sábado, 22 de janeiro de 2011

12 de janeiro

12 de janeiro



1751 - Chega a Cuiabá o primeiro governador de Mato Grosso



Pela rota das águas (Tietê, Paraná, Pardo, Coxim, Taquari, Paraguai, São Lourenço e Cuiabá), chega a Cuiabá, Dom Antonio Rolim de Moura Tavares, primeiro governador e capitão-geral da recém criada capitania de Mato Grosso. Com ele vieram o juiz de fora dr. Teotônio da Silva Gusmão, jesuítas Agostinho Laurenço e Estevão de Castro, uma companhia de dragões com 45 praças, secretário Bartolomeu Descalça e Barros e ajudantes de ordem.

Na carta instrutiva que trazia de Lisboa, destacam-se os seguintes pontos:

1° - Que se ponha a cabeça do governo no distrito de Mato Grosso, onde deverá fazer residência mais continuada, indo contudo a Cuiabá e às outras minas, quando assim o pedir o bem do serviço e utilidade dos moradores.

2º - Referem-se à criação de uma companhia de Dragões e à ereção do juiz de fora, bem como aos privilégios que deveriam ser concedidos para promover o povoamento da capital.

3º - Recomenda a escolha do lugar em que deveria fundar a Capital, atendendo que seja defensável e, quanto possível, vizinho do rio Guaporé, ou de algum outro navegável, que nele deságue.

7º - Autoriza a construção de uma nova casa para residência dos governadores.


FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2a. edição), Governo de Mato Grosso, 1973, página 37.



12 de janeiro

1775 – Lemes do Prado chega a Coimbra

Responsável pela escolha do lugar para implantação de Albuquerque (atual Corumbá), João Lemes do Prado, sertanista “insigne, afeito às batidas e asperezas da selva, era o homem indicado para a espinhosa tarefa,” chega a Coimbra, para iniciar a tarefa determinada pelo governador Luiz Albuquerque. O comandante do forte, Rodrigues Camponês, colocou-lhe à disposição para a tarefa, iniciada a 20 de janeiro, 30 praças bem equipadas e mais o capitão Miguel José Rodrigues e o ajudante Francisco Rodrigues Tavares. 



FONTE: Lécio G. de Souza, História de Corumbá, edição do autor, Corumbá, sd, página 21




12 de janeiro

1865 - Exército paraguaio ocupa Miranda abandonada

 

 

 

As colunas de Martin Urbieta e de Francisco Resquin (foto), responsáveis pela invasão do Brasil, por terra, agora juntas, sob o comando de Resquin, ocupam a vila abandonada de Miranda.

A tática da ocupação e as condições do povoado são detalhadas pelo comandante em parte aos seus superiores em Assunção:


Viva a República do Paraguai!


Sr. Ministro. Como tive a honra de comunicar à V. Exª em minha última parte, empreendi minha marcha a curtas jornadas  chegando a esta vila em 7 dias e meio de Nioaque.

No dia 12 fiz alto no riacho Vilasboas, uma légua da vila de Miranda, de onde despachei um esquadrão ao mando do capitão cidadão Romualdo Canteros, com o fim de explorar a disposição  da vila, e com ordem de dar-me parte se a encontrasse com tropas em atitude de defesa, ou de ocupa-la em caso contrário segundo anunciavam pombeiros.


O resultado da exploração foi encontrar-se a vila abandonada.

Em vista disso mandei ocupar a dita vila, com a vanguarda composta de dois esquadrões e uma companhia de infantaria ao mando do 2° comandante capitão cidadão Bras Rojas, com ordem de apoderar-se do parque e de todo armamento que encontrasse, assim como dos barcos que houvessem no porto, lavrando-se o inventário correspondente com o capitão cidadão Martin Urbieta.


Na vila abandonada se acharam dois italianos chamados Juan Balvita e Fernando Tabaldi e um negro brasileiro chamado José Ribeiro.


Pelo primeiro sabe que o chefe brasileiro tenente-coronel Dias da Silva depois de haver pretendido descer em canoa o rio Mondego com destino a Cuiabá, havia regressado  com a notícia de que nossas forças se haviam apoderado dos pontos do litoral do Paraguai até Corumbá, por cujo motivo seguiu sua fuga por terra com dez ou dez oficiais para o Taboco lugar de estância que se acha à costa do rio Aquidauana, mas que segundo outros dados se propunha a descer pelo rio Vacaria ou Brilhante, Ivinhema ou Igareí e dali pelo Paraná a província de S. Paulo, subindo pelo rio Tietê.


O próprio chefe brasileiro Dias da Silva em sua fuga vergonhosa tinha vindo aterrando as famílias desde Nioaque com a mentira de que a coluna paraguaia vinha degolando a quantas pessoas achava sobre sua marcha.


Isto explica o fato de achar-se todas as casas desertas, fugindo seus donos para os montes.


