sexta-feira, 4 de março de 2011

26 de julho

26 de julho

1866 – Morre Chichorro da Gama


Chichorro da Gama é o primeiro da esquerda para a direita (sentado). Taunay é  o segundo
da esquerda para a direita (em pé)


Vítima da perneira, ou beri-beri, uma paralisia dos membros inferiores, que “rouba-nos vidas preciosas, e em menos de quarenta dias oito oficiais sucumbem”, faleceu no Taboco, o tenente da comissão de engenheiros da força brasileira Joaquim José Pinto Chichorro da Gama, colega de Taunay, que o eleva à condição de herói e mártir:

...estão bem presentes à memória dos companheiros de campanha os verdadeiros atos de heroísmo que praticou para cumprir exatamente com os seus deveres militares. Atacado logo em princípio da viagem, em S. Paulo, de gravíssima pneumonia, não quis ouvir falar em volta. Mal sarado montou a cavalo e seguiu com a expedição. Restabeleceu-se afinal, mas ao chegar ao Coxim, novamente esteve às portas da morte com outra enfermidade longa e violenta. Instado, rogado para que voltasse para a corte, a nada quis atender. – Prefiro morrer aqui, dizia ele, a dar um passo para trás.

Nas marchas afrontava todos os incômodos: a nada se poupava, e quando no rio Negro viu que o chefe da comissão de engenheiros os seus colegas de propósito o arredavam de comissões mais arriscadas, exigiu que fossem nivelados todos os direitos e, tomando a peito romper pela água um caminho para a força, atirou-se com um companheiro aos pantanais e varou-os. Quando voltou caiu para não mais se levantar.

Foi enterrado no Taboco em lugar bento e assinalado por uma cruz e um cercado. Entretanto, meses depois o proprietário daquela fazenda cometeu o sacrilégio de mandar derrubar o símbolo sagrado que protegia a guarida eterna daquele lidador que tanto lutara contra sorte infausta.

FONTE: Taunay, Em Mato Grosso invadido, Edições Melhoramentos, São Paulo, sd., página 74.




26 de julho

1905 – Rondon passa por Ponta Porã



Acampamento do major Cândido Mariano da Silva Rondon e sua comitiva



Em sua viagem de inspeção ao Sul do Estado, após a extensão da linha telegráfica até Bela Vista, Rondon chega a Ponta Porã, “povoado com rancharia de zinco e capim, numa planície imensa, sem rio que o abastecesse, apenas uma lagoa para servidão pública. Havia, entretanto, nos arredores, cabeceiras que poderiam fornecer boa água aqueles 1000 habitantes. O comércio fazia-se com Concepcion, através da célebre picada de Ciriguello, por onde passou Lopes na retirada para Cerro Corá. Era a parte de Ponta Porã pertencente ao Paraguai, muito maior que a parte brasileira e chama-se hoje Juan Caballero, nome do patriarca da independência daquele país.”

FONTE: Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, página 195.


26 de julho

1926 – Inaugurado o G.E. Joaquim Murtinho



Ginásio Joaquim Murtinho em seu primeiro aniversário
Tendo sua pedra fundamental lançada em junho de 1920, pelo presidente Dom Aquino Correa, em sua visita a Campo Grande, é finalmente, entregue o prédio do primeiro grupo escolar de Campo Grande, construído pelo português Luis Lousinha, no governo de Estêvão Alves Correa, tendo como encarregado dos trabalhos o coronel Antero Paes de Barros.

O seu primeiro diretor foi o professor paulista Bartolomeu Lopes dos Santos.

FONTE: Paulo Coelho Machado, A grande avenida, Funcesp/UBE, Campo Grande, 2000, página 342.


26 de julho

1974 - Deputado assassinado em Chapada dos Guimarães



Aos 45 anos é assassinado em Chapada dos Guimarães, o deputado federal Emanuel Pinheiro (Arena-MT). Sua morte teve repercussão nacional:

"Foi assassinado hoje por volta das 13 horas, nesta cidade, o deputado federal Emanuel Pinheiro com seis tiros, pelas costas. O assassino, João Lopes, esposo da ex-prefeita de Chapada dos Guimarães, entregou-se às autoridades, sendo imediatamente recolhido à penitenciária local e, após transferido para Cuiabá. Nada foi revelado sobre os motivos que levaram o homicida a cometer o bárbaro crime.

Com o assassinato do deputado Emanuel Pinheiro assumirá a vaga na Câmara dos Deputados, o suplente arenista Edyl Ferraz.

O deputado Emanuel Pinheiro foi nas últimas eleições o quarto deputado federal mais votado, com 21 mil votos. Os três outros foram Garcia Neto com 32 mil votos, Ubaldo Barém com 23 mil votos e Marcílio Lima, com 22 mil votos.

O deputado assassinado na cidade de Chapada dos Guimarães, nasceu na capital do Estado, Cuiabá, no ano de 1929. No próximo dia primeiro de agosto deveria completar 45 anos de idade. Exerceu em Mato Grosso as profissões de advogado e professor e o cargo de procurador.

Emanuel Pinheiro deixa viúva a sra. Maria Helena Freitas Pinheiro e órfãos: Helena Maria, Marco Antonio, Marco Túlio, Emanuel Júnior e Marco Polo.

CARREIRA

A vida pública do deputado Emanuel Pinheiro foi marcada pelos seguintes fatos, depois de ter exercido durante vários anos o cargo de arquivista da prefeitura de Cuiabá, foi eleito deputado estadual por duas legislaturas de 1963 a 1967 e de 1967 a 1971, tendo nesta segunda legislatura exercido as funções de presidente da Assembleia Legislativa em 1970 - novembro - foi eleito deputado federal mais votado.

