segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

29 de maio

29 de maio


1867Coronel Camisão morre de cólera na retirada da Laguna







Na guerra contra o Paraguai, a epidemia de cólera-morbus que dizimava a coluna na retirada da Laguna, acometera o seu comandante-chefe, coronel Carlos Camisão. Taunay revive o drama:

A 29 tornou-se evidente que o Coronel morreria. Por vezes vencera o sofrimento aquela dignidade que tanto zelara: ‘Dizem que a água mata, exclamava, dêem-ma, quero morrer!’ Caiu num estado de torpor e sonolência e o corpo cobriu-se-lhe de manchas violáceas. Às sete e meia fez supremo esforço; levantou-se do couro em que estava deitado, apoiou-se sobre o capitão Lago, e perguntou-lhe onde estava a coluna, repetindo ainda que a salvara. Depois, voltando os olhos, já vidrados, para o seu ordenança, exclamou em tom de comando: ‘Salvador! Dê-me a espada e o revólver.’ Procurou afivelar o talim e exatamente nesta ocasião deixou-se rolar no chão murmurando: ‘Façam seguir as forças, que vou descansar.’ E assim expirou.
Naquele mesmo dia, com a morte do tenente-coronel Juvêncio Manuel Cabral de Menezes, assume o comando da coluna, o major José Tomás Gonçalves.



FONTE: Taunay, A retirada da Laguna, 14ª edição, Edições Melhoramentos, São Paulo, 1942, página 120





29 de maio


1929 – Chega ao porto de Santos o Kanagawa Maru





Procedente de Okinawa, chega ao Brasil o navio japonês Kanagawa Maru, trazendo um grupo de famílias, destinadas à lavoura, na fase de maior intensidade da imigração nipônica. Muitos deles vieram para Campo Grande, onde a colônia exerce grande influência cultural, completamente integrada à vida social da cidade. 



FONTE: Evandro Higa, Série Campo Grande 2001, Fundação de Cultura do Município, Campo Grande, 2001, página 77.


29 de maio

1936 - Corumbá-Cuiabá via Pantanal: uma viagem confortável, aprazível e demorada

Apesar de demorada, as viagens do Sul do Estado para Cuiabá eram ainda mais rápidas e menos arriscadas ao final da década de 30, do século passado via fluvial, pelos rios Paraguai, São Lourenço e Cuiabá, mesma rota estabelecida pelos bandeirantes no século XVIII. Além de mais aprazíveis e confortáveis, naturalmente. Somente em 1936, seria criado um serviço regular de transporte rodoviário entre Campo Grande e Cuiabá, o que, por suas inúmeras dificuldades, não concorria com o sólido serviço de navegação fluvial.

Várias empresas mantinham linhas regulares entre as duas cidades, sendo dessas a mais conhecida e preferida dos passageiros pela qualidade do serviço, a Empresa de Navegação Fluvial de Miguéis & Cia, com matriz em Corumbá, seguramente a mais antiga, em atividade até os dias atuais.

Para informar os clientes e antecipar-se à concorrência, a empresa recorria aos anúncios em jornais de Corumbá e Cuiabá.



FONTE: Jornal O Matto-Grosso (Cuiabá), 29 de maio de 1936.

29 de maio


1945 - Fundada a Associação Comercial de Dourados

Fundada por uma assembleia que se reuniu às 10 horas da manhã no salão principal do Hotel Modelo,localizado na avenida Marcelino Pires, a Associação Comercial de Dourados. Compareceram à reunião - convidados pelos empresários locais - os componentes da diretoria da Associação Comercial de Ponta Porã, o dr.Wilson Dias de Pinho, diretor do serviço de imprensa do território de Ponta Porã, comerciantes,industriais e contadores também de Ponta Porã. Na ocasião procedeu-se a eleição da primeira diretoria da entidade e de seu conselho consultivo. A primeira diretoria teve a seguinte composição: Presidente Wilson Sá Santos; vice-presidente Armando de Campos Bello;1ª secretária Glória Ferreira; 2° secretário Antonio de Campos Leite; 1° tesoureiro Raul Frost; e segundo tesoureiro Elias Milan. Para o Conselho Consultivo foram eleitos Ataliba Fagundes, João Cândido da Câmara, Austrilio Ferreira de Souza, Carlos Garcett, Azis Rasselen e Albertina Pereira de Mattos.


