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quarta-feira, 9 de março de 2011

30 de agosto

30 de agosto

1734 - Cuiabanos atacam paiaguás



Parte de Cuiabá contingente armado de moradores da vila para dar combate aos índios paiaguás, ao longo do Pantanal. O episódio está nos anais do senado da Câmara:

Preparouse nesta vila a leva p.ª a dita Guerra tudo a custa do Povo, e sem despeza da Real Fazenda sem embargo de Sua Magestade a mandar fazer a custa della, e só tiverão o adjutorio de alguma Palavra com que asistio a Camara pelloz seoz bens. Despenderão liberalmente de suas fazendas para esta acção Antonio Pinto da Fonceca, o Brigadeiro Regente Antonio de Almeida Lara, Balthazar de Sam Payo Couto, Salvador de Espinha Silva, Antonio de Pinho de Azevedo, Antonio Antunes Maciel, seo irmão Fellipe Antunes Maciel, Antonio Pires de Campos, Pedro Vás de Barros, Antonio de Moraes Navarro, Gabriel Antunes de Campos, João Macha de Lima, Manoel Dias Penteado, Pedro Taques de Almeida, e outros varios que a sua custa prepararão canoas, armas, camaradas, e mais petreixoz necessarios. 

Sahio a Armada do Porto Geral desta Villa no primeiro de Agosto deste anno de 1734” composta de 28 canoas de guerra, oitenta de bagage, e tres balças, que erão cazaz portateis armadas sobre canoas. Oito centos quarenta e dous homens entre brancoz, pretos, e pardoz. Tudo o que era branco levava cargo e só se dezião Soldados os negroz, pardos, Indios e mestiçoz forão p.r Capelloens o Padre Fr. Pacifico dos Anjos, Religiozo Franciscano e o Padre Manoel de Campos Bicudo do habito de São Pedro com todos os paramentoz para se selebrarem Missa como o fazião dentro nas balças. | Rodarão Cuyabá abaixo, e Paragoay sem ver couza alguma de novidade por espaço de hum mez antes de chegar a bocaina virão ao serrar da noite fogos ao longe, e rodando mança mente sem extrondo acharão no barranco da parte esquerda pouzados alguns bugres, que dormião com seus fogos acezos, e tinhão as canoas embicadas em que andavão a espia da nossa armada, de que já tinhão noticia por revelação dos seus fiticeiros. Imbicarão as nossas canoas de guerra, dispararão-se lhes alguns tiros de mosquetes, levantarão se os bugres aturdidoz, deo se lhes huma carga serrada, em que morrerão quarenta, e escaparão quatro fogidos, pelo mato, que senão seguirão, tomou se hum vivo as mãos, que falava castelhano mal limado, dizendo que era castelhano catholico, que o não matacem não lhe valeo o pretesto, fizerão-no empicado, e as canoas em pedaços. Seguirão Rio abaixo tres dias e tres noites continuas sem pouzar, seria meya noite da terceira quando virão fogos ao longe por huma Bahia dentro da parte esquerda, emcaminharão se a elles remando sem estrondo, e ao romper da alva abeirarão o arayal do Gentio, que estava em hum campeste de terra alta a beira da agoa. Tocou hum negro huma trombeta, sem ser mandado, alvorosouse o Gentio, embarcarão se os guerreiros nas suas canoas a peleijar com a nossa Armada e huma grande chusma com suas algazarras custumadas; disparou se lhes huma carga de mosquitaria serrada, com que ficarão muitos mortos, e os mais acolherão se a terra, e em quanto isto se passou, muito dos que havião ficado no arayal escaparão em canoas cozidos com a terra por hum e outro lado, as quaes não passarão de dés, e os mais meterão se pela terra dentro que hera campestre com capoens de mato carrasquenho. Imbicarão as nossas canoas de Guerra, disparando sempre mosquetaria, com que matarão ainda muitos no Arrayal, lançouse logo a nossa Soldadesca ao alcansse dos fogetivoz pelo campestre dentro a fazer prezas, que logo aprezentavão aos officiaes, no que se ocuparão thé as duas horas da tarde. Recolhidos ao Arrayal contarão se duscentos secenta e seis prizioneiroz, e seis centos mortos por terra e nas agoas, que hera Bahia aonde não havia correnteza. Ficarão ainda muitoz espalhadoz | pelo mato dentro, que os nossos Soldados os não quizerão seguir, suspendendo a sua furia, por saberem que as prezas, que se aprezentavão ao Comandante no Arrayal, logo ahi as hia repartindo com os cabos, e pessoas principaes, e que elles nada tinhão daquela empreza, disserão huns para os outros = Venhão elles apanha-los se quizerem = e com isto se retirarão. Perecerão dos nossos dous negros e hum mulato mortos, pelas nossas mesmas armas as imbicar no Arrayal. Embarcarão-se a fazer pouzo fora daquele lugar, por estar inficionado com os cadaveres, e as agoas com o sangue que delles corria.

Consultou-se no dia seguinte Sesehouvera seguir o Gentio fugitivo thé dar se lhe fim, ou dar a função por acabada; foi a mayor parte dos rastos, que se seguice, não quis o Comandante fazelo com o pretexto de não chegar as Povoações Castelhanas, para que não tinha ordem de Sua Magestade, e falando se em procurar os que ficavão dispersos pelo mato afirmou a Soldadesca, que nenhum ficava, vendo elles o contrario, sentidos de que asprezas todas estivessem com dono, e elles com o trabalho, dizendo huns com outros = vão elles se quizerem = com isto voltarão dando a empreza por finda.


FONTE: Annaes do senado da Câmara de Cuiabá (1719-1830) folhas 18,19 e 20.

FOTO: meramente ilustrativa.


30 de agosto


1842Concorrência para estrada entre Piracicaba e o rio Paraná



Fundadores de Paranaíba entram em licitação para construção de estrada entre esta vila e a cidade de Piracicaba no interior paulista, nos seguintes termos:

Januário Garcia Leal e José da Costa Lima, moradores em Santana do Paranaíba comprometem-se a fazer a estrada que vai desta vila à barranca do rio Paraná pondo balsa no rio, fazendo todas as pontes, aterrados e cavas e seguindo a picada aberta por Joaquim Francisco Lopes. Comprometem-se mais em dar esta concluída em fins de 1844. Os suplicantes obrigam-se a trazer 12 carros e apresentar ditos carros em pátio desta vila e receberão então dois contos de réis. Obrigamos a fazer o retoque da estrada que o inspetor disse que não está bom. O suplicantes não exigem quantia adiantada, querem receber o dinheiro todo quando chegarem nesta vila com os carros para o que deve estar o dinheiro em mãos do procurador Domingos José da Silva Braga. Constituição, 30 de agosto de 1842. Januário Garcia Leal e José da Costa Lima.


