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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

23 de abril

23 de abril

1867 - Camisão cogita invadir a vila de Conceição no Paraguai


Porto de Conceição, rio Paraná, no final do século XIX





Ainda na euforia do sucesso na tomada da fazenda Machorra e do forte Bela Vista e antes do malogro da invasão da fazenda Laguna, o coronel Carlos Camisão, comandante das forças brasileiras em operações no Sul de Mato Grosso, chegou a cogitar a possibilidade de invadir o território paraguaio e ocupar a vila de Conceição. A pretensão do comandante brasileiro consta de relatório ao vice-presidente da Província de Mato Grosso, sobre o estado de ânimo da tropa:

"No estado em que se acham as coisas, tenho,confiado na coragem que todos os meus comandados patenteiam, o desejo de avançar até a vila da Conceição a trinta léguas daqui, onde eu estabeleceria a artilharia sobre a barranca do Rio Paraguai, para incomodar aos vapores que passarem com direção em Coimbra, e onde se reuniriam não só os quinze brasileiros que acham-se ocultos em matas, como numerosas famílias prisioneiras em pontos próximos; entretanto, a questão de recursos me tolhe os passos, pois me acho sem gado nem cavalhada, a 26 léguas de Nioac, onde está o depósito pouco provido de mantimentos, que ali criei. Farei todos os esforços para ver se consigo o meu intento e se levo ao cabo a empresa gloriosa, bem que árdua, que me foi confiada".


FONTE: Taunay, A Retirada da Laguna, (16a. edição brasileira) Edições Melhoramentos, São Paulo, 1963, página 151.


 
23 de abril


1912 – Município de Campo Grande doa áreas à Noroeste







Projeto do vereador Amando de Oliveira, aprovado pela Câmara Municipal, autoriza o intendente municipal “a conceder à Companhia Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, sem qualquer ônus, os terrenos de que precisar para a construção da estação ferroviária da vila, bem como dos depósitos e armazéns necessários. Uma proposta que inclui uma preocupação com as novas necessidades geradas pela presença do trem de ferro, que é da circulação satisfatória de pessoas e de produtos em geral que passam então à esfera do transporte ferroviário, o mais ágil do momento e aquele capaz de unir tão grandes distâncias”.


FONTE: Cleonice Gardin, Campo Grande entre o sagrado e o peofano, Editora UFMS, Campo Grande, 1999, página 141.
 

22 de abril

22 de abril

1917 – Morre no Rio, Manoel José Murtinho




Faleceu aos 69 anos, o primeiro presidente eleito de Mato Grosso, no período republicano. Natural de Cuiabá, formado em direito pela faculdade de São Paulo, em seu Estado, passou a exercer a magistratura, começando como juiz municipal de Poconé e passando para Cáceres. Em seguida é removido para Cuiabá, onde exerceu também o cargo de juiz federal no Estado.
 
Na política, com a proclamação da República é nomeado primeiro vice-presidente no governo provisório de Antônio Maria Coelho. Eleito deputado estadual, alia-se a Generoso Ponce e chega ao governo do Estado. Aposentou-se como ministro do Supremo Tribunal Federal. Irmão do todo poderoso ministro Joaquim Murtinho, com ele fundou o Banco Rio e Mato Grosso, com sede em Porto Murtinho, que assumiu o controle acionário da Companhia Matte Larangeira.




FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, 2a. edição, Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 196; Jornal O Paiz, Rio de Janeiro, 23 de abril de 1917.




22 de abril 

1992 - Criado o município de Laguna Carapã



É criado pela lei 1261, o município de Laguna Carapã, desmembrado do município de Ponta Porã. Possui três localidades: Bocajá, Bom Fim e Carapã e a sede da fazenda-vila Campanário. Em 2007 tinha população estimada em 5.813 pessoas, sendo 2.226 na zona rural. Seu primeiro prefeito foi José Evaldo de Oliveira (Zé Lolli). Sua principal atividade econômica é a agricultura, tendo como produto mais importante a soja, cuja área cultivada era em 2007, 85.000 hecatares, seguido pelo milho e a aveia.