Em Brasília era membro das comissões de Educação e Cultura e do Desenvolvimento da Região Centro-Oeste e suplente da comissão de Constituição e Justiça.

Emanuel Pinheiro tinha dois títulos de cidadania concedidos pelos municípios de N.S. do Livramento e Jaciara, ambos em Mato Grosso".


FONTE: Correio Brazieliense (Brasília) 27 de julho de 1974. 



25 de julho


25 de julho


1883Mate Larangeira instala-se oficialmente no Estado



Thomaz Larangeira, à esquerda



Autorizado pelo decreto imperial 8.799, de 9 de dezembro de 1882, a explorar os ervais no Sul de Mato Grosso, Thomaz Larangeira estabelece o primeiro arranchamento de sua companhia à margem direita do rio Verde, "e que oficialmente marca o início dos trabalhos da empresa, à qual já se haviam associado os irmãos Murtinho, matogrossenses de destaque no cenário político da corte".

A exploração da erva mate na região, em verdade, começou bem antes da autorização formal. Terminados os trabalhos de demarcação das fronteiras Brasil-Paraguai em 1874, Thomaz Lanrangeira, que participou dos trabalhos como fornecedor da comissão de limites, começou a trabalhar na elaboração da erva mate, para o que foi ao Rio Grande do Sul, de lá trazendo os auxiliares de que necessitava para organização dos trabalhos.

"De início - informa Pedro Ângelo da Rosa - o sr. João Lima passou a gerenciar e organizar a empresa; Antonio Inácio da Trindade e Francisco Xavier Pedroso eram incumbidos da compra de gado, e Gabriel Machado encarregado da fazenda Santa Virgínia, que foi fundada para abastecer de gado os 'ranchos' ervateiros, onde começavam a chegar os piões trazidos de Conceição, Paraguai por João Lima.

O depósito central e a administração da empresa ficaram estabelecidos em Capivari, na boca da picada do Chiriguelo, no Paraguai e por onde era o produto conduzido em carretas para Conceição a fim de ser embarcado por via fluvial para a Argentina. Algumas remessas entravam também pelas picadas de Nhuverá e Ipehum".



FONTE: Pedro Ângelo da Rosa, Resenha Histórica de Mato Grosso (Fronteira com o Paraguai), Livraria Ruy Barbosa, Campo Grande, 1962, página 25.

FOTO: Luiz Alfredo Marques Magalhães, Retratos de uma época, 2a. edição, edição do autor, Ponta Porã, 2013, página 46. 


25 de julho

1921- Peste bovina: exportações liberadas

Proibidas desde abril, em virtude de surto de surto da febre bovina (rinderpest) em rebanhos de São Paulo, é reaberta a exportação interestadual e internacional de animais e carne bovina, segundo comunicação do Serviço de Indústria Pastoril no Estado de Mato Grosso, em Aquidauana:

"Levo ao vosso conhecimento que, por portaria de 25 de julho do sr. Ministro da Agricultura, foi revogada a de 7 de abril do ano corrente, em virtude da qual foi proibida a exportação interestadual e internacional de animais e produtos de origem animal do Estado de São Paulo, sendo também suspensa a proibição da exportação de animais dos estados do Paraná, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro para o estado de São Paulo. Além destas medidas, foram suspensas outras, aplicadas por esta Diretoria Geral, ao combate à peste bovina, entre as quais a que proibia o trânsito de animais e seus produtos através do território do estado de São Paulo, sendo unicamente conservados interditos por espaço de 6 meses todas as propriedades, postos e estábulos onde foram verificados casos da doença, sendo proibido por 3 meses a entrada de animais na zona outrora infectada do mesmo estado, constituída pelo municípios da capital, Santo Amaro, São Roque, Cotia. Itu, Sorocaba Araçariguama. Saudações Alcides Miranda, Diretor Geral".

FONTE: Tribuna (Corumbá) 06/08/1921


25 de julho

2001 - Morre no Rio, Carmen Portinho


                               Carmen Portinho à direita, com Bertha Lutz à esquerda e lady Seeds, 
                                      embaixatriz da Inglaterra no Brasil.
                               

Falece no Rio de Janeiro, a líder feminista Carmen Velasco Portinho. 
Nascida em Corumbá,  em 26 de janeiro de 1903, filha da boliviana, Maria Velasco, e do gaúcho, Francisco Sertório Portinho, ainda na infância, mudou-se com os pais e os outros nove irmãos para o Rio de Janeiro.

Em 1919 organizou, com Bertha Lutz, o movimento pelo voto feminino, colaborou na fundação da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, como tesoureira e 1º vice-presidente. Na defesa do direito das mulheres ao voto, Carmen e outras companheiras chegaram a sobrevoar o Rio de Janeiro, na década de 1920, lançando panfletos em defesa do sufrágio feminino.

Carmen aconselhava às mulheres que não mudassem o nome ao se casar, em atitude de independência e resistência.

Desde 1925, ainda no último ano do curso de engenharia, começou a dar aulas no Colégio Pedro II. O fato de uma mulher ministrar aulas num internato masculino foi considerado um escândalo. O ministro da Justiça quis interferir em sua nomeação para o colégio, mas não conseguiu afasta-la. Na época, seu pai havia falecido. Ela então, montou uma lojinha para que suas irmãs pudessem trabalhar com datilografia. Ela dizia que a emancipação econômica da mulher é a base da sua emancipação social e política.

Em 1926, formou-se na engenharia civil, pela Escola Politécnica da Universidade do Brasil. Foi a terceira mulher a se formar engenheira no país. No mesmo ano, ingressou na prefeitura do Distrito Federal, na diretoria de Obras e Viação.