Venceram a concorrência, assinaram o contrato em 1843 e entregaram a obra dois anos depois. Ao que se sabe, é a primeira ligação rodoviária entre São Paulo e o Sul de Mato Grosso.





FONTE: Hildebrando Campestrini, Santana do Paranaíba, de 1700 a 2002, 2a. edição, IHGMS, Campo Grande, 2002, página 30.






30 de agosto


1866Taunay escreve do Taboco


À frente das tropas brasileiras que deveriam protagonizar o episódio da retirada da Laguna, como integrante da comissão de engenheiros, Taunay volta a escrever ao pai, no Rio de Janeiro:

Aqui estamos acampados desde 2 de julho o que quer dizer há perto de dois meses. Os víveres não nos faltam mais: a abundância começa a reinar e mesmo os objetos de luxo vêem apresentar-se à nossa cobiça. Temos boa cerveja, vinho e até mesmo excelente manteiga.


O movimento comercial enfim se estabeleceu conosco e os carros de boi fazem ouvir sua melodia especial pelos caminhos impraticáveis do Pantanal. De modo que encontramos no nosso mercado toda espécie de roupa e já em nós se nota alguma faceirice na apresentação depois de havermos ficado reduzidos a um estado quase completo de nudez... o que contribui para a alegria geral e a melhoria sensível do estado sanitário da expedição.


A terrível paralisia que em menos de um mês levou oito oficiais no número dos quais se acha o nosso querido Chichorro da Gama, diminuiu de intensidade e as febres intermitentes resistem aos esforços dos médicos devido a falta completa de sulfato de quinina. Guardo como um tesouro os pacotinhos que V. me deu, reservando-os para uma ocasião em que forem necessários. Tenho creio que 120 gramas bem empacotadas numa caixinha de folha creio que é até um preservativo tê-los à mão, para infundir confiança no organismo e o salvaguardar das influências destes lugares pestilentos.


Meu álbum continua a enriquecer-se. Começo a temer em breve não ter mais página em branco, no entanto terei feito bastante desenhos. Minhas habilidades se aperfeiçoam sensivelmente e a coleção merece a atenção de todos. Tento desenhar as flores mais notáveis com todos os seus caracteres fitológicos e tomar bem os tipos de índios que me caem sob as vistas.


O coronel Carvalho está agora nos Morros onde passamos quatro meses e meio; vai tentar restabelecer a saúde alterada por pequena febre que já estava tomando o caráter muito sério de perniciosa. Do braço vai melhor e já tirou o aparelho.


Pelos relatórios que já foram entregues, quando V. receber esta carta de Trindade e Luiz, poderá ter idéia bem nítida desta localidade: Morros nascida da força das circunstâncias e que deverá desaparecer quando estas cessarem.
Alguns doentes das pernas o acompanharam para ver se uma mudança de clima traria alguma modificação ao seu estado mórbido e agora começa a evidenciar-se que só uma pronta retirada da Província poderá salvar os doentes.


Os dois oficiais que se safaram imediatamente acham-se melhor, começando a ter algum movimento nas pernas. 




FONTE: Taunay, Cartas de Campanha de Mato Grosso (1866), Mensário do Jornal do Commercio, Rio, 1943, página 170.



30 de agosto

1920 - Nasce Humberto Neder, o pioneiro das telecomunicações 


Humberto Neder (o primeiro à direita) com a família em 1954

Nasceu em Campo Grande, Humberto Neder, o quinto filho de Rachid Neder e Euzébia Neder. Iniciou seus estudos no Grupo Escolar Joaquim Murtinho e no Ginásio Dom Bosco, tendo concluído o fundamental e médio no Colégio Andrews no Rio de Janeiro. Ingressou na Faculdade Nacional de Direito do Rio, em 1942, interrompendo seus estudos para participar da II Guerra Munidial, em Monte Castelo, na Itália.

Terminada a guerra, Neder conclui o curso de Direito, casa-se com a mineira Nair de Toledo Câmara e retorna a Campo Grande, em 1947, e instala escritório de advocacia no edifício Nakao,atividade que exerce por pouco tempo para dedicar-se ao empreendedorismo. Após breve inserção no ramo imobiliário, associa-se a Michel Nasser e funda a companhia telefônica de Campo Grande, cuja inauguração aconteceu em 26 de agosto de 1957, com capacidade inicial de 1500 terminais na cidade. Em 1963 inicia-se o serviço interurbano com a primeira ligação de Campo Grande a São Paulo.

A Teleoste, como passou a chamar-se a empresa, ligou Mato Grosso ao mundo e foi a concessionária da telefonia no Estado até sua incorporação ao sistema estatal.

Em 1961, no auge do sucesso da companhia telefônica em Campo Grande, Neder e outros dirigentes da empresa de telecomunicações cria o Banco do Povo, com sede em Campo Grande e poucos meses depois de sua fundação,com filiais em Corumbá, Dourados, Presidente Prudente, Ponta Porã, Angélica, São Paulo e Rio de Janeiro. O Banco do Povo,inviabilizado a partir do golpe de 64, foi vendido por Humberto Neder a um grupo empresarial de Corumbá.

Na política, Neder (PTB) chegou a suplente do senador Filinto Muller (PSD),tendo assumido por 5 meses. Em 64 foi o primeiro preso político de Campo Grande, permanecendo encarcerado por 90 dias à disposição do Exército.

Humberto Neder faleceu em São Paulo em 30 de setembro de 2011. 



FONTE/FOTO: Cláudio Vilas Boas Soares, Humberto Neder, o pioneiro das telecomunicações, Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2010, páginas 14 e seguintes.


30 de agosto

2012 - Caso Breno e Leonardo. Truculência dispensável

Breno Luigi Silvestrini Araújo, 18 anos e Leonardo Batista Fernandes, 18 anos, e Leonardo Batista Fernandes, 19 anos, amigos desde a infância e estudantes universitários, foram assassinados em Campo Grande, depois de sequestrados, por uma quadrilha, que tinha por objetivo furtar seu veículo, uma Pajero e levar para o Paraguai para trocar por droga.