 Na pecuária, a força do município está no seu rebanho bovino, com 82.000 cabeças, vindo em seguida os suínos (6372), ovinos (2.354) e equinos (1.193), de acordo com o Censo Agropecuário de 2007. 

Laguna Carapã se destaca ainda pela grande festa denominada Pé de Soja Solteiro e Balde Ouro.


FONTE: Milton Batista Fróes, Aral Moreira e Juvenal Fróes, os caminhos da erva-mate na fronteira Sul-matogrossense, Editora Massoni, Maringá, 2007, página 124. 

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

17 de abril

17 de abril

1867 - Vanguarda das tropas brasileiras chega à fronteira




Primeiro destacamento da força expedicionária brasileira de combatentes ao exército paraguaio, alcança, finalmente, a fronteira Brasil-Paraguai. O momento é descrito por Taunay:

Quem comandava este destacamento era um capitão da guarda nacional do Rio Grande do Sul, Delfino Rodrigues de Almeida, mais conhecido pelo apelido paterno de Pisaflores, homem enérgico a cuja bravura todos prestávamos homenagem. Vimo-lo olhar fixamente para o oeste; de repente, partido de diferentes pontos reboou um grito: A fronteira! Da elevação onde se achava o destacamento avistava-se com efeito a mata sombria do Apa, limite das duas nações.

Momento solene este, em que entre oficiais e soldados não houve quem pudesse conter a comoção! O aspecto da fronteira que demandávamos a todos surpreendeu. É que realmente era novo. Podiam alguns já tê-la visto, mas com olhos do caçador ou do campeiro, indiferentes. A maior parte dos nossos dela só haviam ouvido vagamente falar; e agora ali estava à nossa frente como ponto de encontro das duas nações armadas, e como campo de batalha.


FONTE: Taunay, A Retirada da Laguna (16ª edição brasileira), Edições Melhoramentos, São Paulo, 1963, página 51.

FOTO: imagem meramente ilustrativa.


