quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

3 de maio

3 de maio

1876 - Números oficiais: Sul de Mato Grosso tem 449 escravos




Em sua mensagem à Assembleia Legislativa provincial, o governador de Mato Grosso, Hermes da Fonseca, que na República chegou à Presidente do Brasil, após relatar os esforços do governo para indenizar proprietários de escravos que os libertarem, nos termos do decreto-lei 5135 de 13 de novembro de 1872, apresentou dados estatísticos mostrando uma população de 7.064 escravos no Estado de Mato Grosso. A maioria,mais de 15.000, está concentrada em Cuiabá. Nos municípios do Sul, há registro de escravos nos municípios de Corumbá (179), Miranda (178) e Paranaíba (102).

Na mensagem o governador dá conta de haver mandado a esses municípios, mais Poconé, Diamantino, São Luiz de Cáceres e Mato Grosso ao Norte, a quantia de pouco menos de 20 contos de réis para auxiliar na indenização para liberdade de negros escravos. Desse total, 3 contos de réis são da arrecadação de uma loteria extraída pelo governo, especialmente para esta finalidade.


FONTE: Mensagem do governo do Estado à Assembleia Legislativa provincial, Cuiabá, 1876, página 42.


3 de maio

1883 - Circula em Cuiabá o primeiro número de A República


3 de maio

1902 - Inaugurada a estação telegráfica de Coxim





O capitão Cândido Mariano da Silva Rondon, responsável pela implantação da linha telegráfica no Estado, entrega a estação de Coxim. Os detalhes são do diário do emérito sertanista:

"Muito se trabalhou na preparação de postes, na ornamentação do edifício da estação. A 1° de maio entrou a linha na Vila, sendo ligada à estação, ao mesmo tempo que o acampamento era instalado na praça da igreja. O dia 2 foi empregado em ultimar os preparativos para inauguração da linha: terminou-se a limpeza da praça e da rua, preparou-se um caramanchão, colocaram-se banderinhas, deram-se os últimos retoques.

No dia 3, data do descobrimento do Brasil, foi solenemente inaugurada a estação com um banquete e um baile, sendo, no ato da inauguração, franqueada ao público a sala dos aparelhos. Fiz um discurso, exaltando a Mulher, pensando quanto devia eu à inspiração da minha, no cumprimento de meus árduos deveres".


FONTE: Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural do Esperantistas, Rio de Janeiro, 1969, página 151.


3 de maio

1910 - Corumbá inicia construção da primeira enfermaria do hospital de caridade



3 de maio


1933 - Eleição para a Assembléia Nacional Constituinte


Realiza-se no Estado a eleição para os representantes de Mato Grosso, com os seguintes candidatos: Partido Constitucionalista, Alberto Trigo de Loureiro, Eduardo Olímpio Machado e Gabriel Vandoni de Barros; Partido Liberal Mato-grossense, Generoso Ponce Filho, José dos Passos Rangel Torres, Francisco Vilanova e Alfredo Correa Pacheco; e Liga Eleitoral Católica, Generoso Ponce Filho, Virgílio Alves Correa, Gabriel Vandoni de Barros e Francisco Vilanova. 

À véspera do pleito, o governo provisório, por decreto, cassou os direitos políticos de Eduardo Olímpio Machado, Alberto Trigo de Loureiro e Gabriel Vandoni de Barros, que recorreram e conseguiram a anulação integral das citadas eleições.


Nova eleição realizou-se no dia 17 de setembro.



FONTE: Rubens de Mendonça, História do Poder Legislativo de Mato Grosso, Assembléia Legislativa, Cuiabá, 1972, página 171. 




3 de maio

1937 - Banespa inaugura agência em Campo Grande


Assis Chateaubriand, convidado ilustre para a inauguração do banco paulista


É festivamente inaugurado o Banco do Estado de São Paulo, na 14 de Julho esquina com a Afonso Pena, em Campo Grande. Presentes ao evento, vários diretores do banco e um convidado especial, o jornalista Assis Chateaubriand. Manuel Azambuja foi o seu primeiro gerente.¹

Presente à solenidade, o escritor Ulisses Serra, testemunhou o seguinte episódio:

"Quando a pequena, mas grande turma, já estava naquele estado de euforia preconizado por Hemingway - que é a terceira dose de uísque - começou a exigir, em tom de algazarra: FALA CHATEUABRIAND! A mesa maior quebrou o protocolo e passou a apoiar a menor. Fala, Fala Chateuabrinad:

O grande jornalista e homem do mundo, embora estivesse em recinto de cidade ainda sertaneja, não se arriscou ao improviso. Vendo sobre o balcão do bar uma bobina de papel de embrulho, cor-de-rosa, gritou ao garçon que o servia: - Acuda-me, meu filho, com um pedaço de papel!

