Mostrando postagens classificadas por data para a consulta 23 de abril. Ordenar por relevância Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens classificadas por data para a consulta 23 de abril. Ordenar por relevância Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

19 de outubro

19 de outubro

1903 – Morre Barros Cassal



Aos 45 anos falece em Nioaque, de hepatite aguda, o advogado e revolucionário gaúcho, João de Barros Cassal. No sul de Mato Grosso, desde 1901, egresso da revolução federalista em seu Estado, dedicou-se à advocacia e é apontado por alguns autores, como teórico do movimento divisionista. Suas últimas palavras ao seu cunhado Carlos A. de Gusmão, que procurava aconchegar-lhe as cobertas foram: “Não me tolhas a liberdade! Tu sabes que eu bem pugnei por ela"!

Os seus restos mortais foram em começo de 1916 conduzidos ao Rio de Janeiro pelo coronel Gomes de Castro, de onde em março seguiram para Porto Alegre, sendo ali inumados a 20, no cemitério da Santa Casa. Uma das principais ruas de Porto Alegre tem o seu nome, dado também a um município do Rio Grande do Sul. 

FONTESLuiz Araújo Filho, O Município de Alegrete, 2a. edição, 1908


19 de outubro

1920 – Ponta Porã elevada à cidade

Decreto estadual transforma o município fronteiriço em cidade, abrangendo os distritos de Antônio João, Cabeceira do Apa, Lagunita e Patrimônio União. Com sede estabelecida na lombada do planalto de Maracaju, que lhe ameniza a temperatura, emparceirando-lhe as condições climatéricas com as do Paraná, data o seu início dos fins do século XIX, sendo de 10 de abril de 1900 a resolução que lhe reconheceu a existência, criando a paróquia respectiva.

Feito município a 18 de julho de 1912 e elevado à categoria de comarca por lei de 23 de setembro de 1915, teve por base econômica os ervais, a que deve seu povoamento e os vastos campos onde se desenvolveu a pecuária e, mais recentemente, a produção de grãos, principalmente a soja e o milho.


FONTEEstevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2ª edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 219.


19 de outubro

1921 - STF reintegra juiz de direito em Corumbá

O Supremo Tribunal Federal resolveu reintegrar com salários retroativos, o bacharel Henrique Seido Barros Falcão no cargo de juiz de direito na comarca de Corumbá:

"O bacharel Henrique Seido Barros Falcão, há anos foi demitido do cargo de juiz de direito de Corumbá. Julgando o ato do governo ilegal, propôs ele uma ação no juízo seccional de Mato Grosso, que decidiu julgando legal a decisão.

O autor apelou então para o Supremo Tribunal, que na sessão decidiu ontem mandar reintegrá-lo e pagar-lhe todos os atrasados".

FONTE: O Paiz, (RJ), 20/10/1921.


19 de outubro

1997 - Morre o professor Luis Alexandre



Nascido em 14 de abril de 1903, morre em Campo Grande, o professor Luis Alexandre de Oliveira. Natural de Viçosa (MG), em 1913, em companhia da mãe, mudou-se para Aquidauana, fixando-se em Campo Grande, definitivamente, dez anos depois. Primeiro professor da Escola Visconde de Cairu, entidade mantida pela colonia japonesa, "fez grandes amizades, principalmente com os líderes Oshiro Takemori e José Shimabucuro, a ponto de ter interferido durante a segunda guerra mundial, no sentido de minimizar e até mesmo evitar perseguições a nipônicos aqui residentes".

Graduado em Ciências Jurídicas pela Faculdade Nacional de Direito, da Universidade do Brasil (RJ), chegou a ser auditor militar em Belém do Pará. Advogou por muitos anos e dedicou-se ao magistério, em Campo Grande, onde adquiriu e dirigiu por muitos anos, o Colégio Osvaldo Cruz. 

Político, foi deputado estadual constituinte, eleito em 1946 e vice-prefeito de Campo Grande, como parceiro de chapa do prefeito Wilson Barbosa Martins (1958-1962).

Intelectual, foi membro da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, como titular da cadeira 25, tendo como patrono o poeta Arnaldo Serra. Deixou um livro, O mundo que eu vivi, editado em 1986.

FONTE: José Couto Vieira Pontes, Correio do Estado (Campo Grande) 1° de dezembro de 2020.

FOTO: retrato de Furlan.



sexta-feira, 4 de março de 2011

18 de julho

18 de julho

1865 - Expedicionários chegam a Uberaba

Procedente do Rio de Janeiro e São Paulo, força expedicionária brasileira, com destino ao Sul de Mato Grosso, chega a Uberaba no triângulo mineiro:

Chegando as forças de S. Paulo e da província do Paraná, à cidade de Uberaba, incorporaram-se à vinda de Minas, ao mando do Ilmo. Sr. coronel Galvão, a qual se achava acampada a meia légua N. O. na direção do caminho de Goiás. O quartel do comando acantonou no interior da cidade, assim como as demais repartições anexas, que tinham com ele vindo de São Paulo, acrescentando a do quartel mestre general, que começou a funcionar a 25 de julho.

A brigada mineira compunha-se do batalhão de voluntários n. 17 e dos corpos fixo e policial da província de Minas. Depois da fusão dos contingentes trazidos das duas outras províncias ficou organizada uma brigada, compreendendo mais uma companhia de cavalaria e um corpo de artilharia, que foi formado com o casco do contingente dessa arma, vindo a província do Amazonas.

Com destino a Coxim, a força expedicionária deixou Uberaba na manhã de 6 de setembro.

FONTE: Taunay, Marcha das Forças, Melhoramentos, São Paulo, 1928, página 59.



18 de julho

1890Nioaque é elevada à categoria de vila*






Por decreto do presidente Antônio Maria Coelho, primeiro governador de Mato Grosso no regime republicano, a freguesia de Nioaque, principal centro político do Sul do Estado, com a denominação Levergeria (em homenagem ao ex-governador Augusto Lerverger) passa à condição de vila:

Art. 1º - Fica elevada à categoria de vila, constituindo termo unido à comarca de Miranda e município próprio a freguesia de Levergeria.