FONTE:Regina Heoliza Targa Moreira, Memória Fotográfica de Dourados, UFMS, Campo Grande, 1990, página 99.  

28 de maio

28 de maio

1800 - Condenados são enforcados em Cuiabá



Grande juri realizado em Cuiabá, condenou vários presos da sede do distrito e adjacências, sendo quatro condenados à pena de morte, executada nesta data. A história confirma:

Porque os assassínios e roubos eram frequentes nesta vila como nos seus contornos Sua Excelência fazer processar os réus que se achavam presos por semelhantes delitos. Para este fim convocou-se junta de justiça; foram deputados, relator o doutor desembargador ouvidor geral da comarca Francisco Lopes Ribeiro inquiziam Francisco Lopes de Souza Ribeiro de Faria e Lemos: juízes adjuntos o doutor Juiz de Fora desta vila, Joaquim Inácio Ferreira da Mota, o doutor secretário do Governo Joaquim José Cavalcante de Albuquerque Lins; o Doutor João Batista Duarte juiz de fora que tinha sido desta vila. O capitão Joaquim da Costa Siqueira, vereador mais velho atual da câmara; e Manoel Leite Penteado que já havia sido deputado adjunto na junta de Vila Bela, enfim em vinte e dois de maio sentenciados vários réus a açoites, degredo e pena última, a qual se executou em quatro réus, a saber: dois pilotos do caminho de povoado inquam do caminho do rio Domingos Teixeira e José Cardoso que foram assassinos do cirurgião Francisco de Paula de Azevedo João Rodrigues/ por alcunha o Surdo/ que assassinou a José Barbosa de Lima no sítio do Quilombo, e ultimamente um preto escravo de Manoel Nunes Martins por assassínio de uma preta no arraial de São Pedro d'el Rei.

Em 28 do mesmo mês se deu a execução de pena última aos sobreditos quatro réus, que padeceram em uma forca ereta para este fim no largo de entrada desta vila e caminho do porto geral, sendo depois decapitados enviadas as cabeças aos sítios de seus delitos. Foi admirável a caridade do Mt° R.° vigário e mais sacerdotes desta vila na contínua assistência que fizeram a estes miseráveis quando se achavam no oratório, e ainda no ato da execução pois acompanhados da Irmandade das Almas/ que nesta Vª faz as vezes de Misericórdia/ assistiram e confortaram aos réus até o último instante deixando edificado o inumerável povo que acudiu a ver a execução. Esta é a segunda vez que o Cuiabá viu semelhante espetáculo como consta da memória geral deste mesmo livro a folha 13.

FONTE: Annaes da Câmara do Senado de Cuiabá (1800).

FOTO: meramente ilustrativa



1867 – Incêndio, arma do inimigo






Um dos mais cruéis recursos da guerrilha paraguaia durante a retirada da Laguna, foi atear fogo no cerrado:

Poucos minutos depois da chegada lançaram os paraguaios fogo ao capim da colina em que se achavam, fogo que, tangido por um violento vento de N, em breve cobriu-nos de espessa fumaça, obrigando-nos a formar um aceiro para impedir a entrada das chamas na área que ocupávamos. – Imediatamente rompeu violenta fuzilaria a que os nossos soldados responderam, apesar de sufocados e quase asfixiados. Com as abertas que as rajadas de vento de quando em quando abriam na fumaça, reconheceu o Batalhão haverem-se aproximado do banhado cento e tantos infantes, os quais, deitados no chão, faziam continuado fogo. – Aproveitando as ocasiões, procuramos ofender ao inimigo, o que conseguimos, pois que, antes da terminação da fumaça, cessaram os tiros da fuzilaria.


FONTE: Taunay, A retirada da Laguna, 14a. edição, Melhoramentos, S.Paulo, 1942, página 172.

FOTO: meramente ilustrativa.




28 de maio



1914 Chega a Campo Grande o primeiro trem







O povoado de Campo Grande liga-se por ferrovia a Aquidauana, Miranda e Porto Esparança. O jornal O Estado de Mato Grosso, do ex-juiz Arlindo de Andrade Gomes, dá a alvissareira notícia:

O povo parecia haver cansado de esperá-lo todo mês, toda semana, todo dia.
Mas, afinal, chegou. Uma locomotiva já desceu a encosta e acordou os habitantes a silvar.