Em contraposição de tanta falsidade me é grato dizer a V.Exª  que alcançada em sua fuga a família do brasileiro Antonio Cândido de Oliveira com três carros de equipagem e dez vaqueiros, longe de ter sido danificada em coisa alguma, tem sido atendida e volta para sua casa.


Segundo informação do mencionado Barbosa, todas as famílias da vila logo que receberam aquela falsa notícia, depois da chegada do tenente-coronel Dias da Silva que deixou acreditada sua covardia na jornada do Arroio Feio abandonaram suas casas dirigindo-se umas à Salobras outras ao outro lado do rio Aquidauana, e que os índios, aproveitando a ocasião haviam-se lançado sobre as casas abandonadas saqueando-as até a hora da nossa chegada a esse ponto, causando infinitos prejuízos, inclusive o mesmo parque ou depósito de armamento e munições do quartel, d’onde segundo dizem uniformemente os três indivíduos acima ditos, que ficaram na povoação, haviam levado cada índio até duas armas de fogo com pólvora e completas, deixando unicamente o que não podiam levar.

A tudo isto deu lugar o abandono que desta povoação fez o sargento-mór Caetano de Albuquerque que comandava o batalhão de infantaria que guarnecia a vila, havendo-se dispersado todos sem se saber o destino que este chefe havia tomado.


Ficam em nosso poder quatro canhões com seus carros de munições, quinhentos fuzis, 67 clavinas, 131 pistolas, 468 espadas de tropa, 1000 lanças, 9817 projetis de artilharia de diferentes calibres a saber: 1278  obuses, 5524 balas rasas, 1956 pirâmides, 1070 botes de metralhas que com os outros artigos que consta da relação junta compõem o resto do parque despojado.


Levo também às mãos de V. Exª o inventário dos haveres da igreja, que segundo me informa o capelão cidadão Francisco S. Espinosa também foi saqueada como os demais, como bem se notava pelos ornamentos acessórios.


A povoação da vila, fora a igreja, casa do comandante e o quadro do quartel contíguo, consta de 84 casas, 41 de telhas e 43 de palha em uma situação como a 3 cordas do rio Mondego é terreno fragoso de macegas e montes, sem vista alguma pelos lados, com águas meio salobras,  qualidade de que participa o mesmo rio.


No porto encontrou duas chalanas, uma servível debaixo d’água e outra deteriorada que pode compor-se, além de um lanchão novo pronto a receber estopa, como desde logo o fiz concluir por haver posto à minha disposição seu dono o mesmo italiano Balbita, e poderá servir para transporte dos armamentos e munições encontrados, sem nenhuma pólvora.

Os canhões se achavam carregados com metralha que mandei descarregar.


O capitão Urbieta que sobre sua marcha para esta vila a 9 do corrente (janeiro) se incorporou com a coluna do meu comando, acha-se ao comando desta vila.


No arquivo não encontrei mais que pedaços de papeis inúteis.

Os índios se acham também dispersos pelos montes e me consta que as 5 aldeias que se encontram sobre o caminho do Nioaque se acham desertas.


Na Estância imperial que se acha a outro lado do Mondego coloquei uma guarda ao mando do alferes cidadão Inácio Cabrera, afim de impedir aos índios o despojo da dita estância, como já começam a fazer, pegando os animais mais mansos pelas picadas que haviam praticado pelos montes.


O piquete que guardava a porta desta vila ao porto ao mando do sargento Ramon Torres, sofreu o desgraçado incidente de que as 9 da noite do dia 12, caindo em terra uma vela acesa ardeu completamente a peça que havia estado semeada de pólvora e pedaços de papel, ofendendo ao sargento e quatro soldados. Isto sucedia quando por uma forte chuva se refugiava na dita casa o piquete mencionado. Os feridos d’este acidente ficam em cura.


Deus guarde a V.Exª muitos anos.


Vila de Miranda, 14 de janeiro de 1865


Francisco y Resquin.¹



Somente no dia 31 de janeiro, o comandante brasileiro, tenente-coronel Dias da Silva, a caminho de  Santana do Paranaíba, libera relatório onde explica as razões de sua fuga:

...e constando-me que o inimigo se achava já a poucas léguas de marcha para a vila. De modo a não dar lugar a delonga alguma, retirei-me com a pequena força do Batalhão de Caçadores, mandando antes ordem para a Salobra (...) para de lá seguir o corpo e algumas praças com direção à estrada da fazenda do Daboco (aliás Taboco) a encontrar-se comigo. Sendo forçado a abandonar os arquivos e bagagens dos corpos por falta absoluta de condução para tudo; o que tem ocasionado a maior penúria e toda sorte de privações por se haver retirado toda a força com a roupa do corpo e a maior parte dos oficiais a pé com suas famílias.