17 de abril

1917 - Nasce em Cuiabá, Roberto de Oliveira Campos
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Roberto de Oliveira Campos, economista, diplomata e professor, nasceu em Cuiabá, Mato Grosso, em 17 de abril de 1917 e faleceu no dia 09 de outubro de 2001, no Rio de Janeiro, RJ.
Filho do professor Waldomiro Campos e de D. Honorina de Campos, casou-se com Stella e teve três filhos - Sandra, Roberto e Luís Fernando. Formou-se em Filosofia em 1934 e em Teologia em 1937, nos Seminários Católicos de Guaxupé e Belo Horizonte. Ingressou no Serviço Diplomático Brasileiro em 1939, por concurso. Mestrado em Economia pela Universidade George Washington, Washington D. C. Estudos de pós-graduação na Universidade de Columbia, Nova York. Doutor Honoris Causa pela Universidade de Nova York, NY, 1958. Doutor Honoris Causa pela Universidade Francisco Marroquim, Guatemala, 1996. Ex-deputado Federal pelo PPB - RJ por duas legislaturas (1990 / 1998), após cumprir oito anos de mandato como senador (1982 / 1990) por Mato Grosso, sua terra natal. Foi embaixador em Washington e em Londres. Participou, ao lado de Eugênio Gudin, do Encontro de Bretton Woods, que criou o Banco Mundial e o FMI - Fundo Monetário Internacional, negociou os créditos internacionais do Brasil no pós-guerra (origem da Companhia Siderúrgica Nacional - Volta Redonda), coordenou as ações econômicas do Plano de Metas do Governo Juscelino Kubitschek e foi ministro do Planejamento e Coordenação Econômica durante o Governo Castelo Branco. Defensor incondicional das liberdades democráticas e da livre iniciativa durante mais de 40 anos, em palestras, conferências, livros e artigos, defendeu a inserção do Brasil no contexto da economia internacional, com base na estabilidade monetária, na redução do tamanho e da influência da máquina administrativa nas atividades produtivas e na modernização das relações entre o Estado e a sociedade.
No seu ideário, estiveram as reformas da Constituição, da Previdência Social, fiscal e partidária, além da aceleração do processo de privatização das empresas estatais. Criador do FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviço -, da Caderneta de Poupança, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (posteriormente com o apêndice Social) e do Estatuto da Terra, que se adotado na década de 70, teria evitado os conflitos posteriores. Crítico ferrenho do dirigismo estatal, irônico nos comentários sobre as teses e diatribes esquerdizantes e profundo observador das transformações sócio-político-econômicas do mundo, Roberto Campos foi, também, um juiz de si mesmo.
Em seu mais comentado livro, A Lanterna na Popa, fez uma auto-avaliação da trajetória como diplomata, economista e parlamentar, descrevendo detalhes da convivência com John Kennedy, Margareth Thatcher, Castelo Branco, Juscelino Kubitschek, João Goulart e Jânio Quadros.
Atividades Profissionais:
Conselheiro Econômico da Comissão de Desenvolvimento Econômico Brasil-Estados Unidos (1951 / 1953).
Diretor, Gerente Geral e Presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (1952 / 5 / 9).
Secretário-geral do Conselho de Desenvolvimento Econômico (1956 / 1959).
Professor das cadeiras de Moeda e Crédito e Conjuntura Econômica da Faculdade de Economia, Universidade do Brasil (1956 / 1961).
Embaixador itinerante para negociações financeiras na Europa Ocidental (1961).
Delegado a Conferências internacionais, inclusive ECOSOC e GATT (1959 / 1961).
Embaixador do Brasil nos Estados Unidos (1961 / 1961).
Ministro de Estado para o Planejamento e Coordenação Econômica (1964 / 1967).
Membro do Comitê Interamericano para a Aliança para o Progresso, representando o Brasil, Equador e Haiti (1964 / 1967).
Presidente do Conselho Interamericano de Comércio e Produção (CICYP) (1968 / 1970).
Embaixador do Brasil na Corte de Saint James (1975 / 1982).
Senador da República, representando o Estado de Mato Grosso (1983 / 1990).
Deputado Federal pelo Estado do Rio de Janeiro, eleito em outubro de 1990 e reeleito em 15 de novembro de 1994.
Membro da Junta de Governadores do Centro de Pesquisas de Desenvolvimento Internacional (Canadá).
Membro da Junta de Diretores da Fundação de Recurso para o Futuro (USA).
Membro do Grupo dos Trinta, sobre reforma monetária (USA).
Membro do Conselho consultivo do Instituto de Estudos Internacionais da Universidade de Stanford (USA).
Presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento - COMUDES - da Cidade do Rio de Janeiro (1999).
Membro do Conselho de Administração do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES (1999).
Roberto Campos foi o sétimo ocupante da Cadeira 21, eleito em 23 de setembro de 1999, na sucessão de Dias Gomes e recebido pelo Acadêmico Antonio Olinto em 26 de outubro de 1999. Foi o segundo imortal de Mato Grosso. O primeiro foi D. Aquino Correa, também cuiabano.
FONTE:  Academia Brasileira de Letras.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

24 de março

24 de março

1593 - Espanhóis fundam a segunda Xerez





Após fracassar na primeira tentativa de manter uma vila no local, em função da forte resistência dos indígenas, habitantes na região que, "confederados, impediram que o povoado prosperasse, finalmente, em " 24 de março de 1593, Santiago de Xerez foi reedificada por Ruy Diaz de Gúzman próximo às margens do Rio Ivinhema", segundo Paulo Marcos Esselin. "Seu segundo fundador tomou precauções para não incorrer nos mesmos erros cometidos por Juan Garay. Acompanhado por uma guarnição de homens bem armados, fez temer os índios nuaras até então senhores da região. Conquistados, os nativos se submeteram à superioridade bélica espanhola, sem que houvesse uma guerra de conquista". Em 1596, Santiago de Xerez seria transladada por Gúzman para a margem do rio Mbotetei, atual Aquidauana. 



FONTE: Paulo Marcos Esselin, A gênese de Corumbá, confluências das frentes espanhola e portuguesa em Mato Grosso,1536-1778, Editora UFMS, Campo Grande, 2000, página 45.

FOTO - Ruy Diaz de Guzman, o fundador de Xerez.



