1553
– Cabeza de Vaca chega à nação guaxarapos no Pantanal
Em sua viagem de exploração rio Paraguai acima, o navegador
espanhol Álvar Nuñes Cabeza de Vaca alcança as
terras dos índios guaxarapos.
Pararam ali para conversar com aqueles índios, assegurar a manutenção da paz com os mesmos e pedir informações sobre outras nações de índios situadas adiante. Atendendo ao chamado dos índios, alguns cristãos desceram à terra, tendo estes pedido para irem até os bergantins. Chegados lá, seis índios guaxarapos entraram nos bergantins para conversar com o adelantado, que lhes falou através do intérprete, pedindo ao principal que havia entre eles que mantivesse a paz e a obediência a Sua Majestade, pois com isso seriam tidos como amigos e tudo seria feito para defendê-los de seus inimigos. Eles referendaram a promessa de paz e receberam presentes do adelantado.
Próximo de onde o adelantado estava, contou-lhe um daqueles índios guaxarapos havia um outro rio que entrava pelo rio Paraguai, tendo a metade da largura deste, porém com uma correnteza muito mais forte. Dizem os antigos que por ali viera Garcia, o português, que entrou por aquelas terras com muito índios, fazendo a guerra à gente dali, destruindo muitos povoados. Apesar do enorme contingente que trazia, não vinham consigo mais do que cinco cristãos, além de um mulato que se chamava Pacheco, que voltou à terra de Guazani e foi morto por este próprio cacique. Garcia teria retornado ao Brasil e nunca mais aparecido por aquelas terras. Mas em seu retorno muitos índios guaranis teriam se perdido e passado muitas dificuldades, sendo que alguns acabaram ficando por ali mesmo.
Terminado o relato, o adelantado seguiu adiante para ver o rio por onde havia passado Garcia, realmente muito próximo. Chegado à boca do rio, que se chama Yapaneme, mandou sondar suas condições, constatando que na entrada era muito fundo e de muita correnteza. Determinou a um bergantim que fosse uma légua rio adentro, tendo verificado que a profundidade aumentava cada vez mais, havendo muita vegetação de um lado e outro do rio. Os guaxarapos informaram que ao longo da margem do rio havia muitas povoações de índios, que plantavam milho e mandioca e eram grandes pescadores e caçadores. Os que haviam ido rio acima disseram ao voltar que de fato haviam visto muita fumaça nas imediações das margens, o que dava a entender que havia muitas povoações por ali. Como já era muito tarde, o adelantado determinou que dormissem aquela noite ali mesmo, junto à boca do rio e à beira de uma serra que se chama Santa Lúcia. No outro dia pela manhã mandou que os pilotos medissem a altura do rio, constatando que estava a dezenove graus e um terço.
Pararam ali para conversar com aqueles índios, assegurar a manutenção da paz com os mesmos e pedir informações sobre outras nações de índios situadas adiante. Atendendo ao chamado dos índios, alguns cristãos desceram à terra, tendo estes pedido para irem até os bergantins. Chegados lá, seis índios guaxarapos entraram nos bergantins para conversar com o adelantado, que lhes falou através do intérprete, pedindo ao principal que havia entre eles que mantivesse a paz e a obediência a Sua Majestade, pois com isso seriam tidos como amigos e tudo seria feito para defendê-los de seus inimigos. Eles referendaram a promessa de paz e receberam presentes do adelantado.
Próximo de onde o adelantado estava, contou-lhe um daqueles índios guaxarapos havia um outro rio que entrava pelo rio Paraguai, tendo a metade da largura deste, porém com uma correnteza muito mais forte. Dizem os antigos que por ali viera Garcia, o português, que entrou por aquelas terras com muito índios, fazendo a guerra à gente dali, destruindo muitos povoados. Apesar do enorme contingente que trazia, não vinham consigo mais do que cinco cristãos, além de um mulato que se chamava Pacheco, que voltou à terra de Guazani e foi morto por este próprio cacique. Garcia teria retornado ao Brasil e nunca mais aparecido por aquelas terras. Mas em seu retorno muitos índios guaranis teriam se perdido e passado muitas dificuldades, sendo que alguns acabaram ficando por ali mesmo.