Sempre ativa no movimento feminista, em 1930, ela criou a União Universitária Feminina. Em 1936, ingressou na Universidade do Distrito Federal no curso de urbanismo, de pós-graduação.

Fundou em 1937, a Assosiação Brasileira de Engenheiras e Arquitetas (ABEA), visando impulsionar mulheres formandas a ingressar no mercado de trabalho.

Em 1939, obteve o titulo de urbanismo na Universidade Distrito Federal, defendendo a tese “A Construção da Nova Capital do Brasil no Planalto Central”. Foi a primeira mulher no Brasil a obter o título de urbanista. Após a formação, recebeu uma bolsa do Conselho Britânico para estagiar junto às comissões de reconstrução e remodelação das cidades inglesas destruídas pela guerra. A viagem durou 24 dias de navio.


Representou o Brasil no Congresso Feminino Pró-Paz, realizado em 1950, na França.

Em 1952, assumiu a diretoria executiva adjunta do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, instalado provisoriamente no do Edifício do MEC. Permaneceu no cargo por mais de 15 anos.

Em 1954, chefiou as obras de engenharia civil da construção da nova sede do MAM, no aterro da Gloria.

Carmen foi uma das responsáveis pela introdução do conceito de habitação popular no Brasil, propôs ao prefeito, a criação de um Departamento de Habitação Popular, sendo nomeada diretora. Nele, ela construiu, na década de 50, o conjunto residencial Pedregulho, em São Cristóvão, zona norte do Rio de Janeiro. Affonso Eduardo Reidy, seu companheiro, é o arquiteto autor do projeto.

Em 1966, foi convidada pelo então governador Negrão de Lima, para ser diretora da Escola Superior de Desenho Industrial – Esdi – a primeira escola de desenho industrial da América Latina. Por duas décadas, Carmen Portinho dirigiu a escola. Posteriormente, a Esdi foi incorporada à Universidade Estadual do Rio de Janeiro, onde trabalhou até aos 96 anos.

Ao longo de sua vida, recebeu inúmeras medalhas, títulos, homenagens e convites. Participou como jurada nacional de diversas bienais nacionais (SP – Brasil) e internacionais, de salões nacionais de artes plásticas, ministrou palestras, organizou exposições de artes plásticas, arquitetura e design. 

Viajou a convite de diversos países e continentes (Israel, China, Japão, Europa, Escandinávia, América Latina, Rússia, Estados Unidos da América, Índia, entre outros).


FONTE: Blog As mina na história (https://goo.gl/ZFdDn6)

24 de julho

24 de julho

1865 - Aniversário do ditador paraguaio festejado em Corumbá

A vila de Corumbá, ocupada desde 3 de janeiro pelo exército e marinha paraguaia, festeja os 38 anos do marechal Francisco Solano Lopes, ditador paraguaio. O jornal oficial da república guarani registrou o evento:

"Em Corumbá houve grandes festas em homenagem ao natalício do Presidente da República. Houve missas nas igrejas e bailes por três dias consecutivos. Os vapores de guerra estacionados naquele ponto deram banquetes e passeios onde com a participação e assistência dos mais distintos daquela população. A fortaleza de Coimbra ostentou, igualmente, suas festas e os canhões brasileiros, em mãos de nossos artilheiros saudaram aquele dia ao chefe supremo da República, motivo de orgulho para nação de glória para o chefe do Estado, e de mágoa para o Brasil e os covardes que abandonaram aquela fortaleza secular".

FONTE: El Semanário, 15 de agosto de 1865, Assunção, Paraguai.




24 de julho

á

1897População constrói jardim


Praça central de Corumbá




O tenente Manoel de Oliveira Braga, através de subscrição pública, consegue levantar a quantia de 405$000 destinada à construção de um jardim público em Corumbá. “Com esta importância aumentada de outras coletas – informa Estevão de Mendonça – o tenente Oliveira Braga fez construir no centro da praça um modesto coreto, que pouco a pouco foi destruído pela ação do tempo. A ideia, porém, estava lançada e anos decorridos a municipalidade chamou a si a execução desse melhoramento. A planta primitiva fora levantada pelo engenheiro Gregório Gonzalez”.


FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, 2a. edição, Governo do Estado, Cuiabá, 1973.



24 de julho



1905 Rondon na antiga colônia militar de Dourados




Em sua viagem de Bela Vista a Campo Grande e Aquidauana, Rondon passa pela antiga colônia militar de Dourados, “da qual poucos vestígios restam. Foi aí que o tenente Antonio João heroicamente defendeu, até a morte, a bandeira brasileira, à frente de 15 soldados de cavalaria. Existia na antiga colônia uma peça de bronze La Hite. Segundo nos informaram, levara-a um coronel para sua fazenda de Ipehum. Fomos ter ao marco da principal cabeceira do Apa – marco mal conservado. É da mesma fonte a informação de que na barra do rio Dourados achavam-se localizados os índios caiuá, da nação Guarani, índios pacíficos e empregados nessa zona na extração de erva mate. Existiam também os ofaiés que freqüentavam o rio Paraná."


FONTE: Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio de Janeiro, 1966. Página 194.