Art. 2º - Ficam alterados os limites que à mesma freguesia marcou a Lei n. 506, de 1877, para os seguintes: uma reta que, partindo da confluência dos rios Miranda e Nioaque, vai ter ao morro Azul, à margem esquerda do Aquidauana; margem esquerda deste até sua mais alta origem no lugar denominado Pontinha – na estrada de Camapuã – e da Pontinha outra reta que vai ter às cabeceiras do rio Sanguesuga e pela margem direita até sua foz no rio Paraná e pela margem direita do Paraná até o Iguatemi, seguindo-se a linha da frenteira até o marco das cabeceiras do rio Apa; margem esquerda deste até o rio Pedra de Cal e por este acima até sua cabeceira e daí à do ribeirão Prata até sua confluência no rio Miranda e margem direita deste até a foz do Nioaque”. 


*Vila correspondia ao município atual.


FONTE: Miguel A. Palermo, Nioaque Evolução Histórica e Revolução de Mato Grosso,Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1992. Página 27.

FOTO: sede da primeira prefeitura de Nioaque. Reprodução do Album Graphico de Mato Grosso, Corumbá, 2014.





18 de julho


1912 Criado município de Ponta Porã







Pela Resolução n° 617, sancionada pelo presidente do Estado de Mato Grosso, Joaquim A. da Costa Marques, Ponta Porã, a mais próspera povoação da fronteira Brasil-Paraguai, é elevada à categoria de município. "A fundação de Ponta Porã - constata o historiador - como a de tantas outras cidades, não constituiu ato premeditado de ninguém, por isso não lhe pode fixar uma data precisa. O lugar foi evoluindo aos poucos, e o povo vinha fixar residência aí, de preferência onde mais tarde se estabelecia o comércio do lado do Paraguai e depois do Brasil, em razão da proximidade da picada do 'Chiriguelo', por onde vinha de Conceição toda a mercadoria necessária ao seu consumo, inclusive o sal para as fazendas de criação, já que naqueles tempos não existia outra zona de abastecimento mais próxima, em território brasileiro".¹

Seu primeiro morador foi o capitão João Antonio de Trindade, carioca, veterano da guerra do Paraguai, herói da retirada da Laguna, que chegou ao lugar em 1892.

Resolução de 10 de abril de 1900 reconhece sua existência com a criação da respectiva paróquia. Por lei de 23 de setembro de 1915 é elevada à categoria de comarca e "continuou a prosperar, tendo por base econômica os opulentos hervais, a que deve o povoamento, entreverados de campos, onde se tem desenvolvido boa criação de gado".²

Instalado o município em 25 de março de 1913, tomam posse o primeiro prefeito eleito Ponciano de Matos e os conselheiros municipais Felisberto Marques, Manuel Moreira, Heliodoro José de Almeida, Valêncio de Brum e o suplente João Maria da Silva. 
 



FONTES: ¹Pedro Ângelo da Rosa, Resenha Histórica de Mato Grosso (Fronteira com o Paraguai), Livraria Ruy Barbosa, Campo Grande, 1962, página 29; ² Virgílio Correa Filho, Mato Grosso, (2a edição) Coeditora Brasílica, Rio de Janeiro, 1939, página 174.



FOTO: Ponta Porã no inicio do século passado. Extraída do Album Graphico de Matto-Grosso (1914)



2017 - Ex-vereador e esposa assassinados a golpes de facas e facões




São assassinados em Campo Grande o ex-vereador Cristovão Silveira e sua esposa Cristina Silveira. O crime, que chocou pela brutalidade com que foi cometido, foi retratado pela imprensa, com detalhes:

O vereador Cristovão Silveira,65, e sua mulher, Fátima de Jesus Diniz Silveira, 54, foram cruelmente assassinados na tarde de terça-feira (18) em uma chácara na MS-080, na área rural de Campo Grande. O ex-parlamentar foi morto com várias facadas e a mulher teve o corpo parcialmente carbonizado, além de indícios de ter sido abusada sexualmente. Três envolvidos no crime foram presos pela ação, um morreu em confronto com a polícia e outro continua foragido.

Conforme a Polícia Civil, por volta das 14h, vizinhos ouviram Cristovão discutindo com o funcionário Rivelino Mangelo, 48. Cerca de duas horas depois, Rivelino procurou socorro em um bar próximo do local, pois havia sido ferido em um assalto.

O vizinho Ronaldo Ribeiro, 50, mora há 30 anos na região e não conhecia os moradores, que estão no local há pouco tempo. Ele conta que o caseiro pediu para usar o telefone, mas não desconfiou da atitude.

"Tenho um bar na região e tem telefone fixo. Ele pediu para usar o telefone, o pé estava sangrando muito. Ele disse que sete homens invadiram a chácara para roubar um carro e bateram nele. Nós chamamos o corpo de bombeiros e levaram ele. Quando anoiteceu, vimos vários carros da polícia e só ficamos sabendo o que aconteceu com os donos. Não desconfiamos de nada", relata.

Corpo do ex-vereador foi encontrado em lavanderia com vários ferimentos na face

Rivelino estava com um ferimento profundo no pé e foi levado para a Santa Casa da capital, e a história de um possível roubo chamou a atenção da classe médica, que acionou a polícia. Ainda no hospital, o funcionário entrou em contradição por várias vezes.

Equipes do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), do GOI (Grupo de Operação e Investigação) e do Batalhão de Cheque da Polícia Militar foram até a chácara e ficaram chocadas com a cena do crime.

Na primeira casa, que possivelmente era usada como lavanderia, foi encontrado o corpo de Cristovão, com vários ferimentos feitos por faca, principalmente na cabeça. Ainda segundo a polícia, são ferimentos incontáveis, e o rosto da vítima estava totalmente desfigurado.

A mulher dele, Fátima, foi encontrada seminua, com os pés e as pernas queimados. Ela também foi morta com golpes de facão. As equipes ainda acreditam que ela pode ter sofrido violência sexual. Os corpos foram encaminhados ao Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) para perícia.