O homicídio foi desvendado quatro dias depois pela titular da Delegacia Especializada de Furtos e Roubos de Veículos (Defurv), que deteve cinco suspeitos: Rafael da Costa da Silva, 22 anos e sua esposa,  Dayani Aguirre Clarindo, 24 anos, Weverson Gonçalves Feitosa, 22 anos, e Raul Andrade Pinto (primo de Rafael) e um adolescente de 17 anos, irmão de Rafael.

O CRIME - Na noite do assassinato, quatro membros do bando, em um carro de passeio, próximo a um movimentado barzinho no bairro Miguel Couto, escolheram dois veículos e esperaram um dos condutores. Por volta das 20 horas, Leonardo e Breno saíram do bar e dirigiram-se à Pajero e foram rendidos. 

Weverson assumiu a direção do carro e Leonardo e Breno foram levados para o macroanel de Campo Grande, na saída para Aquidauana e Rochedo. No local, numa tubulação abaixo da rodovia, os jovens foram espancados e obrigados a ficar de joelhos. Breno foi o primeiro a ser executado, com um tiro na cabeça. Leonardo, recebeu um tiro na nuca, desferidos por Rafael.

A polícia civil agiu com agilidade. A primeira a ser presa foi Dayani. Em Miranda, quando viajava de carona em um caminhão. Em seguida, Silva foi detido em um matagal nas proximidades de Corumbá. Feitosa foi preso em sua casa na cidade de Aquidauana. Raul e o adolescente foram capturados em Campo Grande.

ESTREANTES - No inquérito a delegada concluiu que "essa é uma quadrilha isolada e diferenciada. Os integrantes foram movidos a participar da ação criminosa pelo dinheiro fácil. Eles iriam comprar cocaína para iniciar ação no tráfico de drogas.

Os suspeitos foram indiciados por latrocínio, sequestro, ocultação de cadáveres, formação de quadrilha e corrupção de menores.

CONDENADOS - Os seis acusados foram condenados a penas que, somadas, chegam a 209 anos de cadeia: Rafael da Costa da Silva, 42 anos e 4 meses; Raul de Andrade Pinto, 35 anos e 4 meses; Weverson Gonçalves Feitosa, 36 anos e 4 meses; Dayani Aguirre Clarindo, 33 anos e 4 meses; Edson Natalício de Oliveira Gomes, 29 anos e 8 meses e Jonilton Jacksin Leite de Almeida, 38 anos e 10 meses de prisão.

Com informações do G1-MS e do Campo Grande News.




segunda-feira, 7 de março de 2011

28 de agosto

28 de agosto

1835 - Capital de Mato Grosso muda-se para Cuiabá



Autorizada pela coroa portuguesa a mudar-se de Vila Bela da Santíssima Trindade para Cuiabá, a partir de 1820, somente 15 anos depois é que esta cidade é oficialmente declarada capital da província, por lei sancionada pelo presidente Pedro de Alencastro:

Lei n. 19 1835 - 28 de agosto

Art. 1. Fica declarada Capital da província de Mato Grosso a cidade de Cuiabá.

Art. 2. Ficam revogadas as Cartas Régias e mais disposições em contrário.¹

A defesa da mudança apresentou como argumentos, que Cuiabá possuía uma população superior a de Vila Bela, tinha uma melhor localização geográfica, pois era banhada pela bacia platina e através da navegação fluvial podia ter contato com as demais províncias brasileiras e até mesmo com os países platinos. Alegou ainda que a cidade era saudável e que a sua população podia contar com hospitais ao ficar doente.²

FONTE: Coleção das Leis Provinciais de Mato Grosso (1835-1912), ²Livro de Mato Grosso, aneste.org, capítulo 6.

FOTO: Cuiabá em desenho de Hercules Florence, (1826). 




28 de agosto


1886Bispo chega a Nioaque


Pedro José Rufino, herói da retirada da Laguna, na recepção ao bispo

Na primeira viagem de um prelado cuiabano ao Sul de Mato Grosso, Dom Luis, bispo de Cuiabá, após passar por Corumbá e Miranda, chega a Nioaque. Na cidade histórica o bispo é recebido por uma comissão de moradores, à frente o coronel Pedro Rufino, herói da retirada da Laguna e comandante militar da vila, segundo relatório do escriba da caravana católica: 

Ao anoitecer passamos o rio Urumbeva e logo depois entramos em Nioac.
À pouca distância das primeiras casas estava postada uma guarda de honra e reunida grande parte da população, destacando-se as pessoas mais gradas, entre as quais vi os srs. tenente-coronel Pedro José Rufino, rvmo. vigário, D. Vicente Anastácio, João Anastácio Monteiro de Mendonça, João Augusto da Fonseca, D. José Alvares Sanches Surga e o capitão honorário do exército Manoel de Castro Pinheiro. Ali o bondoso prelado dignou-se de apear fazendo assim um grande sacrifício, pois que viajara de sol a sol, inclementíssimo sol e tinha as pernas pesadas e o corpo consumido de fadigas. Foi então um porfiar de todos para beijar cada qual primeiramente as mãos de S. Exa. Rvma. Muito fogo do ar e repiques de sinos se fizeram ouvir nesse momento de concerto com a música militar que rompeu com entusiasmo o hino da independência. Finda esta parte do recebimento, que esteve aparatosa e animadíssima, S. Exa. encaminhou-se para a casa que lhe havia sido preparada, onde nada faltou para brilhante remate da recepção.



De Nioaque, o bispo segue para as fazendas Esperança e Santa Rosa, encerrando sua viagem em Campo Grande.




FONTE: Luis Philippe Pereira Leite, Bispo do Império, edição do autor, Cuiabá, sd., página 162. (foto reproduzida do livro Retirada da Laguna, de Taunay).


28 de agosto

1936 - Zoológico no jardim público de Corumbá

Artigo assinado por dr. Mello, publicado em jornal de São Paulo, sob o título Veados e Onças, dá conta da existência de um zoológico no passeio público de Corumbá:

"Parece que no Paraíso terrestre, antes de Eva ter ouvidos os conselhos da serpente, e dado a Adão um pedaço da maçã fatídica, os animais viviam na mais completa camaradagem, no mais doce contubernio.