24 de julho

1939 - Conselho de Geografia homenageia o general Rondon

Em sessão solene o Conselho Nacional de Geografia, no Rio de Janeiro, homenageia o general Rondon, conferindo-lhe o título de Civilizador dos Sertões, conforme resolução a seguir:


"A Assembleia Geral do Conselho Nacional de Geografia, no uso de suas atribuições:

Considerando a grandiosidade científica e humana da obra de civilização empreendida pelo general Cândido Mariano da Silva Rondon.;
Considerando ainda a feição essencialmente nacionalizadora dessa obra, no tríplice aspecto do reconhecimento geográfico de imensa região, construção de extensa rede de linhas telegráficas e proteção ao índio;


Considerando que, efetivamente, na chefia de várias comissões, alongadas por mais de 40 anos, o general Rondon penetrou e desenvolveu o território matogrossense e suas adjacências, realizando como explorador científico o reconhecimento geográfico e naturalístico do Brasil centro-ocidental;

Considerando que o general Rondon, verdadeiro bandeirante das intercomunicações, deu sentido econômico e social à integração do sertão ocidental na grande vida da Pátria;

Considerando que, como protetor dos selvícolas, o general Rondon desenvolveu notável atuação de brasilidade, constituindo-se autêntico missionário da fraternidade humana;

Considerando que o general Rondon é classificado mundialmente entre os maiores exploradores de regiões centro-continentais;

Resolve:

Artigo único - O Conselho Nacional de Geografia, exaltando a obra benemérita do grande geógrafo e explorador general Cândido Mariano da Silva Rondon, e prestando a essa nobre figura de servidor do Brasil a maior e mais alta homenagem do seu apreço, proclama-o perante à Nação agradecida, para que assim se lhe inscreva o nome no bronze da História - o CIVILIZADOR DO SERTÃO".

FONTE: jornal O Estado de Mato Grosso (Cuiabá), 27 de agosto de 1939.

23 de julho

23 de julho


1775Expedição ao Fecho dos Morros


Com destino à fronteira do baixo Paraguai, a fim de fundar o presídio de Coimbra, parte de Cuiabá, o capitão Mathias Ribeiro da Costa. Os Anaes do Senado de Cuiabá registram:

...A outra maior empresa o conduzem os seus desvelos (referindo-se a Luís de Albuquerque), que é segurar os domínios da monarquia com a veloz atividade do seu ardente espírito pelo bem da pátria; faz logo expedir de Vila Bela para esta, ao capitão de auxiliares agregado Mathias Ribeiro da Costa, com as ordens necessárias para os chefes das milícias e ordenanças prontificaram-lhe a gente precisa para ir procurar o Fecho dos Morros, tão célebres dos anais sertanistas, em que julgavam estes que posta uma guarnição ficavam inteiramente divididos os portugueses dos espanhóis e seguros os inimigos bárbaros que tanto nos têm hostilizado.


Chega Ribeiro e apresenta as ordens, prontificam-se-lhe toda a sorte de gente, auxiliares e ordenanças, em número que se julga competente a acompanhar para aquela não só interessante como mais importante empresa, que tudo se conduz em canoas com o trem de guerra e munição precisa para a boca. 


Partem do porto desta vila no dia 23 de julho, segundo as ordens do nosso general, e depois de um mês de derrota, acham a situação de dois morros pelo meio dos quais emboca a madre do rio Paraguai, e aí mesmo, em conseqüência das ditas ordens, na fralda do morro que nos fica à direita, lançando-se a primeira pedra para sua fundação, em nome de Sua Majestade Fidelíssima.


FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, 2a. edição, Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 49.






23 de julho


1923Campo Grande pede monumento da guerra



O Rio de Janeiro ganhou o monumento reivindicado por Campo Grande

Em ofício ao Ministro da Guerra, no Rio de Janeiro, o intendente Arlindo de Andrade, requer a colocação do monumento à retirada da Laguna, em construção, em sua vila, pelas seguintes razões:

“Campo Grande é hoje o maior centro de atividade do Estado de Mato Grosso, ligando-se por automóvel a todas as cidades do sul, ponto obrigatório de permanência de quantos vêm à fronteira. Na planta da cidade estão consagradas as ruas: Visconde de Taunay, Cel. Camisão, Guia Lopes, Antônio João, praça Retirada da Laguna, etc. etc., - como conhecimento cívico da maior população de Mato Grosso aos heróis da guerra. Além disso, Campo Grande tem várias escolas, colégios, grupo escolar e terá dentro em breve um ginásio. Terá assim a mocidade que precisa amar a pátria e venerar os seus monumentos. A população de todo o sul, busca Campo Grande para a saúde, para o comércio, para os estudos. Aqui, parece-me interpretar melhor o monumento projetado. Aqui residem mais de quarenta descendentes do velho Guia Lopes. Campo Grande está em condições de guardar com carinho, adorando-o em dias de festas o monumento que o patriotismo de V. Exa. mandou executar. A municipalidade auxiliará a sua colocação na praça da República, ajardinando o local e fazendo outras decorações. Neste pedido eu tenho o consentimento e o desejo de todos os habitantes de Campo Grande".






O monumento reivindicado por Campo Grande, terminou sendo construído na praia Vermelha, no Rio de Janeiro, inaugurado em 1938 pelo presidente Getúlio Vargas.

 

FONTE: Cleonice Gardin, Campo Grande entre o sagrado e o profano, Editora UFMS, Campo Grande, 1999, página 43.






22 de julho

22 de julho


1931 Termina questão do barão de Antonina



Com a publicação no Diário da Justiça das conclusões do Supremo Tribunal Federal, transitando em julgado a sentença de primeira instância, é definitivamente encerrada a chamada Questão Antonina, iniciada em 1906 pelo médico gaúcho João Abbot, residente em Aquidauana, que decidiu reivindicar na justiça, pretenso espólio do barão de Antonina, morto em São Paulo, a 18 de março de 1875.