Já na casa principal a quadrilha arrombou a porta para procurar as chaves do carro da família, uma caminhonete Triton L200. Eles levaram também uma televisão. As equipes encontraram no celular de Rivelino, áudios em um aplicativo, para comparsas combinando o homicídio. As conversas eram de cerca de uma semana antes do ocorrido e, conforme o delegado do Garras, Fábio Peró, eles demonstraram o interesse de Rivelino em cometer o crime, mesmo que não houvesse apoio dos comparsas.

A Polícia Militar de Corumbá - a 417 km de Campo Grande, foi avisada e perseguiu a caminhonete pela BR-262, onde estavam os dois envolvidos no latrocínio. Um deles identificado como Diogo André dos Santos, 20, e o outro apenas como Gabriel.

Na perseguição, a dupla saiu com o veículo da pista, bateu em árvores e fugiu a pé. A polícia localizou ambos, houve confronto entre os criminosos e policiais e Diogo foi baleado e morreu. Gabriel conseguiu fugir pelo mato, mas a polícia mantém o cerco para localizar o homem, que não havia sido preso até o fechamento desta matéria.

Família de vereador teria se mudado para chácara há 6 meses e levou caseiro

Os filhos de Rivelino, que também o teriam ajudado no crime, Alberto Nunes Mangelo, 20, e Rogério Nunes Mangelo, 19, foram presos em Anastácio - a 123 km da capital - com as roupas rasgadas e sujas. A polícia acredita que Cristovão teria lutado com um dos suspeitos, mas acabou sendo ferido. A participação de Alberto foi receber uma televisão e Rogério atuou diretamente no crime, desferindo golpes no casal.

Vizinhos ficaram chocados com a notícia, uma agente de saúde, que não quis se identificar, e que presta atendimento para a família de funcionários, conta que o casal se mudou há seis meses, após comprar a chácara e trouxe os caseiros.

"Já conversei com ele (Rivelino), me pareceu uma pessoa tranquila. Moravam ele, a esposa, que é cadeirante, e uma filha de 12 anos", disse. Segundo apurado pela polícia, a esposa e a filha do mentor do crime estavam no local apenas no período da manhã e, em interrogatório, afirmaram ter notado certa "ansiedade e nervosismo" de Rivelino e tirá-las do local.

Sem entender, obedeceram as instruções dadas por ele de sair da chácara. Rivelino informou que trabalhava para Cristovão há cerca de quatro meses.

O suspeito possui passagem pela polícia por violência doméstica, furto e lesão corporal. O filho Rogério também possui passagens, desde a adolescência, por furto, lesão corporal e vias de fato. O caso está sendo investigado como latrocínio pela equipe do Garras.

Vereador por cinco mandatos

Cristóvão Silveira (PSDB) foi vereador em Campo Grande por cinco mandatos consecutivos. Seu último mandato foi de 2008 a 2012, quando não se candidatou. Seus mandatos destacaram-se por várias iniciativas relevantes, destacando-se a lei 3.121/95, que estabeleceu a obrigatoriedade do uso do cinto de segurança no município e a lei 4.992/11, conhecida como Cantina Saudável, criando normas para as cantinas nas escolas publicas da capital. 

FONTE: Karina Campos e Vitória Ribeiro, O Estado, Campo Grande, 20 de julho de 2017.

terça-feira, 1 de março de 2011

6 de julho

6 de julho


1906Morto o presidente Totó Paes


Procedente de Corumbá, à frente de cerca de 2000 homens, Generoso Ponce toma Cuiabá e põe o governador Antonio Paes de Barros em fuga, refugiando-se com alguns companheiros nas proximidades da fábrica de pólvora no Coxipó.

 
Coronel Totó Paes
Pela madrugada de 6 de julho, sitiam o reduto onde lobrigaram indícios de acampamento suspeito.


Gisam meio de prender, ao clarear do dia, os seus ocupantes, sem que pudesse nenhum escapar. Antes de completar as providências, o disparo de um tiro imprudentemente desfechado do interior do capão, provocou a descarga cerrada dos atacantes e a dispersão da comitiva presidencial. Cada qual procurou-se sumir-se pelas sombras protetoras das árvores, evitando os lados de onde vinha a fuzilaria ameaçadora. Como os seus companheiros A. Paes também se levantou para tentar a evasão. Mas, desnorteado, saiu por uma clareira, onde se destacou o vulto para as pontarias fulminantes.

Antes que alcançasse a mata fronteira baqueou, mortalmente ferido, conforme noticiou o ofício que o vice-presidente em exercício mandou, por cópia ao General Dantas Barreto."

Totó Paes chegou ao poder em 1899, após o racha entre Generoso Ponce e os irmãos Murtinhos, com apoio destes. No Sul de Mato Grosso seu principal inimigo foi o cel. Jango Mascarenhas, de Nioaque. Na região, durante seu mandato, depois da morte de Jango e da submissão de grupos de oposição, o seu governo foi razoavelmente tranquilo.



FONTE: Virgílio Correa Filho, A República em Mato Grosso (II) in Revista do Instituto Histórico de Mato Grosso, Cuiabá, 1935, página 59.


6 de julho

1915 - Morre Marcelino Pires, um dos pioneiros de Dourados 





Natural de Jataizinho, no Paraná, onde nasceu em 18 de outubro de 1859, faleceu em Dourados, Marcelino Pires Martins, um dos pioneiros de Dourados. Em Mato Grosso desde a penúltima década do século XIX, casou-se em 1886, com Eulália Ferreira Garcia, na fazenda Passatempo, (hoje município de Rio Brilhante). Em Dourados desde 1903, tomou posse de grande área de terras, denominada Fazenda Alvorada. A área onde foi implantada a cidade é parte dessa fazenda e posses de Joaquim Teixeira Alves.

Marcelino Pires participou ativamente de todas as atividades políticas do povoado, até sua transformação em distrito, ocorrida cinco meses antes de sua morte.

A avenida principal e mais antiga de Dourados tem o seu nome.


FONTE: Rozemar Mattos Souza, Dourados, seus pioneiros, sua história, Centro Cívico, Histórico e Cultural 20 de Dezembro, Dourados, 2003, página 237.


