sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

17 de junho

17 de junho


1867 – Taunay deixa o Aquidauana de volta ao Rio



Homenagem a Taunay no quartel do exército em Aquidauana, inaugurada em 1923.




Encerrada oficialmente a retirada da Laguna, o tenente Taunay deixa o Porto Canuto, à margem esquerda do rio Aquidauana com destino ao Rio de Janeiro:

Parti do acampamento do Canuto, junto à margem esquerda do rio Aquidauana, às dez horas da manhã de 17 de junho de 1867. Para me servir de companheiro e vaqueano na transposição do despovoado e dilatadissimo planalto de Camapuã, comigo vinha o tenente do corpo policial de São Paulo, João do Prado Mineiro, e acompanhavam-nos o oficial mecânico Wandervoert, belga de nascimento, que acabara o seu tempo de contrato como contramestre das forças da artilharia La Hitte e na terrível retirada havia dado provas de não pouco valor, e mais três soldados de infantaria, além do meu camarada Jatobá, retinto e lustroso como jacarandá envernizado, beiçudo, metido a gaiato, bom diabo, embora bastante preguiçoso em mexer nos pousos o corpanzil, mas andarilho a valer, sempre alegre em todo o caso.


Dois magros cargueiros levavam numas bruacas velhas muito sacudidas, de tão vazias, os parcos mantimentos – carne seca, feijão, arroz, farinha, um pouco de toicinho e mais uma raçãozinha de sal, necessários para alcançarmos a vila de Santana do Paranaíba, à entrada da região efetivamente habitada, uma vez atravessadas as vastas solidões interpostas.

Montava eu a minha alta e vistosa besta rosilha, bom animal, ainda que já precisando de descanso, e que me custara quatrocentos mil réis; o João Mineiro, cavalo agreste mais resistente e menos mau, apanhado não sei onde, o belga um burrinho manhoso e empacador. Os camaradas seguiam a pé.




FONTE: Taunay, Memórias, Edições Melhoramentos, SP, 1946, página 258.






17 de junho


1947 – Rejeitada mudança da capital de Mato Grosso



Italívio Coelho, deputado constituinte de Mato Grosso


Emenda na Constituição, de iniciativa da bancada do Sul, previa a mudança da capital, de Cuiabá para outra cidade do Estado em caso de calamidade pública. A emenda foi derrotada por 15 votos a 14, com o voto de minerva do presidente da Assembléia Legislativa.

Votaram a favor da emenda os deputados José Fragelli, Rádio Maia, José Gomes Pedroso, Adjalmo Saldanha, Oclécio Barbosa Martins, Cacildo Arantes, Otacílio Faustino da Silva, Italívio Coelho, Salviano Mendes Fontoura, Audelino F. da Costa Sobrinho, Jary Gomes, Waldir dos Santos Pereira, José Gonçalves de Oliveira e Lício Borralho. Votaram contra André Melchiades de Barros, Clóvis Hugueney, Gervásio Leite, Luis Felipe Pereira Leite, José Henrique Hastenreiter, Guilherme Vitorino, Antonio Ribeiro de Arruda. Rachid J. Mamed, Sebastião de Oliveira, Oátomo Canavarros, Licínio Monteiro da Silva, Benedito Vaz de Figueiredo, Lenine Póvoas e Penn Gomes de Moraes.¹

A proposição de carater visivelmente separatista jogou a opinião pública cuiabana contra os deputados sulistas. “Queriam até nos dar um banho de chafariz lá na praça de Cuiabá”, confessa o constituinte Italívio Coelho, para quem, “entre nós deputados, não havia a intenção de dividir. Os políticos do sul do estado queriam ter igualdade de poder.”²


Depoimento do ex-deputado Salviano Mendes Fontoura ao jornalista Sergio Cruz dá conta que a revolta dos cuiabanos foi tão grande que à véspera da votação vários caixões de defuntos foram ameaçadoramente expostos à entrada da Assembleia Legislativa.



FONTE: ¹Rubens de Mendonça, História do poder legislativo de Mato Grosso, Assembléia Legislativa, Cuiabá, 1967, página 370. ²Maria M.R. de Novis Neves, Relatos políticos, Mariela Editora, Rio, 2001, página 179. 


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