Dentre as glebas supostamente pertencentes à herança do barão, nove localizavam-se em águas dos rios Dourados, Apa, Miranda, Amambaí-guaçu, Iguatemi, Cruzes, Pedra de Cal, Santa Maria e São Domingos. Dessas, segundo J. Barbosa Rodrigues, “a única que era reconhecida como mansa e tranquila era a denominada Sete Voltas, pois fora beneficiada por Pedro Nolasco, filho natural do mesmo barão. Fora vendida anteriormente a Tomaz Laranjeira, pelo espólio. As demais, baseadas em escrituras duvidosas, com localização imperfeita, ou com assinaturas tidas como falsas, ou com a assinatura de só um dos cônjuges proprietários, ou assinadas a rogo dos vendedores quando estes sabiam assinar, levavam à convicção de forjadas por interessados prepostos do Barão. Além do mais localizavam-se em região selvagem, habitada apenas por aldeias de índios caiuás, onde os chamados civilizados não conseguiam penetrar e estabelecer benfeitorias, integrantes de área litigiosa onde o governo imperial brasileiro havia proibido a posse de propriedades brasileiras a fim de evitar, antes da guerra, atritos com o governo paraguaio. A pretensa ocupação, era portanto, apenas mental, não havendo ocupação real”.


Contra a pretensão dos herdeiros, o governo de Mato Grosso, sob a presidência de Pedro Celestino Correa da Costa, constituiu o advogado Astolpho Rezende, tendo como auxiliar o advogado Mário Monteiro de Almeida, consultor jurídico do Estado. A questão que se arrastou por um quarto de século, rendeu dois livros, um do advogado Astolpho Rezende (O Estado de Mato Grosso e as supostas terras do Barão de Antonina, 299 páginas) e outro do jornalista e advogado Mário Monteiro de Almeida (Episódios históricos da formação geográfica do Brasil, 636 páginas).



FONTE: J. Barbosa Rodrigues, História de Mato Grosso do Sul, Editora do Escritor, São Paulo, 1985, página 102.









21 de julho

21 de julho


1915Município doa praça à igreja


O intendente geral de Campo Grande sanciona deliberação legislativa, concedendo área para construção da matriz de Santo Antonio e Nossa Senhora da Abadia:

O cidadão Fernando Novais, 1º vice-intendente, em exercício, deste município de Campo Grande, de acordo com a deliberação da Câmara Municipal, de 20 de maio do corrente ano, concede por aforamento perpétuo, a título de patrimônio ao senhor Santo Antonio e Nossa Senhora da Abadia, o terreno urbano sito nesta vila, à praça da República, com a área de 19.200 metros quadrados, tendo 160 m de frente por 120 m de fundo, e limitando: ao norte, com a rua Barão do Rio Branco, ao sul, com a avenida Marechal Hermes [atual avenida Afonso Pena], ao nascente, com a rua 15 de Agosto [atual Padre João Cripa], e ao poente, com a rua Pedro Celestino, a fim de, no mesmo terreno, ser construída a igreja destinada ao Santuário dos Santos referidos; devendo a comissão, ou quem suas vezes fizer, antes de construir o aludido templo, submeter a planta em duplicata, com todos os detalhes necessários à consideração desta Intendência. Em firmeza do que, foi passado na Secretaria da Câmara o presente título, que vai por mim datado e assinado. Campo Grande, 21 de julho de 1915, Fernando Novais.

 

FONTE: Cleonice Gardin, Campo Grande entre o profano e o sagrado, Editora UFMS, Campo Grande, 1999, página 109.






21 de julho


1932Circula a primeira edição do Diário Oficial



O Diário Oficial circulou durante o período da guerra civil

Instalado o governo de Vespasiano Martins, chefe civil da revolução constitucionalista de São Paulo, em Mato Grosso, passa a circular o Diário Oficial do Estado, dividido pelas armas. Seu diretor foi Francisco Bianco Filho e sua impressão foi feita nas oficinas do Jornal do Comércio. Nesta sua primeira edição, segundo Demosthenes Martins, a fim de desfazer as notícias propaladas no Norte, em relação aos objetivos separatistas do Sul do Estado, Vespasiano fez a seguinte

Proclamação ao Povo do Norte do Estado.
Ciente de correr aí que o movimento do Sul é regional contra o Norte, venho declarar-lhe não ser verdadeiro o que se afirma.


Batemo-nos com os nossos irmãos de São Paulo, Rio Grande e Minas pela volta do país ao regime da Lei. Não temos e não devemos ter questões regionais; batemo-nos pelo Brasil unido e livre. 


Apelo para o sentimento desse altivo povo do Norte a fim de cerrar fileiras ao nosso lado, e caminharmos pela larga estrada da liberdade.


a) Dr. Vespasiano Martins
Interventor Federal de Mato Grosso.





FONTE: Demósthenes Martins, Poeira da Jornada, edição do autor, Campo Grande, 1980, página 109.



21 de setembro

1941 - Brasil importa equipamentos para ferrovia Brasil-Bolivia 

Retornando dos Estados Unidos, onde foi acompanhar o embarque de material para continuação da Estrada Brasil-Bolívia, o engenheiro Álvaro Correa de Oliveira, enviado especial da Comissão Mista Brasileiro-Boliviana com esta missão, fala à imprensa em Salvador, sua primeira escala no Brasil:

"Retorno dos Estados Unidos, onde fui ao desempenho de missão da Estrada de Ferro Brasil-Bolívia, concernente ao recebimento do material para a mesma ferrovia, que foi objeto de concorrência pública em La Paz, capital da Bolívia. Este material, composto de quatro locomotivas do tipo Mossul, com doze toneladas por eixo; 90 vagões para a lotação de 30 toneladas; 2 carros para inspeção; 23.300 toneladas de trilhos de aço com o peso 32,240 gramas por metro, com 12 metros de comprimento e compreendendo 360 quilômetros de via, num valor total de cerca de 43 mil contos, irá por via marítima e fluvial, até o porto de Corumbá. Dele só falta ser entregue dos trilhos, o que se dará ainda este mês. As locomotivas e vagões são entregues desmontadas e sua montagem será executada em Ladário, onde a comissão já tem instalada uma oficina devidamente aparelhada".