Escreveu ali mesmo o discurso. Começou por dizer que era repórter e não orador; sabia escrever, mas não sabia falar. Depois num estilo personalíssimo, inconfundível, voltou-se para os paulistas presentes e de dedo em riste, voz forte e ameaçadora acusou-os: - Esses paulistas, matogrossenses, roubaram o vosso ouro no passado, levando-o atrevidamente no dorso das monções! Agora eles o vem devolver amoedado.

Naquele ambiente, já de trepidação e entusiasmo, todos nivelados pela mesma alegria comum, útil ao estreitamento rápido de conhecimentos recíprocos, entre nós daqui e aqueles que vinham operar em nossa praça, sibilei um aparte: - E os juros de mora?

O dono do império dos Associados, voltou-se mais uma vez para os paulistas, com a mesma ênfase anterior: - Devedores retardatários, impontuais, paguem-nos com os juros de mora. E se forem corretos, mesmo, capitalizem-nos!

A essa altura, esqueceu-se do papel de embrulho cor-de-rosa que tinha nas mãos. E continuou num crescendo maravilhoso, empolgante, sob frenéticas palmas de todos, da pequena e da grande mesa. Quebraram-se as últimas e frágeis barreiras de convencionalismo para operar-se rapidamente uma grande confraternização e um largo bate-papo depois. Mais tarde, muito da caravana, guiados pelos donos das nossas noites estreladas - Issa e Badinho, foram conhecer o resto da cidade.

Aquele discurso, pela alegria que trouxe ao banquete, castigado de protocolo, de números, de cifras e de programas, foi providencial. Além de um discurso esponencial e antológico".²


FONTE: Paulo Coelho Machado, Rua Principal, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1991, página 35. Ulisses Serra, Camalotes e guavirais, Editora Clássico-Científica, São Paulo, 1971, página 107.



3 de maio

1977 - Anunciada a criação do Estado de Campo Grande
 




Em nota oficial divulgada pelo rádio e pela televisão, o presidente Geisel anunciou a divisão do Estado de Mato Grosso, com a criação de um novo Estado, denominado Campo Grande. A nota da Presidência da República na íntegra:

"O Poder Executivo, após demorado estudo da questão, concluiu pela conveniência de criar um novo Estado na região Sul de Mato Grosso.

Hoje o Presidente da República comunicou ao governador do Estado de Mato Grosso essa conclusão e determinou que se constitua, no Ministério da Justiça, um grupo interministerial para preparar o projeto de lei complementar a ser submetido à alta consideração do Congresso Nacional.

A modernização do quadro político geográfico na fronteira Oeste do Brasil atende aos reclamos do desenvolvimento daquela área, que apresenta reais possibilidades de um grande surto de progresso nos próximos anos, criadas as condições da administração regional que se fazem necessárias. Ambos os Estados, tanto na região do Sul - Campo Grande, como, principalmente do Norte - Mato Grosso - em sua nova expressão territorial receberão da União apoio financeiro, quer na forma de ajuda para despesas iniciais de custeio, quer de investimentos complementares que acelerem a ultrapassagem da presente etapa de desenvolvimento, como é do interesse da região e do Brasil em seu conjunto".


FONTE: J. Barbosa Rodrigues, História de Mato Grosso do Sul, Editora do Escritor, São Paulo, 1985, página 163.

