sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

9 de maio

9 de maio


1748 - Criada a capitania de Mato Grosso


Ato de D. João V de Portugal criou a Capitania de Mato Grosso e Cuiabá, estipulando as respectivas jurisdições:

Os confins do governo de Mato Grosso e Cuiabá hão de ser para a parte de São Paulo, pelo dito rio Grande (Paraná) e pelo que respeita a sua confrontação com os governos de Goiás e Maranhão, vista a pouca distância que ainda há daqueles sertões, tenho determinado se ordene a cada um dos novos governadores e também ao do Maranhão, informem por onde poderá determinar-se mais cômoda e naturalmente a divisão.

No mesmo alvará foi criada a Capitania de Goiás.


O primeiro governador da nova unidade foi Rolim de Moura, Conde de Azambuja e a primeira capital, Vila Bela da Santíssima Trindade, às margens do rio Guaporé. 

FONTE: Pedro Valle, A Divisão de Mato Grosso, Royal Court, Brasilia, 1996, página 13.






9 de maio

1837 - Rusga: morto o ex-governador Poupino Caldas

Alvejado pelas costas, morreu em Cuiabá João Poupino Caldas, que governava Mato Grosso, em 1934, por ocasião da Rusga.

Fundador da Sociedade dos Zelosos da Independência., entidade que congregava os nativistas, responsável pela matança de portugueses em Cuiabá, na tenebrosa noite da explosão da Rusga, em 30 de maio de 1834, é morto numa emboscada, supostamente por vingança. 

Prestigiado por seu sucessor no governo, Antonio Pedro de Alencastro, por delatar os cabecilhas da noite sangrenta, Poupino viu-lhe a sorte virar no governo de Pimenta Bueno, que assumiu na sucessão de Alencastro. 

Imediatamente após sua posse, Pimenta Bueno convoca Poupino ao palácio e num diálogo curto e grosso, traça-lhe o destino:

" - V. S. me conhece?

- Conheço - respondeu o caudilho.

- Está resolvido a obedecer à primeira autoridade da província ou a rebelar-se?

- Cumprirei todas as ordens da legalidade.

- Pois então, dou-lhe só 24 horas para sair desta cidade e retirar-se para Goiás e daí ao Rio de Janeiro. É questão de ordem pública.

- Obedecerei já e já, asseverou o outro e retirou-se a desempenhar a palavra dada".

Para Rubens de Mendonça, "a Sociedade dos Zelosos da Independência não consentiu que Poupino se retirasse. Ela já o havia condenado à morte e o certo é que no dia 9 de maio de 1837, ao anoitecer, terça-feira, último dia das esmolas do Espírito Santo, sob o espocar dos foguetes e repiques de sinos, ao recolher-se a esmola, quando ele regressava à sua residência, foi alvejado pelas costas por certeira bala de prata que o penetrou já agonizante na calçada da travessa da Câmara, hoje travessa João Dias, sem que até hoje se soubesse que foi o criminoso".

FONTE: Rubens de Mendonça, Histórias das revoluções em Mato Grosso, edição do autor, Ciabá, 1970, página 50.


9 de maio


1867 - Retirada da Laguna: cavalaria paraguaia fustiga força brasileira


Eneias Galvão, comandante do 17 Voluntários da Pátria


O comandante do Batalhão 17 de Voluntários da Pátria, tenente-coronel Eneias Galvão, na linha de frente das forças brasileiras na fronteira, dá parte dos combates no segundo dia da retirada da Laguna:

...fazendo eu a vanguarda das forças, corre-me o dever de comunicar à V.Ex. que, às seis horas da manhã, ocupando o meu lugar, mandei avançar a linha de atiradores composta de setenta praças, quatro oficiais, três inferiores e dois cornetas, sendo trinta do Batalhão vinte de infantaria que foram postas à minha disposição, e bem assim, um oficial do mesmo batalhão, um inferior e um corneta e as restantes pertencentes a este batalhão, cuja linha, encontrando outra a fazer fogo, matando logo os nossos atiradores três paraguaios, que ficaram em direção do caminho por onde fomos passando, continuando a nossa marcha, tiroteando sempre, não só com a Infantaria inimiga, como com cavaleiros que se apresentaram, para cujo fim mandei reforçá-la, e retirando-se os atiradores inimigos ao atravessar-mos o córrego, que dista ouco menos de meia légua deste forte, deu-me V. Ex. ordem para que os atiradores, reforçados pelos índios e mais duas companhias do batalhão 20, acelerando a marcha, fossem se aproximando do Forte, e assim prosseguirmos a nossa marcha até este acampamento. - O tiroteio do inimigo, que durou talvez mais de hora, foi renhido, como V. Ex. mesmo em pessoa observou; a linha inimiga muito sofreu, como sou informado, ficando muitos paraguaios mortos, levando eles os feridos e os mortos que podiam, a cavalo.- O pequeno número de mortos que temos tido nestas forças, creio que é devido ao pouco alcance das armas inimigas, e fico pasmo de ter a Cavalaria só, carregado por uma vez ao nosso pequeno corpo de caçadores a cavalo e este mesmo disseminado no serviço de atiradores.