Com relação ao estágio da obra, o engenheiro adiantou que já haviam sido assentados 80 quilômetros de trilhos, "estendendo-se os trabalhos já até São José de Chiquitos, no quilômetro 400. Há, tanto por parte dos técnicos como por parte dos auxiliares, quer da Bolívia, quer do Brasil, o mais harmônico entusiasmo pela grande obra, não se medindo esforços nem sacrifícios para colaborar com aquele que descortino, sábia orientação técnica e atividade pouco comum chefia a referida comissão".

FONTE: Correio Paulistano, 22/07/1941.

20 de julho

20 de julho


1910Criada comarca de Campo Grande


Arlindo de Andrade com o presidente Pedro Celestino
Por força da lei n. 549, sancionada pelo presidente Pedro Celestino Correa da Costa, a vila de Campo Grande é elevada à categoria de comarca especial.
O artigo 2° da lei dispunha: "Formarão a Comarca de Campo Grande o município deste nome e o distrito de Vacaria, para esse fim desanexado da Comarca de Nioaque, conservando um e outro atuais". 

O primeiro juiz, Arlindo de Andrade Gomes, foi nomeado em 16 de março de 1911 e a instalação oficial da nova comarca ocorreu em 12 de maio seguinte.



FONTE: J. Barbosa Rodrigues, História de Campo Grande, edição do autor, Campo Grande, 1980. Página 99.


20 de julho


1911 - Bento Xavier reconhece a derrota na batalha final contra o major Gomes


De Vila Conceição, no Paraguai, onde se refugiou depois da luta decisiva com o major Gomes, Bento Xavier, em publicação no jornal O Tempo, de Assunção, transcrita pelo Correio do Estado (de Corumbá), explica a incursão, detalha os confrontos e reconhece a derrota:

No dia 1° de junho, a 1 hora da madrugada, passei a fronteira com 19 companheiros. A 1 hora da tarde desse mesmo dia, encontramo-nos com um piquete da polícia do Estado, comandado pelo capitão Reginaldo de Mattos. Travou-se a luta, ficando morto o capitão Mattos e ferido um de seus soldados, com a perna quebrada. Ficaram dois prisioneiros em meu poder, aos quais pus em liberdade para que conduzissem seu companheiro ferido até a casa mais próxima.

Daí seguimos em direção a Aquidauana, onde chegamos a 11 do mesmo mês de junho. A 16, encontrando-nos no lugar denominado Areias, dando pasto aos nossos cavalos encilhados, fomos surpreendidos pelos governistas. Toda nossa cavalhada fugiu, ficando a pé os meus soldados, em número de 120 homens mal armados. Apesar disto, consegui organizar 50 de meus antigos companheiros com armas e empreendi a retirada, perdendo apenas um homem e fazendo várias baixas no inimigo. Consegui também recolher 33 dos meus cavalos encilhados.

Depois, acompanhado de um de meus amigos, dirigi-me ao encontro de uma força de 80 homens, comandada pelo capitão Ozório de Baires, que era meu partidário, para ir em busca do inimigo. Como não encontrei Baires, segui até Ponta Porã, onde também contava com alguns elementos. Estando já de regresso, a 21 fui informado por meu filho mais velho Antonio Xavier da Silva, que se tinha encontrado nas imediações de Bela Vista, na estância de minha propriedade, com uma força de 78 homens comandados pelo delegado de polícia Álvaro Brandão.

Assim que avistei-me com essa força travamos luta. O delegado viu-se obrigado a retirar-se precipitadamente, alcançando os currais da estância onde entrincheirou-se. Entretanto teve de abandonar também a posição, deixando cinco mortos e onze armas de fogo com algumas munições. Não foi mais perseguida essa força porque as minhas tinham ordem terminante de não perseguir o inimigo já derrotado.

Nesse mesmo dia segui para incorporar-me à minha gente acampada na Estrela, defronte da estância dos srs. Quevedo. Desse ponto fui para adiante comandando 50 homens. A 23 encontrei-me com uma força adversária de 200 soldados, mais ou menos, e como o encontro deu-se em uma lombada limpa e as tropas estavam muito perto uma da outra, não pude evitar o combate. Mandei, então, carregar sobre o inimigo para ver se conseguia envolver a cabeça da coluna.

Meu plano foi burlado pelo inimigo que já nos tinha descoberto e era muito superior a nós em número e armamento. Assim é que os governistas, não podendo retroceder, carregaram também sobre nós, dando-se uma pequena refrega da qual resultaram várias baixas de ambas as partes.

Vi-me, assim, obrigado a retirar-me, deixando a vitória aos adversários.


Esta é a expressão da verdade.²


FONTE: Correio do Estado (Corumbá) 20 de julho de 1911.



20 de julho

1932 - Instalada comissão revolucionária de Ponta Porã



Lício Borralho, de gravata, prefeito de Ponta Porã em 1932

Políticos e autoridades militares de Ponta Porã instalam a comissão revolucionária do município em apoio à guerra civil paulista, deflagrada no dia 9 e que tinha como comandante formal o general Klinger, até então comandante da 9a. Circunscrição Militar de Mato Grosso, com sede em Campo Grande. O acontecimento foi registrado na seguinte