2 de maio






2 de maio

1825 - Langsdorff prepara-se para deixar Porto Feliz rumo a Camapuã



Saída de monção de Porto Feliz, quadro de José Ferraz de Almeida Júnior


O conde de Langsdorff, chefe da missão científica russa, que, procedente do Rio de Janeiro, chegara no dia anterior a Porto Feliz, sem perda de tempo, prepara-se para a grande aventura em territórios de Mato Grosso e Amazonas. A saída para Camapuã dar-se-ia a 23 de junho. A azáfama dos aprontos é acompanhada pelo conde em seu diário de viagem:
"Os preparativos para essa importante viagem científica se intensificaram agora. Os empregados contratados vieram receber, como é costume aqui, o pagamento antecipado de 3 ou 4 meses, em dinheiro e em mercadorias. A missão de comprar mantimentos necessários para 30 a 40 pessoas por 6 a 8 meses deixou oa Srs. Francisco Alves e Florence também muito ocupados, principalmente porque aqui é difícil encontrar provisões, além de serem caras.
Além disso, despachamos o material de História Natural coletado até agora para seu lugar de destino, que é São Petesburgo (via Rio de Janeiro). Certo de estar prestando um serviço à humanidade, mandei colher cainca, raiz medicinal muito eficaz contra hidropsia e que existe em grande quantidade nesta região.

Estamos hospedados em uma residência particular. Não obstante todos os gêneros alimentícios serem muito baratos, é muito difícil encontrá-los. Carne bovina, só uma vez por semana, aos sábados. Como chegamos num domingo, fomos obrigados a matar hoje um porco, para ter carne fresca. Para conservá-la é preciso mandar salgá-la logo. Nem por todo dinheiro do mundo se conseguiam comprar galinhas, verduras, ovos, leite,cebola ou outros mantimentos. Só aos domingos, quando o pessoal do campo tem que vir para a missa".

FONTE: Georg Heinrich Langsdorff, Os diários de Langsdorff (volume II), Associação Internacional de Estudos Langsdorff, Rio de Janeiro: Fiocruz, 1997, página 83.



2 de maio

1879 - Dom Luis D’Amour chega a Cuiabá


Procedente do Maranhão chegou à capital de Mato Grosso para assumir a vaga deixada por dom José Antônio dos Reis, falecido em 1876, o bispo dom Luis. Estevão de Mendonça registrou o evento:

“Às 10 horas da manhã uma salva de artilharia, dada no acampamento Couto Magalhães, anunciou a aproximação do paquete Coxipó, e poucos minutos depois se ouviam os repiques dos sinos de todas as igrejas da cidade.
Grande multidão, o presidente da província dr. João José Pedrosa, senhoras, colegiais, autoridades civis e militares seguiram para o porto de desembarque, onde já se encontrava a companhia de artífices do Arsenal de Guerra com a sua banda de música e um parque de artilharia. Em frente à igreja de São Gonçalo achava-se postado o 21o Batalhão de Infantaria.


(...) Cercado por imensa multidão, assim caminhou S.Exa. desde à margem do rio até a porta principal da igreja de São Gonçalo, onde recebeu da Força Militar ali postada, as continências devidas e ajoelhou-se em um coxim de damasco que estava sobre um tapete, descreveu A Província de Mato Grosso".

Dom Luis foi o primeiro bispo de Cuiabá a visitar o Sul do Estado, onde esteve em 1886 nos seguintes lugares: Corumbá, Miranda, Nioaque, Vacaria e Campo Grande. 



FONTE: Estevão de Mendonça, Datas matogrossenses, 2a. edição, Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973. Página 213.


2 de maio

1932 - Corumbaenses defendem volta à legalidade democrática

Líderes políticos e empresariais de Corumbá em telegrama ao governador gaúcho, Flores da Cunha, um dos líderes do movimento pró-constituinte, hipotecam solidariedade à campanha pelo restabelecimento da democracia, suspensa pelo governo provisório, instituído pela revolução de 30, liderada por Getúlio Vargas:

"Identificado na comissão central de Cuiabá, organizadora do partido político que inscreve como tese fundamental do seu programa o retorno do país à ordem legal, em nome dessa organização partidária neste município, apresentamos ao Rio Grande do Sul, na pessoa do seu ilustre filho e chefe de governo, a nossa solidariedade à patriótica cruzada pela volta do país ao regime constitucional. Respeitosas saudações. - (ass) Barros Maciel, Nicola Scaffa, Antonio Medeiros, Batista Mota, Fernando Barros, Apopio Andrade, João Leite Coutinho, Vandoni Barros, Jissuy Mangabeira Neto, Manoel Pereira da Silva, Theodomiro Serra. Manoel Gomes Silva, Gonçalo Barros, Indalécio Proença, Marçal Silva, Cid Figueiredo, Silvério Antunes de Souza, Fernando Wanderley, Estevão Gomes Filho, Agostinho Mônaco, Leopoldo Peres, Pedro Paulo de Barros e Agripino Bonilha".