FONTE: Taunay, A retirada da Laguna, 14ª edição, Edições Melhoramentos, São Paulo, 1942, página 166.






9 de maio
 


1909 - Deixa Porto Esperança o primeiro trem do Pantanal

Sai de Porto Esperança, então ponto terminal da Estrada de Ferro Noroeste a primeira locomotiva a serviço da ferrovia. A alvissareira notícia é dada pelo Correio do Estado (de Corumbá) em sua primeira edição:



FONTE: Correio do Estado (Corumbá) 12 de maio de 1909.


9 de maio

1925 - Coronel Gomes morto em Nioaque

9 de maio

1940 - Assassinado em Campo Grande ex-prefeito de Aquidauana 




É assassinado em Campo Grande o médico e dentista, Oscar Alves de Souza, juiz de paz da cidade e ex-prefeito de Aquidauana. Entrevistado pelo Jornal do Comércio, Nero Moura, principal testemunha da ocorrência, prestou as seguintes informações:

Após ter jantado com o Dr. Oscar Alves de Souza, na casa de residência deste, saí em companhia dele afim de irmos ambos, a pé, em demanda da casa de residência de nosso amigo comum sr. Messias de Carvalho Araújo, para o cumprimentarmos pelo seu aniversário que transcorria naquele dia.

Conversando com o meu inditoso companheiro, seguíamos os dois pela rua João Pessoa (atual 14 de Julho), descuidadamente, quando ao defrontarmos o prédio de sobrado do sr. Alfredo Silva, sito nesta mesma rua João Pessoa, n° 1180, estando eu pelo lado de dentro do passeio, portanto do lado direito do dr. Oscar Alves de Souza, ouvimos alguém bem de perto, quase junto de nossas costas, pronunciar em tom interrogativo estas palavras: "DR. OSCAR"? e em ato contínuo a essas palavras, antes mesmo que meu companheiro se tivesse virado de todo para quem assim o chamava, ouvimos dois disparos de arma de fogo, que pela rapidez com que foram disparados, deram-me a primeira impressão de serem de arma automática.

Compreendendo a agressão covarde e traiçoeira de que fora vítima meu amigo atraquei-me simultânea e instantaneamente em luta corporal com o agressor, afim de o subjugar.

Mas, embora já estando eu atracado com o assassino, este conseguiu ainda disparar duas vezes a arma que empunhava.

Após o quarto e último tiro disparado, consegui subjugar o assassino, derrubando-o ao solo, e no momento em que já havia dominado por completo o covarde agressor de meu companheiro ia arrancar da mão dele arma assassina, foi esta arrebatada por uma homem que se aproximara e que se disse pertencer à polícia secreta de S. Paulo, o qual prendeu o assassino auxiliado por autoridades policias desta cidade que correram ao ruido dos tiros.

O criminoso, que "confessou motivos de natureza íntima" para cometer o homicídio foi João de Souza Rangel, sargento reformado do Exército e ex farmacêutico em Vista Alegre e que segundo o jornal "já vinha há dias premeditando o crime, tendo sido visto anteontem passando longo tempo nas imediações da casa de residência do dr. Oscar Alves de Souza". 

Natural de Minas Gerais, o dr. Oscar Alves de Souza estava em nosso Estado há mais de 20 anos, logo depois de se diplomar como cirurgião-dentista pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.

Sua passagem por Mato Grosso é resumida pelo jornal de Campo Grande:

Foi morar em Aquidauana, onde abriu seu consultório dentário, conquistando em pouco tempo, graças à sua proficiência como dentista e ao seu feitio franco e cavalheiresco, não só uma vasta clientela mas também uma grande e prestigiosa atuação social.