24 de março

1908 - Anunciado o início da estrada de ferro Itapura-Corumbá

Em telegrama encaminhado ao governador Generoso Ponce, o presidente da República, Afonso Pena, comunica a aprovação do projeto da estrada de ferro entre Itapura e Corumbá. A notícia é recebida com regozijo pelo governador e destaque da imprensa:

 

FONTE: Autonomista (Corumbá), em 11 de abril de 1908.

 
24 de março

1912 - Circula em Corumbá o primeiro jornal diário do Sul de Mato Grosso





É fundado A Tribuna pelo jornalista Pedro Magalhães. "Sua existência - atesta Lécio G. de Souza - foi relativamente longa, tendo deixado de circular há pouco tempo. A redação e oficina localizavam-se no princípio da rua Antônio Maria Coelho, lado par. Teve à frente renomadas figuras intelectuais como o padre Pedro Medeiros e o insigne homem de letras Carlos de Castro Brasil. A responsabilidade comercial cabia ao grupo Chamma".


FONTE: Lécio Gomes de Souza, História de Corumbá, edição do autor, Corumbá, sd., página 116.



24 de março

1927 - Siqueira Campos entra no Paraguai





Encerrando sua participação na Coluna Prestes, onde se destacou com um dos mais bravos comandantes, o coronel Siqueira Campos, parte para o exílio, acompanhado por 65 homens. Sua entrada no Paraguai dá-se por Bela Vista. Na república vizinha entrega o armamento do destacamento ao chefe de polícia, dom Rafael Alvarenga. São 20 fuzis Mauser e mil tiros de fuzil, além de 22 cavalos, expropriados de diversos fazendeiros brasileiros "que foram entregues à mesma autoridade".

Para Glauco Carneiro, "alguns dos revolucionários preferiram ficar trabalhando em sítios da fronteira, enquanto outros quiseram aventurar-se até os grandes centros como Rio e São Paulo. Siqueira achou de bom alvitre comandar os restantes para o exílio e ali se juntar aos chefes da Coluna para o prosseguimento das atividades conspiratórias, visando à grande revolução, que afinal viria em 1930". 


De ampla reportagem sobre a entrada de  Siqueira Campos no Paraguai, o jornal "O Progresso", de Dourados, destaca a presença do líder revolucionário em Bela Vista:

"Atravessando Victorino, reuniu seus homens e disse-lhes que iriam para o Paraguai, passando a fronteira junto a Bela Vista, e que não dariam um tiro durante a travessia.

No dia 21 de março, Siqueira chegou à fazenda Gabinete, tendo feito, sem descansar, uma marcha de 29 léguas.

A 22 desceu a serra de Maracaju; a 23 avizinhou-se de Bela Vista.

Chegando à noite à margem do Apa, as águas deste rio assoberbavam. A chuva era intensíssima. Contudo, a travessia foi feita, com sério perigo da vida do comandante que perdeu nessa ocasião o cavalo que montava, com o arquivo da revolução.

Algumas armas também foram ao fundo.

Atingida a fronteira, Siqueira dirigiu uma carta ao comandante da guarnição paraguaia de Bella Vista, pedindo-lhe para mandar receber as armas e munições.

O tenente Alvarenga - o comandante - teve a gentileza de mandar convidar Siqueira Campos a entrar na povoação com as suas armas, depositando ali.

Siqueira tem palavras de louvor à maneira cavalheirosa e gentil por que foi tratado pela autoridade do país vizinho, que o cumulou de todas as atenções.

O sr. Heitor Dias, chefe geral da fronteira paraguaia, que dia 25 chegara a Bella Vista, ido daqui, extremou-se em cuidados e providências quanto aos revolucionários brasileiros, tratando-os com especial consideração".       


FONTE: Glauco Carneiro, O revolucionário Siqueira Campos, Record Editora, Rio, 1966, página 399. Jornal O Progresso (Ponta Porã), 3 de abril de 1927.

