão do prefeito Antônio Mendes Canale (1970/1973). O prefeito André Puccinelli levantou uma réplica do mesmo na avenida Afonso Pena, entre a Calógeras e a 14 de julho.




FONTE: Paulo Coelho Machado, A rua principal, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1991, página 23.



23 de agosto


1955 - Corumbá: entra no Brasil o primeiro trem petroleiro da Bolívia


A primeira composição com tanques de combustível da Bolívia entra em Corumbá, marcando o início do transporte do produto no Brasil, como resultado de convênio entre os dois países, firmado no dia 13 de junho desse ano. A notícia foi dada em telegrama do general Augusto Magessi, comandante da 2a. Brigada Mista, sediada em Corumbá, ao ministro da Guerra, e ganhou espaço em toda a grande imprensa nacional:

"O MINISTRO da Guerra acaba de receber telegrama do general Augusto Magessi, comandante da 2a. Brigada Mista, sediada em Corumbá, comunicando-lhe haver chegado àquela cidade o primeiro trem com 12 vagões-tanques transportando 200.000 litros de gasolina, oriundos de Santa Cruz de la Sierra, e querosene, de acordo com o Convênio assinado em 13 de junho último, no Rio de Janeiro. Uma partedestes combustíveis será remetida para Campo Grande. A notícia em apreço é auspiciosa. Depois de longa espera, o povo de Mato Grosso recebe agora o primeiro carregamento do combustível, dando-se início à nova era no intercâmbio comercial entre Brasil e Bolívia. A Estrada de Ferro Corumbá - Santa Cruz de La Sierra, construída peloo Brasil, de acordo com os protocolos firmados entre os chanceleres dos dois países, tem a finalidade precípua de carrear para o Brasil o combustível boliviano e de levar para o altiplano andino os produtos de nossa economia".

FONTE: Diário de Notícias, Rio, 23 de agosto de 1.55.




OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...