A espada flamejante do anjo Gabriel, cumprindo a ordem de expulsão e para sempre, fechando as portas do Éden, apontou a guerra como norma de vida, tanto aos racionais como aos irracionais.

Nunca mais, desde então, uma onça encontrou um veado sem que desejasse beber-lhe o sangue e comer-lhe a carne.

Mas, numa linda cidade de Mato Grosso houve alguém que opôs embargos ao velho decreto e resolveu tentar a pacificação pelo menos das onças e veados.

No aprazível Passeio Público de Corumbá, o rende-vous predileto de sua melhor sociedade, às quintas e domingos, onde se realizavam saudosas retretas, foi construída sólida jaula para onde transportaram algumas onças de avantajado tamanho e lindas cores.

Ao redor da jaula foi feito um cercado onde ficaram presos esbeltos veados.

No começo era de ver os pinotes dos veados no delírio do pânico e o desespero das onças tentando forçar as grades da jaula na ânsia de um bom repasto.

Acabaram, porém, acomodando-se e os veados pastavam tranquilamente, passando rente à jaula, não demonstrando pavor de espécie alguma, ante os arreganhos e miados das onças.

Aliás, estas nada disso faziam agressivamente mas demonstrando tédio ou saudade da liberdade.

Não sei se até hoje, continua de pé essa fosquinha do anjo Gabriel.

O Brasil tem mudado tanto"...


FONTE: Correio Paulistano, 28/08/1936.



28 de agosto


1963 Congresso de municípios discute divisão


Reúne-se em Campo Grande o I Congresso dos Municípios de Mato Grosso. Prefeitos e vereadores da maioria dos municípios do Estado, elegem a primeira diretoria da Associação Estadual dos Municípios de Mato Grosso, que tem como presidente o prefeito de Rondonópolis, Sátiro Phol Moreira de Castilho (foto). No simpósio, segundo Paulo Jorge Simões Correa foi apresentada a tese divisionista pelo vereador de Campo Grande Oclécio Barbosa Martins:

A ideia da divisão de Mato Grosso, velha aspiração da gente sul-mato-grossense, ressurge novamente, ou melhor toma novo e vigoroso impulso, hoje aceita e defendida por outras regiões do Estado.
Ao ensejo da realização do 1° Congresso de Municípios Mato-Grossenses, em Campo Grande, primeira oportunidade de um encontro de representantes de todos os municípios do Estado, sem distinção de partidos, foi o problema submetido a plenário. Embora não tenha chegado a ser debatido satisfatoriamente, serviu, no entanto, para que os matogrossenses sentissem que o problema existe é palpitante e deve ser examinado com toda a atenção, estudado em todos os seus aspectos e, afinal, decidido com o pensamento voltado para o bem-estar da gente matogrossense e para os altos interesses da pátria.


A moção do vereador Oclécio Barbosa Martins seria foi aprovada no II Congresso realizado em 26 e 27 de outubro em Corumbá. 



FONTE: Revista BRASIL OESTE, São Paulo, n° 85. (imagem: mtaqui.com.br http://bit.ly/ihMkSn)


28 de agosto

1964 - Nasce Marquinhos Trad, vereador, deputado estadual e prefeito de Campo Grande

Filho de Nelson Trad e Terezinha Mandetta Trad, nasce em Campo Grande, Marcos Marcelo Trad. Estudou o fundamental e médio em Campo Grande e bacharelou-se em Direito pela Universidade do Rio de Janeiro. Como advogado, integrou a seccional em Mato Grosso do Sul da Ordem dos Advogados do Brasil como conselheiro, presidindo em seguida a Comissão de Ética e Disciplina. Integrou e presidiu o Tribunal de Justiça Desportiva do estado (TJD-MS).

Começou na vida pública como secretário municipal de Assuntos Fundiários, na primeira gestão do prefeito André Puccinelli (1997-2001) Eleito vereador em 2000 e deputado estadual em 2002, exerceu o mandato até 2016, quando venceu a primeira eleição para prefeito de Campo Grande, em substituição a Alcides Bernal (PP). Reelegeu-se em 2020, no primeiro turno.


Seu primeiro mandato foi marcado pelo enfrentamento à pandemia de coronavírus. 


FONTE: Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2021.


domingo, 6 de março de 2011

18 de agosto





18 de agosto


1826Expedição Langsdorff chega ao rio Pardo


Paisagem típica de Mato Grosso na aquarela de Adrien Taunay, o mais
jovem pintor da  Expedição Langsdorff
No 48º dia de viagem, a missão científica russa rumo a Mato Grosso e Amazônia, alcança a embocadura do Pardo no rio Paraná e passa a navegar em território sul-mato-grossense. Em seu diário de bordo, Hercules Florence anota:


Dia 18. Vimos umas laranjeiras que mão benfazeja ou o acaso havia feito nascer naqueles desertos. Colhemos alguns frutos ainda verdes, que contudo muito apreciamos.

Atingimos a embocadura do rio Pardo, célebre entre os paulistas, de um lado pelos perigos e canseiras que aí esperam o viajante ao querer vencer a força de suas correntezas e transpor numerosas cachoeiras e duas quedas; de outro afamado pela beleza das campinas em que corre e que, oferecendo à vista, já farta da monotonia de ininterrompidos matos, vastas perspectivas cortadas de outeiros, riachos e caapões, facilitam viagem terreste, enquanto as canoas sobem, lenta e custosamente, o estreito e tortuoso curso. (...)
"No meio desses campos ao caçador facilmente se deparam veados, perdizes e outros animais, cuja carne lhe enriquece a mesa, aumentando desta arte o prazer de atravessar tão bela região. O olhar não se cansa de admirar as cores várias que de todos os lados o embelezam: aqui é uma verdejante várzea; ali fica o cerrado com suas árvores baixinhas e engorovinhadas; adiante se alarga um campo de macega mais alta que um homem e de um colorido puxando a amarelo pardacento. Muitas vezes grandes áreas de terreno, colinas inteiras, apresentam um aspecto sombrio e negrejante: é que por ali passou uma chama devoradora, ateada pelo viajante. Os troncos ficam então despidos de folhas, requeimados pelo incêndio. Se, porém, medeiam quinze dias ou um mês, arrebenta viçosa verdura naquele fundo lúgubre a acinzentado.