23 de março

23 de março

1870 - Chega a Cuiabá, notícia do final da guerra do Paraguai


Hermes da Fonseca, autor da boa nova

Chega a Cuiabá, procedente de Corumbá, o vapor Corumbá, com a notícia da morte do marechal Francisco Solano Lopes em 1º de março. A embarcação é portadora ao presidente da província do seguinte ofício:

Comando das forças em operações e da Fronteira do Baixo Paraguai, em Corumbá, 15 de março de 1870. - Ilmo. e Exmo. Sr. - por mim e em nome de todos da força de meu comando, me congratulo com V. Exa., e dou meus parabéns pelo feliz sucesso que coroou o heroísmo e os esforços do Império, lavando a mancha do insulto que um louco lhe atirou em face.O patriotismo inexedível e a heróica pertinácia do primeiro brasileiro, S. M. o Imperador, o valor, a sabedoria, a energia do nosso ínclito Marechal Comandante em Chefe, S. Alteza o Senhor Príncipe Conde d'Eu; a incansável atividade, a resignação do bravo general José Antônio Correa da Câmara e dos seus comandados, concluindo com o monstro sanguinário que assombrou a humanidade em nossos dias depois de tantos séculos, levou o Brasil à altura que lhe compete entre as nações - Deus guarde à V. Exa. - Ilmo. sr. Comendador Luiz da Silva Prado, Digníssimo Vice-presidente da província. - Hermes Ernesto da Fonseca, coronel.


General, no novo regime, Hermes da Fonseca chegaria à presidência da República.



FONTE: Estevão de Mendonça, Datas matogrossenses, (2a edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 145.



23 de março


1905 - Rondon descobre o Pantanal do Desengano no rio Negro


Pantanal do Rio Negro, explorado por Rondon

Em sua exploração ao Pantanal sul-matogrossense Rondon inicia, finalmente, o reconhecimento do grande pantanal do Desengano entre os rios Negro e Aquidauana. Os detalhes estão no diário do sertanista:

"Cedo largamos as chalanas na direção E.S.E. Qualquer rumo seria possível naquele pantanal - vastíssimo, coalhado de capões de mato alto de bacuris e buritis, a se estender por todo o vão entre o rio Negro e o Aquidauana que o alimenta no tempo das águas. Quando cessam as chuvas, toma a parte central do pantanal o aspecto de grande brejo, porque lhe fica apenas o fundo lodoso - alimenta-o, então, o rio Negro. Não dá entrada, nessa época, nem mesmo as canoas, e nem se pode atravessar a cavalo, porque é atoladiço. É a região dos buritizais que os caçadores de penas de garças, vindos do rio Aquidauana, avistam de longe e que denominam Brejão dos Buritizais, supondo ser aí a origem do rio Vermelho. Os que penetram pelo rio Abobral dão também notícia do Brejão. Nele não penetram, nem uns nem outros, uma vez que os canais dos rios Vermelho e Abobral desaparecem, para dar lugar ao referido brejo, talvez navegável de dezembro a abril. Naveguei cerca de três léguas, na direção E.S.E., parando em outro capão, dei volta para N.N.O., percorrendo os grandes buritizais. Verifiquei saída d'água para o Sul e para o Poente. Vimos nessas vazantes piraputangas, - o que indica comunicação com o Paraguai. As águas que se dirigem para o Sul são as que, canalizadas mais abaixo dão lugar ao suposto rio Vermelho, uma das bocas por onde saem as águas do rio Negro. As que vão para o Poente se canalizam, igualmente mais abaixo, o também suposto rio Abobral. Depois do almoço, à margem esquerda da vazante que corre para o Poente, penetramos no grande pantanal do Desengano, onde desapareceu o braço do rio Negro, por onde navegamos as duas vezes. Chegamos ao acampamento da baia do Amparo, depois de atravessar o pantanal do Desengano, cerca de meia légua abaixo do ponto em que o rio se sumiu definitivamente. Verifiquei, pois, que ele não se canalizou abaixo, como eu supusera. Suas águas se espalharam na grande bacia, para se canalizarem, certamente em outro rumo." 



FONTE: Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio de Janeiro, página 183.