Outras tem vindo, alegremente, na faina cyclopica da grande obra nacional. Todo mundo alegrou-se neste bendito rincão brasileiro.


Aos operários cobertos de poeira, misturam-se os habitantes da cidade. São gregos, italianos, japoneses, portugueses e brasileiros de toda casta.


No local da futura estação, grupos de famílias, rapazes, velhos e crianças, irmanam-se como os homens que fazem o caminho do progresso.


Para Paulo Coelho Machado, aquele 28 de maio é “só comparável a outro dia de maio, sessenta e três anos depois, quando chegou pelo telefone a notícia de que fora decidida a criação do Estado de Mato Grosso do Sul, com a indicação de Campo Grande para a capital da nova unidade da federação".¹


O jornalista Valério d'Almeida, testemunha do evento, descreve-o, 44 anos depois:

"A 28 de maio de 1914, resfolegando, espalhando vapor à direita e à esquerda, embadeirada e apitando estrepitosamente, entrava, puxando algumas gôndolas, numa plataforma improvisada, feita de dormentes, erguida à frente de um carro de cargas, à guisa de estação, a primeira locomotiva da estrada de ferro em carater oficial na povoação de Campo Grande.

Margeando a estrada carreteira, que rumava para o "Cascudo" e "Lagoa da Cruz", a esplanada da estação era a mesma de hoje, que se encontra tomada pelas construções gerais da Noroeste, naquele tempo completamente limpa, tomando a distância que vai da Avenida Mato Grosso e Serraria Tomé.

Para o lado norte, aquém da serraria, junto à estrada que vai ao campo de aviação, existia a morada do saudoso Joaquim Bertolino de Proença, que ali possuía uma pequena padaria e armazém e para o lado deste, a chácara dos Medeiros, pretos vindos da missão de Camapuã.

Vasta, portanto, a esplanada que serviu de berço às belas e atraentes construções que hoje se ostentam ao redor, graciosamente.

Corria mundos a fama de assassinatos e chacinas praticados friamente neste pedaço de Mato Grosso, completamente abandonado pelos poderes públicos, ficando tudo na mais absurda impunidade.

Dizia-se de nós tanta barbaridade, que até se nos confrange o coração ao fazer-lhe referência, sob qualquer aspecto.

Crenças as mais inverossímeis se tinham a nosso respeito. Entre muitas a de que o indivíduo que comprava um revólver, para experimentá-lo chamava o primeiro transeunte que passasse, e este, ao voltar-se, recebia em cheio a descarga.

Se a vítima tombasse em seguida, o comprador fechava o negócio, caso contrário, esta só cambaleasse e apavorada procurasse esconder-se, estava dito por não dito, isto é, o revólver voltava às mãos do dono sem mais conversa...

Assim sendo, pode-se imaginar o ambiente encontrado por incalculável número de trabalhadores, entre os quais verdadeiros párias sociais que não tinham mais cabida em parte alguma.

Escavando, aplainando, descarregando dormentes e trilhos, assentando-os no solo revolvido, viam-se japoneses, chineses, russos, romenos, húngaros, austríacos, alemães, italianos, franceses, belgas, ingleses, americanos, negros do Congo e da Angola, portugueses, espanhóis e por fim nordestinos de gaforinha ao vento, nariz achatado e que nos buchinchos formados, ànoite, em antros de mulheres, por dá cá aquela palha, punham os intestinos dos outros à mostra.

E foi assim que, pelas nove horas da manhã de 28 de maio de 1914, penetrou dentro da vila a primeira locomotiva da Itapura-Corumbá.

Como homenagem ao direito da força e da bala, os trabalhadores escolheram para esta estreia a locomotiva numero 44, cuja caldeira bojuda chamada, desde logo, a atenção do expectador. 

Entrou pela plataforma improvisada, cheia de gente, aos gritos e aos vivas entusiásticos sob a divisa tristemente desabonadora contra nós e que era repetida de boca em boca:

"A máquina leva o número 44 prestando honras à justiça de Mato Grosso".

Foi assim que os trabalhadores da Itapura-Corumbá festejaram um dos dias mais importantes da existência de Campo Grande, naquela linda e fria manhã de maio...