Casando-se naquela cidade com uma das distintas filhas do saudoso chefe político cel. Augusto Mascarenhas, ingressou também o dr. Oscar de Souza, pouco depois, nas lides da política, tendo ocupado naquela cidade, sempre com grande brilho, os cargos de vereador municipal e de prefeito, em que deixou traços anapagáveis da sua progressista operosidade.

Desgostos na política local fizeram o dr. Oscar de Souza transferir sua residência para Campo Grande, onde, demonstrando seu amor ao estudo, concluiu no ginásio municipal seus preparatórios para o curso médico, iniciando a seguir os seus estudos de medicina, tendo recebido o grau de doutor em Medicina já há alguns anos pela faculdade do Rio de Janeiro.

Exerceu aqui durante alguns anos o cargo de Delegado de Higiene, e, ultimamente, sem deixar o exercício da profissão, vinha-se dedicando com ardor ao desenvolvimento de sua bela fazenda. Era atualmente juiz de paz de Campo Grande.   

FONTE: Jornal do Comércio (Campo Grande), 10 de maio e 14 de maio de 1940.                                        

8 de maio

8 de maio


1867 - Guerra do Paraguai: começa a retirada da Laguna

A retirada da Laguna, composição de Álvaro Marins


Encurralado e fustigado pela forte cavalaria inimiga, com insuficiência de munição, falta de víveres e tendo como justificativa, retroceder à fronteira para "aguardar algumas probabilidades de nos abastecer e gozar de pequeno repouso", a força brasileira de ocupação ao norte do Paraguai, inicia em 8 de maio de 1867, a célebre retirada da fazenda Laguna, ocupada em 6 de maio. O episódio foi descrito pelo tenente Taunay, escriba da expedição e seu mais ilustrado protagonista:

Quando no dia seguinte, o sol se levantou (era um dia dos mais serenos) já estávamos em ordem de marcha com as mulas carregadas, os bois de carro nas cangas e tudo quanto restava do gado encostado ao flanco dos batalhões, de modo a seguir todos os movimentos da coluna.


Às sete da manhã, o corpo de caçadores desmontados, a quem competia o turno da vanguarda, abriu a marcha, tendo a seguir bagagens e carretas, circunstância que nos impediu de transpor facilmente um riacho avolumado pelas chuvas dos dias antecedentes. (...)


Avançávamos em boa ordem quando subitamente viva fuzilaria se fez ouvir: era a nossa vanguarda que renteando um capão de mato fora atacada por uma partida de infantaria, ali emboscada. Tinham algumas balas vindo cair por cima das fileiras num grupo de mulheres que marchavam tranquilamente ao lado dos soldados; tal algazarra provocaram que não sabíamos o que poderia ter sucedido. Pouco durou este terrível tumulto; investindo resolutamente com o inimigo, nossa gente o desalojou impelindo-o até o primeiro declive do planalto, onde estava a fazenda da Laguna. Mas ali formaram-se os paraguaios, novamente resistindo algum tempo, achegando-se logo depois, passo a passo, dos cavalos; afinal enquanto alguns, já montados, disparavam a todo dar de réguas, outros fingiam resistir para proteger os camaradas que fugiam a bom fugir, inteiramente derrotados.


Os combates duraram praticamente o dia inteiro, com baixas nos dois lados, conseguindo as tropas de Camisão mover-se penosamente até às margens do Apa-Mi, onde acamparam ao entardecer:


Caíra a noite, profundamente escura. Estávamos estrompados de cansaço, a vista escura e o espírito abalado por tantas e tão variadas impressões cujas imagens acabavam por se confundir. Não houve quem armasse tenda ou barraca. Dormimos em grupos, formados quase ao acaso, de três, quatro ou mais, conchegados uns aos outros, cobertos em comum por capotes, ponchos, mantas, com quanto encontráramos; cada qual com o fuzil, o revólver ou a espada ao alcance da mão e o chapéu desabado sobre os olhos, para se resguardar do orvalho, tão copioso que tudo encharcava.




FONTE: Taunay, A retirada da Laguna, Edições Melhoramentos, São Paulo, 1942, página 71.