Ata de instalação da Comissão Revolucionária do Município de Ponta Porã. Aos vinte dias do mês de julho de mil novecentos e trinta e dois, em a sala de audiência da Prefeitura Municipal desta localidade, reuniu-se pela primeira vez, com o objetivo de dar início aos seus trabalhos, a comissão especialmente aclamada pelos representantes das diversas correntes políticas do município, para formar a frente única revolucionária. Sob a presidência do senhor Doutor Raphael Bandeira e com a presença dos senhores comissários Doutor Lício Borralho, Prefeito Municipal, senhor José Pinto Costa e senhor Waldemiro Correa, foi declarada aberta a sessão. Em seguida foi pelo Doutor Raphael Bandeira, Delegado Militar do Município, numa oração cheia de patriotismo, explicado o fim da criação da referida Comissão, salientando que os seus trabalhos se destinavam a coordenar os esforços de todos os elementos revolucionários locais para a obtenção da vitória da Revolução Pró-Constituição Nacional, merecendo essas suas afirmações a mais completa afirmação, não só dos senhores comissários, como também dos demais presentes. Pelo secretário da Comissão foi lida, depois, a ata da reunião levada a efeito no Hotel Brasil, ontem nesta cidade, sob a presidência do senhor Tenente Coronel Francisco Jaguaribe Gomes de Mattos, em a qual foi designada, com aprovação do Comando 11 RCI, a aludida Junta Revolucionária.

E, após ser lida, também, a portaria baixada pelo mesmo Comando Militar, nomeando o senhor Doutor Raphael Bandeira, para desempenhar as funções de Delegado Militar do Município, foi encerrada a sessão. Nada mais havendo para constar, foi por mim, Adolph Calandrini Alves de Souza, servido de secretário, lavrada esta ata que vai assinada por todos os presentes e por mim subscrita.

(ass) Raphael Bandeira Teixeira, José Pinto Costa, Wlademiro Correa, Lício Borralho, Waldomiro Silveira, Eurindo Neves, Arthur Mendes Rocha, Roberto C. Teixeira, Alcindo de Figueiredo, H. Coutinho, Lourenço Gomes Monteiro, Nicoláo Baes Alliende, Glicério Póvoas, Salustio Otávio de Araújo, Antonio Moreira, Arnaldo Moreira, Arthur Gomes Maia, Carlos Souza, Ataliba Fagundes, Heitor Ferreira, Antonio de Souza Góis, Angelo Moreno, Lídio Lima, Antenor Neves, Bertholino Belarmino da Silva, Alberto Linhares Bentenmüller, Cristobal Lechuga, Jacinto Coelho de Souza, José Maria do Nascimento, Marcelino Lima, Achiles Verlangieri, José Manvailer, Hermenegildo da Costa Lima, Laurindo S. Marques, João Baptista de Souza e Adolph Calandrini Alves de Souza.


FONTE: Arquivo Público Estadual, Boletim nº 2 da Comissão Revolucionária de Ponta Porã, in Mato Grosso do Sul - trajetória 30 anos, Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2007, página 50. 

FOTO: do acervo de Yhuld Giovani Bueno.




20 de julho

1933 - Dom Vicente Priante nomeado 5° bispo de Corumbá




Realizou-se na capital paulista a sagração solene de dom Vicente Priante, elevado a bispo da diocese de Corumbá, por bula do papa Pio XI. Dom Priante assume a diocese, após mais de um ano de vacância, com a promoção de Dom Antonio de Almeida Lustosa para o arcebispado de Belém do Pará.

Salesiano, natural de Barra Mansa, onde nasceu a 17 de maio de 1883, cursou humanidades no Colégio Santa Rosa, de Niteroi. Em 1903 na Congregação salesiana recebeu o hábito do padre Carlos Peretto, inspetor das Casas Salesianas do Sul do Brasil.

De 1906 a 19012 exerceu o magistério, como professor e assistente nos colégios de Niteroi e Lorena. Em 1919 recebeu a consagração sacerdotal das mãos de dom Epaminondas d'Ávila, bispo de Taubaté e foi para a Casa de Jaboatão, em Pernambuco, como diretor, sendo transferido em seguida para o Colégio de São João, em Campinas, entidade que dirigiu até 1922. Ainda em Campinas foi diretor do Liceu N.S. Auxiliadora, até 1926, data em que a pedido do bispo de Uberada, dom Antonio de Almeida Lustosa, transferiu-se para a paróquia de São Domingos do Araxá.

Suas últimas atividades, antes de tornar-se bispo de Corumbá, desenvolveram-se na direção do Instituto Dom Bosco, em São Paulo, tendo aos seus cuidados a paróquia de Maria Auxiliadora, do Bom Retiro, bairro paulistano.


FONTE: Jornal do Commercio (Campo Grande), 30 de julho de 1933.

FOTO: acervo da Diocese de Corumbá.


20 de julho

1959 - Executado vereador que denunciou contrabando 






É assassinado em Corumbá na noite de 20 de julho de 1959,o vereador Edu Rocha (PSD). O principal suspeito como mandante do crime foi o chefe da alfândega da cidade, Carivaldo Salles, denunciado pelo edil como chefe de uma quadrilha de contrabandistas de automóveis. As denúncias veiculadas pela revista "O Cruzeiro", então o principal orgão da imprensa brasileira, ganharam repercussão nacionalO homicídio, segundo a revista carioca, ocorreu por volta das 21,30 h e foi descrito em detalhes:

Nessa noite havia sessão na Câmara de vereadores local. Edu Rocha era o líder da bancada pessedista e também o vereador mais votado do município. Já exercera as funções de presidente dcâmara e era apontado como o mais forte candidato a prefeito da cidade. Nessa noite, Carivaldo Salles, que nunca antes comparecera à câmara, assistiu à sessão, desde o começo e quase até o fim. Estava extremamente nervoso. Fumava um cigarro após outro. Durante todo o tempo em que permaneceu no recinto pelas janelas da câmara podia-se ver, furtivamente, a cabeça de elementos notoriamente apontados como pertencentes à "gangde contabandistas. Esses capangas olhavam para dentro do recinto, de soslaio, pelos cantos das janelas, um de cada vez, como se revezando na tarefa de dar cobertura ao "chefe" em caso de algum imprevisto. Quando Edu Rocha terminou seu discurso sobre assunto rotineiro da vida da cidade (nome a ser dado a uma praça pública), Carivaldo saiu e foi sentar-se em seu automóvel vermelho e capota cinza. Tal qual uma fera traiçoeira, ali fora esperar sua vítima. As declarações de numerosas testemunhas permitem compor fielmente o cenário do crime: o "jeep" de Edu Rocha estava estacionado diante da residência da sra. Laura Provenzano, ao lado da Câmara de Vereadores. A uns 5 metros adiante do "jeep", de frente para este e inclusive na contramão), estava parado, sob uma árvore, o carro de Carivaldo. No volante do automóvel, vigiava o capanga do inspetor, de nome César Aral, vulgo "Papito", pistoleiro de má fama e temido pela sua periculosidade. Viera do Paraguai, e em Corumbá prestava serviços a Carivaldo como guarda-costas e como motorista. No assento traseiro do veículo, meio oculto na penumbra, Carivaldo, que abandonara o recinto da Câmara antes do término da sessão, esperava a hora do drama. Quando os vereadores sairam, no final dos trabalhos, muitos deles permaneceram na calçada, conversando em grupos. Edu Rocha e seu colega Arquibaldo Andrade foram os últimos a deixar a porta da Câmara. Palestraram sozinhos durante alguns instantes, e, por fim, a convite de Edu, resolveram tomar um cafezinho. Edu passou por trás do seu "jeep" para alcançar o lado esquerdo do veículo. Quando abriu a porta para sentar-se ao volante, ouviu-se a rajada fatal, entrecortada por um gemido fraco. Arquibaldo Andrade, que se aprestava para entrar no "jeep" pela porta direita, mal teve tempo de voltar a cabeça e ainda assim sentiu grãos de pólvora bateram em seu rosto como chuvisco. Nesse momentoo porteiro da Câmara, Feliciano Rodrigues, que fechava a porta do edifício, caia ao chão, contorcendo-se em dores e pedindo socorro. Arquibaldo Andrade pode ver o carro vermelho de Carivaldo arrancar em debalada carreira, desaparecendo no fim da praça. Ao correr para pedir socorro, Arquibaldo viu, saindo de "um ponto qualquer do jardim", o lugar-tenente de Carivaldo, o valentão Artigas Vilalva, de quem tanto falamos em nossas reportagens sobre o contrabando. (...) 

Ao tombar ao solo, Edu Rocha já não tinha mais vida. Não era para menos. A rajada de metralhadora foi disparada quase à queima roupa, a mais ou menos dois metros de distância, de vez que o carro do assassino passou rente ao jipe do vereador. A metralhadora empregada foi do tipo "piripipi", muito usada na Bolívia e Paraguai. O laudo do exame cadavérico, assinado  pelos cirurgiões que autopsiaram o corpo de Edu, atesta a brutalidade do crime. O vereador foi atravessado por 5 balas que penetraram: a) na boca, destruindo os incisivos superiores;b) na região frontal esquerda; c) na região frontal direita;d) na região external (peito) no seu terço médio; e) na região paraexternal esquerda, para dentro da linha mediana.


Levado a juri em 24 de outubro de 1963, Carinaldo foi absolvido por 5 a 2.



FONTE: Revista O Cruzeiro (RJ), 27 de agosto de 1959.



20 de julho


1972 - Vingança tardia: a morte do coronel Couto

Foi morto a tiro em Campo Grande, aos 44 anos, o coronel PM Benedito Campos Couto. Sua morte, teria sido um ato de vingança, segundo confidenciou a amigos o seu autor antes de cometê-la. Réu confesso do assassinato do vereador Hans Peters, de Terenos, no início da década de 60, Antonio Estevão de Marães, o Antonio Verdureiro, entregou-se à polícia em Campo Grande, logo em seguida ao homicídio. Na delegacia, cujo titular era o então major Benedito de Campos Couto, denunciou espancamento, o qual teria tido a participação direta de delegado, ocasionando-lhe, entre outras lesões, um processo irreversível de perda das funções sexuais.

Cumprida a pena, Marães, como havia jurado na cadeia, matou com um tiro de revólver o coronel Couto. O crime mobilizou a PM do Estado inteiro, a partir de Campo Grande com a finalidade de capturar o assassino, encontrado em poucas horas e, ao reagir - segundo a versão da polícia - recebeu uma saraivada de tiros, vindo a falecer horas depois na Santa Casa.¹

QUEM ERA O CORONEL - O coronel Benedito Campos Couto era uma figura legendária da polícia militar de Mato Grosso. Nascido em Cuiabá, cursou a Academia de Polícia do Barro Branco em São Paulo. Como capitão assumiu a Delegacia de Polícia e o comando do destacamento policial do município. No governo de Fernando Correa da Costa (1960-1965) atingiu o cargo de delegado especial da zona Sul de Mato Grosso, com 34 delegacias sob sua jurisdição.²

Considerado herói da corporação, por lei estadual, sancionada pelo governador Reinaldo Azambuja, o coronel Couto dá nome ao 1° Batalhão da PM e a uma rua em Campo Grande.


FONTE: ¹Barbosa, Eronildo, Sindicalismo no Sul de Mato Grosso 1920-1980, Campo Grande, página 110; ²Informações do site Midiamax, Campo Grande, 02/09/2020.

OBISPO MAIS FAMOSO DE MATO GROSSO

  22 de janeiro 1918 – Dom Aquino assume o governo do Estado Consequência de amplo acordo entre situação e oposição, depois da Caetanada, qu...