Embora sob a égide simbólica de uma arma de fogo, trouxeram no bojo da máquina a imagem do progresso para entregá-la ao povo que nascia predestinado a grandes conquistas".²



A ligação das duas frentes de trabalho (de São Paulo e Porto Esperança),com o término da obra, dar-se-ia a 31 de agosto



FONTE: Paulo Coelho Machado, Arlindo de Andrade, o primeiro juiz de direito de Campo Grande, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1988, página 28. Valério d'Almeida, A primeira locomotiva que penetrou na antiga vila de Campo Grande, revista Brasil Oeste, São Paulo, março de 1958, página 39.




28 de maio


1940 - Policia censura discussões sobre a guerra mundial 


Iniciada em 1939, o Brasil mantinha neutralidade na segunda guerra mundial, apesar do governo Vargas mostrar sensível simpatia pela Alemanha e potências do Eixo. O país só entraria no conflito em 1942, ao lado dos aliados, depois que submarinos alemães atacaram navios brasileiros. Em Campo Grande, temendo desordem entre moradores nas discussões sobre o conflito, as autoridades policiais publicaram a seguinte portaria:





 FONTE: Jornal do Comércio, Campo Grande, 3 de junho de 1940.


28 de maio

1950 - Presidente Dutra em Ponta Porã

Durante sua visita oficial ao Estado, o presidente Eurico Gaspar Dutra, incluiu em sua agenda, a cidade de Ponta Porã, cidade em que serviu como oficial do exército:

"Procedente de Campo Grande, o presidente Dutra chegou a esta cidade fronteiriça, precisamente às 15,30 horas de ontem, recebendo ao desembarcar as continências militares de praxe, que lhes foram prestadas pela tropa do Exército aqui sediada.

A seguir, em companhia do governador do Estado de Mato Grosso, sr. Arnaldo Estevão de Figueiredo; do ministro do Trabalho e interino da Justiça; sr. Honório Monteiro. senador Novaes Filho, titular da Agricultura; ministro Henrique Coutinho, presidente do Tribunal de Contas; coronel Carlos Rodrigues Coelho, sub-chefe do gabinete militar da Presidência da República e membros da comitiva, o chefe do governo recebeu os cumprimentos das autoridades do município.

O presidente Dutra assistiu, depois, a um desfile militar em sua honra, findo o qual efetuou demorada visita às instalações do quartel local, percorrendo também a cidade, que é importante centro da indústria ervateira do país".

FONTE: A Manhã (RJ), 30/05/1950

27 de maio



27 de maio

1867 - Morre José Francisco Lopes, o guia Lopes da Laguna


Túmulo de José Francisco Lopes, o guia Lopes da Laguna, em Jardim

Acometido pela cólera que atacou a coluna brasileira durante a retirada da Laguna, morre ao alcançar a margem do rio Miranda, em terras de sua fazenda Jardim, o guia José Francisco Lopes. Taunay registra:

Na manhã de 27 ainda de nós se aproximou o inimigo, fazendo menção de nos disputar a passagem do ribeirão que dá o nome o retiro. Conteve-se, porém, ante a atitude do 17° de voluntários que formava a retaguarda, e assim continuou a nossa marcha, como a da véspera. Já sem voz, era o coronel Camisão carregado sobre um reparo de peça, Lopes sobre outro e o tenente-coronel Juvêncio, assim como vários outros oficiais e inferiores em redes. Durante a última parada três haviam morrido. A meia légua do retiro atingimos afinal a margem do Miranda, demasiados abatidos e acabrunhados, porém, para podermos experimentar a alegria com que contáramos. Via-se a margem oposta, a casa do guia, o teto hospitaleiro onde o viandante sempre encontrara boa acolhida e a abundância de tudo. No momento de ali chegar expirou o nobre velho, insensível à vista daquilo que tanto amara. Foi enterrado no meio do nosso acampamento, em terra que era sua. Os amigos lhe puseram sobre a sepultura tosca cruz de madeira.


FONTE: Taunay, A Retirada da Laguna, (16ª edição brasileira), Edições Melhoramentos, São Paulo, 1963, página 116.


27 de maio 

1888 - Chega a Corumbá a notícia da abolição da escravatura

O Oásis, semanário que se publica em Corumbá, dá em primeira mão para o Estado de Mato Grosso, a notícia da sanção pela princesa Isabel, da lei Áurea que decreta a abolição da escravatura no Brasil. 


Em Cuiabá, a notícia foi publicada pela primeira vez no jornal A Província de Mato Grosso de 10 de junho de 1888.