6 de julho

2006 - Morre o ex-governador Dante de Oliveira, deputado das diretas

Morre em Cuiabá, o ex-governador Dante de Oliveira, autor da emenda das Diretas Já! Sua bem sucedida carreira política é condensada nos seguintes fatos:

"Dante Martins de Oliveira nasceu em Cuiabá em 6 de fevereiro de 1952, filho de Sebastião de Oliveira e de Maria Benedita Martins de Oliveira. Seu pai foi deputado estadual eleito na legenda da União Democrática Nacional (UDN).

No início dos anos 1970, mudou-se para o Rio de Janeiro e cursou engenharia civil na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), passando a integrar a organização de oposi-ção Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), dissidência do Partido Comunista Brasileiro (PCB), que pregava a resistência armada ao movimento político-militar que derrubara o presidente João Goulart em 31 de março de 1964.

Em 1976 concluiu o curso na UFRJ e, retornando à cidade natal, candidatou-se a vereador pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar, não conseguindo, contudo, se eleger. No ano seguinte, passou a ocupar a secretaria geral do MDB mato-grossense. Em 15 de novembro de 1978, foi eleito deputado estadual, vindo a assumir o mandato em fevereiro de 1979.

Com a extinção do bipartidarismo (29/11/1979) e a conseqüente reorganização partidária, filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), originário do MDB.

Em 1982, deixou formalmente de integrar o MR-8, em virtude de divergências políticas, e, em novembro, concorreu a deputado federal. Eleito com a segunda votação do partido, assumiu o mandato em 1º de fevereiro de 1983, vindo a integrar como titular a Comissão do Interior e como suplente a Comissão da Agricultura e Política Rural.

O movimento das Diretas Já

O fim do bipartidarismo e do pleito indireto para governador e senador marcou o início do processo de redemocratização. No entanto, a abertura lenta e gradual, conduzida pelos governos militares, não incluiu a modificação do artigo da Constituição de 1967 que instituía a via indireta para a eleição do presidente, demais cargos executivos e 1/3 do Senado. Assim, no início da sessão legislativa, em fevereiro de 1983, apresentou projeto de emenda constitucional, que se tornaria conhecida como emenda Dante de Oliveira, propondo o restabelecimento da eleição direta em todos os níveis e marcando para 15 de novembro de 1984 a eleição para presidente.

Em abril de 1983, o diretório nacional do PMDB deliberou promover uma campanha nacional em prol da realização de eleições diretas para a presidência. Dois meses depois, o ministro das Minas e Energia, César Cals, propôs a reeleição do presidente João Figueiredo. Descartou-se, contudo, a hipótese da reeleição, propondo-se em seguida a candidatura do ministro do Interior, Mário Andreazza, pelo Partido Democrático Social (PDS). Simultaneamente, a campanha oposicionista começava a ampliar-se. Governadores do PMDB divulgaram uma declaração conjunta em que pediam ao Congresso eleições diretas para a presidência. No fim de novembro, realizou-se em São Paulo, patrocinada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), a primeira manifestação popular em favor dessa reivindicação, que reuniu cerca de dez mil pessoas.

Em 10 de janeiro de 1984, a comissão executiva do PDS repeliu oficialmente a proposta de restabelecimento das eleições diretas, reafirmando a “legitimidade do Colégio Eleitoral”. Dois dias depois, foi realizado o primeiro comício pró-diretas, no centro de Curitiba, no local conhecido como Boca Maldita, reunindo cerca de 30 mil manifestantes, segundo o jornal Folha de S. Paulo. Em seguida, foram realizados comícios, passeatas e manifestações menores em Porto Alegre, Camboriú (SC), Vitória, Salvador, João Pessoa e Fortaleza. Em 25 de janeiro, o comício da praça da Sé, em São Paulo, reuniu cerca de trezentas mil pessoas e mostrou o apelo popular da emenda.

As manifestações multiplicaram-se por todo o país. Belo Horizonte promoveu em fevereiro ato chamado Grito dos Mineiros, com cerca de trezentas mil pessoas. Em 14 de março, foi criado o comitê suprapartidário pelas diretas, reunindo integrantes dos partidos de oposição, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e de outras entidades, firmando-se um acordo de negociação e entendimento pelas Diretas Já. No dia 21, o comitê suprapartidário pelas diretas promoveu uma passeata no Rio de Janeiro com 150 mil pessoas. Diante da pressão popular, em 31 de março o presidente Figueiredo divulgou comunicado oficial em rede nacional de televisão, reafirmando que o novo presidente seria escolhido por via indireta.

Aproximando-se a data prevista para a votação da emenda, em abril assistiu-se ao crescimento da campanha pelas diretas. Realizaram-se comícios em Recife e Natal e, no dia 10, uma manifestação no Rio de Janeiro reuniu cerca de um milhão de participantes. No dia 16 do mesmo mês, 1,7 milhão de pessoas compareceram ao comício pró-diretas no vale do Anhangabaú, em São Paulo, transformando-o na maior manifestação popular da história do país. Nesse mesmo dia, o Executivo enviou ao Congresso o projeto de emenda constitucional Leitão de Abreu, alternativo ao de Dante, propondo, entre outros pontos, a eleição direta para presidente em 1988 e a redução para quatro anos do mandato do candidato vencedor no Colégio Eleitoral, que se reuniria em janeiro de 1985. Em seguida, foram decretadas medidas de emergência em Brasília, Goiânia e mais nove municípios de Goiás. Também limitou-se o direito de reunião e as emissoras de rádio e televisão foram proibidas de divulgar os votos do parlamentares na votação da emenda.

Na véspera da votação, as principais cidades assistiram a “panelaços” (manifestações acompanhadas por panelas sendo batidas) a favor das Diretas Já.

A emenda foi derrotada em 25 de abril, em razão de não ter atingido o quórum para que fosse enviada à apreciação do Senado. Contaram-se 298 votos a favor, 65 contra e três abstenções e deixaram de comparecer à sessão 112 deputados.

No Colégio Eleitoral, reunido em 15 de janeiro de 1985, Dante votou no candidato oposicionista Tancredo Neves, eleito presidente pela Aliança Democrática, união do PMDB com a dissidência do PDS abrigada na Frente Liberal, que derrotou o candidato do regime militar, Paulo Maluf. Tancredo não chegou a ser empossado na presidência, vindo a falecer em 21 de abril de 1985. Seu substituto foi o vice José Sarney, que vinha exercendo interinamente o cargo desde 15 de março.