8 de maio

1873 - Estabelecidos os limites do município de Corumbá

Pela resolução n° 2 do presidente da província, José Miranda da Silve Reis, são estabelecidos os limites do município de Corumbá:

"Art. 1° - A divisa da freguesia de Santo Antonio do Rio Abaixo com a de Corumbá será o rio São Lourenço acima, desde a sua confluência com o rio Cuiabá até a embocadura do rio Piquiri, daí por este acima até onde nele deságua o rio Correntes.

Art. 2° - A divisa da freguesia com a Herculânia, novamente criada, será a linha tirada da confluência dos rios Correntes e Piquiri, que cortando o rio Taquari vá até às cabeceiras do rio Capivari; e com a freguesia de Miranda pelo Capivari abaixo até este desaguar no rio Mondego, e por este abaixo até sua embocadura no rio Paraguai.

Art. 3° - Também fará parte da freguesia de Corumbá todo o território da extinta freguesia de Albuquerque e bem assim a ilha forma pelos rios S. Lourenço o braço denominado Cracará".

FONTE: Coleção das leis da província de Mato Grosso, 1835 a 1912, página 6.


8 de maio

1910 - Iniciadas obras o hospital de caridade deCorumbá

Criada em 8 de novembro de 1903, iniciam-se as obras de construção do hospital de caridade de Corumbá, uma iniciativa da sociedade local, saudada pela imprensa da cidade:

"Realiza-se no dia 8 de maio próximo, no respectivo local, o início das obras do Hospital de Caridade desta cidade, sendo amplamente festejado esse auspicioso acontecimento. 

A festa será presidida pelo nosso distinto amigo tenente-coronel Américo Augusto Caldas, presidente da Sociedade de Beneficência Corumbaense, sendo para ela convidados os representantes de todas as classes nacionais e estrangeiras de Corumbá.

Essa data, que já é gloriosa para o Brasil, vai-se tornar mais cara aos corumbaenses, porque será doravante o marco que há de registrar a consecução de uma de suas mais nobres aspirações.

Aos esforços da Sociedade de Beneficência Corumbaense, cujo estado financeiro é dos mais prósperos, pois possui um pecúlio de 56.000$000, devemos, fato de tanta relevância, qual o início das importantes obras da bela casa de caridade".

FONTE: Correio do Estado (Corumbá), 30 de abril de 1910.

 


7 de maio

7 de maio


1892 - Generoso Ponce retoma Cuiabá



População festeja vitória do comandante Ponce, em quadro de José Hidalgo



As tropas do batalhão patriótico Floriano Peixoto, sob o comando do coronel Generoso Ponce, após vários dias de combate nos arrebaldes, finalmente chegam ao centro, com força total, mas, encontrando resistência:


“De ambas as partes saiam tiros. Em poucos minutos o contínuo fogo vivo, sem tréguas de parte a parte, deixava fora de combate grande número de vítimas.¹

Ficando apenas um batalhão inimigo que entregou-se somente dois dias depois, com a renúncia do coronel Luis Benedito, que ocupava a chefia do governo, Ponce, na condição de 1° vice-presidente, assume a chefia do governo.²


Era o termo de um movimento sedicioso iniciado a 22 de janeiro, na cidade de Corumbá, arquitetado por militares e políticos ligados ao general Antônio Maria Coelho e sustentado pelo coronel José Barbosa, comandante do distrito militar do Estado.


A deposição do presidente Murtinho, a 1° de fevereiro, substituído por uma junta e depois pelo vice-presidente Luis Benedito, eleito em um pleito anulado, provocou a reação do principal líder político do Estado, coronel Generoso Ponce que organizou a resistência em todo o Estado.


No Sul, esteve à frente da resistência, o intendente de Nioaque, coronel Jango Mascarenhas, que tomou os quartéis de Nioaque e Miranda, impedindo o deslocamento de reforços aos rebelados de Corumbá.


Ponce permaneceu à frente do governo somente até a chegada de Manoel Murtinho, que reassumiu e o Estado voltou à normalidade, garantida nos próximos 8 anos, até o rompimento da aliança Ponce-Murtinho.




FONTES: ¹Miguel A. Palermo, NOIAQUE, Evolução política e revolução de Mato Grosso, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1992, página 84; ²Rubens de Mendonça, História do Poder Legislativo de Mato Grosso, Assembléia Legislativa, Cuiabá, 1972,página 64.