Na Guerra Paulista, de 9 de julho, que tinha a constitucionalização como principal causa formal, Flores da Cunha preferiu aderir à reação getulista e as guarnições militares de Corumbá permaneceram fiéis ao governo.

FONTE: Diario da Noite (RJ), 02/07/1932.



2 de maio

1943 - Presidente do Paraguai em Campo Grande







De passagem para o Rio de Janeiro, onde foi recebido no dia 5 pelo presidente Getúlio Vargas, esteve em Campo Grande, o presidente da República do Paraguai, general Higino Morinigo. Seus passos, desde sua saída de Porto Esperança, no dia anterior até sua chegada à capital da República, são seguidos pelos enviados especiais e correspondentes da Agência Nacional, responsável pela divulgação de sua agenda no país. A estada do presidente paraguaio em Campo Grande teve o seguinte registro:

Em Campo Grande o trem especial


O trem presidencial deixou Porto Esperança, às 17 horas, chegando hoje às 8,40 a esta cidade. Em todo o trajeto - estações de Miranda, Taunay, Guia Lopes, Aquidauana, Camisão, Piraputanga, Laguna, Palmeiras, Cachoeirão, Murtinho, Pedro Celestino, Terenos, Jaraguá e Indubrasil - reconheceu-se o empenho das populações em distinguir e aplaudir o presidente Higino Morinigo.


Recebidos por altas autoridades


O presidente Higino Morinigo e sua comitiva foram recebidos na estação da Noroeste do Brasil, nesta cidade, pelo interventor Júlio Müller, o general Mário Xavier, comandante da 9a. Região Militar, o prefeito local Demóstenes Martins, o cônsul do Paraguai, o juiz de direito da comarca e outras autoridades civis e militares, além de incalculável massa de povo.


As homenagens prestadas ao general Morinigo


Depois das manifestações populares, que receberam na estação o presidente Higino Morinigo e sua comitiva, em automóveis, foram conduzidos pela principal artéria da cidade, passando o cortejo entre alas de povo que aclamava delirantemente os presidentes dos dois países amigos. Dirigindo-se ao palanque armado à praça da Liberdade, o presidente Higino Morinigo assistiu ao desfile militar em sua honra, passando depois revista às tropas em companhia do comandante da 9a. Região Militar, general Mário Xavier. Em seguida, S. Excia. foi ao Círculo Militar, onde o cônsul do Paraguai, nesta cidade, tenente-coronel Henrique Godoi Caceres, fez a apresentação dos representantes da colônia paraguaia de Campo Grande. Do Círculo Militar o presidente Higino Morinigo se dirigiu à sede do Rádio Clube.


O interventor Julio Müller saúda o presidente paraguaio


O interventor Júlio Müller ofereceu uma recepção ao general Morinigo e à sua comitiva na sede do Rádio Clube, presentes o comandante da 9a. Região Militar e o prefeito da cidade. Saudando o presidente da nação paraguaia o interventor matogrossense disse:


"Nesta hora trágica para a humanidade, como para o Brasil, as solenidades cívicas não são, nem poderiam ser, mero afloramento de alegria fugaz ou de entusiasmo sem raízes. São elas, ao contrário, como rajadas de estímulo, palpitações da alma brasileira fortificando o civismo e fixando propósitos firmes para realizações impreteríveis como o está a exigir a realidade presente. Assim pensando foi que vim a esta progressista Campo Grande para ter a honra insigne e a satisfação que ora sinto de apresentar a V. Excia. e a sua Excia a sra. Higino Morinigo e à ilustre comitiva de V, Excia. os votos de boas vindas de todos os matogrossenses, de todos os meus patrícios que aqui vivem e trabalham unidos e coesos sob a orientação segura e sábia do sr. presidente Getúlio Vargas. A V. Excia. e à Exma. sra. Higino Morinigo e a todos os membros da brilhente comitiva de V. Excia. os nossos votos de feliz permanência no Brasil".


O general Morinigo agradece


Agradecendo o discurso de saudação do interventor Julio Müller, o presidente Morinigo pronunciou na sede do Rádio Clube algumas palavras de agradecimento onde elogiou o progresso do Estado de Mato Grosso e a ação da tropa da 9a. Região Militar.