Após a posse de Sarney, Dante defendeu a legitimidade do governo do presidente eleito e declarou-se contrário à proposta de realização de eleição direta em 1986, com a eleição para a Assembléia Nacional Constituinte. Durante os trabalhos legislativos, manifestou-se favorável ao reatamento das relações diplomáticas do Brasil com Cuba e à reforma agrária.

Em junho de 1985 licenciou-se para dedicar-se à campanha para a prefeitura de Cuiabá, tendo sido substituído pelo primeiro suplente, Paulo Nogueira. No mês seguinte sua candidatura foi homologada pela convenção do PMDB, em detrimento das pretensões do deputado estadual Rodrigues Palma. Em novembro, foi eleito com 60% dos votos válidos.

Em dezembro, ao receber no Rio de Janeiro o título de cidadão fluminense, voltou a declarar-se contrário à eleição presidencial direta em 1986, argumentando que prejudicaria os trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte, que seria empossada em fevereiro de 1987.

Empossado em janeiro de 1986, conclamou os vereadores de todos os partidos para que colaborassem com seu governo, pois a prefeitura estava com os salários do funcionalismo atrasados e era devedora do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS).

Quando da reforma ministerial, em fevereiro de 1986, iniciaram-se no PMDB discussões em torno da duração do mandato de Sarney. Declarou que a solução dependeria “do desempenho da nova equipe ministerial durante o ano de 1986 e da redução das taxas de inflação”. Defendeu, também, que o mandato de Sarney deveria ser fixado pela Constituinte, manifestando-se contrário à tese da manutenção dos seis anos, como estabelecia a Constituição de 1967.

No Ministério da Reforma e Desenvolvimento Agrário

Em maio de 1986, foi convidado pelo presidente José Sarney e aceitou assumir o Ministério da Reforma e do Desenvolvimento Agrário, em substituição a Nélson Ribeiro. Ao ser empossado, afirmou a disposição para o debate com os setores ligados à questão fundiária, com exceção da União Democrática Ruralista (UDR), criada por fazendeiros e que adotara “atitudes afrontosas contra o governo e contra o presidente José Sarney”. Afirmou também que o momento era de ação e de prática e que estava incumbido de implantar a reforma agrária com urgência e sem violência, dentro da lei.

O primeiro problema foi a escolha do presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), sendo indicado o gaúcho Rubens Ilgenfritz.

Em outubro de 1986, foi interpelado judicialmente no Supremo Tribunal Federal (STF) pela Associação dos Magistrados do Brasil e mais 13 juízes federais de São Paulo, para que explicasse declarações à imprensa responsabilizando a Justiça de primeira instância pelo atraso na execução do Plano Nacional de Reforma Agrária. Ainda nesse mês, reconheceu a existência de corrupção no INCRA e anunciou a divulgação de resultados de investigações de comissões de inquérito, até o fim do ano. Em novembro, defendeu a redução do mandato do presidente, ressalvando que esse assunto deveria ser amplamente discutido entre a liderança da Aliança Democrática e Sarney, antes de se levar uma proposta à Assembléia Nacional Constituinte. Defendeu também a realização de eleições exclusivas para presidente, sendo contrário à convocação do pleito para 1988, com as eleições para prefeitos.

No mês seguinte, foi iniciada uma crise envolvendo dirigentes do INCRA e o porta-voz da presidência, Fernando César Mesquita, que divulgara na imprensa denúncia de corrupção no órgão. Em 15 de dezembro, apresentou seu pedido de demissão do ministério, o que não foi aceito, tendo-se solucionado a crise com o afastamento do porta-voz.

Em março de 1987, na reunião da Executiva do PMDB, propôs a realização de um plebiscito interno para consultar as bases sobre a duração do mandato de Sarney e declarou a improbidade dos seis anos: “O atual governo sempre teve caráter de transitoriedade. Assim sendo, a Constituinte deveria fixar um mandato menor para o presidente ou até mesmo concluir pela convocação de diretas já ainda este ano, sem que isso se caracterize, como afirmam alguns, um golpe legislativo. Golpe é o mandato de seis anos.”

A defesa da duração de quatro anos para o mandato presidencial e a dificuldade de gerir o programa de reforma agrária culminaram, em 21 de maio, na saída do ministério. O pronunciamento feito por Sarney dias antes foi o estopim para o pedido de demissão. No discurso, o presidente estabeleceu seu mandato em cinco anos e exigiu que seus subordinados acatassem essa decisão. Ao deixar o cargo, Dante afirmou que não mais participaria da base de Sarney e que “o presidente atropelou a Assembléia Nacional Constituinte em sua soberania”.

No balanço de sua atuação no ministério, verificou-se que algumas das metas não foram cumpridas. Assentou apenas 23 mil famílias dentro da meta de 450 mil, fixada para 1986-1987. Em compensação, desapropriou 88 áreas para fins de reforma agrária — cerca de dois milhões de hectares —, enquanto todos os governos anteriores haviam desapropriado apenas 42. Durante a sua gestão, foram criadas oito varas de Justiça agrária. A pasta da Reforma Agrária foi ocupada pelo político pernambucano Marcos Freire.