Terminado o relato, o adelantado seguiu adiante para ver o rio por onde havia passado Garcia, realmente muito próximo. Chegado à boca do rio, que se chama Yapaneme, mandou sondar suas condições, constatando que na entrada era muito fundo e de muita correnteza. Determinou a um bergantim que fosse uma légua rio adentro, tendo verificado que a profundidade aumentava cada vez mais, havendo muita vegetação de um lado e outro do rio. Os guaxarapos informaram que ao longo da margem do rio havia muitas povoações de índios, que plantavam milho e mandioca e eram grandes pescadores e caçadores. Os que haviam ido rio acima disseram ao voltar que de fato haviam visto muita fumaça nas imediações das margens, o que dava a entender que havia muitas povoações por ali. Como já era muito tarde, o adelantado determinou que dormissem aquela noite ali mesmo, junto à boca do rio e à beira de uma serra que se chama Santa Lúcia. No outro dia pela manhã mandou que os pilotos medissem a altura do rio, constatando que estava a dezenove graus e um terço.
FONTE: Marco Rossi, Viajantes do Pantanal - Séculos XVI a XX, Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2002, página 11.
18 de outubro
1849
– Paraguaios seqüestram Senhorinha Barbosa
Senhorinha Barbosa com familiares (foto José Vicente Dalmolin) |
Soldados do presidente
Carlos Lopez sobem o rio Apa com o objetivo de destruir a fazenda de
Gabriel Francisco Lopes, primeiro marido de Senhorinha Barbosa, filha
de Inácio Barbosa, pioneiro dos campos de Vacaria e doador da
área para a cidade de Nioaque.
As ordens ‘que teniam del gobierno e del senor capitan comandante’, segundo Hélio Serejo, era de prender todos os moradores da região e conduzi-los, pelo meio mais seguro, para o interior do Paraguai, juntamente com os estancieiros levaram também o gado e os pertences caseiros de menos volume e peso.
Nessa época o castigo infringido aos prisioneiros era o seguinte: para o homem, derrubada de mato, plantio e construção de ranchos; para mulher, conforme a idade e a robustez física, lavar roupa, mantear carne de bicho, cozinhar e empaiolar mantimentos.
E desta maneira Concepcion, ‘la gran ciudad paraguaia’, ficou com a sua população intensamente mesclada devido ao elevado número de prisioneiros brasileiros que aí foi ter.
Gabriel estava morto quando os soldados paraguaios chegaram. Senhorinha havia se casado com o cunhado José Francisco Lopes, o futuro Guia Lopes que, com seus filhos foram feitos prisioneiros e levados para o país vizinho, junto com os demais.
Uma carta clamando por justiça seguiu por meios clandestinos, para o Rio de Janeiro, endereçada ao Imperador D. Pedro II. Este não ignorava que o Império tinha na pessoa de Dom Carlos, um desafeiçoado perigosíssimo.
Surgiu então entre Brasil e Paraguai vasta e enérgica troca de notas diplomáticas.
Por fim, isto após 7 anos, foram postos em liberdade todos os prisioneiros. Regressavam, estes, porém, às suas moradas ‘certos de que estavam ocupando um pedaço de chão do território paraguaio.’
Senhorinha, com os vexames que sofrera no Paraguai, os trabalhos a que fora submetida, a saudade imensa de sua estância, tivera a saúde, profundamente abalada.
Ao retornar à pátria era um verdadeiro espectro.
Mesmo assim, doente, mulher entristecida, viveu muitos anos. E viveu recordando o seu passado de sofrimento, suas lutas, suas amarguras, contando, sempre a fustigar a memória, o drama dos que morreram durante o cativeiro.
Odiava a guerra.
Não gostava de ouvir falar em soldados.
Morreu pobre, deixando, porém, na história, o seu valoroso nome como símbolo indecomponível de estoicismo e do brio da mulher brasileira.
As ordens ‘que teniam del gobierno e del senor capitan comandante’, segundo Hélio Serejo, era de prender todos os moradores da região e conduzi-los, pelo meio mais seguro, para o interior do Paraguai, juntamente com os estancieiros levaram também o gado e os pertences caseiros de menos volume e peso.