27 de maio


1927 - Brasil e Paraguai definem fronteira com o rio Paraguai


É assinado no Rio de Janeiro o tratado complementar de limites entre o Brasil e Paraguai. Representou o Brasil o seu ministro do Interior, Otávio Mangabeira e a república vizinha o plenipotenciário guarani Rogelio Ibarra. O tratado traçava a divisória pelo álveo do rio Paraguai, desde a barra do Apa, declarando pertencer a margem direita daquela corrente ao Paraguai e a esquerda ao Brasil. As ilhas foram distribuídas de acordo com o critério da situação do canal de maior profundidade ou principal como meio de identificação da posição oriental ou ocidental das mesmas.


FONTE: Mário Monteiro de Almeida, Episódios da Formação Geográfica do Brasil, Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2010, página 104.



26 de maio

26 de maio



1867 - Retirada da Laguna: coléricos são degolados por paraguaios





Relatório oficial do comandante das forças em retirada, refere-se a epidemia de cólera que avassalou a tropa brasileira na trágica retirada da Laguna e sintetiza o auge da calamidade nessa cena dantesca:

Nessas penosas contingências marchou a força debaixo de chuvas repetidas durante os dias 21, 22, 23, 24 e 25 em que chegou ao córrego da Prata a 3 1/2 léguas do Jardim. Então o número de enfermos era tal que literalmente metade da força era empregada em carregá-los, pois que, cada padiola ocupava oito homens em sua condução. O descontentamento e fadiga da soldadesca eram evidentes. Os sãos, depois de poucas marchas, caiam exaustos pelo cansaço aos golpes da moléstia; e o estado geral reclamava uma pronta solução.

O coronel Camisão tomou então uma medida de que dependia a salvação do resto da força, medida cuja execução foi horrorosa e custou-nos momentos angustiosos e cruéis.


A 26 ficaram abandonados 76 morimbundos, os quais, apenas moveu-se a força, foram degolados pelos paraguaios que seguiam-nos sempre em certa distância. 


Quadro horroroso que a sorte adversa nos proporcionou, na mais extraordinária colisão!

 


FONTE: Taunay, A retirada da Laguna, 14ª edição, Edições Melhoramentos, São Paulo, 1942, página 181

FOTO:quadro Abandono dos coléricos de Lopes do Leão, acervo do Museu Histórico Nacional, Rio.





26 de maio



1892 – Rebeldes de Jango Mascarenhas ocupam Nioaque


Nioaque, rua General Diogo, em imagem do início do século passado


Estacionadas há meia légua as tropas voluntárias do coronel Jango Mascarenhas, intituladas Forças Patrióticas Legais, mandam ultimato ao comandante do 7º Regimento. São portadores do documento os majores João Jacinto Leite e Olímpio Monteiro de Lima e o capitão Manuel Antônio de Sá.
Imediatamente após a entrega da missiva ao major Cônsul, antes mesmo da resposta favorável, ao toque de corneta vindo do quartel chamava “reunir”, o corneta dos patriotas entoou “avançada” , e como um relâmpago – descreve Miguel A. Palermo – “os três regimentos, em conformidade com o que se tinha disposto, partiram em três filas, encurralando a vila”, na seguinte ordem:
O 1º Regimento ocupou desde o rio Nioaque, as ruas General Diogo, Coronel Barbosa, General Antonio Maria e 15 de Novembro. O 2º Regimento desde a 15 de Novembro, a 25 de Novembro e a Coronel Dias; e o 3º desde a Coronel Dias, a 1º de Março até o rio Nioaque.


Ficou em poder dos rebeldes uma carreta que conduzia carne para o fornecimento e o carro de água para o 7º Regimento, que em seguida aderira sem nenhuma reação concreta, conforme atesta o vencedor:


A nossa entrada na vila de Nioaque foi uma verdadeira vitória, pois todos em número de 783, divididos em três regimentos de cavalaria e ao mando dos tenentes-coronéis João Rodrigues de Sampaio, João Luis da Fonseca Morais e Atanásio de Almeida Melo, desfilaram em perfeita ordem.
Em frente ao quartel, o major Antônio Nicolau Cônsul e sua oficialidade receberam-nos com vivas à soberania popular, ao governo federal, à República dos Estados Unidos do Brasil, ao Estado de Mato Grosso e ao grande Partido Republicano. Depois sempre em ordem, precedidos pela banda militar e acompanhados do major comandante Cônsul, passeamos pelas principais ruas desta vila – na qual reina uma perfeita calma.