Onze dias depois de pedir demissão, Dante de Oliveira reassumiu o mandato de prefeito de Cuiabá, com uma festa que reuniu os senadores Mário Covas e Fernando Henrique Cardoso, o deputado catarinense Luís Henrique, líder do PMDB na Câmara, e parlamentares de diversos estados. No exercício do cargo, enfrentou uma grave crise financeira, com salários dos funcionários atrasados e mais de 90% da receita comprometidos com a folha de pagamento.
Em janeiro de 1988, em declaração ao jornal Folha de S. Paulo, manifestou-se a favor da realização de eleições presidenciais ainda naquele ano e voltou a defender a duração de quatro anos para o mandato presidencial. No fim do ano, atribuiu o mau desempenho do PMDB nas eleições municipais à “ambigüidade ideológica” do partido com relação ao governo Sarney e defendeu o confronto entre a esquerda e a direita do partido, na convenção que se realizaria em março de 1989.
Nas eleições presidenciais de 1989, combateu a proposta do deputado Ulisses Guimarães (PMDB) de formar uma frente contra os candidatos Leonel Brizola, do Partido Democrático Trabalhista (PDT), e Luís Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), e defendeu o lançamento de candidato próprio do PMDB. Em fevereiro de 1990, desligou-se do PMDB e ingressou no PDT.
Em outubro de 1990, concorreu à Câmara pela coligação Frente Popular (PDT, PMDB, PT, Partido Socialista Brasileiro (PSB), Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), tendo sido o mais votado do estado, com 49.889 votos. Não conseguiu ser empossado, entretanto, pois a coligação não atingira o quociente eleitoral de 90 mil votos. Impetrou recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para garantir o mandato, não obtendo sucesso.
Em outubro de 1992, foi eleito novamente prefeito de Cuiabá, com 68,2% dos votos válidos. Tomou posse em janeiro de 1993. No primeiro ano, conseguiu regularizar o pagamento dos salários do funcionalismo, atrasados quando assumiu o mandato, e negociou a rolagem da dívida municipal.
Governador do estado
Em maio de 1994, disputou o governo, apoiado por uma ampla aliança denominada Cidadania e Desenvolvimento, integrada pela Frente Popular Democrática, formada por PDT, PMDB, Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), PCdoB, Partido Popular Socialista (PPS), PSB e PT, e pela Frentinha, integrada por Partido da Mobilização Nacional (PMN), Partido Social Cristão (PSC) e Partido Verde (PV). Embora a coligação contasse com o apoio de quatro dos candidatos à presidência — Luís Inácio Lula da Silva (PT), Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Leonel Brizola (PDT) e Orestes Quércia (PMDB) —, declarou que pedia votos apenas para Brizola, candidato de seu partido.
Em 3 de outubro de 1994, foi eleito no primeiro turno, com 471.104 votos, cerca de 67% da votação no estado. Foi empossado em janeiro de 1995, encontrando a administração praticamente falida, somando uma dívida equivalente a mais de três anos da receita líquida e com atraso de três meses no pagamento do funcionalismo. Além disso, a folha de pagamento consumia 91% da receita estadual e fora aumentada em fins de 1994, em conseqüência da aprovação de um novo plano de cargos, carreiras e salários pelo ex-governador Júlio Campos.
Em março, suspendeu o pagamento da parte dos salários do funcionalismo que excedia a mil reais.
Em maio, o presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Licínio Stefani, entrou com pedido de intervenção federal no estado no Supremo Tribunal Federal (STF), em razão de não se ter verificado repasse ao Judiciário da quantia correspondente aos salários de juízes e servidores estaduais em março, abril e maio.
Em julho, pagou a parcela dos salários do funcionalismo com títulos, chamados pela população de “pantanetas”, que podiam ser usados para desconto no Banco do Estado de Mato Grosso, no comércio e no pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Em outubro, o Ministério Público Federal no estado apresentou ação de inconstitucionalidade contra esses títulos, por considerar que não havia garantia de liquidação dos débitos feitos pelo estado com o papel. No mesmo mês, o governo obteve empréstimo da Caixa Econômica Federal (CEF) para atender às necessidades financeiras.
Em novembro, o presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso pediu novamente a intervenção federal no estado, porque o governador não estava repassando para o Judiciário os duodécimos referentes a setembro e outubro, em conseqüência dos cortes no orçamento de 1995. Em dezembro, o estado devia quatro meses de salários e não havia previsão de pagamento do 13º. Com um empréstimo na CEF, pagou parcelas devidas ao Judiciário.
Em julho de 1996, solicitou ao Tesouro a suspensão do pagamento da dívida estadual com a CEF por 90 dias. Ainda nesse mês, o estado recebeu recursos do Banco Mundial, a fim de financiar o ajuste da máquina pública. Em agosto, foi o primeiro governador a conseguir renegociar a dívida do estado com o governo federal, reduzindo de 46% da receita líquida para 15% o comprometimento mensal com o Tesouro e obtendo ainda uma antecipação de receita da privatização das Centrais Elétricas Mato-Grossenses (Cemat), de 38,5 milhões de reais. O ajuste foi conseguido com um corte de dez mil funcionários, a redução em 16% do custeio da máquina administrativa e a redução do déficit de 238 milhões de reais para 130 milhões de reais.
Em janeiro, firmou com o ministro da Fazenda, Pedro Malan, o protocolo do acordo de reestruturação da dívida estadual, determinando o refinanciamento de 729 milhões de reais em 30 anos. O acordo previu a realização de um programa de ajuste que impediria a contratação de novas dívidas e a redução do débito global do estado até o equivalente à arrecadação anual. O contrato para o refinanciamento da dívida, que completou a operação, seria firmado com o ministro da Fazenda em exercício, Pedro Parente, em julho.
Ainda em janeiro de 1997, a Executiva Nacional do PDT anunciou que solicitaria a expulsão de Dante, em razão do apoio do governador à aprovação, no Congresso, do projeto de emenda constitucional que permitiu a reeleição para os cargos do executivo. Quando da votação, o governador teria pressionado a bancada federal para que votasse a favor da emenda da reeleição. Antes que fosse implementada qualquer medida punitiva, deixou a agremiação e, em abril, filiou-se ao PSDB.
Em novembro, privatizou a Cemat, com o apoio das Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobrás) e do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Disputou com sucesso a reeleição em outubro de 1998, por uma coligação formada por PSDB, PSB, PMN e PV, obtendo 53,95% dos votos válidos. Em dezembro, anunciou um amplo programa de reformas com o objetivo de ajustar as contas do estado. As medidas anunciadas teriam sido decididas a partir de um estudo do ajuste fiscal proposto pelo governo federal. Foram enviadas, ainda, ao Legislativo uma nova lei para o ICMS e uma lei complementar com alteração das alíquotas para o sistema previdenciário estadual.
Nesse novo mandato à frente do Executivo estadual, por foi substituído em três ocasiões pelo vice Márcio Lacerda, mediante licenças por ele mesmo solicitadas devido a sérios problemas de saúde, causados por diabetes e por uma diverticulite aguda. Entretanto, conseguiu completar o seu segundo mandato consecutivo como governador de Mato Grosso em 31 de dezembro de 2002.