7 de maio

1912 - Correio do Estado (de Corumbá) suspende circulação

Nota de duas linhas de coluna, em jornal de Cuiabá, dá conta da suspensão da circulação do Correio do Estado. Fundado em 5 de maio de 1909 e dirigido por Francisco Castelo Branco, o jornal não estava diretamente ligado a nenhum partido político e estampava sob sua logomarca, o slogan "orgam de interesses geraes do povo". Sua última edição disponível, circulou em 25 de abril de 1912. 

FONTE: O Debate, Cuiabá, 9 de maio de 1912.


7 de maio

1927 - Impaludismo ataca refugiados da coluna Prestes na Bolívia

Chega a Corumbá, procedente de Gaiba, na Bolívia, um vapor da Bolívia Concession, "trazendo notícias novas do general Carlos Prestes e dos seus homens" ali exilados, com o fim da revolta da coluna Prestes contra os governos de Arthur Bernardes e Washington Luis.

A principal notícia dá conta de que "apareceu em Gaíba uma febre sazonática de carácter endêmico que tem atacado muitos revolucionários". Acrescenta-se que como não houvesse recursos bastantes para aquisição de medicamentos, "os senhores Miguel Perez e Silvino da Costa organizaram uma subscrição, obtendo o necessário para aquele humanitário fim".

FONTE: Diário da Noite (SP), 13/05/1927.

6 de maio

6 de maio


1867 - Tropas brasileiras tomam a fazenda Laguna no Paraguai



Coronel Camisão, comandante das forças brasileiras de ocupação


As tropas brasileiras, sob o comando do coronel Carlos Camisão atacam a fazenda Laguna, do presidente Solano Lopez, em território paraguaio:

“Na madrugada de 6 de maio foram os paraguaios acordados ao som de nossas descargas, sendo incontinenti ocupado o acampamento inimigo. Glória imensa coube à nossa soldadesca! O entusiasmo era indescritível! Nesta ocasião os paraguaios desmascaravam a força de que dispunham. Mais de 700 cavaleiros carregaram por vezes à infantaria brasileira, ao passo que duas bocas de fogo atiravam sobre ela inúmeros projetis. As partes deste combate vão juntas e minuciosamente relatam os seus brilhantes episódios. Muitas lanças, armas, cavalos, arreios e ponchos revieram para o nosso acampamento, pois que haviam os dois corpos recebido ordem para se retirarem, apenas os inimigos cedessem campo".


A estratégia paraguaia viria a ser descoberta apenas depois da incursão dos soldados brasileiros sobre seu território:


“O inimigo que ocultava sua força, retirou-se como sempre, deixando-nos estrada franca até a Invernada de Laguna, onde acampamos, a 8,5 léguas do rio Apa, na esperança de obter algum gado. Várias vezes foram os nossos batalhões proteger os campeiros, sendo sempre incomodados por partidas de cavalaria, as quais sem fazerem frente a nossos soldados, impediam contudo, totalmente a execução do que pretendíamos".



FONTE: Taunay, A retirada da Laguna, (16a. edição) Edições Melhoramentos, São Paulo, 1963, página 178.








6 de maio

1889 - Assume o cargo o primeiro sub-delegado de Campo Grande


Joaquim Vieira, nomeado pelo delegado de Nioaque, para titular da sub-delegacia de polícia de Campo Grande, envia ofício,comunicando o evento, ao seu chefe em Cuiabá:

"Tenho a honra de comunicar a Va. Exa. que nesta data entrei em exercício do cargo de subdelegado de polícia para o qual fui nomeado em da de 7 de março p.passado, tendo prestado juramento em 29 de abril como consta da cópia que junto a este".

Com ele assumem também o escrivão João Carlos de Assis Ferreira, os inspetores de quarteirão Francisco Gonçalo Martins e Antonio Francisco de Almeida e o oficial de justiça Manuel Estáquio dos Santos.


FONTE:Emílio Garcia Barbosa, Esboço histórico e divagações sobre Campo Grande, in Série Memória Sul-mato-grossense (volume XIV), Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, página 218.




6 de maio




1912 -Sedição divisionista em Ponta Porã





O capitão Antônio Neto de Azambuja, comandante do 17o R.C. de Ponta Porã chefia revolta armada, mandando prender importantes autoridades locais, entre elas, o coronel Baltasar Saldanha, chefe da política local, e o sr. Marcos Fioravanti.