O episódio descrito é relativo à reação de Generoso Ponce, do qual Jango era liderado no Sul do Estado, ao golpe do coronel Barbosa, comandante militar em Corumbá, que destituiu o governo do presidente Manoel Murtinho em Cuiabá. 




FONTE: Miguel A. Palermo, Nioaque evolução política e revolução de Mato Grosso, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1992, página 59.

25 de maio

25 de maio

1730 - Paiaguás atacam comitiva com 60 arrobas de ouro




Tendo à frente o ouvidor da comarca, Antonio Alves Lanhas Peixoto, deixa Cuiabá com destino a São Paulo uma expedição com numeroso grupo de canoas, conduzindo centenas de pessoas e sessenta arrobas de ouro, resultante do quinto cobrado dos mineradores locais, cobrado pela coroa portuguesa. Tão logo tomaram o rio Paraguai, lhe saiu de um sangradouro turba de paiaguás dando "um urro tão estrondoso que atemorizou os ânimos de alguns e excitou o valor a outros".

A batalha, da qual saíram vitoriosos os índios, é detalhadamente descrita por sobreviventes e eternizada nos Annaes do Senado da Câmara de Cuiabá:

Peleijarão fortissima mente de parte a parte, foi tanto o sangue derramado, que rubricava as agoas do Paragoay tornando as de cristalinas a anacoradas. Acabou a vida Lanhas em marcial contenda, dando tantas mostras do seu valor, que por si só deo muito que fazer aos barbaros, pois tanto obrava Lanhas com toda a mais companhia defendia-se não só a si como a todos os mais que a elle se encontravão, de tal sorte que sobre elle cahia toda a barbara furia, pasmos de ver, o que obrava hum só homem. Não menos se reconheceo alli o vallor do cabo daquela Esquadra Ignacio Pinto Monteiro natural de Sam Paulo que a troco de muitas vidas vendeo a sua. Miguel Pedrozo da Silva, que perdendo no conflito Piloto, e Reimeiros, lhe rodou a canoa thé o barranco do rio, onde estavam alguns dos nossos vendo a tragedia de palanque e refazendosse de Piloto, e novos alentos tornou a cometer aos inimigos com tanta ouzadia, que fés por entre elles entrada franca, matando huns, tomando lanças ao outro, e a outros finalmente embarcando canoas thé que perdeo a vida e passou ao Eterno descansso. Continha a frota do Gentio | oitenta canoas com melhor de quinhentos bugres, peleijarão das nove horas da manham thé as duas da tarde, em que acabarão quatro centos catholicoz, e dos infieis cincoenta, escapando dos nossos oito pessoas que por terra se havião a costado a hum reduto. Logo depois que do Porto desta Villa sahio esta monção, partio outro trosso de canoas, em que hia por Cabo João de Araujo Cabral em tres canoas com bastante gente que levava ouro dos Quintos de El Rey. E mais atras Felipe de Campos Bicudo, e sua comitiva em outras tantas canoas. Chegados huns e outros ao lugar da tragedia virão gente no barranco do rio e examinando quem erão, acharão, os que tinhão escapado de quem souberão o sucesso como se passou. Em corporados todos ellegerão cabo João de Araujo Cabral, para continuarem a viagem, mas temerozos de que o gentio adiante os esperasse, falharão, e dalli escreverão a este Senado, e Pessoas Principaes, para lhes mandarem socorro, com que pudessem proseguir a jornada com segurança dos Reais Quintosm12, respondeu se lhes, que não havia socorro, e que voltassem com os quintos, para em outra ocazião se remeterem. Emquanto os portadores vierão, e voltarão, ouvião os que estavão falhadoz para dentro do Sangradouro, de onde havia sahido o Gentio, que hera por de traz de huma Ilha, humas vozes e brados como de gente humana, e seguindo esta vós a ver de quem era, e revistar o lugar não acharão gente viva, que pudesse bradar mas sim muitos corpos mortoz huns em terra, outroz no pantanal, e outros pendurados em forcas, que erão os que escapavão da morte no conflito, e tomadoz prizioneiros alli lhes deo o gentio a todos morte em forcas, a porretadas, ou travessados com lanças; Ahi acharão caixas quebradas, roupas espalhadas, papeis rasgados, e entre tudo isto huma Imagem de Santo Antonio com a cabeça dividida do corpo a quem atribuião os brados, para que servisse aquele lastimozo espectaculo. Derão sepultura aos cadaveres, e vendo que não tinhão socorro voltarão huns para tras, e outros seguirão viagem por terra em que morrerão quaze todos a fome, e chegarão alguns a Camapoam com vida levando as costas o ouro de | El Rey aonde o pozerão em salvo.