ÚLTIMOS CAPÍTULOS
Em seu último ano de mandato, o governo de Dante foi condenado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) a devolver mais de 12 milhões de reais por superfaturamento nas obras de pavimentação da BR-163, que liga Mato Grosso ao Pará. Conforme a decisão do TCU, os preços chegaram a ser superfaturados em até 500%.
Além disso, o processo aberto contra ele por seu envolvimento no caso Usimar – juntamente com a ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney, do Partido da Frente Liberal (PFL) –  levou-o a tentar justificar para a grande imprensa por que ele, como governador e membro do Conselho Deliberativo da Amazônia (Condel), em dezembro de 1999 teria aprovado o financiamento no valor de 1,38 bilhão de reais, aprovado pela Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) para a empresa Usimar, de propriedade de Roseana Sarney.
O projeto da Usimar chegou a ser classificado, pelos procuradores da Justiça, como “a fábrica de autopeças mais cara do mundo”: a Audi, por exemplo, teria investido 800 milhões de reais na fábrica de automóveis situada no Paraná. Segundo Dante de Oliveira, nessa reunião que afinal aprovou o projeto de Roseana – com o voto favorável dele – teria sido uma “reunião relâmpago”. Outro argumento também utilizado por Dante consistiu em que, na mencionada reunião, não teria sido lido o parecer do Ministério da Fazenda que apontava irregularidades nesse financiamento.
Todavia, não foi descartado o fato de que o voto favorável dado ao empreendimento de Roseana Sarney, por parte de Dante de Oliveira, teria “laços de gratidão”: a família de Dante tinha negócios em sociedade com a família de Roseana (empresários Armando de Oliveira, irmão de Dante, e Fernando Sarney, irmão de Roseana). E mais do que isso: Dante devia, ainda, ao ex-presidente José Sarney, o favor da sua indicação, em 1986, para o Ministério Extraordinário da Reforma Agrária.
Nos bastidores dessa história política, há informações de que o então presidente Sarney teria convidado Dante para o tal ministério como solução do tipo “válvula de escape”: para que o PMDB pudesse livrar Dante, pelo menos temporariamente, da desastrada administração que vinha realizando como prefeito de Cuiabá. Segundo a imprensa local, essa estratégia adotada teria dado certo: Dante acabou ficando pouco mais de um ano no ministério. Nesse período, a prefeitura de Cuiabá foi assumida pelo vice, coronel José Meireles, e parte dos problemas financeiros então existentes foram até sanados. Assim, portanto, Dante não interessava mais ao governo do presidente Sarney, mas foi substituído por ter sido incompetente no desempenho do cargo – segundo afirmações do ex-deputado Osvaldo Sobrinho, adversário de Dante na campanha ao governo estadual em 1994.
Nas eleições realizadas em outubro de 2002, o ex-governador acabou recebendo a sua primeira “condenação”: foi rejeitado pelo povo nas urnas, fracassando em sua tentativa de tentar uma vaga no Senado Federal na legenda do PSDB.
Em um dos últimos capítulos de sua carreira política, Dante chegou a sofrer a acusação de que o "comendador" João Arcanjo Ribeiro – preso em Cuiabá após ser condenado por liderar o crime organizado em Mato Grosso – bancara sua campanha à reeleição nas eleições de outubro de 1998, na qual havia conquistado o seu primeiro mandato à frente do governo estadual. O autor da acusação, efetuada em depoimento à Justiça Federal em 2003 e sempre negada por Dante, foi o ex-gerente Arcanjo Nilson Teixeira.
Dante ainda chegou a lançar uma nova candidatura a deputado federal, pelo PSDB, nas eleições programadas para outubro de 2006, porém veio a falecer em Cuiabá, ainda em plena campanha, em decorrência de uma infecção generalizada no dia 6 de julho de 2006, aos 54 anos de idade.
Era casado com Telma Pimentel Figueiredo de Oliveira, por ele nomeada secretária de Promoção Social durante sua primeira gestão à frente da prefeitura de Cuiabá (de 1985 a 1988) e, posteriormente, deputada federal por Mato Grosso na legenda do PSDB – eleita, pela primeira vez, em outubro de 2002, para a legislatura 2003-2007, e  reeleita em outubro de 2006, para a legislatura 2007-2011".


FONTE: Cristiane Jalles, Maria Letícia Correia e Arnaldo Marques, Dante Martins de Oliveira, Dante Martins de Oliveira, CPDOC/FGV.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

26 de abril

26 de abril

1892 – Golpe militar: Jango Mascarenhas organiza resistência

Prefeitura de Nioaque, fotografia do início do século passado

O líder sulista, João Ferreira Mascarenhas, promove reunião na Fazenda Estância, de Atanásio de Almeida Melo, no município de Nioaque para falar do golpe contra o presidente Manoel Murtinho, em Cuiabá e organizar a resistência ao coronel Barbosa que, a partir de Corumbá, na condição de comandante militar do Estado, chefiava o movimento rebelde, inspirado na posição política do general Antonio Maria Coelho, solidário ao marechal Deodoro, presidente deposto e, consequentemente, em oposição ao vice-presidente Floriano Peixoto, que assumiu o governo, com poderes ditatoriais em 23 de novembro de 1891.

Miguel Palermo, seguidor de Jango e seu colaborador registrou: 
 
“...as ideias manifestadas por Mascarenhas triunfaram, tendo-se disposto juntar o povo, restabelecer a legalidade e obstacular todos os atos do coronel Barbosa e seus adeptos na comarca, respondendo assim, em concordância com os movimentos da capital estadual.
Formou-se uma comissão especial, composta dos cidadãos João Ferreira Mascarenhas, Atanásio de Almeida Melo, Antônio Vicente de Azambuja, Joaquim Augusto de Oliveira César e Eduardo Peixoto Freire Geraldes, os quais firmaram um manifesto que, circulando de casa em casa e de morador em morador, com a máxima celeridade, cativou em pouco tempo os corações patriotas do município"


Na circular Jango Mascarenhas proclamava:

"Tenho compreendido que chegou o momento de poder demonstrar à Nação inteira os elementos valiosos com os quais contamos neste torrão do Estado, a nossa índole, a nossa vontade e o nosso amor à Pátria - e certamente um grande sacrifício, mas devemos juntar-nos para que os inimigos da ordem e da tranquilidade pública conheçam o próprio dever e respeitem a soberania popular, ultrajada por poucos ambiciosos, sustentados por um coronel insubordinado e rebelde ao governo federal e por oficiais indisciplinados que diariamente mancham a farda que deveriam manter impoluta".