Sobre o rio Pardo, Langsdorf, o chefe da missão registrou as seguintes impressões:

O rio Pardo tem de 25 a 30 braças de largura na foz, pelo menos quando o atravessamos hoje cedo. A água não étão clara como a do Paraná, não corre rápido, parece mais um rio morto,mas exige muito domínio por parte dos remadores ou daqueles que trabalham com as varas grandes. As margens são baixas,sobretudo a da direita. Por isso ela está sujeita a inundações, que formam lamaçais e pântanos, onde proliferam os mosquitos. Elas devem muito insalubres logo após essas enchentes. A maior parte das margens é de lamaçais e pântanos e são muito íngremes. Em alguns pontos, veêm-se algumas rochas isoladas e parecidas, formadas de conglomerados de seixos rolados, da mesma natureza das encontradas no Paraná, principalmente na margem direita do rio Pardo, perto da margem esquerda, mais alta, rio abaixo. Os mosquitos nos torturam tanto durante o dia como à noite.


FONTE: Hercules Florence, Viagem do Tietê ao Amazonas, de 1825 a 1829, Edições Melhoramentos, S. Paulo, 1941, página 39; Georg Heinrich von Langsdorff, Os Diários de Langsdorff, volume II, Fundação Oswaldo Cruz, Rio, 1997, página 195. (imagem: Peregrinacultural http://bit.ly/gFXfkC)






18 de agosto


1866 Taunay no Pantanal


Bignoniaceas da flora pantaneira


Do Taboco, à frente das tropas brasileiras, que combateriam na fronteira, na célebre retirada da Laguna, como integrante da comissão de engenheiros da expedição, Taunay escreve ao seu pai no Rio, dando as últimas notícias da guerra e do seu cotidiano: 

Envio-lhe algumas sementes interessantes de cássias e de uma magnífica bignoniácea. Esta última dá belas flores de um amarelo resplandecente, perdendo todas as folhas como o flamboyant ao lado do qual o paratudo como aqui lhe chamam, fará magnífico aspecto. Seu nome lhe inculca as importantes virtudes medicinais: entre os índios é verdadeira panacéia. A cássia floresce da mesma maneira em azul; parece um pedaço do céu entre os galhos. (...)


Já sofremos bastante, provados pelos mais cruéis padecimentos, curtindo fome, no meio da mais horrível incerteza durante muitos meses, temos direito ao descanso. O pobre Chichorro, de nossa Comissão, pagou com a vida o passeio pelos pantanais e outro de nossos companheiros o dr. Capitolino, viu-se obrigado a retirar-se para o Rio. Todas as outras partes da expedição foram assim cruelmente provadas. Os riscos de uma grande batalha são infinitamente mais desejáveis; a falta de coragem não pode existir quando se possui o sentimento firme do dever e da dignidade. No nosso reconhecimento à margem esquerda do Aquidauana, onde muitas vezes passamos para a esquerda vigilantemente ocupada pelos inimigos, com o meu bom revólver à cinta estava bem tranqüilo e disposto a tudo que nos sobreviesse. Fizemos quanto queríamos e graças a um pouco de precaução nada nos aconteceu. Por fim só tínhamos 12 índios para nos acompanhar, como já lhe contei em várias cartas.



FONTE: Taunay, Cartas de campanha de Mato Grosso (1866) in Mensário do Jornal do Commercio, Rio, janeiro de 1943, página 170.






18 de agosto


1892 Nasce em Rosário Oeste, Arnaldo Estevão de Figueiredo


Arnaldo Estevão de Figueiredo aos 27 anos
Filho de Antônio Estevão de Figueredo e de Antônia Maria Almeida de Figueiredo.Aos doze anos ingressa no Liceo Cuiabano, saindo bacharel em Ciências e Letras em 1911. Com bolsa do Estado, oferecida pelo presidente Pedro Celestino, estuda engenharia agronômica, em Pelotas, no Rio Grande do Sul, formando-se em 1914. Em 1917 muda-se para Campo Grande, onde ingressa na política. Em 1920, vice-intendente, assume a intendência municipal, com a renúncia do titular, no último ano do triênio. Em 1924, volta à chefia do executivo, desta vez como intendente eleito, sucedendo ao advogado Arlindo de Andrade Gomes. Sua obra principal foi a implantação da primeira rede de água. Em 1947, elege-se primeiro governador de Mato Grosso, depois da ditadura de Vargas. 


FONTE: Lélia Rita E. Figueiredo Ribeiro, Campo Grande o homem e a terra, edição da autora, Campo Grande, sd., página 149 (foto reproduzida do mesmo livro)


18 agosto


1967 – Deputados pedem afastamento do governador Pedrossian



Por iniciativa do deputado Júlio de Castro Pinto (foto), a Assembleia Legislativa em Cuiabá, recebe projeto de resolução decretando o impeachment do governador Pedro Pedrossian:

Artigo 1º. – É reconhecido o impedimento do sr. Pedro Pedrossian para exercer o cargo de Governador do Estado, por força do decreto do presidente da República, de 28 de fevereiro de 1967, que o demitiu do cargo de engenheiro nível 22 do quadro da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, do Ministério de Viação e Obras Públicas, por haver, no exercício da Superintendência dessa ferrovia, praticado as faltas graves enumeradas nos números I, VI e X do artigo 209 dessa lei impõe a cláusula ‘a bem do serviço público’ e por haver reincidido nas mesmas faltas no desempenho do governo estadual.


Artigo 2º. – Seja convocado o vice-governador do Estado, dr. Lenine de Campos Povoas, para assumir o governo em substituição ao titular impedido, cumprindo-se o que determina o § 4º. do artigo 31, combinado com o n. I do artigo 14 da Constituição do Estado, dentro do prazo de 10 dias desta data, sob pena de ser o cargo declarado vago, na forma prevista pelo § 3º do artigo 32 da mesma Constituição.


Artigo 3º. – Ao promulgar a presente Resolução, assume o exercício do governo do Estado o presidente da Assembleia, permanecendo nele até a posse do vice-governador, a quem transferirá o exercício do mandato, dentro do prazo referido no artigo anterior.


Art. 4º. – A presente Resolução obriga desde a sua promulgação, nesta data, revogadas as disposições em contrário.


Sala das sessões da Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso, em Cuiabá, 18 de agosto de 1967. aa) Júlio de Castro Pinto, Ubaldo Barém, Oscar Soares, Nunes Rocha, Celso Amaral, Alexandrino Marques, Nelson Ramos, Augusto Mário, Oliveira Lima, Milton Figueiredo, João de Paula Ribeiro, Reinaldo Moraes, Cleômenes Nunes, Walter de Castro, Américo Nassif, Sebastião Cunha, Valdevino Guimarães.