O presidente paraguaio deixou Campo Grande no dia seguinte.



FONTE: jornal A Noite (RJ) 3 de maio de 1943.



quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

1° de maio

1º de maio

1861 - Instalada alfândega em Corumbá





É instalada a alfândega de Corumbá. Para a nova repartição foram nomeados os seguintes servidores: Inspetor - Antonio Honório Ferreira, 1° escriturário, servindo de ajudante- Cândido Martins dos Santos Viana Júnior, 2°s escriturários- José Ferreira de Barros e Crispim Ferreira de Oliveira, 1° conferente- Thomaz Deschamps de Montmorency, 2° conferente- Domingos Facundo de Castro Menezes, tesoureiro- Antonio Gaudie Ley, e porteiro- Severiano José Correa.   

Deixou de funcionar em 2 de janeiro de 1865, por causa da guerra com o Paraguai, retomando suas atividades em 20 de fevereiro de 1872. 


FONTE: Estevão de Mendonça, Datas matogrossenses, 2a. edição, Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 210. Jornal A Imprensa de Cuiabá, em 24 de março de 1861.

FOTO: reprodução do Album Graphico de Matto-Grosso, 1914.





1° de maio




1866 - Tropas brasileiras entram no portão de Roma


Portão de Roma em desenho de Taunay

As forças brasileiras, que, na guerra do Paraguai protagonizariam a célebre retirada da Laguna, procedentes de Coxim a caminho de Miranda, entram no Portão de Roma, lugar adiante do rio Verde, descrito por Taunay:

"Saindo do ribeirão Verde passamos com 63 minutos de marcha um bosque e daí a 30 minutos a mata ou capoeira do Major com abrupta descida que vai ter a um pântano, em que gastamos cinco minutos seguindo-se nova mata e outro almargeal cortado também de mato. O terreno começa a subir; torna-se pedregoso e entra-se no Portão de Roma, péssima e dificultosa passagem com grandes lajes e rochas que se acham na trilha que serve para a viação. A paisagem é muito pitoresca, por isso que o caminho segue por um grande rasgão de serra, ficando entaliscado entre rochedos sobrepostos e todos cobertos de plantas sexatiles. O nome foi-lhe dado pelo sertanejo Perdigão que sem dúvida ligava à noção da palavra Roma à grandeza e majestade de uma cidade colossal. As carretas dos paraguaios passaram por este desfiladeiro, entretanto será necessário um trabalho preliminar ou um desvio para conseguir-se fácil trânsito. Continuando a caminhar margeamos um lugar pantanoso logo abaixo do Serrote e com mais 44 minutos fomos pousar no Lageadinho, onde um pequeno lagrimal dá água em toda esta estação".




FONTE: Taunay, Em Mato Grosso invadido, Edições Melhoramentos, São Paulo, 1942, páginas 90 e 112.


30 de abril

30 de abril

1786 - Comissão técnica inicia missão no Pantanal



Por ordem do governador Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, comissão formada pelo capitão engenheiro Ricardo Franco de Almeida Serra e os geógrafos e astrônomos Antonio Pires da Silva Pontes e Francisco José de Lacerda e Almeida deixa Vila Bela da Santíssima Trindade, então capital da capitania de Mato Grosso, com destino ao forte Coimbra e Cuiabá, com a finalidade de mapear e fixar as coordenadas geográficas da região do Pantanal. A missão durou quatro meses e explorou além das grandes lagoas, os rios Paraguai, São Lourenço e Cuiabá e desembocadura de seus afluentes.

O início da aventura pantaneira está no Diário da Viagem, de Francisco José de Lacerda e Almeida:

ABRIL 30 - Os encarregados desta diligência, que foram o capitão Ricardo Franco de Almeida Serra, o Dr.Antonio Pires da Silva Pontes e eu, partimos de Vila Bela com uma parte da comitiva, em que também ia Manoel Rebelo Leite, porta-estandarte dos Dragões, e almoxarifado das demarcações e alguns soldados pedestres e fomos pernoitar 4 léguas fora da vila no sítio de um F. Xavier.

A chegada em Cuiabá, procedente do forte de Coimbra, deu-se em 1° de setembro.

FONTE: Francisco José de Lacerda e Almeida, Diário da Viagem, Assembleia Legislativa da Província de São Paulo, 1841, página 29.