 
Mais adiante, o oficial brasileiro lastima a ação impetuosa do inimigo e o estado geral da tropa sob seu comando:

A força que tomou a colônia de Miranda vem arrasando essa parte da fronteira até a vila do mesmo nome, e a que tomou a dos Dourados seguiu pela Serra de Maracaju, vindo pelo Brilhante até ao Taquaruçu com o mesmo sistema de delapidação. No estado de nudez e miséria em que se acha a pequena força que comigo se retira, sigo até a vila da Santana do Paranaíba a fim de esperar ali as determinações de V.Exa. a quem com toda insistência solicito alguns recursos pecuniários e de fardamento que me habilitem a mover-me com presteza para onde V. Exa. entender conveniente.²


FONTE: ¹
Boletim A Imprensa de Cuiabá, 18 de maio de 1865. ²Jorge Maia, A invasão de Mato Grosso, Biblioteca do Exército Editora, Rio, 1964, página 204.

 

12 de janeiro 


1866 - Prisioneiros de guerra eram açoitados e fuzilados em Corumbá

Depoimentos dados por brasileiros que conseguiam escapar do exército paraguaio na Corumbá ocupada, durante a guerra da tríplice aliança, são unânimes em afirmar que prisioneiros de guerra, mesmo por razões desvaliosas, eram açoitados e mortos, impiedosamente. Um escravo, chamado Antonio, que conseguiu fugir, deu à polícia em Cuiabá, o seguinte depoimento:

Perguntado em que dia saiu de Corumbá, como e com quem; respondeu que saiu de Corumbá fugido com Benedito Viana no dia 25 de dezembro último. 

Perguntado se era exata a notícia que correu de terem sido fuzilados pela força paraguaia seis brasileiros ali prisioneiros, e quais eles sejam; respondeu que é exata esta notícia, porque ele respondente presenciou essa execução que teve lugar em Corumbá, no lugar denominado Acampamento, no dia 24 de novembro último as 5 horas da manhã, tendo sido os executados Augusto Alcides Monteiro, (vulgo Bucho), Fortunato José Machado, Constâncio de tal, Francisco Leite, João Leandro e Felisberto de tal, cujos corpos sendo conduzidos em carro para o cemitério, aí ele respondente ajudou a dar-lhes sepultura, enterrando-se três em cada sepultura.

Perguntado quantas praças formaram-se para esse fim; respondeu que não podia precisar o número certo delas, porém que seriam mais de 12, que depois de darem a descarga de fuzil sobre os seis prisioneiros, que caiam ainda vivos, lanceiaram-nos pelos peitos.

Perguntado qual o motivo porque foram mortos esses brasileiros; respondeu que segundo lhe consta, Augusto Alcides Monteiro foi por ter feito uma conta dos prejuízos que sofrera com a invasão paraguaia e os mais por terem comunicação com Francisco Pais Rodrigues, encarregando de uma parada que desta cidade foi até aquele lugar para saber do que por ali se passava.

(...) Perguntado se os prisioneiros são maltratados; respondeu que não são maltratados, mas que só recebem diariamente ração de carne, com o peso proporcional a cada família, na razão de uma libra por cada uma pessoa.

Perguntado se essas pessoas fuziladas foram antes açoitadas; respondeu que, à exceção de Fortunato José Machado, que fora preso na véspera da execução, os mais foram açoitados com corda no mesmo dia em que se deu essa prisão.


FONTE: Correio Paulistano (SP), 14 de março de 1866.



12 de janeiro


1914 – Aprovada mudança do cemitério de Campo Grande

Mausoléu de Amando de Oliveira no cemitério
 Santo Antonio

É aprovado pela Câmara Municipal, projeto de autoria dos vereadores José Marcos da Fonseca e João Alves Pereira, autorizando o intendente geral a dispender até um conto de réis para a construção de um novo cemitério na vila de Campo Grande, visando desativar o atual da Boa Vista, margem direita do córrego Segredo (onde funcionam em 2015 as instalações centrais do Sesi) para um local mais distante. Seria a segunda mudança em menos de trinta anos. 

O primeiro cemitério do povoado funcionou desde sua fundação (1875) até 1888 na praça central (praça Ari Coelho). A primeira notícia que se tem desta primitiva necrópole foi dada pelo cônego Bento Severiano da Luz, escriba da primeira visita clerical ao lugar na pessoa do bispo de Cuiabá, dom Luiz D'Amour, em setembro de 1886:

...pequeno cemitério cercado de madeira, com a cruz grosseiramente talhada.

Nessa mesma sessão da Câmara o vereador Amando de Oliveira fez a doação de uma área em sua fazenda Bandeira para implantação do novo cemitério que, foi aberto em 11 de junho seguinte com o sepultamento do doador da área, assassinado no dia anterior, 10 de junho

O novo cemitério recebeu a denominação de Santo Antonio em homenagem ao padroeiro da cidade.




FONTE: Sergio Cruz, Sangue de Herói, Primeira Hora/ Iaçu Porã, Campo Grande, 2002, página 19.

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