FONTE: Annaes do Senado da Câmara do Cuiabá (1719-1830) folha 17.



25 de maio


1870 - Assentada a pedra fundamental da matriz de Corumbá




Realizam-se as bênçãos e o assentamento da pedra fundamental da igreja matriz de Corumbá,no lugar da antiga paróquia, totalmente destruída pelos invasores paraguaios. Em seu diário, frei Mariano de Bagnaia, o vigário da vila, escreve sobre o ato e as dificuldades para começar a obra:

Logo depois tratei de edificar uma boa igreja mas encontrei uma parede de oposição por parte daqueles que me deviam auxiliar e depois de tanta espera, finalmente só no dia 25 de maio de 1870 que tive o prazer de colocar com toda a solenidade do ritual Romano, a primeira pedra da Igreja Matriz que existe hoje em Corumbá.

A igreja seria festivamente inaugurada a 14 de outubro de 1877.
 

FONTE: Frei Alfredo Sganzerla, A história de frei Mariano de Bagnaia, Edição Fucmt - MCC, Campo Grande, 1992, página 209.


25 de maio


1879 - Atentado contra a imprensa


Máquina impressora de jornais no final do século XIX

É assaltada a tipografia do periódico O Iniciador, jornal que se publica em Corumbá. O atentado é atribuído, segundo Rubens de Mendonça, “a oficiais e praças do terceiro regimento estacionado naquela localidade, por desavenças entre comerciantes portugueses, cuja causa supunha-se patrocinada pelo dito periódico e alguns militares pouco ordeiros que, com o apoio de outra gazeta, haviam exacerbado essas desavenças.

O fato revestia-se de muita gravidade, pois que além da audácia com que fora praticado, invadindo um grupo armado de espada e revólveres, um estabelecimento dessa ordem, o primeiro da província, e onde residem os familiares dos proprietários, acresce que semelhante fato mais que tudo, exprimia o iminente perigo que corria a segurança pública, quando a exacerbação dos ânimos, que já se notava, poderia trazer como consequência um conflito sério entre militares e os comerciantes portugueses e seus aderentes. O próprio agente consular português, o mais ameaçado, já havia recebido aviso que pretendiam quebrar o escudo da Agência".¹


O atentado ao jornal corumbaense teve repercussão no Rio de Janeiro:

Em Corumbá houve um assalto à tipografia do Iniciador. Muitos vultos, entre eles oficiais do exército, segundo asseguram, atacaram munidos de revóveres e espadas, os fundos e frente da casa, arrombando portas e disparando tiros.

Houve muitos ferimentos ao que por enquanto nos consta. Oportunamente darei mais circunstanciadas notícias sobre tão grave atentado.

O sr. general Carvalho, comandante interino das armas, lá estava a passeio e parece que limitou-se a trazer consigo alguns dos oficiais turbulentos. Não se compreendendo como tal fato se desse justamente quando a estada daquele chefe militar, pelo seu prestígio (que deve ter), devia evitá-lo.

Consta também que o presidente da província já mandou que o chefe de polícia seguisse por este mesmo paquete a sindicar dessa ocorrência. Vamos ver o que fará o Sr. Dr. Pedra.²




FONTE: ¹Rubens de Mendonça, Historia do Jornalismo em Mato Grosso, edição do autor, Cuiabá, 1963. Página 114. ²Jornal do Comercio (RJ), 3 de julho de 1879.