FOTO: serras do Pantanal, de Francisco José de Lacerda. Acervo Biblioteca Luso-brasileira.

30 de abril

1865 - Cuiabá recebe com festas, tenente Mello, o herói de Coimbra
A cidade de Cuiabá recebe festivamente, o tenente João de Oliveira Mello, que ecerrava uma marcha de cinco meses a pé, pelo Pantanal, desde Corumbá, à frente de um grupo de soldados, com quem combateu em Coimbra e moradores de Corumbá que fugiam da vila, covardemente abandonada pelo comandante militar brasileiro e ocupada pelo exército e marinha paraguaios. A epopéia do tenente Melo e sua chegada triunfal à capital da província foi registrada no Boletim do governo:
"Era de muito esperado nesta capital o Tenente do Corpo de Artilharia da província, João de Oliveira Mello. 
Seus feitos de valor no combate de Coimbra, e depois deste ao ver abandonados em uma escuna nas margens do Paraguai, defronte de Corumbá, os seus camaradas e uma porção de homens, mulheres e crianças, no infausto dia da infeliz evacuação de Corumbá, atraíram-lhe as bênçãos e as simpatias de toda a família cuiabna.
Sua conduta eminentemente nobre e caridosa com toda essa comitiva que, no meio das mais árduas provações e distinta abnegaçãopor lugares ínvios e pantanosos, sem quebra de disciplina e sem prejuízo de armamento da parte dos soldados, conduziu a esta capital, lhe captou a estima, amizade e consideração de todos os habitantes de Mato Grosso, sem exceção de crenças políticas, de idade, sexo e profissão.
A notícia de sua aproximação a esta capital estes sentimentos comprimidos, abafados, fizeram explosão e uma espontaneidade popular deu em resultado uma festa para a qual não houve juiz, não houve diretor, porque não foi um ato de ninguém, foi do povo.
Um programa se levantou e este programa deixava a vontade e discrição dos que quisessem a ida ao encontro do tenente Mello a quem a sua comitiva apelida de pai e salvador.
Poucos dias eram passados depois daquele programa e a 29 deste soube-se da chegada do tenente Mello ao Coxipó, uma légua distante da cidade, imediatamente concorreu a cumprimentá-lo grande número de cidadãos, e a pedir-lhe a demarcação da hora em que na seguinte manhã havia fazer a sua entrada ; e foi designada as 7 horas.
No dia 30 a cidade se achava revestida de gala, decoradas as ruas do Areão, Snr. dos Passos, Direita e Bella do Juiz.
Um arco triunfal elevava-se em frente da catedral tendo no pedestal de cada lado um anjo sustentando o estandarte ouriverde e um índio símbolo do Brasil.
A ansiedade popular era indizível, cada qual procurava saber a hora da partida ao encontro.
As 6 da manhã foi o tenente Mello cumprimentado no Coxipó pelo sr. general Augusto Leverger e por outros cavaleiros.
O sr. Leverger ao encontrá-lo manifestou-lhe os sinais de benemerência de que se havia tornado credor, apelidando-o não só de distinto oficial como de excelente cidadão; e compungido da sorte e miséria dos componentes daquela grande comitiva, entregou-lhe uma subscrição aberta em favor deles e a quanti da 100$000 com que se assinará.
As 6 e meia horas manhã desfilava a população para o largo do Areão e diversos cidadãos a cavalo acompanhando ao comandante superior interino da guarda nacional e seus oficiais, seguido de uma banda de música, para o Coxipó.
No lugar denominado Gambá foi o tenente Mello encontrado com sua comitiva pelos cavaleiros, e aí parando ecoaram os vivas repetidos, ao brioso soldado, ao distinto cidadão, ao valente da pátria, ao benemérito do povo.
Terminadas essa ovações seguiu o préstito e chegando ao largo do Areão foi obrigado a parar ante a multidão entusiástica que o esperava".
Cumpridas algumas formalidades, segue o cortejo até a Catedral no largo da Sé, onde foi celebrada uma missa. Logo em seguida a multidão reuniu-se no largo, onde o tenente Mello recebeu a homenagem, atrás de uma proclamação do presidente da província, Alexandrino Manoel Albino de Carvalho.

FONTE: O Boletim da Imprensa, Cuiabá,  4 de maio de 1865. 