22 de março

22 de março

1767 - Criado o forte do Iguatemi






Carta-Régia da Coroa portuguesa aprova a criação da Povoação e Praça de Armas Nossa Senhora dos Prazeres e São Francisco de Paula do Iguatemi, em território do Sul de Mato Grosso, cuja construção seria iniciada quase dois anos depois pelo capitão João Dias de Barros.

"E assim, dos dez anos que durou o apavorante presídio de Nossa Senhora dos Prazeres - resume o historiador - pesadelo de nobres e plebeus, espectro estarrecedor de poderosos e humildes, - tais tradições ficaram, que o nome tão eufônico do caudal que lhe deu o nome vulgar, se transformou no símbolo evocador de calamidades sem conta."

A desalentadora conclusão é do pesquisador Affonso de Taunay:

Não há no passado paulista nome que recorde mais sinistras lembranças quanto esse do rio matogrossense, afluente do Paraná, em cujas margens se ergueu a colônia militar setecentista a que, como por ironia, atribuiu a preferência piedosa do capitão-general,seu fundador, a invocação de Nossa Senhora dos Prazeres.

E realmente na história dolorosa dos estabelecimentos congêneres, aqui e ali semeados na solidão de nossas fronteiras, como atalaias e cobertura do território brasileiro,quer hajam sido em Mato Grosso ou na Amazônia, apenas talvez possa o horrível Forte do Príncipe da Beira tão lôbregos anais apresentar, tanta dor e tanto sacrifício; tanto dispêndio de energia inútil e tão torvas reminiscências consiga evocar, quanto ao presídio paulista, posto avançado nas lindes castelhanas do Paraguay. Túmulo de milhares de brasileiros, violentamente arrancados aos seus lares pelo despotismo colonial, e encaminhados como para matadouro certo,foi o Iguatemi a causa do terror dos humildes e dos desvalidos da capitania de S.Paulo,durante lustros a fio, a causa do despovoamento intenso do território paulista, a que arrebatou milhares de almas pelo êxodo e o refúgios dos sertões brutos. E ao mesmo tempo, quanto motivo de sofrimento para os militares e funcionários encarregados de sua localização, da sua guarda e manutenção,desde os primeiros dias até os últimos! Que soma de privações desencadeada sobre todos estes homens agrilhoados pela cadeia do real serviço e a instigação do infinito respeito às vontades régias.

O forte foi abandonado em 27 de outubro de 1777, depois de confronto dos paulistas com tropas espanholas do Paraguai.
 

FONTE: J. Barbosa Rodrigues, História de Mato Grosso do Sul, Editora do Escritor, São Paulo, 1989, página, 76; Affonso de Taunay, Na era das bandeiras, Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2010, página, 164.




22 de março

1920 - Enchente no pantanal interrompe tráfego ferroviário

Telegrama do diretor da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, engenheiro Arlindo Luz, ao ministro da Viação, dá conta da aflitiva situação do transporte entre Porto Esperança e Miranda, em virtude da cheia desse ano ano no Pantanal e seu impacto no transporte de passageiros e de mercadorias:

"Enchentes pantanais em Mato Grosso continuam a impedir a regularidade do tráfego entre Miranda e Porto Esperança. Desde os últimos dias de dezembro temos tido sempre alguns trechos da linha debaixo d'água. Nessas condições o trabalho se vem fazendo com as locomotivas pequenas e sem horário prévio. Nos últimos dias as águas do pantanal estão subindo muito, determinando interrupção do tráfego desde ontem. O tráfego para Corumbá, até que baixem as águas, será feito pelo rio Miranda. Moradores antigos, conhecedores do regime do rio Paraguai, preveem para este ano grande e prolongada enchente. Todos esses fatos reforçam minha opinião sobre a necessidade de grande levantamento das linhas no pantanal, dando caráter definitivo à estrada. Essas obras fazem parte do programa de grandes melhoramentos na Noroeste, já já iniciados no corrente ano por ordem de v. exa".

FONTE: Correio Paulistano, 23 de março de 1920.