Os tenentes Armindo de Almeida Rego, Antônio Lacerda Gomes, Álvaro Antunes da Cruz e sargentos Cícero Mangini, Manoel Maiolino de Brum, Cícero de Oliveira ‘Mandobi’ e José Cavalcanti da Silva Brabo, segundo Pedro Ângelo da Rosa, não acompanharam a revolta e se reuniram em casa do tenente João Cândido Pereira de Castro Júnior, sob as ordens do capitão Carvalho. Pela tarde, a tropa revoltada, em número de 28 homens, levando em carretas o armamento e fardamento existentes no quartel, seguiram até Sepi Cuê, a uns seis quilômetros da cidade, onde acamparam tranquilamente sem a menor precaução. Ignorava o capitão Azambuja, que no quartel os elementos militares, reunindo civis, preparavam a reação, tendo a Brigada Cambará ocultado uma quantidade de mosquetões, que ficaram no regimento. O objetivo do capitão Azambuja era marchar até Amambai, para incorporar um contingente de civis, partidários de Bento Xavier, armá-los e voltar para Bela Vista a fim de bater a tropa da polícia do major Gomes e unir-se a Bento Xavier, iniciando novamente a revolução no Sul do Estado.


Organizado no quartel o plano de ataque aos revoltosos, no dia 9 às quatro horas da madrugada, dois contingentes devidamente armados e municiados, seguindo o capitão Carvalho com a cavalaria atacaram o inimigo pela frente, no que foram auxiliados pela guarda de José Manvailer, que acometeu-o pelo flanco esquerdo. A retaguarda foi atacada pelo contingente do tenente Castro Júnior, que seguiu a pé pelos fundos da invernada do quartel e Santo Tomaz.
Desfechado o ataque os revoltosos, aos quais já se haviam reunido alguns civis, que estavam acampados na costa do banhado de Sepí Cuê, foram surpreendidos e desbaratados, deixando quatro mortos e quatro feridos em campo, inclusive o capitão Azambuja, que na ocasião tomava mate tranquilamente, na sua barraca e recebeu sete ferimentos.


O armamento foi retomado e os feridos e prisioneiros foram conduzidos ao quartel, tendo abortado o objetivo da revolta, pelo seu fracasso inicial".



FONTE: Pedro Ângelo da Rosa, Resenha histórica de Mato Grosso, Livraria Rui Barbosa, Campo Grande, 1962, página 65.


6 de maio

1925 - Morto em Nioaque o coronel Antonio Gomes

É morto a tiros em Nioaque, o coronel Antonio Gomes da Silva. Alagoano, combatente legalista na guerra de Canudos, onde lutou com sargento do exército, em Mato Grosso, conseguiu patente de major da polícia e tornou-se figura importante tanto na segurança como na política. Como chefe, na polícia, notabilizou-se quando derrotou o gaúcho Bento Xavier, nas batalhas finais na insurreição separatista, liderada pelo célebre maragato, na fronteira Brasil - Paraguai (1907-1911), na Caetanada, revolta contra o governo do presidente Caetano de Albuquerque (1916) e no comando de um batalhão do exército, na resistência aos revoltosos de São Paulo, em Três Lagoas (1924). Na política, foi deputado estadual e, quando foi morto, era candidato numa chapa de consenso para 2° vice-presidente do Estado.

As primeiras notícias de sua morte, mostram que "a cena de sangue de que resultou a morte do coronel Antonio Gomes Ferreira da Silva, candidato indicado pelos próceres da política matogrossense para 2° vice-presidente do Estado, deu-se naquela cidade, no dia 6 do corrente, no momento em que ele discutia com várias pessoas sobre a organização de forças para auxiliar o general Malan na defesa das fronteiras daquele Estado contra a invasão das forças revolucionárias.

O coronel Gomes encontrava-se em Campo Grande, em companhia de sua família, de passagem para São Paulo, quando o general Malan o convidara para reorganizar as forças que a seu mando, tomaram parte, ano passado na repressão dos revoltosos de São Paulo. O coronel Gomes teria aceitado o convite do general e telegrafado a seus amigos de Nioaque, recomendando-lhe que se fossem reunindo enquanto ele acompanharia a sua família a São Paulo, regressando imediatamente, para pôr-se à frente de seus companheiros.