FONTE: Rubens de Mendonça, História do Poder Legislativo de Mato Grosso, Assembléia Legislativa, Cuiabá, 1967, página 335.



18 de agosto

2014 - Morre padre Mário, um dos fundadores do CIMI

   




Padre Mário comemorou ano passado 60 anos de vida sacerdotal. (foto: divulgação)
Morreu em Campo Grande o padre salesiano Mário Panziera, que estava internado há cerca de duas semanas no Hospital da Unimed (antigo Miguel Couto), na Capital. De acordo com o laudo médico, a causa da morte foi falência múltipla dos órgãos. Ele foi um dos fundadores do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), pároco da São José e ajudou a criar 16 novas comunidades católicas na Capital.

Padre Mário nasceu em 7 de janeiro de 1927 em Selva del Montello, na Itália. Ele chegou ao Brasil em 1947, aos 20 anos de idade. Foi ordenado sacerdote aos 26 anos na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, em São Paulo (SP), pelo bispo salesiano Dom João Rezende Costa. O lema escolhido para ilustrar a sua vocação foi “conservai a unidade do espírito no vínculo da paz” (Ef: 4,3).

Depois de ordenado, atuou nas aldeias São José de Sangradouro, Sagrado Coração de Meruri Marcos, com as etnias Bororo e Xavante, no Mato Grosso. Em 1972, ajudou a fundar o Conselho Indigenista Missionário (CIMI).

Em 1976 veio para Mato Grosso do Sul, assumindo a função de diretor da comunidade salesiana de Indápolis (Dourados) - composta por uma casa de formação, o Instituto Dom Bosco, e pela Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora. Atuou como pároco em Cuiabá (Paróquia São Gonçalo), São José (Campo Grande), Nossa Senhora Auxiliadora (Campo Grande) e novamente em Indápolis com a função de pároco – local onde celebrou os 60 anos de vida sacerdotal em 2013.

Na Capital, de 1995 a 2008, foi o responsável pela construção de 16 comunidades católicas, três delas elevadas à paróquia: Maria Medianeira das Graças (Vila Popular); Sagrado Coração de Jesus, que se tornou a Paróquia Coração Eucarístico de Jesus (Bairro Coophatrabalho) e a Paróquia São Francisco de Sales, antes Comunidade São Pedro (Bairro Recanto dos Pássaros). Como pároco ele sempre deu prioridade à atuação de todos os movimentos pastorais da Igreja Católica.

Neste último ano foi confessor e acompanhou os formandos do Pós-Noviciado no Instituto São Vicente, em Campo Grande.


FONTE: Michel Faustino, Campo Grande News 

FOTO: Assembleia Legislativa de MS.


16 de agosto

16 de agosto


1869Frei Mariano de Bagnaia é libertado


Preso em Miranda a 22 de fevereiro de 1865, no início da guerra do Paraguai, frei Mariano de Bagnaia é  “levado para Nioaque, para as margens do rio Apa e dali para Assunção onde já se encontrava encarcerado seu colega frei Ângelo Caramânico. O frei Mariano foi por ordem superior encerrado numa casa velha, há muito tempo abandonada, sob cujo assoalho as cobras tinham feito seus esconderijos. Deram-lhe por cama um catre velho e nojento, infectado por uma infinidade de percevejos, pulgas e outros insetos.

De Assunção foi removido para Ascura na Cordilheira e depois transportado para o presídio de Caacupê. E por fim frei Mariano de Bagnaia foi removido para o presídio de Parrero Grande. Em 16 de agosto de 1869 foi libertado pelo exército brasileiro”. 


Em sua volta a Mato Grosso, frei Mariano assume a paróquia de Corumbá, sendo a construção da igreja da Candelária sua obra mais duradoura na cidade branca. Uma das principais ruas de Corumbá tem o seu nome.



FONTE: Frei Alfredo Sganzerla, A história de Frei Mariano de Bagnaia, Edição FUCMT-MCC, Campo Grande, 1992, página 200. (retrato: Retirada da Laguna, de Taunay)




16 de agosto


1872 Iniciada a demarcação de limites entre Brasil e Paraguai



General Rufino Eneias Gustavo Galvão



Na confluência do Apa principiam as operações de campo na demarcação dos limites entre Brasil e Paraguai, chefiadas pelo coronel Rufino Enéias Gustavo Galvão, o visconde de Maracaju, que para “desempenhar a incumbência que lhe fora cometida – segundo Virgílio Correa Filho – fez-se mister o auxílio de contingente militar de 50 praças de infantaria e 10 de cavalaria, sob o comando do major Antônio Maria Coelho. De outra maneira não seria exequível a magna tarefa, a que os nativos se oporiam, decididos a impedir a entrada de estranhos em seus domínios.” 



FONTE: Rubens Aquino, Tererê, in Ciclo da Erva-Mate em Mato Grosso do Sul 1883-1947, Instituto Euvaldo Lodi, Campo Grande, 1986, página 350.


sábado, 5 de março de 2011

6 de agosto

6 de agosto


1905 Rondon em Rio Brilhante


Palacete de Domingos Barbosa Martins (Gato Preto), construção do início do século XX. 

Em viagem de inspeção e reconhecimento ao Sul do Estado, após completar a ligação telegráfica, com a inauguração da estação de Bela Vista, Rondon chega a Rio Brilhante, então, Entre Rios:

Prosseguia a exploração de S. Tomás em direção a Vacaria, através de fazendas e cabeceiras, cujos nomes o guia em geral ignorava como ignorava às vezes, qual a melhor direção a tomar. Na margem esquerda do Brilhante perdi o meu guampo – um belo copo de chifre com lavores de prata – que usava desde 1894.


Depois passamos pela fazenda Boa Vista, de um gaúcho simpático que, a meu ver, um governo clarividente aproveitaria para chefe político desta zona.
Continuamos a explorar rios, varar cabeceiras, passar em fazendas, tirando fotografias em todo o percurso.


Perto da cabeceira do Pulador, viam-se uns blocos de pedras grés – pedras brancas. Fotografei-me em cima desse bloco, pensando no esforço que faz cada um de nós para ser o melhor instrumento possível na obra de elevação da espécie, pensando no grande regenerador e na necessidade de se difundirem seus ensinamentos, para favorecer aquela elevação...