22 de março

1956 - Morre em São Paulo, dom Aquino Correa

Dom Aquino presidente do Estado visita Campo Grande

Nascido em Cuiabá a 2 de abril de 1885, dom Aquino é uma das figuras de maior destaque na história de Mato Grosso. Doutor em Filosofia pela Universidade Gregoriana de Roma, dirigiu o Liceu Salesiano em Cuiabá, é eleito em abril de 1914 pelo papa Pio X bispo titular de Prusiade e bispo auxiliar de d. Carlos Luiz D'Amour, arcebispo de Cuiabá, sendo então o bispo mais novo do mundo.
A 1º de novembro é eleito presidente do Estado de Mato Grosso, como candidato da conciliação, depois da renúncia de Caetano de Albuquerque e de um pequeno período de intervenção federal. Em agosto de 1921 é promovido a arcebispo metropolitano. Poeta consagrado e orador de escol, Dom Aquino foi até hoje o único mato-grossense a ocupar uma vaga na Academia Brasileira de Letras, para a qual fora eleito a 9 de dezembro de 1926. Ao lado de Rondon, dom Aquino Correa é o vulto da história de Mato Grosso que recebeu maiores homenagens no Estado antes da divisão, dando nome a ruas e escolas em quase todas as cidades. Em Campo Grande nomina uma de suas principais vias públicas.



FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2a. edição), Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 144
FOTO: Lélia Rita E. de Figueiredo Ribeiro, Campo Grande O homem e a terra, edição da autora, sd, Campo Grande, página 296



22 de março



2011 - Morre Lúdio Coelho, prefeito de Campo Grande e Senador





Morre em Campo Grande o ex-prefeito Lúdio Martins Coelho. Filho de Laucídio Coelho e Lúcia Martins Coelho, Lúdio nasceu em Rio Brilhante em 22 de setembro de 1922. Agropecuarista e homem de negócio, foi dirigente do Banco Financial de Mato Grosso, até sua incorporação ao antigo Bamerindus.

Sua estreia na política deu-se em 1965, como candidato da UDN ao governo de Mato Grosso. Perdeu para Pedro Pedrossian, do PSD. Em 1983, já no PMDB é nomeado prefeito de Campo Grande pelo governador eleito Wilson Barbosa Martins. Em 1986 tenta o governo de Mato Grosso do Sul, pelo PTB, e é derrotado por Marcelo Miranda (PMDB).

Em 1988 volta à prefeitura de Campo Grande, vencendo sua primeira eleição direta e em 1994, elege-se senador da República, mandato em que encerra sua carreira política. 

Na prefeitura de Campo Grande organizou as finanças do município e implantou a secretaria de assuntos fundiários, promovendo uma reforma urbana com a criação dos comodatos e dos loteamentos sociais. Atuou com destaque no setor de transportes coletivos com a implantação dos terminais e do sistema integrado de ônibus urbanos.

No Senado, defendeu a Lei de Responsabilidade Fiscal, acreditando no conceito aplicado em sua gestão em Campo Grande, segundo o qual "uma boa administração consiste em não gastar mais do que arrecada".

Veja o velório e sepultamento de Lúdio Coelho em reportagem da TV Record MS.


 

FONTE: Senado da República 
FOTO: Impactoms

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

13 de março

13 de março

1827 - Iniciada exploração do rio Sucuriu 



Sucuriu: impróprio para navegação
De acordo com relatório ao presidente da província, José Saturnino da Costa Pereira, o tenente Manoel Dias de Castro iniciou a exploração do rio Sucuriu, afluente do Paraná, na expectativa de se estabelecer uma ligação mais rápida com São Paulo, alternativa às vias existentes. "A ideia de navegação pelo Sucuriu e Piquiri para substituir a que se praticava pelo rio Pardo - segundo Estevão de Mendonça - vinha sendo afagada desde o governo do general João Carlos Augusto D'Oeynhausen de Gravenberg, na suposição de que os dois cursos eram separados apenas por um varadouro de pouca extensão. Em 1830, porém, segundo o barão de Melgaço, aquela ideia se desfez pela certeza de que a distância entre o Piquiri e Sucuriu era mais de quarenta léguas". 



FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses (2a. edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 129.