30 de abril

1925 – Coluna Prestes entra em Mato Grosso





Sob o comando de João Alberto, a vanguarda dos rebeldes deixa o território paraguaio e começa a ganhar o Sul de Mato Grosso. Domingos Meirelles é quem melhor conta esta história:

“A maior parte da tropa segue desmontada. O aspecto dos soldados e oficiais é andrajoso; estão todos descalços e quase nus, com a barba e os cabelos longos caídos sobre o peito e os ombros. A coluna é seguida por cerca de 50 mulheres, todas de aspecto miserável, que acompanham os gaúchos desde o Rio Grande.

Os primeiros combates realizados em Mato Grosso são surpreendentes. A tropa do governo, apesar da superioridade de suas forças, é rapidamente envolvida em Panchita, nas imediações de Ponta Porã, pelos homens de João Alberto. Os gaúchos, que conseguiram bons cavalos na região de Amambai, no sul de Mato Grosso, sentem-se agora retemperados e prontos para enfrentar o inimigo como faziam em seus pagos: atacando-o de surpresa em rápidas e empolgantes cargas de cavalaria.

Em poucas horas, os rebeldes obtiveram vitória fulminante: apoderaram-se de 20 caminhões do Exército e fizeram cerca de 100 prisioneiros. Ao ser informada de que os revolucionários tinham vencido a primeira batalha, a guarnição que defende Ponta Porã se retira da cidade em pânico, abandonando o sistema de trincheiras circulares escavado em volta do quartel. Sentindo-se desamparada e ameaçada pelas histórias de crueldades que o governo espalhara sobre os rebeldes, a população refugia-se na localidade vizinha de Pedro Juan Caballero, pequena vila em território paraguaio, bem em frente a Ponta Porã.

Desguarnecida, Ponta Porã é invadida pelos paraguaios, que saqueiam o quartel do Exército e levam o que pode para Pedro Juan Caballero, com a aquiescência das autoridades locais: móveis, louças, fardas, polainas. A pilhagem só não se estende ao comércio e às casas de família porque os rebeldes ocupam a cidade e expulsam os invasores".

FONTE: Domingos Meireles, A noite das grandes fogueiras,Editora Record, Rio, 1995, página 382.

FOTO: reprodução do livro Memória: janela para a História, de Wilson Barbosa Martins.


30 de abril

1925 - Celebrado contrato para abertura de estrada entre Coxim e Campo Grande

É firmado contrato entre a Intendência Municipal de Coxim, representada por Daniel Cesário da Silva, 1° vice-intendente do município, em exercício, e o agrimensor Teodoro da Silveira Melo, residente em Campo Grande, "para a construção de uma estrada de rodagem para automóveis, que se entroncará na outra, vinda de Campo Grande, até os limites deste município".

Iniciada no mês seguinte a rodovia, nos termos contratuais, seria entregue no dia 31 de agosto daquele ano.

FONTE: Ronan Garcia da Silveira, História de Coxim, Editoria Ruy Barbosa, Campo Grande 1995, página 138.


30 de abril

1967 - Interurbano chega a Cuiabá





Foi festivamente inaugurado o serviço interurbano de Cuiabá, com investimento de NCr$ 200.000.000,00 da Teleoste, concessionária da telefonia no Estado, Companhia Telefônica do Estado e governo de Mato Grosso. O evento ganhou as manchetes dos jornais e recebeu status de fato histórico:

Depois de longa espera, finalmente inaugura-se hoje o serviço telefônico de interurbano de Cuiabá. A TELEOESTE é a responsável pela iniciativa de ligar Cuiabá com o resto do Brasil e do mundo. A capital de Mato Grosso deixa de ser a partir de hoje uma cidade isolada por esse moderno meio de comunicação que é o serviço telefônico interurbano. Uma comitiva de ilustres personalidades estará presente hoje às solenidades de inauguração da TELEOESTE em Cuiabá.

À frente o empresário Humberto Neder, diretor-presidente da Teleoeste, a solenidade de lançamento do serviço contou com a presença de toda a alta direção da empresa, autoridades locais, convidados do Rio de Janeiro e São Paulo, do governador de Mato Grosso, Pedro Pedrossian e de Plínio Barbosa Martins, prefeito de Campo Grande.

FONTE: Jornal Tribuna Liberal, (Cuiabá) 30 de abril de 1967.
 
 

OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...