Chegamos a 6 de agosto ao novíssimo povoado de Entre Rios, fundado em 1º de janeiro de 1904 pelo sr. Chico Cardoso. O povoamento começara, realmente, em setembro e fora tão rápido que as observações astronômicas já haviam sido feitas na frente da casa da escola. Ocupado nesse serviço, não me fora possível receber pessoas que me vieram visitar. Tirei depois fotografias da escola e dos habitantes da povoação.




FONTE: Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, página 195.


FOTO: do livro Memória janela da História, de Wilson Barbosa Martins



6 de agosto

1920 - Suspensão de crédito bancário paralisa venda de gado em Corumbá

A suspensão dos financiamentos bancários em Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso, paralisa a comercialização de venda de gado na região pantaneira. A Associação Comercial de Corumbá, recorre à interferência de sua coirmã no Rio de Janeiro:

"Diante da situação cada vez mais aflitiva com que vem lutando esta e outras praças do Estado, por escassez de numerários, agora agravada pela falta de entradas de boiadeiros de Minas e São Paulo, que consta não têm podido conseguir numerários dos bancos daquelas praças para fazerem suas compras de animais, de gado neste Estado, somos obrigados, em tão difíceis emergências, solicitar uma vez mais o seu valioso concurso junto ao Exmo. Sr. ministro da Fazenda, no sentido de ser levado a efeito, com possível urgência, transformação do Banco do Brasil em aparelho emissor e resdesconto, única solução prática no conceito geral, capaz de solucionar tão premente situação, no sentido, aliás, manifestado por outras nossas coirmãs, como nós, empenhadas efetividade daquela bem orientada patriótica medida do governo - Maciel, presidente - Estevão Silva - secretário".





1929 - Criado o Centro da Colônia Boliviana em Campo Grande

Por ocasião das comemorações do dia da independência de seu país, cidadãos bolivianos residentes em Campo Grande decidem criar o Centro Boliviano em Campo Grande. O evento é destaque no Jornal do Commercio:

"A comemoração da data de 6 de agosto, inesquecível para todos os bolivianos, foi feita este ano entusiasticamente pela laboriosa e honrada colônia boliviana domiciliada entre nós.

Deliberaram os bolivianos escolher a data inolvidável da emancipação política de sua grande Pátria para a solene fundação do Centro da Colônia Boliviana, o que foi realizado com tocante simplicidade e grande concorrência.

Assistiu a colônia, inocrporada e conduzindo o estandarte social com as gloriosas cores nacionais da Bolívia, a uma missa na igreja matriz, em que oficiou o rev. Pe Caitano Patané o qual lançou a bênção católica ao pavilhão do Centro da Colônia Boliviana, que era conduzido pelo sr. José Santos Zabella.

Em seguida imigram-se todos os bolivianos, acompanhados pelo respectivo vice consul sr. dr. Jayme F. de Vasconcelos e pelo rev pe. Patané para o edifício do vice-consulado de Bolívia, onde, depois de terem sido tiradas algumas fotografias, lhes foi servido café, biscoitos e vinho do Porto.

Nessa ocasião, o sr. vice-cônsul em rápidas mas expressivas palavras, congratulou-se com a colônia boliviana pela eloquente prova de seu patriotismo que estava dando, naquela comemoração festiva da grande data da independência da gloriosa Bolívia, que disse ter orgulho em representar, pela incompatível nobreza das suas altivas atitudes, como também se sentia desvanecido em dirigir a colônia boliviana de Campo Grande, pela sua operosidade e honradez. Terminou convidando todos os bolivianos a terem sempre bem vivo, dentro d'alma e dos corações o mais nobre de todos os sentimentos humanos e acendrado amor da Pátria, e convidou a todos a acompanharem-no num caloroso via a Bolívia".

FONTE: Jornal do Commercio (Campo Grande), 8 de agosto de 1929.

 

6 de agosto


1932Sob censura, filme de Campo Grande estréia no Rio de Janeiro

 
 
Alexandre Wulfes,apoiado no tripé, a atriz Conceição Ferreira, 
o produtor Líbero Luxardo e o galã Egon Adolfo




















































                   
Depois da sessão especial para a imprensa em 19 de julho, é exibido no cine Eldorado, com grande sucesso de público, Alma do Brasil, totalmente filmado no Sul de Mato Grosso e produzido em Campo Grande. A exibição há menos de um mês do início da guerra civil paulista, resultaria no corte das cenas onde aparecia o general Bertoldo Klinger, comandante das forças rebeldes. Essa censura omitida pela imprensa e minimizada pelos diretores do filme, seria confirmada cinquenta anos depois por seu produtor Alexandre Wulfes, numa entrevista ao pesquisador José Octávio Guizzo:

Como o filme tinha sido gravado em Vitaphone, em disco, nós estávamos em plena revolução de 32, e o Klinger tinha sido preso, né, aquela situação toda, ele não podia aparecer, então o filme foi apreendido em plena exibição, enquanto estava no Eldorado, então recebemos cópia e apelamos,então em todo trecho em que aparecia o Gen. Bertoldo Klinger teve que ser cortado, mas não podia ser cortado simplesmente porque era sincronizado em disco e não gravado na fita, então saia fora do sincronismo, os ruídos, então a ínica coisa que consegui fazer foi convencer a polícia da época, que eu podia, que não queria me dar prejuízo também nessaocasião, o deputado Generoso Ponce, que naturalmente tinha muito prestígio e o Filinto Muller que era matogrossense aquela turma toda que era da polícia, todo mundo intervieram e chegamos à conclusão que nos trechos em que tinham sido cortados do filme, eu coloquei uma viragem, botei um quadros pretos, mas como uma viragem, uma divisão de quadros em que deixei um riscozinho vermelho, para que o público notasse que ali essa cena falava,e porincrível que pareça toda vez que entrava uma cena cortada em que aparecia o risco vermelho, o cinema vinha abaixo em aplausos...