13 de março

1865 - Taunay convocado para a guerra do Paraguai

Por ato do Ministério dos Negócios da Guerra, é "mandado apresentar-se ao Exmo. Sr. presidente e comandante das armas, o 2° tenente de artilharia, Alfredo d'Egrangnolle de Taunay, a fim de servir na comissão de engenheiros que tem de ir à referida província". 17 dias depois, em 1° de abril, no mesmo navio do coronel Manuel Pedro Drago, nomeado presidente da Província e comandante das armas em Mato Grosso, Taunay deixa o Rio de Janeiro para a mais célebre aventura de sua vida.

FONTE: Diário Mercantil (RJ), 31 de março de 1865.


13 de março

1870 - Anunciado o final da guerra do Paraguai



Corumbá: final da guerra do Paraguai, explosão de desenvolvimento




Pelo vapor Onix chega a Corumbá notícia da morte de Lopes, e o consequente final da guerra do Paraguai, ocorridos a 1º de março. No mesmo dia ao governo da Província, em Cuiabá, era oficiada a seguinte comunicação:

Quartel do Comando do Distrito Militar do Baixo Paraguai, 13 de março de 1870. Ilom° e Exm° Sr. - Tenho a honra e grande satisfação em participar a V. Exa. que hoje deu fundo neste porto o vapor mercante Onix, trazendo a notícia da morte do tirano Lopez e da conclusão da guerra.


Como verdadeiro brasileiro, me cumpre congratular com V.Exa. por tão feliz notícia. Deus guarde V.Exa. Ilmº e Exmo. Sr. Comendador Luis da Silva Prado, Digníssimo Vice-Presidente da Província Antonio José da Costa, Tenente-Coronel de Comissão e Comandante.


O comunicado ao governo em Cuiabá foi subscrito pelo coronel Hermes Ernesto da Fonseca, comandante das Forças em Operações e da Fronteira do Baixo-Paraguai em Corumbá.

A notícia chegaria à capital dez dias depois, a 23 de março de 1870.



FONTE: Lécio Gomes de Souza, História de Corumbá, edição do autor, sd., página 65


13 de março

2013 - Morre o padre Ernesto Sassida, criador da cidade Dom Bosco de Corumbá

Aos 93 anos, morre o padre Ernesto Sassida, fundador da Cidade Dom Bosco, em Corumbá. Natural da Itália, ainda jovem, chegou a Cuiabá, para completar seus estudos. Em 1940, mudou-se para Corumbá, como professor do Colégio Santa Teresa.

"Nesse período - constata Valmir Batista Corrêa - extrapolando os muros da escola, interagiu, através através da organização de atividades esportivas e festas religiosas, com a população pobre da periferia da cidade, marcadamente na região fronteiriça com a Bolívia. Mais tarde, em 1950, instalou-se de forma definitiva em Corumbá, como sacerdote e professor, fundando a União dos Ex-Alunos Salesianos de Dom Bosco. A partir de então, participou de várias atividades de organização comunitária, como escolas, organizações solidárias de jovens carentes, entidades femininas, centro esportivo, entre outros".

Seu grande legado foi, entretanto, a Cidade Dom Bosco, cujo início deu-se, ainda segundo Valmir Batista Corrêa, no início da década de 50, do século passado:

...o padre Sassida fez um amplo levantamento da população e de suas miseráveis moradias na região da Cidade Jardim (onde hoje se localiza o Bairro Dom Bosco), contatando a necessidade de uma escola com funções educacional e assistencial. Em abril de 1961 implantou a escola num barracão cedido por uma moradora, constituindo-se na gênese da Cidade Dom Bosco que, sete anos depois, se transformou em ginásio estadual. Por essa época, carentes de recursos para atender a dimensão educacional e social do seu empreendimento, Sassida empreendeu um arrojado projeto no exterior chamado "Adoção à Distância". Significava convencer pessoas no exterior para "adotar" um estudante carente com uma bolsa que suprisse sua sustentação ma escola, incluindo roupas e alimentos. Hoje a Cidade Dom Bosco está consolidada, com inúmeras atividades sociais, como um dos patrimônios mais significativos de Corumbá.


FONTE: CORRÊA, Valmir Batista, (artigo) Cidade das Crianças de Corumbá, Correio do Estado (Campo Grande), 11/12 de dezembro de 2021.

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