O exército popular, organizado por Jango Mascarenhas, ocupou Miranda, tomou o quartéis do exército de Nioaque e Ponta Porã e assumiu o controle no Sul do Estado, assegurando o sucesso do contragolpe na região e contribuindo decisivamente com o restabelecimento da ordem constitucional no Estado, sob o comando de Generoso Ponce. Manoel Murtinho reassume o governo e Jango Mascarenhas consolida sua liderança política no Sul do Estado, voltando à Intendência de Nioaque".



FONTE: Miguel A. Palermo, Nioaque evolução política e revolução de Mato Grosso, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1992. Página 50.


26 de abril 

1892 - Confirmada república de Mato Grosso



Crescem os rumores da proclamação da República Transatlântica de Mato Grosso, feita por militares de Corumbá, resultante da golpe militar de 1892, que destituiu o governador Manoel Murtinho. O Jornal do Commercio, do Rio, transcreve notícia de jornal La Prensa da Argentina, desta data com o seguinte teor:

"O Rápido, que entrou no porto de Assunção as 7 horas da manhã de hoje, foi portador das mais graves do estado brasileiro de Mato Grosso.

Este paquete brasileiro havia saído há poucos dias deste porto em sua carreira ordinária até Corumbá. Chegando à vila Conceição encontrou-se o seu comandante com oito oficiais da armada brasileira, que o informaram de que vieram a bordo do vaporzinho Rio Verde até este porto, por terem resolvido não aderir à revolução. Estes oficiais chegaram hoje a Assunção a bordo do Rápido.

Estivemos esta tarde com o general Ewbank, nomeado presidente de Mato Grosso, em cuja presença deram-nos aqueles oficiais as notícias que transmitimos a nossos leitores.

Já se conhecia a decisão do povo de Corumbá de impedir que o general Ewbank tomasse posse da presidência, e que o coronel João da Silva Barbosa havia sido eleito para encarregar-se provisoriamente da direção dos negócios militares.

Posteriormente operou-se o regresso do general Ewbank a Assunção, do que também se teve oportunamente, conhecimento nesta capital.

O exército e a armada fazendo causa comum com o povo, depois de se recusarem a receber o general Ewbank, declararam-se agora nação independente, separando-se completamente da União Federal do Brasil.

O coronel Barbosa assumiu o comando do exército e da armada. Esta compõe-se do monitor Piauhy e das canhoneiras Fernandes Vieira e Iniciadora, sob as ordens imediatas do capitão-tenente Francisco Vieira que achava-se há pouco em Assunção.

Tanto a armada como o exército estão animadíssimos e dispostos a repelir qualquer força mandada pelo governo do Rio de Janeiro.

Mato Grosso constitui-se em República unitária e indivisível, adotando para sua bandeira as cores branca, azul e verde e uma estrela amarela. O Rio Verde já trazia esta nova bandeira.

Observa-se grande vigilância pelos navios do capitão Vieira, desde o rio Apa.

O arsenal de Ladário foi tomado pelo revolução.

O Diamantino estava disposto a seguir viagem hoje mesmo para Montevideo, levando os oito oficiais que transmitiram pelo telégrafo uruguaio estas notícias para o Rio de Janeiro.

O general prolongará a sua permanência em Assunção a espera dos resultados".

FONTE: Jornal do Commercio (RJ), 5 de maio de 1892.



26 de abril

1913 - Campo Grande tem sua primeira lei ecológica





Entra em vigor lei de iniciativa do vereador Amando de Oliveira que considera de utilidade pública terrenos que contenham matas e todas as aguadas e fontes que ainda se encontrem em terras devolutas. É intendente (prefeito) do município o sr. José Santiago.

FONTE: Edna Antonelli (coordenadora) 100 anos do Legislativo de Campo Grande, Prefeitura/Camara Municipal de Campo Grande, 2005, página 13.

26 de abril

1913 - Greve de ferroviários em Aquidauana. 

Reclamando atraso em seus pagamentos, ferroviários de Aquidauana, entram em greve, segundo toda publicada em jornal de Cuiabá:

"O pessoal da Noroeste declarou-se em greve hoje, não concorrendo ao serviço por falta de pagamento de seis meses de salários atrasados.

Os grevistas, em atitude pacífica, reclamam além dos salários atrasados, redução das horas de trabalho e morada gratuita nas casas construídas pela empresa.

Não correu trem de passageiros para Miranda.

Os grevistas tem tratado com toda deferência o engenheiro chefe, repelindo, porém, tentativas de conciliação, declarando só voltarem ao serviço depois de pagos os seis meses atrasados.

São gerais as simpatias aos grevistas, diante de sua justa e ordeira conduta". 

Apesar de justa e ordeira, por parte dos trabalhadores, houve extremada reação do comandante militar de Aquidauana ao movimento, conforme delata telegrama do advogado dos grevistas, Ries Coelho, em telegrama enviado ao jornal O Matto-Grosso, de Cuiabá:

"Por haverem recorrido ao meu patrocínio, requeri habeas-corpus a grande número de trabalhadores da Noroeste, violentamente presos na estação por não quererem trabalhar, logo após a chegada do trem de Miranda, pelo major Martins Pereira à frente da força do Exército, armada e embalada. Fui ameaçado mesmo pelo major em altas vozes, em frente ao hotel, perante muitos cidadãos, que já deram atestado por escrito, de que serei o primeiro a tomar bala, caso se der qualquer perturbação da ordem, aliás até agora não alterada, apesar das provocações.

Estão presos no quartel do Exército diversos trabalhadores, parecendo que não há autoridades civis ou que isto aqui é praça de guerra".


FONTE: O Matto-Grosso, Cuiabá, 5 de maio de 1913.

OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...