Nessa época o castigo infringido aos prisioneiros era o seguinte: para o homem, derrubada de mato, plantio e construção de ranchos; para mulher, conforme a idade e a robustez física, lavar roupa, mantear carne de bicho, cozinhar e empaiolar mantimentos.
E desta maneira Concepcion, ‘la gran ciudad paraguaia’, ficou com a sua população intensamente mesclada devido ao elevado número de prisioneiros brasileiros que aí foi ter.
Gabriel estava morto quando os soldados paraguaios chegaram. Senhorinha havia se casado com o cunhado José Francisco Lopes, o futuro Guia Lopes que, com seus filhos foram feitos prisioneiros e levados para o país vizinho, junto com os demais.
Uma carta clamando por justiça seguiu por meios clandestinos, para o Rio de Janeiro, endereçada ao Imperador D. Pedro II. Este não ignorava que o Império tinha na pessoa de Dom Carlos, um desafeiçoado perigosíssimo.
Surgiu então entre Brasil e Paraguai vasta e enérgica troca de notas diplomáticas.
Por fim, isto após 7 anos, foram postos em liberdade todos os prisioneiros. Regressavam, estes, porém, às suas moradas ‘certos de que estavam ocupando um pedaço de chão do território paraguaio.’
Senhorinha, com os vexames que sofrera no Paraguai, os trabalhos a que fora submetida, a saudade imensa de sua estância, tivera a saúde, profundamente abalada.
Ao retornar à pátria era um verdadeiro espectro.
Mesmo assim, doente, mulher entristecida, viveu muitos anos. E viveu recordando o seu passado de sofrimento, suas lutas, suas amarguras, contando, sempre a fustigar a memória, o drama dos que morreram durante o cativeiro.
Odiava a guerra.
Não gostava de ouvir falar em soldados.
Morreu pobre, deixando, porém, na história, o seu valoroso nome como símbolo indecomponível de estoicismo e do brio da mulher brasileira.
FONTE: Hélio Serejo, Prosa Xucra, edição do autor, Presidente
Venceslau, 1971, página 44
18 de outubro
18 de outubro
1851
– Subleva-se guarnição do forte de Coimbra
Estando
ausente o comandante Antonio Peixoto de Azevedo amotina-se a guarnição
militar de Coimbra contra os oficiais e requereu sua mudança.
Imediatamente após receber a notícia da sublevação
que chegou a Cuiabá apenas a 13 de novembro, o presidente da
província, Augusto Leverger, mandou seguir para aquele ponto
o comandante das armas com toda a força militar disponível
(151 praças) e acompanhado de duas barcas canhoneiras. Antes
dessa expedição chegar à fronteira havia sido restabelecida
a ordem no forte pelo capitão Peixoto, desprezando-se os principais
amotinados, que sairam em demanda a Cuiabá, onde foram presos.
Em conseqüência das indagações feitas pelo comandante das armas e subseqüente conselho de investigações, foram mandados responder a conselho de guerra o comandante Peixoto, os oficiais de linha e mais de trinta praças.
Em conseqüência das indagações feitas pelo comandante das armas e subseqüente conselho de investigações, foram mandados responder a conselho de guerra o comandante Peixoto, os oficiais de linha e mais de trinta praças.
FONTE: Barão de Melgaço, Apontamentos cronológicos da Província
de Mato Grosso, Cuiabá, 1907, página
69.
18 de outubro
1920 - Estreia no Rio, documentário sobre Mato Grosso
Estreia no Cine Ideal, no Rio de Janeiro, o documentário Matto Grosso em Foco. O lançamento foi antecipado de anúncio publicado, com destaque, em todos os jornais da cidade:
"MATTO GROSSO EM FOCO - Duas partes de inexcedíveis belezas, destacando-se entre outros muitos quadros: O Salto do Jupira, Navegando para Cuiabá, O rio Paraná, Urubupungá, Salto Grande, a caça a onça, Corumbá, a apanha do ouro, as margens do rio juncadas de jacarés, o rio Guijaré, folclore cuiabano, (interessante dança popular), a marcação da boiada, uma cuiabana em 1719 em confronto com outro de 1919, o general Rondon, S. Ex. Revm°, o Presidente do Estado, etc.etc".
FONTE: Jornal do Brasil (RJ), 18/10/1920.
Nenhum comentário:
Postar um comentário