A crítica, favorável desde a primeira exibição, considera o esforço dos empreendedores superior às dificuldades enfrentadas, responsáveis diretas por todos os defeitos da produção. O comentário a seguir foi publicada na edição de 10 de agosto do jornal O Globo:

A mesma pena que traça a apreciação de um filme produzido nos confortáveis e muito bem aparelhados ‘stúdios’ europeus ou americanos não pode desobrigar-se com idêntico rigor, em tendo de falar de uma película nacional, cuja indústria continua em embrião, e muito menos quando essa película tenha sido feita com a escassez de recursos e a deficiência de elementos que os empreendedores de ‘Alma do Brasil’ enfrentaram. Pode rebater-se em contraposição a benevolência que é exigida neste caso com o argumento de ter sido, então, preferível não confeccionar tal filme. Sem recursos de ordem técnica, além dos mais elementares, melhor seria não fazer, a fazer trabalho que deixa de resistir a uma análise mesmo superficial, só vivendo da benevolência e do patriotismo de quem vá assisti-lo. Não deixamos de concordar com os que assim pensam, mas repugna-nos o desencorajamento aos que tem seu ideal e sobrepondo-se a todas as contrariedades conseguem levá-lo de vencida. É o caso de ‘Alma do Brasil’, e aí está porque, feitas as devidas reservas, o consideramos uma iniciativa louvável.


Só ontem pudemos assistir esta obra de tenacidade, valendo por um bom documento da energia, da perseverança e da fé dos que sonham em fazer cinema nesta terra. Todos os defeitos desse trabalho – desde a morosidade do entrecho, passando pela fotografia deficiente e indo até o trabalho bisonho dos intérpretes – ficam sumidos diante do esforço dos homens que realizaram esse filme, que ainda assim nos dão algo de interessante na reconstituição no feito imortal da Retirada da Laguna e a cooperação das tropas do exército à filmagem.


"Alma do Brasil" levanta a hipótese do que serão as películas de propaganda inteligente de nosso país, traçadas com amplos recursos de toda a espécie, inclusive a colaboração do elemento oficial, a exemplo do que é feito nos Estados Unidos, onde anualmente se fabricam uns tantos filmes de sua exclusiva propaganda.


O Eldorado apresenta "Alma do Brasil" com os habituais números de palco, tão ao sabor do seu público e vem obtendo boas casas – C.





FONTE: José Octávio Guizzo, Alma do Brasil, edição do autor, Campo Grande, 1984, páginas 21 e 69.


2 de agosto

2 de agosto
 


1866Paraguaios deixam Nioaque





Após ocupar a vila por quase dois anos, o exército de Solano Lopes abandona-a, não sem antes incendiá-la. Quando, a 24 de janeiro do ano seguinte, as tropas brasileiras rumo à fronteira, chegaram ao local, Taunay viu por toda parte vestígios do incêndio, poupadas “apenas duas casas e uma pequena igreja de pitoresca aparência. À primeira vista - observa Taunay - agrada o aspecto geral do lugar. De um lado, o povoado e o ribeirão chamado Urumbeva; do outro, o rio Nioac, cujas águas confluem cerca de 900 metros para trás da igreja, deixando livre, em torno desta, à direita e à esquerda, um espaço duas vezes maior. Pequena colina fica-lhe em frente, a pouca distância".  



FONTE:Taunay, A Retirada da Laguna, 14a. edição, Melhoramentos, São Paulo, 1942. Página 37.

IMAGEM: Reprodução do livro Epopéa da Laguna, de Lobo Viana, Imprensa Militar, Rio de Janeiro, 1920, in José Vicente Dalmolin.



2 de agosto


1876 - Baronesa tem concessão para explorar metais em Corumbá




Pelo decreto n° 6273, o governo imperial dá concessão à viúva baronesa de Vila Maria para explorar ferro e outros metais na sua propriedade de Piraputangas e São Domingos, em Corumbá. Esse foi o resultado das idas e vindas do latifundiário Joaquim José Gomes da Silva, o barão de Vila Maria, ao Rio de Janeiro, desde 1870, onde o proprietário da antiga fazenda das Piraputangas fora ao governo "tratar de ver os meios de desenvolver a mineração do ferro na sua propriedade, refere-se às camadas de itabirito dos arredores de Corumbá e diz ter colhido do leito do Piraputangas amostras de ferro e manganês".

O Barão de Vila Maria, de volta da Corte, faleceu em viagem, cabendo à viúva, dona Maria da Glória, a concessão, sucessivamente prorrogada em 1878 e 1882.

A exploração predatória chegou a exaurir o minério e a própria vitalidade do solo de Piraputangas. Alguns córregos secaram por alterações causadas por mineradores, algumas condenadas pela justiça. O local foi transformado em parque ecológico em 2003, administrado pelo município. Pesquisas indicam que o parque abriga 94 espécies entre a flora e a fauna, com 39 plantas, 25 mamíferos e 13 répteis, numa área de 1300 hectares.


FONTE: Miguel Arrojado Ribeiro Lisboa, Oeste de São Paulo, Sul de Mato Grosso, Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2010, página 110. 




2 de agosto



1894Mate Larangeira incorpora banco



O Banco do Rio Mato Grosso, criado pelos irmãos Murtinho para explorar o ervais do Sul de Mato Grosso entra em liquidação e seu espólio é arrematado por 2.250 contos de réis pelo acionista minoritário Thomaz Larangeira, que retoma o controle da empresa que, “continuou naquilo que sabia fazer: colher, transportar e exportar a erva-mate, através de suas associadas platinas. Em vários exercícios financeiros acusou receitas superiores a de Mato Grosso, tendo mais de uma vez socorrido com empréstimos de vulto ao Tesouro Estadual.”



FONTE: Otávio Gonçalves Gomes, Dom Tomaz, in Ciclo da Erva-Mate em Mato Grosso do Sul 1883-1947, Instituto Euvaldo Lodi, Campo Grande, 1986, página 412.




2 de agosto


1916 – Morre em Corumbá, o coronel João Antônio Rodrigues


Aos 72 anos, gaúcho de Porto Alegre, herói da guerra do Paraguai, mudou-se para o Sul de Mato Grosso, em 1876, por recomendação médica. Em 1879 foi nomeado delegado de polícia, função em que permaneceu por 8 anos, juntamente com sua dedicação ao jornalismo. Em 1884 fundou o semanário A Gazeta Liberal, órgão do Partido Liberal ao qual se filiou. Em 1888 fundou o jornal O Escravo, dedicado à causa abolicionista. Em 1893 criou O Eco do Povo e 1904, O Autonomista. Provisionado em 1889, “exerceu a advocacia com bastante inteligência, sendo apontado em Corumbá como um dos mais hábeis profissionais.” 


FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, 2a. edição, Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 70.

OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...