Estes, porém, lhe teriam contestado, negando-se filiarem-se às forças sob seu comando, alegando faltas que para com eles cometera o coronel Antonio Gomes, quando da campanha do ano passado e declarando-lhe que desta vez se filiariam às forças que se achavam em organização sob o comando do coronel Quincas Nogueira. Enfurecido com o procedimento dos seus antigos camaradas, o coronel Gomes ter-se-ia dirigido imediatamente para Nioaque, em automóvel, deixando sua família em Campo Grande.

O primeiro cuidado que teria tido ao chegar em Nioaque, fora procurar o coronel Quincas Nogueira, para uma explicação. Em companhia deste sr. encontravam-se um seu sobrinho, filho do sr. Avelino Nogueira e mais alguns outros adeptos da sua facção. Desde o primeiro instante, a discussão teria tomado um caráter de recíproca agressão e, em dado momento, quando o sobrinho de Quincas Nogueira proferira ao coronel palavras injuriosas, este não se contivera e, com certeira pontaria, teria alvejado o ofensor, que caia ali mesmo, já sem vida.

Ato contínuo, os companheiros de Quincas Nogueira teriam descarregado os seus revólveres sobre o coronel Gomes, que igualmente falecia instantaneamente".

FONTE: O Combate (SP), 28/05/1925.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

5 de maio

5 de maio


1865 – Nasce em Mimoso, Cândido Mariano da Silva Rondon

Filho de Cândido Mariano da Silva e Claudina Freitas Evangelista, nasce em Mimoso, Candido Mariano da Silva Rondon. Tendo ainda muito jovem ingressado à carreira militar, foi o maior sertanista brasileiro de todos os tempos, responsável pela ligação do Norte e Centro-Oeste ao litoral, via telégrafo e o mais consagrado indigenista de nossa história. Rondon é o patrono das comunicações brasileiras. 

“É minha ascendência materna indígena – índios terena e bororo. Com os guaná de quem descendia minha avó paterna, Maria Rosa Rondon, são três as tribos de que descendo.
Eram meus bisavós maternos, pais de minha avó materna, Constantino de Freitas, de origem portuguesa, e Maria de Freitas, mestiça terena, nascida em Miranda. Teve o casal muitos filhos, entre eles, Ana de Freitas Leite Queiroz (tia Aninha), que se casou com Antonio Caetano Leite e Maria Constança de Freitas, minha avó.


Os pais de meu avô materno eram José Lucas Evangelista, bandeirante, e Joaquim Gomes, de Jacobina, localidade do município de São Luis de Cáceres, mestiça de índios bororo da Campanha. Tiveram os seguintes filhos: Ana Silvéria, Tomásia, Maria Francisca, Maria Tomásia, Francisca, casada com Manuel de Sousa Neves, a quem eu chamava ‘dindinha’, porque, com meu avô, me criou até 7 anos e, finalmente, João Lucas Evangelista, meu avô.
Meus avós maternos, João Lucas Evangelista e Maria Constança de Freitas, casaram-se em Miranda. Foram os seguintes os filhos do casal: Joaquim Manuel, João, Miguel, Pedro, Francelino, Antônio, Bartolomeu, Antonia, Balbina, e Claudina, minha mãe.


Casaram-se meus pais, Cândido Mariano da Silva e Claudina Lucas Evangelista, no Mimoso".


Nome de rua em todas as cidades de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, de uma cidade em Mato Grosso (Rondonópolis) e outra no Paraná (Marechal Rondon), Rondon é o único brasileiro que denomina um Estado brasileiro: Rondonia.



FONTE: Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, página 14.



5 de maio

1960 – População protesta contra apagões


O prefeito Wilson Martins lidera os protestos à luz de lampeão

A crise de energia elétrica, que atormentaria o Sul de Mato Grosso até a chegada da energia de Jupiá, em meados da década de 60, levou a Associação Comercial de Campo Grande a organizar movimento intitulado “Campanha da Vergonha”, mobilizando a opinião pública através de manifestações de protestos, com a divulgação de panfletos, notas nos jornais e discursos na Câmara Municipal. A movimentação culminou com a grande passeata de comerciantes, estudantes e populares, à noite, com velas acesas pelas ruas da cidade e a invasão do prédio da companhia. 

A campanha resultou ainda em greve geral com a paralisação por 24 horas de todas as atividades no município, confirmada pela imprensa da capital do Estado:  





O movimento foi decisivo para estatização da empresa particular que explorava o serviço na cidade. 