24 de maio

24 de maio


1877 – Nioaque é elevada à categoria de freguesia


Decreto n° 506, assinado pelo presidente da província, general Hermes Ernesto da Fonseca (que viria a ser presidente da República), torna Nioaque freguesia, mudando-lhe o nome para Levergeria, em homenagem ao almirante Augusto Leverger, o barão de Melgaço. Os limites da nova jurisdição são os seguintes:

“...partido da confluência dos rios Miranda e Nioaque uma reta ao morro Azul na margem esquerda do rio Aquidauana; deste ponto Aquidauana acima, pela margem esquerda até a sua mais alta origem no lugar denominado Pontinha – no caminho para Camapuã; da Pontinha uma reta às cabeceiras do rio Sanguesuga e por este abaixo, margem direita até sua foz no rio Paraná; por este abaixo, margem direita até os limites do Império com a República do Paraguai; deste ponto os mesmos limites até o marco assentado nas cabeceiras do rio Miranda e por este abaixo, margem direita até a sua ligação com o rio Nioaque.” 



FONTE: Miguel A. Palermo, Nioaque evolução histórica e revolução de Mato Grosso, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1992, página 23.




24 de maio

1905 - Telégrafo chega a Porto Murtinho



Estação telegráfica de Porto Murtinho

É oficialmente entregue à população a estação telegráfica de Porto Murtinho. O major Rondon, chefe do serviço de extensão da rede, conforme ele mesmo conta em seu diário, deu, as 9 horas, “começo às transmissões de meus telegramas de comunicação da inauguração. Cedo apareceu Porto Murtinho, sendo este o primeiro sinal da perfeição da construção. Ao meio dia houve formatura para a leitura de minha ordem do dia, concernente à solenidade que nos entusiasmava a todos pelo hercúleo esforço empregado". 

Mais adiante, Rondon dá detalhes da missão cumprida:

Apesar dos mil contratempos causados pelas intermináveis chuvas, pela inundação de todos os rios transbordados, além de incontáveis dificuldades, conseguíramos realizar nossos planos de trabalho. Tanto vale querer e o saber escutar. Depois da leitura de minha ordem do dia terminada por um entusiástico “Viva a República”, dei por inaugurada a Estação e o serviço telegráfico, entregando ao tráfego 120 quilômetros de linha assentada, de Margarida a Porto Murtinho. Em seguida pediu a palavra um operário paraguaio que leu admirável discurso revelando espírito positivo e adiantado. (...) Dei completo descanso aos soldados e trabalhadores civis. O acampamento foi estabelecido, então, pela margem esquerda do córrego Noquem, do lado oposto à estação e ao estabelecimento da empresa Mate Larangeira.


FONTE: Ester Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, página 190.

FOTO: extraída do Album Graphico de Matto-Grosso (1914).



24 de maio

1945 - Decidida venda da Miranda Estância




Estiveram reunidos em River Plate House, em Londres, Eastman Bell e o major Ronald Henry Walter Henderson, ambos decendentes dos fundadores da The Miranda Estância Company Limited. Esta seria a 3a. Assembléia Geral Ordinária da companhia, proprietária de extensa área de terra no município de Miranda, Sul de Mato Grosso, utilizada em atividades ligadas à pecuária.

Na ordem do dia a decisão de promover a venda da fazenda no Brasil, que seria alienada a um grupo de empresários brasileiros ao final dos anos 40, "vendida por trezentas mil libras esterlinas a um grupo de investidores brasileiros que incluías sobrenomes como Bueno, Monteiro de Carvalho, Vidigal e outros de igual calibre. Começava ali a era de um dos nomes mais lembrados da história de Miranda Estância: a época de Alfredo Ellis Netto, acionista administrador. Neto do senador Alfredo Ellis e sobrinho do notável historiador paulista Alfredo Ellis Jr., major Ellis, como o chamavam, era um aviador militar que se apaixonou pela região. Ao adotar um modelo personalista com seus empregados, de quem retirava o máximo de rendimento de modo informal, era visto como um 'bandeirante moderno, mas, paradoxalmente, avesso a modernismos. Perfil que não o impediu, no entanto, de criar uma nova raça de gado, a Cayuá, cruzando Chianina com nelore e Tucuras pantaneiros", segundo Luiz Alfredo Marques Magalhães.



FONTE: Cezar Benevides e Nanci Leonzo, Miranda Estância, ingleses, peões e caçadores no Pantanal mato-grossense, Fundação Getúlio Vargas Editora, Rio, 1999, página 3. Luiz Alfredo Marques Magalhães, Mato Grosso do Sul, fazendas,uma memória fotográfica, Editora Alvorada, Campo Grande, 2012, página 95.

OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

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