FONTE: Edgard Zardo, De Prosa e Segredo Campo Grande segue seu curso, Funcesp/Fundação Lions, Campo Grande, página 97; O Estado de Mato Grosso (Cuiabá), 8 de maio de 1960.


FOTO: reprodução do livro Memória: janela de história, de Wilson Barbosa Martins

4 de maio

4 de maio


1866 - Guerra do Paraguai: colunas se juntam 


Taunay, 2º tenente e escriba da expedição brasileira

A caminho de Miranda, no acampamento do rio Negro, a primeira brigada que deixara antes o Coxim, é alcançada pela segunda, trazendo o novo contingente que enviara a província de Goiás. “Neste tempo - anota Taunay - achava-se a coluna a braços com as mais atrozes necessidades. A carne faltava de todo, os soldados quase que exclusivamente se sustentavam de fruta de jatobá e de outras árvores silvestres. O abuso trouxe logo o desenvolvimento de várias enfermidades, cuja atividade era ajudada pelas condições climatéricas do lugar. Com efeito, o acampamento assentava em chão fofo, que em covas de dois a três palmos de profundidade davam a água de beber. De mais por todos os lados pântanos extensos, sujeitos à ação do sol ardente, produziam exalações deletérias".



FONTE: Taunay, Em Mato Grosso invaddo, 14a. edição, Companhia Melhoramentos, S.Paulo, 1942, página 71.




4 de maio


1898 - Mesa de Rendas em Porto Murtinho





Em ato solene é inaugurada a mesa de Rendas de Porto Murtinho, em prédio doado à União pelo Banco Rio e Mato Grosso, novo proprietário da Companhia Mate Larangeira, controlado pelos irmãos Murtinho. Presentes o superintendente do banco, José Leite Pereira Gomes e o inspetor da Alfândega de Corumbá, capitão Antônio Correa da Silva Pereira. O primeiro escriturário da nova repartição foi Eugênio Nunes de Arruda. 



FONTE: Estevão de Mendonça, Datas matogrossenses, 2a. edição, Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1972, página 218.

FOTO: extraída do Album Graphico de Matto-Grosso (1914).



4 de maio 

1909 - Agua encanada, esgoto sanitário e iluminação para Corumbá


O intendente municipal de Corumbá, Pedro Paulo de Medeiros, faz publica edital de concorrência pública para para dotar a sede do município dos serviços de água potável, esgoto sanitário e iluminação pública:

"O 1º Vice-Intendente Municipal, em exercício, faz saber que a Câmara Municipal deliberou e ele manda publicar a seguinte Resolução:

Art. 1° - Fica nula e de nenhum efeito a concessão a que se refere a Resolução n? 51 de 21 de Dezembro de 1908 para o abastecimento de água potável e iluminação elétrica a esta cidade.

Art. 2° - O poder executivo municipal fica autorizado a chamar nova concorrência para cada um desses serviços, inclusive o de esgotos, limitando o prazo improrrogável de quatro meses para apresentação das respectivas propostas.

§  1° - Para a apresentação das propostas, cada proponente é obrigado à caução da quantia de dois contos de réis em moeda corrente, que reverterá para os cofres municipais no caso do não comparecimento do proponente ou seu representante idôneo para a assinatura do respectivo contrato da proposta aceita.

§ 2° - O depósito para garantia da execução de cada proposta aceita será da quantia de cinco contos de réis.

§ 3° - O proponente para o abastecimento de água potável, cuja proposta for aceita, depositará, além dos cinco contes de réis, também em moeda corrente, para pagamento dos estudos, plantas e orçamentos de que trata a Resolução n° 55, de 28 de janeiro do corrente ano.

Art. 3° - O privilégio para cada um dos referidos serviços será de 60 anos, no máximo, sendo os mesmos serviços executados e explorados exclusivamente pelo concessionário ou empresa que organizar, dentro ou fora do país.

Art. 4° - É fixado em sessenta dia o prazo para assinatura dos respectivos contratos desses serviços, sendo improrrogável dito prazo..

Art. 5° - Fica o poder executivo municipal autorizado a aceitar as propostas que julgar mais convenientes aos interesses do município, mandando lavrar os respectivos contratos.

Art. 6° - Revogam-se as disposições em contrário".


FONTE: Correio do Estado (Corumbá) 27 de abril de 1910.

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